Sistemas Para A Integraçâo De Informação Para Saúde Pública



1. CIBERCULTURA: UM DESENVOLVIMENTO DE CIDADES E DA DEMOCRACIA DA INFORMÇÃO.

 “A CIBERCULTURA estuda as relações sociais e a formação de comunidades em ambientes de rede, que estão sendo ampliadas frente a popularização da Internet e de outras tecnologias que possibilitam a interação entre pessoas. Ela se interessa pela dinâmica política e filosófica dos assuntos vividos por seres humanos em rede, bem como na emergência de novas formas de comportamento e expressão.” [1]

Tentar descrever as imensas facilidades, funcionalidades, e expressões, que essa nova cultura, está desenvolvendo no Ser humano seria praticamente impossível, dentro do conceito histórico, de revolução científica, e da revolução da cultura de relacionamento dos mesmos. A busca incessante de buscar as praticidades de modernizar as ferramentas de comunicação e de interatividade, em busca de dados de organização, de controle social, e de próprio domínio do relacionamento, faz com que a reforma de mentalidades culturais, sejam alteradas.

Um exemplo claro dessa nova cultura de relacionamento, é a substituição de meios de transporte, para um meio de comunicação, usando uma rede virtual; para levar uma única e antiga carta de sinceros votos de gratidão e de sentimentos de saudades escritos. No ciberespaço, podemos compartilhar documentos em tempo real, e/ou até mesmo ver e ouvir, o receptor daquela carta de papel citada.

Evidente que estas facilidades, buscada sempre pelo Ser humano, origina novos problemas sociais, como sóciopolítico, socioeconômico e entre vários. Mas como toda revolução, apresenta soluções de enigmas apresentados antes, ou até mesmo problemas insolúveis com aquelas ferramentas, já criadas.

A descentralização da informação é um grande passo, na prestação do movimento da democracia e de organização da vida em sociedade.

Hoje pessoas envolvidas, no planejamento e na gestão do coletivo, necessitam estar atualizada, ou melhor, on-line, para manterem o controle, e agora com a participação-cidadã, como forma principal de desenvolvimento de planejamento local.

A participação popular exige endereço eletrônico dos administradores, divulgações de ações da gestão pública e transparência do poder de tomada de decisão. Isso é a chamada descentralização da informação.

“...Ainda assim, uma política voluntarista da parte dos poderes públicos, de coletividade locais, de associações de cidadãos e de grupos de empresários pode colocar o ciberespaço a serviço de desenvolvimento de regiões desfavorecidas explorando ao máximo seu potencial de inteligência coletiva: valorização das competências locais, organização das complementaridades entre recursos  e projetos, trocas de saberes e de experiências, redes de ajuda mútua, maior participação da população nas decisões políticas, abertura planetária para diversas formas de especialidades e de parceria etc...”(Pierre Lévy)[1]

Com toda esse “auxílio” no entrosamento da CIBERCULTURA, no planeta virtual (Cyberspace *), poderemos interagir as três esferas políticas (Federal, Estadual e Municipal), para resolver problemas de saúde pública, e ainda no avanço de mais descobertas em áreas de biotecnologias, robóticas e microeletrônica, por exemplo.

* “Termo inventado pelo escritor canadiano William Gibson, no seu romance Neuromancer, para descrever o imenso espaço constituído por todos os computadores e respectivos serviços, ligados entre si. O termo acabou por se transformar num sinônimo de Internet, mas o conceito subjacente é mais lato”.[11]

2. SISTEMAS DE INFORMAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA: COMO FORMA DE INTERATIVIDADE DO CONHECIMENTO DA SOCIEDADE.

Desde a colonização do Brasil, passando pela cana-de-açúcar, pela expansão do café, pela extração da seiva da Seringueira para o comercio de Borracha, trouxe desenvolvimento industrial, mas consigo, trouxe problemas ambientais graves, como a seca, ou até mesmo o êxodo[8] de grandes massas humanas, saindo das regiões de origem.

Com essa problemática, criaram-se grandes metrópoles, crescendo sem nenhum planejamento urbano, acarretando doenças nunca conhecidas ou até mesmo, conseqüência da desnutrição e da fome.

Perguntas prontas, sem respostas, como: Quem são eles? Que doenças são essas? De onde Vêm? Partiam dos cientistas, médicos e estudiosos da época.

Hoje com o amparo, de computadores e de sistemas de informação, e lógico com a interação da rede INTERNET, essas perguntas seriam facilmente respondidas; pois cada pessoa que fosse atendida, em um serviço de saúde, já teria seu cartão, seu código e seu histórico armazenados e distribuídos no ciberespaço. Estas informações ficariam a disposição, do paciente, médicos e cientistas; seja em qualquer lugar do País ou até do mundo, possibilitando assim total interatividade do conhecimento. Um Exemplo seria a facilidade, que o paciente-cidadão teria, quando precisasse de um remédio, a continuação do tratamento, ou até mesmo a causa do óbito, quando o mesmo fosse viajar para longe de sua região.

