FALAR DE DEUS PARA NÃO INICIADOS



Como falar de Deus para não iniciados

 Cada pessoa segue o trajeto de vida traçado por suas potencialidades pessoais. Os dons ou carismas de cada um são as ferramentas naturais, que lhe permitem realizar-se pessoal e profissionalmente e contribuir para o bem-estar da sociedade e da humanidade. Ninguém nasceu inútil, mas veio ao mundo para fazer e dizer algo para o próprio bem e o bem de outras pessoas. A importância dos dons não está no tamanho, mas na função que exercem no conjunto. A mais bela roupa precisa da humilde, invisível linha para costurá-la. A comida mais saborosa não o seria sem a combinação impalpável dos condimentos. "L'important est invisible aux yeux, on ne voit bien qu'avec le couer"(O Pequeno Príncipe). Ninguém é importante sozinho. Somos devedores de muita gente e coisas para sermos o que somos. Cada vida depende da morte ou transformação de outras vidas. A morte ganha importância quando relacionada com a vida. As plantas assimilam substâncias da terra, captam a luz solar e a transformam em energia para se alimentarem e produzirem frutos, alimentarem animais e seres humanos. Nossa vida depende da morte de plantas e animais que consumimos em nossas mesas. A morte é necessária e aceitável quando gera vida. Até Jesus passou pela morte para gerar vida para nós. "Se o grão de trigo que cai na terra não morrer, permanecerá só, mas se morrer produzirá muito fruto" Jo 12,24.

     É natural e saudável que crianças e adultos questionem sobre Jesus Cristo, a vida eterna. Importante saber que ninguém nasce sabendo nada, mas aprende e assimila valores, condutas, posturas e atitudes na família e no grupo social que compartilha. Até as coisas de Deus precisamos aprender. "A fé entra pelos ouvidos e pelos olhos". Por isso, é importante informar-se sobre Deus (audição) com pessoas entendidas, ler a Bíblia, a fonte básica da fé, observar em torno de si (visão) e questionar-se. "O que se pode conhecer de Deus é manifesto entre eles (os povos da terra), pois Deus lho revelou. Sua realidade invisível (seu eterno poder e divindade) tornou-se inteligível desde a criação do mundo, através das criaturas, de sorte que não têm desculpa (para não conhecê-lo e crer nele). Pois, tendo conhecido Deus, não o honraram nem lhe renderam graças, perderam-se em vãos arrazoados, e seu coração insensato ficou nas trevas. Sim, naturalmente vãos foram todos os homens que ignoraram Deus e que, a partir dos bens visíveis, não foram capazes de conhecer Aquele que é, nem, considerando as obras, de reconhecer o Autor delas " Rm 1,19-21; Sb 13,1.

      Importa, pois, falar de Deus a partir das coisas humanas e das criaturas em geral. Os filhos são obras dos pais. Os pais geram os filhos e os criam por amor. É na família que os filhos têm a primeira experiência do amor. A partir da experiência familiar do amor, os filhos chegarão à experiência do amor de Deus. Valores éticos são lugares de encontro com Deus, lugares teologais. O amor é o valor ético mais elevado. Por isso, Deus é o ser ético por antonomásia, "Deus do direito e da justiça. Deus é amor. Quem permanece no amor permanece em Deus e Deus permanece nele". Por analogia, podemos dizer: "Deus é justo e reto. Quem é reto e justo permanece em Deus e Deus nele". Precisamos levar Deus mais a sério: menos Deus nas Igrejas e mais ética na sociedade. Os seres da natureza são obras do sábio Criador, que os criou por amor. O amor recebido de Deus é multiplicado no amor incondicional a Deus, ao próximo e respeito pela natureza: animais, plantas, rios, florestas, mares, etc. O amor que os pais dedicam aos filhos é retribuído no amor aos pais e irmãos. Deus nos fez livres e quer que o amemos com liberdade, não por obrigação. Não combina com o amor de Deus o terrorismo psicológico e religioso. Deus é o ser mais livre e nos criou livres. Por isso, se quisermos perder-nos, não nos impedirá, embora ele sofra, porque nos ama. Continuará nos amando na dor, sem nos perseguir e condenar. Neste contexto e movido pelo mesmo amor com que nos criou, o Pai envia-nos o Filho Único, que é Espírito como o Pai e Deus Mãe, para tomar corpo semelhante ao nosso no ventre de Maria, amar-nos neste corpo, dar-nos oportunidade de voltarmos ao convívio amoroso com a SS. Trindade. Jesus é um presente do amor do Pai para nós. Veio nos ensinar o caminho da felicidade. Veio em primeiro lugar para os mais fracos, os incompreendidos, rejeitados, indignados, sedentos de justiça. Assim, naturalmente, num ambiente familiar amoroso, os filhos chegarão ao conhecimento, à fé e ao amor a Deus e ao próximo. A morte de Jesus é a expressão máxima do amor de Deus por nós. "Deus demonstra seu amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós quando éramos ainda pecadores" Rm 5,8. Na realidade, não foi uma morte trivial, mas o dom livre da vida para gerar vida em outros. "Ninguém tira a vida de mim, mas eu a dou livremente. Tenho poder de entregá-la e poder de retomá-la. Eu vim para tenham vida, vida em abundância" Jo 10,10.18. As mães e pais sabem a quantas coisas têm de renunciar (morrer) para que os filhos tenham vida digna. Amar é morrer cada dia um pouco e renascer cada dia no ser amado. Este é um dos filões básicos para falar de Deus para pessoas não iniciadas na fé. Quem vive vida ética, necessariamente vive em Deus, encontrou Deus, mesmo que não o saiba. Deus é o sério da vida. Satanás é o disfarce, a mentira, o faz-de-conta. Vale a pena ser ético, viver a  fé implícita pela prática do direito e da justiça!

Geraldo Barboza de Carvalho


Autor: Geraldo Barboza de Carvalho


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