As Imagens não são Gratuitas
A Televisão trabalha com as imagens em movimento e elas representam e expressam de forma significativa no vídeo através de símbolos o que pensamos, sentimos e sonhamos, elas se compõem de representações de sentidos múltiplos, transformando-nos em espectadores "passivos" de sua diversidade ou interatividade de movimentos. A quantidade e a qualidade dessas imagens, não nos deixam brechas, para uma seleção definitiva. Ficando (impossível) para alguns uma postura crítica diante das imagens Televisivas. Nesse sentido Paulo Roberto ressalta que as introduções das imagens criticamente vêem tornando-se centrais no campo educacional. Para ele:
A quantidade e a qualidade das imagens não nos deixam margens para uma seleção efetiva. Torna-se quase impossível uma postura crítica diante delas. Quando o educador procura introduzir a linguagem e imagem audiovisual na educação infantil, ele deve procurar enfatizar os procedimentos que levem essas crianças a desenvolverem a compreensão crítica, dando margens para uma relação prazerosa de troca e absorvição de conhecimentos (1996: p.90).
É interessante registrar que a educação contemporânea abrange todos os processos dentro e fora das escolas, e a utilização dessas imagens que se apresentam de forma significativa é fundamental para que possam se transformar em objetos de estudos dentro e fora da sala de aula pelos professores e educandos, sem "pré-conceitos" anteriores ou posteriores propondo formar o educando para uma nova leitura e compreensão crítica em relação ao que é veiculado pela televisão.
Assistir televisão é um hábito da sociedade, por isso falar desse aspecto nos remete antes de tudo a uma coisa mais antiga do que a própria tevê, que é a imagem repassada por ela, desde que aprendeu a caminhar, o homem basea-se na visão para direcionar-se no seu habitat, as imagens abrem portas para outras dimensões, a dos sonhos, dos desejos, das fantasias, ela está ligada diretamente as nossas vidas, e tem a ver com os nossos desejos mais íntimos. Segundo destaca Marcondes Filho:
As imagens nunca são gratuitas nem estão sozinhas, quando aparecem para que o as veja, servem de meio de ligação com outro mundo, que é o imaginário da sociedade. E é neste contexto que a Televisão está inserida servindo de ligação do homem com o mundo. (1994: p. 8).
As imagens foram diferentemente trabalhadas pelas culturas antigas, antes da televisão, do cinema e da fotografia, o homem trabalhou com a pintura, esculturas entre outras artes, para representarem as passagens do seu cotidiano, hoje à imagem é trabalhada mais tecnicamente como um processo de criação, principalmente com as novas tecnologias que estão inseridas. Segundo J. B. Thompson:
Há normalmente dois níveis de preocupação mais recorrentes: de um lado, a estética da imagem, um problema tipicamente eletrônico e de arte no manejo da imagem, e, de outro lado, a absorção dela pelo espectador. Na visão de mercado, não interessa o consumidor crítico, mas aquele que compra o seu produto alegremente sem questionamentos. Embora esta caricatura possa estar exagerada, representa mais ou menos o ambiente predominante (1995: p.122).
De acordo com Edgar Morim "O sistema educativo não pode limitar-se a usar a linguagem áudio-visual como repassadora de informações, é fundamental que, além do que se poderia chamar de pedagogia com imagens, é preciso trabalhar também a pedagogia da imagem".
Os potenciais pedagógicos que as imagens vinculadas a Televisão podem proporcionar as crianças é de fundamental importância para nos educadores, porque elas acompanham essas imagens desde pequenas, é a interação que elas fazem com o mundo dos adultos, na suas conversas e brincadeiras produzindo representações elas utilizam e associam as imagens do que vê em seu cotidiano, principalmente do que assistem na Televisão, levando-as a interagirem com os adultos. As imagens podem ser trabalhadas e discutidas levando-nos a indagar criticamente sobre os seus posicionamentos na cultura de reflexão dessas crianças.
O papel da educação é o de gerar e criar desenvolvimento cabe ao educador, por meio de intervenção pedagógica, promover a realização da aprendizagem com o maior significado possível uma vez que nunca é absoluta, sempre é possível estabelecer alguma relação entre o que se pretende conhecer e as possibilidades de observação, reflexão e informação que o sujeito possui.
Na teoria Piagetiana criar situações estimuladoras que provoquem desenvolvimento e aprendizagem exige uma maior capacitação por parte dos educadores, onde o propósito não é transferir conhecimento, mas dispor de meios que favoreçam essa construção baseada em cada fase do desenvolvimento humano.
Conclusão
A Televisão e suas Imagens
Despertei a minha curiosidade sobre como aproveitar as imagens apresentadas pela Televisão, devido a indagações minhas e de algumas crianças, ocorridas a maioria no período de estágio, elas me perguntavam coisas que eu as vezes não sabia responder sobre a Televisão, se eu tinha visto o programa tal se tinha gostado, e querendo sempre saber a nossa opinião sobre determinados programas. Foi a partir desses questionamentos feitos pelas crianças e dos meus também que percebi e aceitei a idéia de influência da Televisão e de suas imagens na minha vida e na delas.
Entendo, portanto que estou apenas no começo de novos questionamentos a respeito da linguagem que a Televisão nos apresenta, e dos vários aspectos subjetivos das suas imagens, descobri que muito ainda se tem para pesquisar sobre esse tema, e toda a sua dinâmica. E que será necessário buscar um aprendizado sistemático nessa área no qual use coerentemente a realidade do nosso mundo globalizado e a mídia imposta por ele, na educação escolar das crianças. Nesse contexto critico reflexivo sobre a pratica de ensino e aprendizagem, Paulo Freire afirma que:
"Como professor preciso me mover com clareza na minha prática. Preciso conhecer as diferentes dimensões que caracterizem a essência da prática, que me torna mais seguro no meu próprio desempenho".
BIBLIOGRAFIA:
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários a pratica educativa. 12 ed. São Paulo.
MARCONDES, Ciro filho. Televisão. Ed. Scipione.
MORIN, Edgar. Programa Roda-Viva; TV Cultura, exibido em 18/12/2000.
PIAGET, J. A. A Psicologia da Criança, SP: DIFEL, 1980.
THOMPSON, J. B. Ideologia e Cultura Moderna. Op. Cit. 1995
Autor: Walkiria Domingues
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