Boas notícias: queda nos juros e na inadimplência



Lentamente a onda de más notícias da economia vai diminuindo. Ainda não chegamos na “marola”, mas já estamos quase lá. Aos poucos se percebe que a situação econômica já começa a melhorar para o consumidor brasileiro.

Agora são os números de inadimplência e custo dos empréstimos à pessoa física.

Dados divulgados no dia 12 de maio registraram queda nos juros do crédito à pessoa física e redução no número de cheques sem fundo no país. As informações, presentes em duas pesquisas de instituições diferentes, guardam uma relação, uma vez que os juros menores contribuem diretamente para que haja menos casos de pessoas impossibilitadas de honrar dívidas.

Redução bem vinda
As taxas de juros cobradas em abril recuaram pelo terceiro mês consecutivo e atingiram o menor nível desde maio do ano passado. Nas linhas voltadas para pessoa física, a taxa média caiu de 7,39% para 7,33% ao mês.

Já nas modalidades para empresas os juros saíram de 4,27% para 4,21%, segundo levantamento feito pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Nessa carteira de crédito, o maior corte foi verificado na linha de desconto de duplicatas, cuja taxa recuou de 3,84% para 3,76% ao mês. Em seguida aparece a modalidade capital de giro, de 3,88% para 3,82% - o menor nível desde agosto de 2002.

Nas operações de crédito para pessoa física, apenas as taxas do cartão de crédito não sofreram alteração em abril. O maior recuo foi verificado na modalidade CDC-bancos, cujos juros caíram de 2,92% para 2,88% ao mês. Trata-se da menor taxa da série histórica, segundo a Anefac. No cheque especial, o corte de 0,09 ponto porcentual derrubou a taxa para o menor nível desde dezembro de 2007.

O número de cheques sem fundos também caiu em abril, o que, segundo a empresa de crédito do varejo Telecheque, responsável pela pesquisa, sinaliza uma melhora no controle de gastos das famílias brasileiras. Em abril, 97,16% dos cheques emitidos foram honrados, em alta de 1,06% na comparação com março, e de 1,41% em relação a abril do ano passado.

Com certeza esses dados têm uma relação direta. Quanto menores os juros, mais condições tem o consumidor de pagar suas dívidas, implicando em menor incidência de cheques sem fundo.

Passado o período de contas pesadas característico do início ano, e com a aparente melhora no cenário econômico internacional, as pessoas já conseguem honrar melhor seus compromissos financeiros. O conjunto de informações indica um cenário de menor incerteza tanto para instituições como para o consumidor.

Segundo o Telecheque a queda dos juros à pessoa física estão diretamente relacionados ao menor número de cheques sem fundos. – Com juros altos, um empréstimo ou o cheque especial pode virar uma bola de neve, o que leva a pessoa a ficar inadimplente no financiamento, no cartão de crédito e, consequentemente, no cheque. Dificilmente alguém cai na inadimplência em um só item. Os altos juros, especialmente para refinanciamento, “matam” o consumidor muito rápido – ressalta a empresa.

Segundo semestre melhor
Com um cenário de menor incerteza, o consumidor também recupera a confiança e efetivamente compra mais. Ainda segundo o Telecheque, a empresa já detectou um aumento nas vendas desde abril entre seus parceiros. A empresa destaca, no entanto, que os juros não são o único elemento a ser levado em conta nessa equação.

“– Na verdade, percebemos dois fatores além dos juros. Um deles é o fato de que, a partir de abril, as contas de início de ano, como IPTU e matrícula dos filhos, já estão encerradas. O outro é a visão da crise pelo prisma da oportunidade, ao verificarmos que o crédito passou a ser concedido e utilizado de forma mais consciente desde o início da turbulência .”

Já para a Anefac, a redução nos juros reflete não apenas a queda da taxa básica de juros (Selic), que foi reduzida novamente em abril, e a expectativa do mercado financeiro de que o Banco Central dê prosseguimento aos cortes, mas também a própria expectativa de um segundo semestre menos penoso para a economia nacional.

Quedas na Selic
Se forem levadas em conta todas as quedas e elevações da taxa básica de juros (Selic) promovidas pelo Banco Central desde o fim de 2005, a redução da taxa foi de 9,5 pontos percentuais – de 19,75% em setembro daquele ano para 10,25% ao ano em abril de 2009 –, uma queda de 48,10%, informou a Anefac.

No período, a taxa de juros média para pessoa física apresentou redução de 7,42 pontos percentuais, uma queda de 5,26%, de 141,12% ao ano em setembro de 2005 para 133,70% ao ano em abril deste ano.

Nas operações de crédito para pessoa jurídica houve redução de 4,20 pontos percentuais, ou queda de 6,16%, de 68,23% ao ano, em setembro de 2005, para 64,03% ao ano em abril de 2009, o que evidencia que não foram repassadas integralmente todas as quedas da taxa básica de juros, ressalta a entidade.

Na avaliação da Anefac, dois fatores determinaram o desempenho das taxas em abril. Um deles é o ciclo de queda da taxa Selic iniciada em janeiro. De lá pra cá, o Banco Central já reduziu em 3,5 pontos porcentuais os juros básicos da economia, de 13,75% para 10,25% ao ano. Nesse mesmo período, os juros cobrados de pessoa física caíram 0,24 ponto porcentual ao mês (ou 6,35 pontos ao ano) e de pessoa jurídica, 0,23 ponto ao mês (ou 4,39 pontos ao ano).

O corte maior promovido no mercado deve-se ao fato de a taxa de juros ter subido de forma expressiva desde o início da crise, em setembro do ano passado. Portanto, ainda há espaço para novas reduções. Afinal, a taxa média anual cobrada de pessoa física está em 133,7% e o de pessoa jurídica, 64,03% - uma das maiores do mundo.

Além disso,  os bancos estão voltando a olhar para o futuro e preocupados com o espaço perdido para as instituições públicas nos últimos meses, o que deve incentivar a um aumento na concorrência e redução nas taxas praticadas.

Bibliografia
Jornal do Brasil de 13 de maio de 2009
Jornal O Estado de São Paulo de 13 de maio de 2009
 

Autor: Alexsandro Rebello Bonatto


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