EDUCAÇÃO INDÍGENA: A PONTE GEOGRÁFICA DO ENSINO



Caroline Rosa Mesquita ¹

Brena Camila Lobato Pontes ²

RESUMO – Este artigo tem como objetivo traçar uma analise sobre a educação formal para o indígena no âmbito geográfico, procurando estabelecer a relação entre o processo de globalização e as reais causas histórico-geográficas que acarretaram a necessidade indígena de reivindicar seus direitos educacionais.

Palavras- Chave: indígena, globalização, sobrevivência, isolamento e sociedade.

A necessidade da educação escolar, hoje admitida e reivindicada pelos índios, é fruto da percepção global indígena. Antes, educação na tribo era única e exclusivamente, a transmissão dos conhecimentos culturais hereditários, atualmente, a necessidade de aprender o que antes era apenas a educação dos "civilizados" vem se tornando essencial.

A relação de contato, com as demais sociedades, perdeu a conotação ameaçatória e assumiu caráter indispensável para sobrevivência das tribos na era da globalização. Anteriormente, o isolamento geográfico propiciava o isolamento social, hoje, com o desenvolvimento tecnológico, a informação circunda o mundo, e não há como privar o povo indígena do conhecimento e de seu direito a participação no cenário mundial.

A HISTÓRIA DO PROCESSO DE EDUCAÇÃO INDÍGENA

A educação produzida para o indígena possui um histórico amplamente relevante, que partiu de um caráter obrigatório, para, recentemente, assumir caráter de direito. É fruto de um processo intenso de valorização do indígena, uma vez que, foi necessário percebermos que, para educar formalmente e cientificamente o índio, não se faz necessário despi-lo de seus hábitos culturais ou afastá-los de seus vínculos sócio-espaciais e sim, aliar seu lugar de origem, seus conhecimentos prévios e uma postura cientifica. A educação para o indígena só se realiza de maneira eficiente e real se for bilíngüe e tratada de maneira intercultural. A educação escolar deve ser um instrumento de afirmação da cultura indígena e também de preparação dos índios para se relacionarem com a sociedade de fora conforme o interesse de cada povo. (Professor Walmir Kaingang, RCNEI)

A educação indígena pode ser percebida, e delimitada historicamente, em quatro fases. A primeira fase, que perdurou mais de quatro séculos, foi a mais extensa, iniciada no Brasil colônia, quando a escolarização do índio esteve nas mãos dos missionários católicos, especialmente os jesuítas, que, por questões mais políticas do que religiosas, submeteram os índios a uma educação voltada para seus interesses sócio-religiosos. A segunda fase, que ocorreu somente no século XX, foi marcada pela criação da SPI – serviço de proteção ao índio, em 1910, e se estende a política de ensino da FUNAI – fundação nacional do índio. A terceira fase se estendeu do fim dos anos 60 aos anos 70, destacando-se nela o surgimento de organizações não governamentais que passaram a atuar, de maneira a promover nas tribos, a percepção da importância de se conhecer a educação das ciências.A quarta fase, que se iniciou nos anos 80, começou pela iniciativa dos próprios índios, que passaram a perceber a necessidade de se igualar aos demais povos, e a reivindicar, a partir de então, a definição e a autogestão dos processos de educação formal.

A GLOBALIZAÇÃO E A EDUCAÇÃO

Se referendarmos como contexto o período que se estendeu do século XVII ao século XX, poderemos afirmar que, o índio tinha como característica, viver um isolamento geográfico, restringido ao seu meio natural, o que acabava por gerar um isolamento social, mantendo o indígena a quem das esferas políticas e econômicas decorrentes nos três séculos.Essa realidade vem se alterar, apenas, às vésperas do século XXI, em decorrência do fenômeno de integração. O processo de globalização tem por pressuposto básico, o rompimento de barreiras, e isso implica na facilitação da disseminação de informações. Os povos indígenas que, anteriormente, primavam por manterem-se socialmente distintos, o que de certo modo pode ser encarado como resultado de um "trauma" histórico, fruto do tratamento restritivo imprimido pelos europeus, agora reivindicam o direito aos saberes científicos. A percepção de que se faz necessário entender, não apenas sobre a natureza próxima, mas também conhecer sobre o que ocorre por de trás das fronteiras indígenas, deixou de ser uma imposição da sociedade nacional, nos últimos anos, e tornou-se reivindicação do índio, a fim de construir novas formas de relacionamento com os diversos segmentos sociais, para fazer parte do processo de integração, e das tomadas de decisões a nível global.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O rompimento de barreiras territoriais e sociais vem promovendo uma mudança de mentalidade generalizada. Por um lado o indígena que finalmente vem percebendo a importância da educação para se inserir no contexto mundial. Do outro lado, a nossa sociedade, que absorveu a prerrogativa de que ainda que o índio necessite dos conhecimentos de outras culturas, necessita, acima de tudo, preservar sua cultura, seus costumes e seu habitat natural. É obrigação constitucional oferecer à comunidade indígena a possibilidade crítica de conhecimento a cerca das questões políticas, econômicas e sociais do mundo. Por que, somente desta forma, o índio terá domínios sobre saberes da sociedade e poderá, quando necessário, defender seu povo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CASTILHO, Mariana Wiecko Volkmer. "Uma reflexão sobre a Educação Indígena". http://www.ufmt.br/revista/arquivo/rev21/mariana_wiecko. Extraído dia 2 de Maio de 2009.

FISCHMANN, Roseli. "Povos Indígenas e Tolerância: construindo práticas de respeito e solidariedade". http://www.books.google.com.br. Extraído dia 10 de maio de 2009.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. "Referenciais para a formação de professores indígenas". Secretaria de Educação Fundamental. Brasília - MEC - SEF, 2002. Extraído dia 10 de maio de 2009.

1 Acadêmica do curso de Licenciatura Plena em Geografia do Instituto Federal de Educação,Ciência e Tecnologia do Pará – IFPA.

2 Acadêmica do curso de Licenciatura Plena em Geografia do Instituto Federal de Educação,Ciência e Tecnologia do Pará – IFPA.


Autor: caroline mesquita


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