Nossos maus jeitos



A corrupção de nossos costumes é uma prática que se vem desenvolvendo ao longo do tempo de nossa existência. No principio éramos unidos para nos protegermos contra os males externos que ameaçavam a nossa existência; era o frio, a fome, as doenças, os predadores, . . . ;aliviados dos inimigos externos, conservando nossas táticas de defesa, fomos aos poucos adaptando-as para incrementar nossas armas de ataques para nos protegermos e, elas aos poucos, foram se voltando contra nós mesmos, transformando-se em armas do egoísmo através das quais visamos tirar vantagens para nossas conquistas pessoais. Isso se transformou em aptidões políticas para enganarmos os nossos próximos. Tal prática se confunde hoje com os atos de concorrência que se prestariam para a evolução da melhoria de nossos meios de vida. Interpretação equivoca resultante do hipnotismo que estamos sofrendo por ação da ideologia capitalista que nos foi imposta pelo nosso egoísmo.

Imaginamos que tal ideologia tenha surgida pela ação de alguns indivíduos quando 'começaram a cobrar' pelos préstimos que eles prestavam para beneficiar a sociedade onde viviam. Tais procedimentos se justificaram por inúmeros feitos que tivessem se iniciado pelo 'heroísmo' de alguns poucos que se ofereciam para 'enfrentar algumas feras' que ameaçavam a segurança de suas colônias; justificavam-se; eles mereciam algo a mais por arriscarem as suas vidas para nos protegerem. Outros começaram a cobrar pelo uso de suas inteligências postas a serviço de sua comunidade. No inicio os pagamentos eram feitos em forma de vantagens representadas por algum tipo de mordomia, pagas em forma de melhores comodidades, refeições, assistências sociais, etc.. Hoje, os 'pagamentos' transformados em dinheiro, são-nos 'arrancados' pela corrupção . . .

Os tempos passaram e nunca mais voltamos à inocência de nossos comportamentos naturais conforme nossa criação. O capitalismo prevalece como resultado de nosso egoísmo e constitui um grande entrave para o nosso desenvolvimento social, espiritual. Freud, o pai da psicanálise, certa vez criticou tímida e veladamente o capitalismo, dizendo numa frase isolada que o 'homem tem um cerne biológico indomável, indomesticável, que o faz sofrer e que, esse mal é incurável; e mais, disse que esse mal só pode ser minorado se ele tratar das coisas simples da vida, como o de se alimentar, de se vestir, o de morar . . . '. Não disse mais nada; ele era um homem muito rico, fortuna feita à custa de suas consultas à alta sociedade de seu tempo; assim, ele não podia denunciar a sua fonte de riqueza como maligna; imaginamos que ele queria se referir ao dinheiro e, ao capitalismo como responsáveis . . . Por isso, perdemos a grande contribuição cultural que poderia ter revolucionado nossos costumes e nos ajudar na abolição desse mal nefasto que nos impede de sermos felizes que, é o capitalismo. Infelizmente, os líderes de nossa sociedade que poderiam fazer mudanças profundas nos nossos costumes, também sofrem do egoísmo que os tornou 'poderosos', resultante dos bens materiais que adquiriram, semelhantemente ao que fez Freud e, não querem denunciar a fonte que lhes dá prazer . . . Se os líderes acham que está tudo certo, o que pode o povão fazer?

Esse egoísmo se tornou doença, caracterizada pelo que hoje a ciência conhece como sendo a 'Psicopatia' que, na verdade, é uma ferramenta indispensável que protege o corrupto de voltar à pobreza; ela protege o egoísta de ter uma reviravolta e tornar-se uma presa da pobreza. Isso assusta os egoístas e faz com que eles se revoltam contra iniciativa de mudanças, principalmente contra qualquer idéia que venha a demonstrar pontos negros do capitalismo. Estamos hipnotizados pelo capitalismo, pelo dinheiro, a exemplo com o que acontece com os poderes da 'besta'; todos acham que sem o dinheiro não há solução para os problemas da humanidade. A natureza humana, na atual situação capitalista, está condenada a proceder contra a sua própria natureza, fazendo-a sofrer por estar vivendo num ambiente adverso.

Males dos corruptos, dos psicopatas . . . A irracionalidade dos desperdícios com a administração pública, com o comércio, com os bancos, com a acumulação de fortunas pelos mais afeiçoados em lidar com o dinheiro. . . Quanto pesa às nossas mentes termos que estar alertas para nos defendermos dos achaques dos que nos atacam para nos privar de nossos bens? É o dia a dia do comércio nos quais temos que arregimentar forças para nos defendermos dos maus elementos que nos atacam incessantemente, submetendo-nos a pressões sob as quais nossa natureza não está preparada para resistir.Isso faz parte da nossa qualidade humana herdada da natureza?

