Cosmos Irakitan



Índios Tremembé, Tapuia, Apinayé... Ianomâmi, deixam seus mundos impregnados de outros mundos. A caixa de “maribondos” abriu-se e a noite se libertou. Os vaga-lumes são as estrelas. No alto Monte Pacaraima (Roraima) descança insólito numa montanha o indivisível Makunaima, senhor milenar dos povos daquela região. São os quatro, cinco cantos do país. Nos brasis não se repousa a mão do vento! Se corre contra o tempo... Disse certo Oswald: o Brasil é uma república cheia de árvores e gente dizendo adeus... Para onde foram todas as mães Tupinambás presentes em mim? Fui ao xamã, mas não disseram. Hoje haverá dança para celebrar o fogo. Os espíritos maus se foram, vieram os “caraíbas”... Gulosos pela índia tapanhumas que pariu uma criança feia de preguiça e liberdade... Exatamente dissera Andrade. Ontem éramos canibais, hoje somos antropófagos. Imalaia, imeneu, inca, maia e pigmeu... Minha tribo me perdeu... Este homem não sou eu: foi o Chico que disse. Só queria lembrar dos olhos de contemplação. Não, não toque em mim... Se não eu não me acho. Fico perdido em devaneios levando-me ao cosmos, à fantasia. Mas também fico temeroso pelo Eldorado, Pinzón, Pizarro, Orellana, D’Alvares, Vespucci... Quem é este tal “Américo Colombo” sedento por minh’alma? Ainda escuto todos os gritos atravessando aquelas que perderam até o que não tinham... Estou preso num Útero Índio e não sei onde repousa Iracema. Meu eu que não sou eu? Quando curumim voltar para levar “penachos” do Pataxó ao Korubo do alto Rio Xingu, cortará coração do Marajó, pois tristeza contam os papagaios sobre Vera Cruz. Caranã, Carnaúba, Anhangüera... Quem te dera nas mãos do ladrilhador, sua trilha de sonhos. O murmúrio da última noite por Tupã ao aterrisar na Vitória-Régia no infinito da lua. Cunhã, cunha! Devoras o espírito do guerreiro e semeie paz.... Quando a cruz e a espada cortarem o horizonte, torne-se mãe gigante e nos leve para o alto... À constelação de Órion da panela tapuia ao avesso, mas não cortada pela lança!

 

Povos lindos, todos habitam, agora, suas florestas no alto céu... Povos, todos, habitam em mim!

 


Autor: Paulo Milhomens


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