HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CIRÚRGICO NO PRÉ-OPERATÓRIO



Aline de Souza Jorge dos Santos[1]

Ely Rosângela Batista Carvalho[2]

Heidi Vânia Silva Carneiro[3]

Juliana Lôbo dos Santos [4]

Leandro Feliciano Nery dos Santos[5]

Silvia Rodrigues Peixoto[6]

Palavras-chave: assistência de enfermagem, fase pré-operatória e humanização do cuidado.

1 INTRODUÇÃO

A garantia do sucesso de qualquer intervenção de enfermagem pode ser atribuída à maneira pela qual são atendidas as demandas físicas, emocionais, sociais e espirituais do paciente. Para atender às suas reais necessidades é imprescindível observar a maneira como ele é recebido, assistido, acolhido e como se estabelece a relação com a equipe de enfermagem, pois são fatores que influenciam significativamente no desenvolvimento do processo a que se submeterá cirurgicamente até sua recuperação (CARVALHO, 2006).

Alguns enfermeiros acreditam que a melhora das enfermidades de seus pacientes/clientes depende, exclusivamente, de se executar uma técnica precisa, seguir-se padrões com frieza e exatidão e seguir-se prescrições sem questionamentos. Em contrapartida, outros acreditam que uma boa assistência deve ser prestada dentro de uma visão holística, na qual a solidariedade e a benevolência para com o próximo são imprescindíveis para a valorização do ser humano, estabelecendo, desta forma, uma relação de ajuda e empatia, fazendo com que a humanização seja a base da profissão de enfermagem (LEITE, ANO).

Para Souza (2005), o enfermeiro possibilita diminuir o medo, a angústia e a insegurança que o cliente apresenta, através de ações por uma assistência individualizada e diferenciada. E, nesta era de transformações, está enfrentando os desafios do aperfeiçoamento técnico-profissional numa dimensão mais ampla, que busca compreender a inter-relação do ser biológico, psíquico, sócio-cultural e espiritual.

O paciente ao ser internado para uma cirurgia traz consigo ansiedades, dúvidas ao saber que será submetido a um procedimento invasivo e desconhecido, significando uma situação crítica, além de uma indefinição de fatos que irão advir. Nessa perspectiva, planejar o cuidado de enfermagem a pacientes que serão submetidos à cirurgia, requer do enfermeiro habilidades e conhecimentos a respeito das possíveis alterações e reações emocionais que o paciente pode apresentar frente a esta situação (CARVALHO, 2006).

A assistência de enfermagem no período operatório pode ser dividida em três fases: pré, trans e pós-operatórias.  A fase pré-operatória segundo Brunner (2005) começa quando se toma a decisão de prosseguir com a intervenção cirúrgica e termina com a transferência do paciente para sala de cirurgia.

O aspecto das atividades de enfermagem durante esse período pode incluir o estabelecimento de uma avaliação basal do paciente antes do dia da cirurgia ao realizar uma entrevista pré-operatória, assegurar-se de que os exames necessários foram feitos ou serão realizados, arranjar os serviços de consultas apropriadas e fornecer a educação pré-operatória a respeito da recuperação da anestesia e cuidados pos operatórios (BRUNNER, 2005).

A forma atual de conduzir as ações de enfermagem dá origem a grandes obstáculos no trabalho de muitos profissionais, pois os trabalhadores de enfermagem muitas vezes não percebem que o sujeito ali hospitalizado se vê retirado do ambiente que lhe era familiar, se vê privado de dar continuidade a aspectos fundamentais do seu cotidiano, sobretudo o convívio com pessoas queridas, o andar, o conversar, o trabalhar, o comer, dentre outros. Pode-se perceber também que o sujeito hospitalizado e seus familiares desconhecem seus direitos anulando-se nesse processo, deixando que os trabalhadores de saúde conduzam ações de cuidado e quase sempre as decida (LEITE, ANO).

Buscar formas efetivas para humanizar a prática em saúde implica em aproximações críticas que permitem compreender a temática, além de seus componentes técnicos, instrumentais, envolvendo, essencialmente, as dimensões político-filosóficas que lhe imprimem um sentido (CASATE e CORRÊA, 2005).

O interesse pelo presente estudo surgiu a partir da experiência dos acadêmicos, enquanto graduandos em enfermagem da Faculdade de Tecnologia e Ciências de Feira de Santana, atuando em campo de prática da disciplina Enfermagem na Saúde do Adulto e do Idoso, durante prática em campo no Centro Cirúrgico e observação das rotinas da unidade no Hospital Geral Clériston Andrade, em Feira de Santana, Bahia. Verificamos que há deficiência na aplicação do histórico de enfermagem de forma abrangente, no sentido de preparar o paciente e sua família antes da cirurgia.

