Amor que destrói...



(by Lucia Czer)

Em nome do amor, quantos desatinos, quanto barbarismo, quanta perversidade! Em nome dele as pessoas matam, degradam, humilham, levam à loucura, provocam suicídios.

É o amor que faz o jovem assassinar a ex-namorada porque essa não o quer mais? É em nome do amor que a mãe desesperada acorrenta o filho para que não saia e se drogue? É em nome do amor que os filhos impedem a mãe de ter um namorado mais jovem? Para protegê-la, disseram...

Porque, por amar, nos consideramos donos, proprietários dos outros? Porque o amor nos leva a tomar decisões que não nos competem? Porque o amor nos diz que podemos viver a vida dos outros, esquecendo-nos da nossa própria vida?

Esse é o tipo do amor mesquinho, sufocante, egoísta, perverso. Amor que não compreende, que não faz feliz, que não se doa. Será mesmo amor? Ou um sentimento de posse descabido e cruel?

O amor verdadeiro é amar a outra pessoa por ela mesma. Sentir-se de tal maneira atraído pelo outro que só se deseje a sua felicidade. Não amar unicamente por causa daquilo que o ser amado pode oferecer, mas amar em primeiro lugar por ser ele, ou ela, o objeto do nosso amor e não as suas ações.

O fundamento da relação entre o que ama e o ser amado, é a própria pessoa, muito além das suas qualidades e defeitos aparentes, para além da nossa própria satisfação.

Quando em nome do amor assumimos uma postura agressiva, exigente, estamos apenas satisfazendo nosso desejo de posse. Que dizer, então, quando em nome desse amor que alegamos ter, cerceamos a liberdade de opção do outro?

O amor não é sempre essa maravilha que todos pensam ser... Às vezes machuca a alma, destrói as esperanças e acaba com a vida seja a nossa própria ou a de quem se ama. Nem por isso somos deuses justiceiros, acima do bem e do mal, senhores onipotentes para julgar as decisões que o ente amado toma.

O verdadeiro amor ajuda a crescer, desenvolve, não destrói, nem aniquila.

Por amor somos capazes das maiores renúncias, de magníficos gestos, e também das maiores atrocidades. Por amor, nós cerceamos, encarceramos, aprisionamos. Mesmo que essas nossas atitudes sirvam apenas para o aniquilamento do ser amado.

É preferível ver o ente amado morto a não estar com ele? Ter a mãe solitária e fenecida, roubando-lhe a última ilusão de ser amada porque lhe tomamos o direito de opção?

Que amor é esse que nos faz preferir ver o outro infeliz e derrotado? Esse é o amor virulento, mau, destruidor e inumano. Não é digno de chamar-se Amor... Demos-lhe o nome de ódio, egoísmo, maldade, seja lá o que for... Somente não sejamos hipócritas e não digamos que somos cruéis porque amamos. Somos tiranos, isto sim...

Pois tirania é a ação de impor limites ao outro.


Autor: lucia czer


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