A Educação Afetiva e a Avaliação Afetiva



A relação entre adultos e adolescentes é na maioria das vezes conflituosas, porque é nessa etapa da puberdade que se desenvolve as principais características cognitivas, emocionais e social dos jovens, sendo que a entidade escolar no cerne de suas obrigações deve preocupar-se com o desenvolvimento do aluno no todo, principalmente quando se trata de bem-estar.

O adolescente quando atinge esta fase há um desequilíbrio emocional muito grande, porque há um desenvolvimento físico e intelectual e, consequentemente abalam os esquemas psicoemocionais ocorrendo modificações também no convívio social, por causa destes fatores do processo natural do desenvolvimento é que o aluno começa a revoltar-se pela falta da incompreensão gerada pelo despreparo da escola que não está contribuindo para conviver com as diferenças, bem como a família, e o adolescente muitas vezes é rotulado como mal-criado, rebelde, perdido, inapto, inútil, imoral, preguiçoso, sem iniciativa e deixado à míngua na sociedade sem nenhuma perspectiva de futuro empurrado-o para marginalidade que tanto a sociedade tenta combater.

Quando o jovem chega nesta fase abre-se para o mundo dos amigos no qual cria uma empatia e uma alta valorização e solidariedade uns com os outros, já que a escola no consegue construir a autoimagem do aluno e a partir daí construir a autoestima ela simplesmente ignora-o deixando-o à mercê da influência da marginalidade.

Entretanto, nada está perdido quando tratamos com jovens ávidos de conhecimento e abertos à exploração de um mundo fantástico que é o aprendizado pela afetividade, para que isso ocorra é preciso que os conteúdos toquem, em alguma medida, a sensibilidade dos alunos, somente ligados afetivamente eles terão uma aprendizagem maior e com significado real para todos e o resultado dessa parceria escola, família e sociedade trará benefícios sociais e psíquicos ao aluno.

 

A educação afetiva e a avaliação afetiva

 

 O conteúdo tem que buscar a relação com a vivência do aluno, isto é, considerando o estado afetivo satisfatório para a aprendizagem respeitando o bem-estar psicológico do discente. As bases curriculares têm que oferecer o desafio de viver intensamente cada momento, visto que, é o sentimento que move a juventude e ele o leva à luta e com isso ele tem convicção, tem fé; é o que acredita e, assim tenta ser o diferente, procura ousar corre atrás da liberdade, da vida e dos seus direitos.

“Se as experiências emocionais constituem a base das capacidades intelectuais, da criatividade e do senso moral, é para essas experiências que devemos conceder a mais alta prioridade em nosso projeto de educação. A plena liberdade que esta teoria propõe exige o esforço de nossas mentes para que possamos construir, dentro de casa ou da escola, um primeiro passo para a humanidade integral. Basta querer.” (ANTUNES, 2000, p. 121)

 

De fato, os conteúdos têm que almejar o projeto de conhecimento relacionado à integridade psicossocial do aluno. Há os que busquem a saúde emocional, porém as emoções são contraditórias, já que se deprime com facilidade passando de um estado para outro, desde da calma à fúria; esse desequilíbrio transcorre em consequências inimagináveis ao desenvolvimento intelectual do aluno. E, evidentemente, cada um procura o que é melhor para si. É por essa razão que os conteúdos têm que abarcar links cada vez maiores e mais estreitos com a realidade do aluno.

“O importante, porém, é compreender que eles agem assim não por serem “maus” ou por qualquer outro juízo de valor, mas porque foi assim que aprenderam a viver. Aprenderam apenas a consumir, a ter sempre mais e mais. As coisas lhes chegaram como que por encanto. Pediu, ganhou. Desejou, teve. ”(ZAGURY, 2008, p. 80)

 

A construção do ser tem que partir de quatro aspectos básicos que fazem o jovem compreender o ser intelectualmente social que o é.

Para essa construção do ser temos que pensar nos projetos de vida, isto é, é trabalhar com o desejo de algo que o aluno almeja para o seu futuro e que cada um determina para si e devemos embasar os conteúdos partindo dos projetos de vida de cada um em que o êxito é essencial ao respeito mútuo. A outra esfera é a questão da moral, já que cada um tem as suas inclinações, os seus valores e normas que permitem que o projeto de vida se concretize decorrente ao seu auto-respeite, sendo assim, é sensato pensar que as regras organizam a convivência social e adéqua a consciência para garantir o respeito e a solidariedade. A outra vertente refere-se ao papel do juízo alheio na imagem que cada um tem de si, isto é, quando o aluno é dependente da opinião dos outros para conseguir impor a sua, este é o pior problema que nós enfrentamos na sala de aula, porque o aluno está acostumado a pensar da mesma forma que nós, professores, pensamos, no entanto, quando o aluno tem o seu próprio juízo analisa, reflete e toma suas próprias decisões ele toma para si toda responsabilidade de ser um cidadão pleno, sendo assim, quando o discente consegue realizar os seus projetos de vida ele terá sucesso profissional almejando o status que tanto desejava.

