Todo mundo aprende inglês?



Ensinar é mostrar que é possível. Aprender é tornar possível para si mesmo.

É importante que o professor sinta em que situação estão seus alunos no tocante às manifestações e reações de comportamento. Pessoalmente estou convencido de que um professor não deveria exercer o ofício do magistério sem ao menos ter um diploma, compacto e elementar, de psicologia da educação, estudo da personalidade, ou de relações humanas. Em se tratando de jovens e crianças, esta necessidade aumenta.

Sebastião dos Santos – Manual Prático para o Ensino de Inglês pg. 103

Temos a tendência de rotular as pessoas como se fosse possível coloca-las dentro de garrafas, carimbar um código e um setor e dizer que elas estão feitas e inalteráveis em sua substância. Mas essa postura é pura indisposição por parte do professor de reconhecer que os seres humanos e, portanto seus alunos são metamorfoses ambulantes e o tempo todo estão mudando, aprendendo, progredindo, evoluindo e se alterando. É, sim, complexo compreender essa realidade dinâmica da personalidade e gerenciar as mudanças que acontecem e as que devemos propulsar.

Nessa rotulação às vezes acabamos esterilizando a produtividade dos alunos que tem facilidade quando inflamos sua auto-confiança e os levamos a uma "comfort zone" e cometemos o crime contra o ensino de não ter expectativas de desenvolvimento de potencial, de revelação de aptidão e progresso dos alunos que apresentam certa ou grande dificuldade.

Provas de que a rotulação é um revés no processo de aprendizagem, é equivocada e é confrontada por comportamentos diversos às expectativas (positivas ou negativas):

Quantos alunos já não rotulamos de "ótimo" e eles acabaram se convencendo disso facilmente e seu rendimento diminuiu?

Quantos alunos já rotulamos de "fraco" e eles se transformaram nos mais fluentes da turma depois de um tempo razoável?

Diagnosticar versus Rotular

Quando prognosticamos um aluno como ótimo ele deve ser testado mais vezes, em exercícios e situações diferentes antes que seja criada uma referência coerente para esse aluno. O aluno depois de diagnosticado ótimo/ com facilidade deve ser desafiado mais do que o aluno que exige mais tempo e fixação para assimilar conteúdo.

O aluno considerado fraco à primeira vista do mesmo modo deve ser avaliado mais vezes e em exercícios e situações diversas para que seja diagnosticado adequadamente e assim sejam direcionados a ele atenção especial, aulas de reforço, exercícios de fixação, acompanhamento no rendimento escolar (que também deve ser feito com o aluno com mais facilidade de aprender).

A importância da contextualização sempre será lembrada e destacada se a intenção é ter sucesso na assimilação de conceitos e memorização de vocábulos e expressões. Para uma contextualização bem sucedida, o professor não pode basear-se em rótulos, mas sim em canais de aprendizagem (visual, auditivo e sinestésico). Há alunos que necessitam de exemplos visuais, gestos e figuras para entender o significado de uma palavra; outros exigem uma conversa, uma explicação oral mais longa e detalhada; ainda outros não aprenderão a usar uma palavra ou expressão nova com segurança se não as virem usadas numa simulação de uma situação real. Mas essas versões de contextualização não significam que um aluno pega as coisas no ar e o outro precisa que seja desenhada a cena em questão.

Há também os alunos que estão mais habituados a discutir assuntos e atividades e conceitos concretos, enquanto outros não encontram obstáculos em absorver a essência de uma metáfora. Com alguns alunos, o professor poderá usar e abusar de metáforas, comparações, paralelos entre situações e cenas; com alguns alunos o professor deverá estar preparado para tratar de assuntos de dia-a-dia para incluir palavras novas.

Tecnicamente é mais vantajoso e produtivo para o aluno, e também menos trabalhoso para o professor, se, independente de seu canal de aprendizagem mais aguçado, sua afinidade com abstração for maior. Portanto, o professor se encarregará de instruir o aluno a entender conceitos abstratos com o passar do tempo e com o avanço do conteúdo. Em terminologia psicológica e psicanalista, chama-se esse processo e progresso de "alfabetização emocional". O professor deve ser versátil e estar munido de diversos exemplos para explicar as palavras e expressões novas e também incutir no aluno a percepção de que o inglês é uma língua metafórica. Um aluno será capaz de comunicar-se satisfatoriamente em inglês se memorizar palavras e familiarizar-se com mecanismos gramaticais e morfológicos, entretanto sua interação será imensamente mais satisfatória se entender bem e souber também fazer uso de metáforas, trocadilhos e referências culturais que os anglófonos tanto fazem.

Como desenvolver essa afinidade com abstração e tornar mais maleável o cérebro para conceitos novos e não-concretos? Leitura! Contato com leitura de todo tipo estimula a imaginação e a criatividade, amplia as possíveis versões de uma mesma idéia, define o senso crítico e acumula informação suficiente no cérebro para abrir caminho para as comparações, paralelos e metáforas. Embora não se concorde com as opiniões dos autores dos textos que lemos, é importante saber que as opiniões existem e assim a limitação de perspectiva vai dando espaço para mais respeito, menos preconceito e mais criatividade e também diplomacia.

Essas são tarefas que o professor assume quando se incumbe de ensinar. Recebe mentes sedentas de conhecimento tanto quanto de motivação, mas só se consegue motivar um aluno quando se acredita nele.


Autor: Danilo Martelli


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