No Jardim de Sophia, Philos conheceu o amor.



No Jardim de Sophia, Philo conheceu o amor.

 

Este é um acontecimento que ocorreu há muito tempo... Só de lembrar meus olhos se põe a aguar, quão lindo o jardim de Sophia!

Lembro-me que estávamos nos meses das flores, numa manhã belíssima. O cheiro do ar inerente trazidos pelas brisas ligeiras, cujo perfume das flores, envolvia-nos naquele dia manso, nem tão frio, nem tão quente, providos de cores e de brilhos reluzentes... Apreciávamos cada momento de vasta beleza... Digo nós, embora não havíamos nos conhecido ainda, mas estávamos vivenciando a mesma sensação, o mesmo lugar e o mesmo momento.

- Que manhã linda! Maravilhosa! Disse baixinho.

Uma bela jovem, próximo a mim, olhou-me meio desconfiada e sorridente e me falou:

- Se “o maravilhosa” for por essa manhã, concordo. Agora se foi para mim: Obrigado!

Respondi com um sorriso, em sabor de caramelo:

- Acordei embebido pelo jardim de Sophia!

- Coincidência ou não me chamo Sophia e mais, procuro algo que me encante tal qual você se encontra... Posso me embriagar dessa alegria?

- Por que não? Venha comigo, vou te levar ao meu mundo da felicidade.

- Qual é o seu nome?

- Philo!

- Nome simpático, interessante... Algo me diz que vou gostar da sua companhia!

Sorri para ela e, encantado, pude ver seu rosto lindo e jovem a me contemplar. Seguimos conversando, eu tentando explicá-la detalhes sobre o fascínio e o encanto desse infinito paraíso, “o jardim de Sophia”, e todo seu valor romântico, erudito e cultural...

Até que chegamos a uma praça. Víamos crianças brincando, correndo de um lado para o outro, casais enamorados, pássaros, árvores, flores, água, pessoas em civilidades, muita vida, tudo em plena harmonia.

A jovem estava atenta às minhas explicações, mas curiosa sobre minha pessoa.

- Afinal quem é você? Como sabe discernir cada multivivenca? Da onde vem tanto conhecimento?

- Sou o Amor, o Amante e o Amigo!

- Não entendi. O que significa tudo isso?

- Sente aqui comigo!

Apresentei-lhe algumas teorias, alguns pensadores da minha época e outros bem antes de mim, falamos de política e cidadania, fé e razão, homem e ciência, felicidade e educação.

Quando, de repente me peguei a cantarolar:

“... Estou nas palavras de Jesus, Buda e Maomé, sou o hoje, o amanhã e o ontem conservador... Sou criança, sou adulto, sou a cura do pagé, Sou o saber, sou a fonte, nas palavras de um professor...”

Naquele momento estávamos envolvidos pelo prazer da leitura. Aquela linda garota entregava-se mais e mais ao mundo encantado do conhecimento.

Continuei a explicar que o mundo gira em função da sabedoria humana, esta nos guiará sempre, fará enxergarmos o bem e o mau, falar de amores, fugir das dores, misturar sabores, conhecer valores, caminhar sobre as flores... Naquele instante nos abraçamos e, sem mais nem menos, beijamo-nos. Era o surgimento do amor.

Segundo o maior pensador da Grécia Antiga, Sócrates, enquanto existir Philo e Sophia “ Filosofia”  haverá o amor verdadeiro ao saber.

Nossos dias a partir de então foram completos. Cada gesto, cada palavra nos unia em amor e desejos. Passamos a buscar; conhecimentos, entendimentos, reflexões, leituras, experiências juntos.

Outro dia Sophia me perguntou?

- Philo, por que as pessoas são tomadas de ignorâncias? Por medo de conhecer a verdade, ou por desconhecer o medo de nada saber?

- A ignorância parte da pobreza da alma e somado ao medo e aos vícios faz inacessível conhecer a verdade e, sem verdade não pode existir sabedoria. Por isso canto aos quatro ventos:

“...Bem quisera viver sempre a pensar, e pensando, sigo feliz a cada dia,

Na sabedoria e na pureza de amar eternizado sou, no jardim de Sophia...”

Desde então, com a nossa união surgiu a Filosofia,  “ O amor ao saber”, “amante à sabedoria”  mãe de todas as ciências, conhecimento e ação, presente em todas as atividades do ser humano, tanto nos atos corriqueiros, singelos espontâneos, os quais realizamos sem compromisso a todo instante, quanto nas atitudes mais conscientes, mais comprometidas, que implica pensar mais profundamente sobre um determinado assunto; repensar, problematizar, duvidar, criticar, analisar, buscar o verdadeiro significado.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Autor: Sérgio Russolini


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