Com a necessidade explícita de descentralização dos serviços públicos de saúde e entre outros vários, para bairros de grande concentração de pessoas; criou-se a obrigação de saber onde moram, quantas pessoas morreram ou adoeceram naquele bairro, se todas essas sofrem ou sofreram o mesmo tipo de diagnóstico. Tudo isso ficaria fácil com a ajuda de um sistema de informação de epidemiologia pública interativo.

Segundo SILVA[3], na cidade de Londrina no Paraná, até 1993, só tinham informações de mortalidade e de doenças de notificação obrigatória. Conheciam os números de pessoas que morreram em acidente de trânsito, mas não sabiam qualificar os dados, como: Perfil do acidentado (pedestre, motorizado, motociclista e outros). Baixa especificação das causas das mortes externas como: afogamento, acidentes, etc.

Com um amadurecimento tecnológico, o Brasil, através de seu Ministério da Saúde, criou sistemas de informação de Saúde, pelo DATASUS[6], existindo até uma “’Sala de situação’ que permite a realização de estudos descritivos da situação de saúde de um estado, microrregião, município e até do espaço-população de abrangência de uma unidade de saúde”.[6]

Para unificar os dados, o processamento é feito, com ajuda de outros Órgãos federais, como do IBGE e de software (SIS) disponibilizados pelo Governo Federal, como: Sistema de informação de Mortalidade (SIM), sistemas de informação de nascidos vivos (Sinasc), Sistema de Informações de Agravos de Notificação(SINAN) e outros.

Entretanto os municípios, ainda precários, estão com dificuldades para entrar nesta indispensável ferramenta, de tomada de decisão e geradora de conhecimento da sociedade como um todo.

Instituições das cidades, como: Hospitais, clínicas particulares (Oftalmologia, Odontologia etc), têm seus próprios Sistemas, sem um padrão de engenharia de software, ou na pior das hipóteses, utilizam prontuários de papel, causando heterogeneidade de informações, atrasando o planejamento e a investigação, na busca de prevenções de doenças que poderiam ser sanadas, na escolha correta do exame e/ou até na terapia.

O planejamento e o controle social dependem de informações concretas, de dados coletados, de vários setores da sociedade, para assim resolver questões de como morre ou adoece a população.

Para o sucesso da interatividade e nas estratégias de ações de saúde pública, necessita de mais esforços de financiamentos para a compra e manutenção de produtos de informática, de maior disponibilidades de dados na rede, investimentos na infra-estrutura em Telemática** e concentração da missão de inclusão digital.

Conceitualmente, o sistema de informação em saúde pode ser entendido como um instrumento para adquirir, organizar e analisar dados necessários à definição de problemas e riscos para a saúde, avaliar a eficácia, eficiência e influência que os serviços prestados possam ter no estado de saúde da população, além de contribuir para a produção de conhecimento acerca da saúde e dos assuntos a ela ligados (White, 1980).[10]

CONSEQUENCIAS DA INFORMÁTICA EM SAÚDE

ANTES

DEPOIS

Sem gerência da Informação

Com Gerencia da Informação

Memorização da informação para a tomada de Decisão

Ferramentas interativas para a tomada de decisão

Ações Probabilísticas

Tomadas de decisão Científicas

Ações individuais

Utilização de Protocolos (Guidelines)

De 22 a 38% da informação do paciente não está presente quando necessário

Informações completas, relevantes, instantaneamente

Dificuldades de compartilhar Informação

Compartilhamento e Interoperabilidade

Tabela 1 : Conseqüências da informática em saúde [2]

 

PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE

ANTES

DEPOIS

Orientado exclusivamente para a atenção e ao cuidado do paciente

Orientado para a atenção e ao cuidado do paciente

 

Comunicação

Controle de qualidade

Contabilidade

Documentação

Tabela 2: Papel do profissional em saúde [2]

 

Desse modo vê-se, a necessidade de maior investimento, no profissional de saúde em geral, na capacitação de Recursos Humanos com a informatização do ambiente de trabalho e de investimento no cidadão, como forma de inclusão digital, para que este tenha maior confiabilidade na relação médico-paciente-informática. Também existe a preocupação de padrões e de segurança na transmissão de dados, para assim a fabricação de softwares, para a conectividade das informações dos mesmos, sejam em qualquer lugar no ciberespaço. Com esta total integração dos sistemas, reduziria a redundância de custos, em tratamentos e de manutenção, na redução de riscos de erros médicos para com os pacientes e ainda a qualidade do conhecimento adquirido por muitas informações unificadas e da qualidade e controle na vida do ser.

Do mesmo modo, aumentaria a participação-cidadã, no quesito de fiscalização e da honestidade dos dados inseridos e apresentados. E o mesmo ditaria aos seus administradores a aplicação de maior prioridades de recursos.