Dessa forma, lança-se como problema norteador do tema: Qual impacto causado pela humanização da assistência de enfermagem ao paciente cirúrgico no pré-operatório? Nesse sentido, pretende-se identificar, através de uma revisão bibliográfica, a importância da humanização da assistência de enfermagem ao paciente cirúrgico em fase pré-operatória.

Portanto, fica clara a necessidade de se estabelecer uma relação harmoniosa com o paciente no pré-operatório, considerando as alterações físicas e emocionais conseqüentes à cirurgia. Segundo Mendonça (2008), a avaliação pré-operatória de uma cirurgia é imprescindível para que se alcance uma reabilitação eficiente e que reduzam-se suas taxas de complicações.

Ao ser submetido a uma cirurgia o paciente pode tornar-se deprimido, portanto, a enfermagem deve estabelecer diálogo, fornecendo informações de modo bastante clara e objetiva, para que ele entenda e possa enfrentar a situação estressante em que se encontra.

2 METODOLOGIA

Este estudo foi do tipo teórico-filosófico, já que desejávamos investigar o conhecimento de diversos autores relacionados ao tema em questão.

Os dados foram coletados na base de dados Scielo, Bireme, sendo utilizado textos de literatura nacional no período de Abril a Maio de 2008. Utilizamos os seguintes descritores: assistência de enfermagem, fase pré-operatória, hospitalização, centro cirúrgico, humanização. Durante a pesquisa foram encontrados X artigos, dentre os quais utilizados X , após análise de títulos e resumo dos mesmos quanto a adequação do tema proposto.

3 ANÁLISE DE DISCUSSÃO DE DADOS

Processo de hospitalização do paciente cirúrgico (humanização)

A palavra cirurgia é algo que leva a todo a fazer infinitas reflexões. Por mais simples que seja a cirurgia poderá ser acompanhada de anseios dúvidas e medo (BELLUOMINE & TANAKA, 2003apud SOUZA, 2005).

Souza (2005), acrescenta ainda que o cliente cirúrgico possui um nível de stress no pré-operatório independente do grau de complexidade de cirurgia pela desinformação os acontecimentos que sucedem a cada uma das fases da cirurgia bem como pelas demais situações que a internação hospitalar propicia. Uma pessoa que se encontra doente e hospitalizada apresenta um desequilíbrio de suas necessidades humanas básicas que tem por conseqüência o estresse; sendo este ainda maior quando há recomendação de procedimento cirúrgico (JORGETTO,2005).

O centro cirúrgico é uma área física do hospital, com uma equipe multiprofissional equipamento e material de consumo adequado à execução do processo cirúrgico, sendo que a sua finalidade é fornecer subsídios que propiciem o desenrolar do processo do ato terapêutico - a cirurgia - oferecendo condições para que a equipe médica e de enfermagem possam planejar as necessidades dos pacientes antes, durante e após a cirurgia (MOURA, 2007).

A hospitalização provoca para o indivíduo uma ruptura com o seu ambiente habitual, modificando seus costumes, hábitos, sua capacidade de auto-realização e de cuidado pessoal. Por estar inserido num ambiente desconhecido, sente insegurança pela doença e por fatores emocionais. Pelo desconhecimento do local, não sabe como atuar, ficando dependente das pessoas que o rodeiam (LOPEZ & LA CRUZ, 2001).

Assistência de enfermagem no pré-operatório.

Os profissionais de enfermagem que atuam no centro cirúrgico são geralmente os responsáveis pela recepção do cliente na sua respectiva unidade, (que deve ser) personalizada, respeitando sempre suas individualidades; o profissional deve ser cortês, educado e compreensivo, buscando entender e considerar as condições do cliente que normalmente já se encontra sob efeito dos medicamentos pré-anestésicos (BEDIN, 2005).

A assistência de enfermagem no período operatório pode ser dividida em três fases: pré, trans e pós-operatórias.  A fase pré-operatória é o período compreendido desde a véspera da cirurgia até o momento em que é recebido no Centro Cirúrgico (CASTELLANOS e JOUCLAS, 1990 apud JORGETTO, 2005) e nesta fase há o momento pelo qual o enfermeiro do centro cirúrgico vai até a unidade de internação do paciente, tendo assim oportunidade de conhecê-lo, levantando problemas, como também necessidades, no intuito de planejar ações de enfermagem (GALDEANO et al, 2003, apud JORGETTO, 2005). Sawada (1991) apud Jorgetto (2005) por sua vez, define o pré-operatório como um período de detecção das necessidades físicas e psicológicas do paciente que será submetido a um procedimento cirúrgico.

Brunner e Sttudart (2005) afirmam que a meta global no período pré-operatório é oferecer ao paciente o maior número possível de fatores de saúde positivos. São feitas todas as tentativas para estabilizar as condições que, da outra forma, atrapalhariam uma recuperação tranqüila. Mendonça (2007) acrescenta que a fase pré-operatória é uma etapa muito importante, pois o paciente se encontra abalado pelas informações acerca de sua doença, e da intervenção cirúrgica. Afirma ainda que a assistência ao paciente cirúrgico deve ser planejada, sistematizada e individualizada.

