A Praga das Empresas – Um Ciclo Vicioso



A Praga das Empresas – Um Ciclo Vicioso Há uma pergunta nos olhares sofridos e nas almas inquietas de empregados que silenciosamente indagam: “Quanto vale toda esta dedicação ao trabalho?”. Entretanto, a ilusão sobre os “aparentes ganhos” é tão grande que os afasta da curiosidade de contabilizar tudo o que foi sacrificado ao longo dos anos nos trilhos da profissão. Pois é preciso uma avaliação sobre o ganho líquido de uma carreira profissional, descontadas as perdas não-avaliadas. Para avaliar estas perdas, que são assumidas inconscientemente por empregados, empresários e empresas, é interessante verificar o quadro existente no ambiente de trabalho. Em princípio, a falta de certos padrões éticos e conceitos morais desencadeia um ciclo vicioso. Há conceitos que podem sustentar a camaradagem e o elo de ligação entre empregados e dirigentes. O desrespeito a estes pode se iniciar por qualquer lado: pelos empregados, gerentes ou empresários. Não importa com quem, o resultado seria uma cadeia de causas e efeitos que, como uma avalanche, aumentaria o tamanho dos problemas. É curioso saber que todo este mal que afeta os dois lados seja gerado por pequenos detalhes comportamentais. O resultado final pode ser até a falência de uma empresa. Muitas vezes o ciclo vicioso se inicia de uma atitude até aparentemente admirável. Vamos imaginar que uma pessoa ambiciosa assume um cargo num setor. Não esta pessoa, mas a sua ambição, sem padrão ético, pode se tornar uma praga para a empresa. Ela, com sua ambição, na busca de uma carreira, pode destruir silenciosamente os elos de ligação entre os integrantes do setor. Toda força de trabalho e realizações de uma empresa dependem do poder de integração da equipe. Porém, uma equipe com relações enfraquecidas perde a força de trabalho. O ciclo se repete quando os dirigentes detectam que os indicadores não respondem ao crescimento e a empresa não vai bem. Então, eles começam a aumentar a pressão sobre os empregados e com isso aumenta-se a desconfiança e medo. O ambiente agora é mais favorável para ação do ambicioso. Ele pode continuar com seu poder de controle, atrair as atenções para seu lado, e pode até aumentar os gastos da empresa com suas idéias, mas sem melhoria na produção. Enfim, a empresa vai gastando e os empregados são cada vez mais responsabilizados pela curva decrescente de produção. Com a diminuição dos lucros, a situação vai piorando para os empregados, que irão se sentir cada vez piores, com ameaças de cortes e redução de salários. Neste exemplo, o autor do ciclo vicioso é a pessoa-chave de um setor. Pode ser um ou alguns funcionários, um gerente, um diretor ou o próprio dono. Porém, a influência e o estrago que um ciclo vicioso pode causar são proporcionais à força e poder que o autor exerce na empresa. Desta forma, os contratempos do ambiente de trabalho aumentam e prometem cada vez mais perdas e prejuízos. Para distinguir melhor quem está perdendo com este quadro de múltiplas lacunas no modelo de trabalho, pode-se comparar a situação a uma lavoura atacada por pragas. Numa lavoura destas, os empregados perdem sim, porque precisam trabalhar para ganhar seu sustento. Mas quem perde mais é o dono da plantação, pois os insetos causam geralmente um grande estrago e há necessidade de muitos recursos para eliminar as pragas. Depois de acabar com os insetos, nada resta para colher. Então, o dono deve arcar com todas as despesas e prejuízos. No caso de uma lavoura atacada por insetos é possível avaliar os danos, pois são visíveis e calculáveis. O dono saberá identificar a parte perdida da colheita e a soma despendida na eliminação da praga. Entretanto, no caso de problemas numa empresa, quando se refere a medos, desconfianças, falhas de gerenciamento, erros de liderança e negligência no aproveitamento das potencialidades, as perdas não são visíveis nem calculáveis. Nesse cenário, para os empresários há perdas em vários aspectos, direta ou indiretamente: perda de força de trabalho, desperdício de recursos materiais, intelectuais e desgastes emocionais. É exatamente por esta razão que as empresas têm prejuízos de grande porte e não sabem o porquê. Pagam fortunas para melhoria dos procedimentos internos da organização, sem perceber a origem do mal. Neste meio, quem perde também são os empregados. Eles sofrem porque são apontados como responsáveis por todos os erros, atrasos, contratempos e prejuízos. São demitidos para diminuição de gastos, e quando não são demitidos se contentam com ordenados cada vez menores do que a realidade do mercado, além de sacrificar a família e sua tranqüilidade. Por conseguinte, há inúmeras perdas intangíveis para ambos os lados, o que se estende para suas famílias. Alguns prejuízos são imediatos, como a ausência do trabalhador na educação e orientação dos filhos. Outros somente serão constatados quando surgirem as graves conseqüências dos males ocultos vividos no ambiente de trabalho. Por exemplo, a cada dia aumenta o número de pessoas que sofrem de ansiedade, depressão, alcoolismo e pânico. Além disso, as pessoas estão perdendo a tranqüilidade, o relacionamento sincero, a paz interior, a convivência amorosa e as qualidades mais nobres que são inerentes à sua natureza. Autora: Felora Daliri Sherafat(2000) EXTRAÍDO DO LIVRO: Trabalho e o Reencontro de Interesses.
Autor: Felora Daliri Sherafat


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