3. INTERATIVIDADE NA CIBERCULTURA: UMA FORMA DE EXCLUSÃO

“...Cada novo sistema de comunicação fabrica seus excluídos...”(Pierre Levy)[1]

A forma de exclusão, uma preocupação do futuro da sociedade, com perguntas ainda sem respostas: o homem será substituído por máquinas digitais? O Computador fará todo trabalho braçal? Seres humanos clonados sem ao menos serem consultados?

Para LEVY[1] o excluído é quem “...não participa da densidade relacional e cognitiva das comunidades virtuais e da inteligência coletiva...” .“O Excluído está desconectado”. O Mesmo escreveu, que a exclusão tornar-se além de redução de custos de conexão, facilidades como: layouts, interfaces de software, ou influência também financeiras, mas sim de um paradigma, de uma mudança na mentalidade de uma nova técnica, para “...valorizar a cultura, as competências, os recursos e os projetos locais...[]...as políticas voluntaristas de luta contra as desigualdades e a exclusão devêm visar o ganho em autonomia das pessoas ou grupos envolvidos”.Segundo o autor deve-se distanciar de “dependências” “... produzidos por uma óptica puramente comercial ou imperial...”.

O medo do novo, a sempre esperança de que algo cairá do céu, faz com o indivíduo fique com o sentimento de incapacidade, de intolerância “...a uma acelerada e dinâmica revolução da microeletrônica...”Adam Schaff [9]

Não há dúvidas, de que haverá exclusões nesse sistema, mas essa nova cultura resolverá problemas existentes de agora, tais como do individualismo e ainda a distribuição de renda e da divisão de classes.

Só terá total inclusão digital, quando o sistema político de prioridades for completamente alterado por uma maior distribuição do conhecimento, renda, ciência, tecnologia, acoplamento das culturas, dando aos indivíduos poder de compra para a informática e não havendo assim plena exclusão na CIBERCULTURA, dando condições de participar da “inteligência coletiva” (Pierre Levy)[1] e medicando as desigualdades sociais.

 Os cinco Estados MAIS incluídos

Os cinco Estados MENOS incluídos

Distrito Federal

Maranhão

São Paulo

Piauí

Rio de Janeiro

Tocantins

Santa Catarina

Acre

Paraná

Alagoas

Tabela 3: Fonte: Boletim Informativo do Comitê para Democratização da Informática – Maio/2003 – Ano 2 – nº 12 [5]

 “O individuo é uma formação histórica [...] é um produto das relações sociais...” Adam Schaff [9].

6. REFERÊNCIAS

 [1] LÉVY, Pierre;Trad.COSTA,Carlos Irineu. CIBERCULTURA. 1ª ed. São Paulo: E.34, 1999.

 [2] DEPARTAMENTO DE INFORMÁTICA EM SAÚDE - DIS / EPM. Sistemas De Informação Em Saúde. Disponível em: < http://www.virtual.epm.br/material/tis/mat_apoio/SIS/frame.htm>. Acesso em: 29 de junho de 2006.

 [3] SILVA, Silvio Fernandes. A Construção do SUS a partir do município. São Paulo:  HUCITEC, 1996.

 [4] PORTAL DE SERVIÇOS E INFORMAÇÕES DE GOVERNO. IBGE. Disponível em: <http://www.e.gov.br/DefaultCab.asp?url=http://www.ibge.gov.br/home/mapa_site/mapa_site.shtm>. Acesso em: 29 de junho de 2006.

 [5] INTEGRAÇÂO. Mapa da Exclusão Digital. Disponível em: <http://integracao.fgvsp.br/ano6/06/pesquisas.htm>. Acesso em: 29 de junho de 2006.

 [6] DATASUS. Histórico. Disponível em: < http://www.datasus.gov.br/rnis/historico.htm>. Acesso em: 30 de junho de 2006.

[7] SBIS- SOCIEDADE BRASILEIRA DE INFORMÁTICA EM SAÚDE. O que é Informática em Saúde ?. Disponível em: < http://www.sbis.org.br/>. Acesso em: 30 de junho de 2006.

[8]WIKIPEDIA. Êxodo rural. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Axodo_rural>. Acesso em: 30 de junho de 2006.

 [9] SCHAFF,Adam. A Sociedade Informática. 4.ªed São Paulo: BRASILIENSE,1995

 [10] BRANCO, Maria Alice Fernandes. Sistemas de informação em saúde no nível local. Cad. Saúde Pública. [online]. abr./jun. 1996, vol.12, no.2 [citado 29 Junho 2006], p.267-270.  Disponível: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X1996000200016&lng=es&nrm=iso>. ISSN 0102-311X. Acesso em: 30 de junho de 2006.

 [11] INC:GLOSSÁRIO,A-D. Ciberespaço. Disponível em: http://www.estudar.org/pessoa/internet/22glossary/a-d.html.Acesso em:30 de junho de 2006.


Autor: Felippe de Andrade Toneti


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