Souza (2005) e Jorgetto(2005) descrevem que durante a visita pré-operatória o enfermeiro irá através do prontuário colher os dados gerais do paciente; logo a seguir irá fazer uma entrevista, explicando a importância que a cirurgia representa e estimulando o autocuidado; procedendo a seguir o exame físico, realizando então a prescrição de enfermagem para os períodos trans e pós – operatórios.

A realização destas visitas constitui-se em uma responsabilidade do enfermeiro, conforme consta no decreto que regulamenta a lei do exercício profissional da enfermagem (CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM, 1993), na qual, no artigo décimo primeiro determina que "a consulta e a prescrição da assistência de enfermagem é parte integrante do programa de enfermagem" e consiste, dentre outras atribuições, em incumbência privativa do enfermeiro (JORGETTO, 2005).

O enfermeiro do centro cirúrgico deve, assim, avaliar as condições do paciente no período pré - operatório, identificando seus problemas e fornecendo-lhe informações que certamente contribuirão para diminuir seus medos e, também, suas angústia, ansiedade e insegurança. (JORGETTO, 2005). Brunner e Sttudart (2005) apresenta além disso que embora cada ambiente proporcione suas próprias vantagens peculiares para o fornecimento do cuidado do paciente, todos exigem um histórico de enfermagem pré-operatório abrangente e precisões de enfermagem para preparar o paciente e a família antes da cirurgia.

Bedin (2005) ao se referir sobre o enfermeiro de centro cirúrgico expõe sobre a necessidade de prestar assistência mais direta ao paciente em todas as etapas do processo cirúrgico, destacando a importância desta para o sucesso do tratamento e o pronto restabelecimento do paciente.

Portanto para o bom funcionamento do centro cirúrgico, Moura (2007), define que o trabalho em equipe é primordial, pois, em situações que exigem a combinação em tempo real de múltiplos conhecimentos, experiências e julgamentos, inevitavelmente uma equipe alcança resultados melhores do que um conjunto de indivíduos atuando de acordo com as suas competências e responsabilidades.

Para ALMEIDA (1985,1986), apud Moura (2007), a prática de enfermagem é entendida como o "conhecimento (saber da enfermagem) corporificado em um nível técnico (instrumentos e condutas) e relações sociais específicas, visando ao atendimento de necessidades humanas, que podem ser definidas biológica, psicológica e socialmente."

No dia da cirurgia, o ensino do paciente é revisto, a identidade do paciente e o sitio cirúrgico são verificados, o consentimento informado e confirmando. Se o paciente irar retornar para casa no mesmo dia, verificam-se a disponibilidade do transporte seguro e a presença de um adulto responsável acompanhante.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O referencial teórico que norteou o estudo possibilitou-nos ampliação dos conhecimentos adquiridos durante a academia e assim, pudemos constatar a necessidade de atenção e diálogo com o cliente, no sentido de diminuir o estresse da hospitalização e avaliação global da saúde geral do paciente.

Diante do exposto sobre humanização da assistência de enfermagem no pré-operatório, podemos afirmar que não teremos esse cenário se a equipe de enfermagem não atentar para a importância do mesmo. Surge a necessidade de se repensar e reavaliar se as ações estão sendo executadas de forma qualificada e humanizada, seguindo todo o processo de assistência ao paciente cirúrgico desde a internação à cirurgia.

Espera-se, dessa forma, contribuir para a redução das complicações no pós-operatório e/ou permitir que os pacientes as identifiquem precocemente. Incluímos o objetivo de prestar uma assistência de enfermagem humana e singular, voltada para as necessidades dos pacientes e melhoria da sua qualidade de vida.

REFERÊNCIAS

Mendonça, Regiane de Souza; Valadão, Marcus; Castro, Leonaldson; Camargo, Teresa Caldas. A Importância da Consulta de Enfermagem em Pré-operatório de Ostomias Intestinais.


[1] Graduanda de Enfermagem da Faculdade de Tecnologia e Ciências de Feira de Santana. E-mail: [email protected]

[2] Graduanda de Enfermagem da Faculdade de Tecnologia e Ciências de Feira de Santana. E-mail: [email protected]

[3] Graduanda de Enfermagem da Faculdade de Tecnologia e Ciências de Feira de Santana. E-mail: [email protected]

[4] Graduanda de Enfermagem da Faculdade de Tecnologia e Ciências de Feira de Santana. E-mail: [email protected]

[5] Graduando de Enfermagem da Faculdade de Tecnologia e Ciências de Feira de Santana. E-mail: [email protected]

[6] Graduanda de Enfermagem da Faculdade de Tecnologia e Ciências de Feira de Santana. E-mail: [email protected]


Autor: Heidivânia Carneiro


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