O Idoso com Alzheimer e a Família sob a Ótica de Enfermagem
O idoso com Alzheimer e a família sob a ótica de enfermagem
Mirtes Catarina Guilleminot Alves de Udaeta
Érica Aline do Amaral
Introdução
O declínio das funções cognitivas ocorre em conseqüência do processo de envelhecimento, sendo este fenômeno de ocorrência universal.
Em virtude da expectativa de vida da população. A Doença de Alzheimer (DA) tornou-se a demência mais comum, por ter distribuição universal compromete aproximadamente 10% da população com mais de 65 anos de idade. Nas nações desenvolvidas, a DA é a maior causadora de morte depois da doença cardíaca, câncer e Acidente Vascular Cerebral (AVC), é e responsável por mais de 100.000 mortes por ano. Chegando de 15 a 20% nos indivíduos de 80 anos. A previsão e de que ela afetará 8 milhões de pessoas no ano de 2040 ( GOLDMAN;AUSIELO,2005).
Desenvolvimento
Costa (2003, p.140) afirma que o Alzheimer é uma das doenças que mais tem desafiado a medicina nos últimos anos e a sociedade na atualidade. E a conceitua como "doença neurológica degenerativa, cortical, lenta, progressiva e irreversível, que esta associada à perda da memória e a deterioração das funções intelectuais, emocionais e cognitiva". Já para Caldeira e Ribeiro (2004) apud Pendlebury (1996) a doença é a causa mais comum de respostas cognitivas desadaptadas, afeta, inicialmente, a formação hipocampal, causando deterioração de habilidades intelectuais, interferindo na atividade ocupacional ou social.
A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência na velhice. Conhecida internacionalmente pela sigla DA recebeu esse nome em homenagem ao Dr. Alois Alzheimer, que em 1907 observou e descreveu os aspectos neuropatológicosno tecido cerebral de uma mulher que mostrou os primeiros sintomas de demências por volta dos 55 anos, que havia sofrido de demência progressiva ( CAMBIER; MASSON; DEHEN,2005).
Nas últimas décadas do século XX, a doença de Alzheimer era freqüentemente relacionada ao processo de envelhecimento. E o tipo de demência com maior chance de se desenvolver nas idades mais avançadas, sendo que o envelhecimento constitui o principal fator de risco para o desenvolvimento da doença, uma vez que ambos, envelhecimento e demência, compartilham qualitativamente das mesmas alterações patológicas, na DA essas alterações ocorrem em intensidade muito maior (LUZARDO et al ,2006 apud PITTELLA,2005).
A patologia é composta de quatro fases: Fase inicial:caracterizada por alterações na afetividade e déficit de memória recente; Fase intermediária:os déficits cognitivos estão altamente prejudicados, afetando as atividades instrumentais e operativas; Fase final: a capacidade intelectual e a iniciativa estão deterioradas; Fase terminal:caracterizada por restrições ao leito, praticamente o tempo todo, acabando por adotar a posição fetal (Freitas et al, 2006).
Por mudar o cotidiano das famílias, pode-se visualizar a doença de Alzheimer como uma doença familiar. Visto que, o diagnóstico de demência traz uma realidade contundente que implica em muitas perdas envolvendo a autonomia do corpo e o afastamento do eu para o indivíduo.Inclusive o autor ilustra a fala de um membro da família em relação aos seus sentimentos: "Hoje ela não sai mais sozinha. Da última vez ela se perdeu. Outra dificuldade é essa de ter de sair e não ter com quem deixar ela". (LUZARDO; WALDMAN, 2004).
Os cuidadores deparem-se com numerosos fatores, que incluem a aceitação do diagnóstico, lidar com um estress cada vez maior, administrar o conflito dentro da família e planejar o futuro. Com isso, o cuidador ficará vulnerável a doenças físicas, depressão, perda de peso, insônia, a abusar física e verbalmente do paciente, de álcool e de medicamentos psicotrópicos. Assim sendo, o atendimento familiar é de extrema valia e, não raro, de importância crucial para o sucesso do tratamento (ESMELTZER; BARE, 2004).
Cabe a enfermagem apoiar o prestador/familiar a discutir seus sentimentos; manter o seu próprio bem-estar emocional e a sua saúde.Por intermediário de informação, discussão, reflexão, orientação e aconselhamento, os atendimentos visam a propiciar melhor condução dos conflitos formados ou daqueles antevistos (NETTINA, 2003).