 

“A escola deve ser um lugar onde cada aluno encontre a possibilidade de se instrumentalizar para a realização de seus projetos; por isso, a qualidade do ensino é condição necessária à formação moral de seus alunos. Se não promover um ensino de boa qualidade, a escola condena seus alunos a sérias dificuldades futuras na vida...” (PCN do Ensino Fundamental, 1997, p. 79)

 

Todos os conteúdos têm que estar de acordo com a proposta de Temas Transversais, no qual faz parte do ensino das áreas específicas, no entanto a avaliação é feita nos contextos de cada disciplina.

Contudo a avaliação baseada nos valores e nas atitudes é bastante difícil, visto que cada um tem o seu proceder e ao avaliar os alunos nos conteúdos procedimentais tem que se levar em consideração o valor afetivo moral e ético que cada um determina para o seu estilo de vida.

“Ao colocar a possibilidade da avaliação de atitudes não se pode deixar de salientar os limites da escola nessa formação. Vale lembrar que a duração não pode controlar todos os fatores que interagem na formação do aluno e não se trata de impor determinados valores, mas de ser coerente com os valores assumidos e de permitir aos alunos uma discussão sobre eles.” (PCN do Ensino Fundamental, 1997, p. 57)

 

O professor tem que saber quando intervir no processo de educação psicossocial do aluno e ao identificá-lo proporcionar mudanças que baseia-se em ações pedagógicas, porém devemos ter consciência de que as mudanças de atitudes não dependem unicamente das relações que os alunos têm na escola e dos conteúdos que ela os administram.

 

“Vivenciar situações de conteúdo emocional. É importante que possa se expressar sobre seus valores e a intensidade de suas relações. Não aprendemos empatia e compaixão pelo que nos contam, mas pela forma como somos tratados. Educar sempre pelo exemplo e, ao errar em uma atitude, pedir desculpas e mostrar que você também pode, às vezes, ser dominado por esta ou aquela emoção. Valorizar narrativas, filmes ou histórias com exemplos de prestatividade, solidariedade, amizade.” (ANTUNES, 2000, p.118)  

 

Em resumo, a educação afetiva e a avaliação afetiva devem apontar para uma possibilidade de realização de uma vida digna e salutar, do contrário os alunos serão conduzidos à ignorância, ao desprezo e à agressividade. Ao lidar com alunos temos que proporcionar conteúdos temáticos para que se tornem desejáveis e palpáveis à compreensão intelectual dos alunos.

O objetivo principal da avaliação é dar um norte aos educadores a planejar estratégias que contribuam com a educação intelectual dos alunos e dar continuação aos conteúdos a serem ministrados “e desenvolver o autoconhecimento e a autonomia _ e nunca de qualificar os alunos.” (PCN do ensino Fundamental, 1997, p. 39) A partir daí o aluno terá que reconhecer as qualidades da própria cultura, valorizando-as ao exigir respeito para si e para o outro, no qual ele analisa criticamente qualquer atitude de discriminação que sofra, a enriquecer a vivência e a experiência de vida que contribui para análise das possibilidades individuais e coletivas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

ANTUNES, Celso. A teoria das inteligências libertadoras. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.

 

CHALITA, Gabriel. Educação: a solução está no afeto. São Paulo: Gente, 2004.

 

CHALITA, Gabriel. Pedagogia do amor: a contribuição das histórias universais para a formação de valores das novas gerações. 8ª ed. São Paulo: Gente, 2005.

 

FREIRE, PAULO. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 37ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996 (Coleção Leitura)

 

Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: apresentação dos temas transversais e ética. Brasília: MEC/SEF, 1997.

 

TIBA, Içami. Conversas com Içami Tiba: volume 1. São Paulo: Integrare Editora, 2008.

 

TIBA, Içami. Conversas com Içami Tiba: volume 2. São Paulo: Integrare Editora, 2008.

 

ZAGURY, Tania. Educar sem culpa: a gênese da ética, questões que afligem e reflexões que aliviam os pais modernos. 2ª ed. Rio de Janeiro: BestBolso, 2008.

 

 

 

 


Autor: Ronye Márcio Cruz de Santana


Artigos Relacionados


Cem Ou Sem. Quem é Quem?

Questionamentos Sobre Você

A ForÇa Do Nordestino

Fire

Solo Abençoado

Abrazileirando O InglÊs

A Janela