Seguindo os passos do Chico Buarque em Budapeste, visto com os olhos duma guia budapestense



O filme, além de ser um jogo com o tempo e as palavras, é homenagem à língua húngara. É um estudo sobre exílio de que Chico Buarque é especialista, mas também é verdade, se houver povo que saiba muito do exílio, são os húngaros. Na tentativa de sobreviver os séculos de guerras, de grandes câmbios da sociedade, tivemos vários êxodos e em todas as circunstancias mantivemos um senso do asiático, do Magiar , nosso caráter particular e o sotaque.

Zsozé Kószta (nome húngaro de José Costa) é um alter-ego do Chico, uma figura com dores de coração, com dificuldades de expressar-se. Para nós, húngaros ele é idêntico com o emigrante húngaro no estrangeiro.

Para o leitor húngaro o livro contem umas coisas esquisitas – é mais ficção que realista, mas contem coisas que nos emocionam. Chico Buarque, mesmo sem ter conhecido o pais antes de escrever o livro, fala dos húngaros com tanta imaginação, nos caracteriza ainda melhor que muitos trabalhos científicos. Isso é a grandeza de Chico Buarque!

Temos curiosidade como o filme resolve a sonoridade da língua húngara, como transmite a sensação que esta língua é tão esquisita, uma coisa tão fora do cotidiano. A curiosa língua dos Magiares tem um papel engraçado no filme. Quando Costa volta para Rio, escuta uma samba conhecida, a Feijoada completa. O texto português se converte em húngaro na cabeça dele, está tanto enamorado não somente da Kriska mas também da mágica língua húngara.

O que pode dizer o filme para os húngaros?

No Brasil Chico Buarque é muito popular, músico de fama, cantante e escritor. Depois do grande êxito do livro os brasileiros estão a espera da versão filme.

Para nós o filme deve ser a narrativa enriquecida com arte visual, uma transmissão sensual da visão dum carioca sobre um pais nunca visto. E Chico Buarque resolveu este problema muito bem, já no livro e deve ser ainda com mais fantasia no filme.

O livro é uma ficção. Para o filme escolheram muito bem os lugares de Budapeste, eram membros da equipa brasileira que foram a procurar lugares com muito cuidado. Foi Chico Buarque quem escolheu a Anonymus, a estátua dum historiador-notário sem pessoalidade, sem cara, de quem desconhecemos o nome, mas conhecemos sua obra fascinante: a Gesta Hungarorum. Esta figura tão popular na capital de Hungria pode-se identificar com o „Ghost-Writer" Zsozé Kósta, alias Chico Buarque.

Esperamos ver a nossa cidade de outra óptica, com a fantasia de Chico Buarque e a imaginação visual de Walter Carvalho.


Autor: Katalin Leimeiszter


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