Embora Freud não 'pôde' nos mostrar claramente a sua conclusão sobre o que é, na verdade, o nosso 'cerne biológico' que nos faz sofrer, nós pensamos firmemente, no capitalismo. Ele nos desvia de nossa natureza; acreditamos que ele consome para mais de noventa por cento de nosso cérebro para podermos nos compatibilizar com ele e, por isso, sofremos.Os irmãos Vilasboas, com a experiência de seus cinqüenta anos na convivência com nossos indígenas, nos ensinam muita coisa sobre eles e pensamos serem muito importantes as suas revelações, uma vez que elas nos chegam de uma sociedade que não teve contato com o capitalismo. Os irmãos Vilasboas nos afirmam categoricamente através de seus relatos, que nunca viram, em seus cinqüenta anos de convivência com eles, um índio dar um tapa em outro índio. Esta informação por si só é muito reveladora. Mostra que sem o capitalismo, sem o egoísmo, sem a querência do que é do outro, do que é da coletividade, não haverá a inteligência distorcida para forçar nossa natureza e corromper os nossos relacionamentos naturais. Isso é uma lição de vida. O que há de diferente entre as duas civilizações que fazem com que nossas mentes trabalhem de formas opostas? Parece-nos que as duas formas de operações de nossas mentes, sejam aquelas do ambiente indígena onde as pessoas estão voltadas para os interesses coletivos e as nossas, onde a programação operacional de nossas mentes está voltada para os interesses pessoais, gerando o nosso egoísmo tão pernicioso, precisam ser estudadas. Esse é o ponto básico, crucial, que precisamos conhecer para alcançarmos um padrão de comportamento que nos faça aproximar do que imaginamos, ou seja, da felicidade. Se levarmos a sério uma pesquisa que nos conduza a compreender o programa operacional de nossas mentes, acreditamos que chegaremos a uma conclusão salvadora que nos levará a executar uma mudança nos nossos comportamentos sociais, políticos e econômicos que nos levará de retorno à nossa própria natureza. Quando lemos a mente de uma criança somos capazes de entender de que estamos falando. As suas mentes estão programadas para um comportamento saudável, com amor para dar a todos os que a cercam, sem nenhuma presunção de que haja maldade nos seus semelhantes. Isto é tão notável que, mesmos leigos em psiquiatria, notamos a decepção nos jovens em suas adolescências quando se aproximam da idade de se tornarem adultos. Lemos em suas mentes a tristeza pela decepção que se lhes aproxima. Muitos se recusam a fazer mudanças na programação de suas mentes e se suicidam.

O que fazer para corrigir as distorções? As crianças que se tornam adultas têm que aceitar as condições que lhes são impostas? Não seria mais natural se nós continuássemos a seguir a programação mental com que a natureza nos brindou ao nascermos? Porque a natureza não muda a sua estrutura orgânica e já de inicio não nos dá uma mente pervertida para vivermos sob a ideologia capitalista? É um tema para pensar. Se a nossa própria natureza não aceita o idealismo de vida que nós inventamos devemos pensar que algo está errado com a nossa vida e, devemos nos encarar para analisarmos o que fizemos de errado e, procedermos às correções. Será que Deus inventou o capitalismo para nos castigar? Castigar por quê?

Não queremos ser donos da verdade. Não nos foi passada uma escritura de sua posse. Humildemente deveremos procurar as soluções para os nossos problemas. Nossa proposta vem da ignorância; por que não deixamos que a natureza nos ensine qual o caminho a seguir?Nós nascemos nus com o amor de nossas mães, de nossos pais, de nossos irmãos; ninguém odeia uma criança. À medida que crescemos vamos sendo convencidos a conviver com os costumes do capitalismo; vamos sendo violentamente transformados para nos adaptarmos às rudezas do dinheiro, do egoísmo. Não tivemos escolha. É o grande choque contra a natureza.

Poderíamos nos sublevar contra essa 'ordem'? É difícil! Sob o domínio da humildade poderíamos pensar no estabelecimento de pequenos 'modelos sociais, econômicos e políticos' para experimentarmos viver sem o dinheiro, sem o capitalismo, a exemplo de nossos indígenas? Saberíamos, melhor do que eles, continuarmos aumentando a nossa cultura? Conseguiríamos, voltados para o bem comum, nos livramos do 'sono hipnótico' a que estamos submetidos pela 'besta'? Será o dinheiro a 'besta' do apocalipse?

Quanto nos custaria o estabelecimento desses 'modelos? Vamos aprender com eles? Vamos experimentar?

Engenheiro Hélio Barnabé Caramuru
[email protected]
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São Paulo, 05 de maio de 2009


Autor: Hélio Barnabé Caramuru


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