Conclusão
Desde que Alois Alzheimer descreveu a DA em 1907 até a década de 80, pouco foi possível avançar no seu entendimento. O grande empenho da comunidade cientifica, sobretudo nos últimos 25 anos, reflete a necessidade de respostas rápidas para essa doença, já que é considerada a epidemia do século XXI. A DA é hoje, em todo o mundo, vista como um problema de saúde publica de enormes proporções. Os danos emocionais, físicos, sociais e financeiros para os pacientes, os familiares, os cuidadores e a sociedade são incomensuráveis. Por tratar-se de uma condição heterogênea e complexa nos seus agentes etiológicos e neuropatológicos, são obvias as implicações para o seu diagnóstico e tratamento.
Enquanto não nos é possível conhecer melhor a sua etiopatogenese e descobrir tratamentos curativos orientados para o tratamento fisiopatológico da doença, nunca é demais enfatizar que o seu melhor conhecimento por parte todos os profissionais de saúde, o diagnostico precoce e preciso, a instituição precoce do tratamento farmacológico, a intervenção interdisciplinar, o envolvimento da família e dos grupos de apoio dos pacientes são de importância crucial para o cuidado mais bem sucedido dos pacientes portadores da Doença de Alzheimer.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS:
BOTTINO, Cássio M.C; LAKS, Jerson; BLAY, Sergio L. Demência e transtorno cognitivo no idoso. 1 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2006. p.472.
CAMBIE, Jean; MASSON, Maurice; DEHEN, Henri. Neurologia. 11ed.Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2005. p. 323.
COSTA, Francisco.Grande Dicionário de Enfermagem Atual. 2 ed. Rio de Janeiro: Revic. 2003. p. 451.
SMELTZER, Suzanne C.;BARE, Brenda G. Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica. 10 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2004. p.2419.
FILHO, Geraldo B. Bagliolo Patologia. 6ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2000. p.1328.
FREITAS, Elizabete V. Tratado de Geriatria e Gerontologia. 2 ed. Rio de Janeiro:Guanabara Koogan.2006. p.1573.
GOLDMAN, Lee; AUSIELO, Denis. Tratado de Medicina Interna. 22 ed. Rio de Janeiro: Elsevier. 2005. p. 2927.
GUIMARÃES.Renato M; CUNHA, Ulisses G. Sinais e Sintomas em Geriatria. 2 ed. Rio de Janeiro.Atheneu. 2004. p. 312.
LITOVIC, Julio; BRITO, Francisco C. Envelhecimento. 1 ed. São Paulo: Atheneu.2004.220 p.
LUZARDO, Adriana R.;WALDMAN,Beatriz F. Atenção ao familiar do idoso com doença de Alzheimer.Acta Scientiarum.Health Sciencens. Maringá-PN. v.26, nº 1, 135-145, p.2004.
NETINA, Sandra M. Pratica de enfermagem. 7 ed.Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2003. p.1694.
NETTO, Mateus P. Gerontologia: A velhice e o Envelhecimento em Visão Globalizada. 1 ed. Rio de Janeiro: Atheneu.2005. p.524.
PENDLEBURY, WW. Alzheimer's disease. Clin Symp. 1996. p.483.
PERKIN, David G. Neurologia. 1ed. São Paulo: Manole. 1998. p.306.
COHEN, Helen. Neurociência para Fisioterapeutas. São Paulo: Manole. 2001. p.494.
PITTELLA, Jeh. Neuropatologia da doença de Alzheimer. In: Tvares A, organizador. Compendio de Neurogeriatria Psiquiátrica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2005. 235 p.
POTTER, Patrícia A.; PERRY, Anne G.Fundamentos de Enfermagem. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2004. p.1509.
ROBBIN, Stanley; COTRAN, Ramzi S. Patologia. 7 ed.Rio de Janeiro:Elsevier. 2005. 1592 p.
SPIRDUSO. Waneen W. Dimensões Físicas do Envelhecimento. 1 ed.São Paulo: Manole.2005. p.482.
UMPHRED, Darcy A. Reabilitação Neurológica. 4 ed. São Paulo: Manole.2004. p. 1118.
ZIMERMAN, Guite I. Velhice: Aspectos Biopsicossociais. 1 ed. Porto Alegre: Artmed. 2005. p.229.
Autor: Mirtes Catarina Guilleminot Alves de Udaeta
Artigos Relacionados
Longevidade Populacional E Mal De Alzheimer
Entendendo Os Alimentos E Alzheimer
O Papel Do BiomÉdico No DiagnÓstico Da Hemofilia A
Envelhecer Com Saúde é Um Prêmio Pra Quem Começa A Se Cuidar Cedo
Células-tronco
Anemia Falciforme X Triagem Neonatal
Cuidando Do Cuidador De Um Paciente De Alzheimer