JENIPAPO, A GUERRA QUE NÃO ESTUDEI



A província do Grão Pará e Maranhão, onde hoje se localiza toda Região Norte e os estados de Mato Grosso, Maranhão e Piauí, não aceitou a emancipação do Brasil proclamada por Dom Pedro I (Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbom), em 7 de setembro de 1822, cujo brado ocorreu em São Paulo, no riacho do Ipiranga (onde hoje está o Museu do Ipiranga), opondo forte resistência às tropas independentistas.

Apesar de D. João VI (João Maria José Francisco Xavier de Paula Luis Antonio Domingos Rafael), Rei de Portugal, se posicionar favorável à independência proclamada por seu segundo filho varão, D. Pedro I, inclusive incentivando-o nesse sentido, desejava que a província do Grão Pará e Maranhão continuasse Vice-Reino de Portugal (Colônia), respondendo diretamente à Coroa Lusitana, dada a sua situação geográfica favorável à Europa e ao grande rebanho bovino e lavoura de algodão nas mãos de criadores portugueses do Piauí, Maranhão e Pará.

O Major lusitano João José da Cunha Fidié, fiel comandante das tropas portuguesas sediadas na capital do Piauí (Oeiras), em 13 de novembro de 1822, partiu da capital e marchou em direção a Vila de São João do Parnaíba (hoje Parnaíba) onde se ensaiava um movimento pró-independência. Chegou no dia 18 de dezembro de 1822, não encontrou resistência e obrigou o Senado (Câmara Municipal) local a renovar os votos de fidelidade a D. João VI (leia-se: Reino de Portugal).

Em 1º de março de 1923, Fidié e seu estado maior tomando conhecimento de que a tropa do Major paraibano Leonardo de Carvalho Castelo Branco (Leonardo de Nossa Senhora das Dores Castelo Branco), comandando militares cearenses e lavradores piauienses, havia conquistado a capital Oeiras e Campo Maior, proclamando sua independência, como também foi avisado de que havia forte resistência à coroa lusitana na região do cocais, (Fidié) deixa Parnaíba com destino a Oeiras, a fim de retomar a capital. Eis que, antes de seu destino final, encontra as tropas de Leonardo de Carvalho Castelo Branco, entrincheiradas ao longo do riacho Jenipapo, localizado então entre a atual Teresina e Campo Maior.

Leonardo de Carvalho Castelo Branco e outros comandantes, ao perceberem a iminente derrota deixaram os combatentes à própria sorte, sendo depois criticados pela opinião pública da época. No dia 13 de março de 1823, Fidié venceu facilmente os facciosos despreparados para o enfrentamento militar, fazendo mortos, feridos e prisioneiros (prisioneiros e feridos foram posteriormente libertados). Ao revés e na contramão da história, o Estado do Piauí, postumamente, em 21 de outubro de 2005, elevou Leonardo de Carvalho Castelo Branco à condição de herói pelo enfrentamento a Fidié, com data em destaque na Bandeira desse Estado, fazendo-o patrono do 25º Batalhão de Atiradores e Caçadores do Exército em Teresina-PI, chamado de Batalhão Leonardo de Carvalho Castelo Branco.

Em seguida, Fidié caminhou à Vila de Caxias das Aldeias Altas, no Maranhão (depois cidade de Caxias), sendo recebido triunfalmente no dia 17 de abril de 1823 pelo Senado da localidade. Montou refúgio no Monte das Tabocas (não confundir com o Monte das Tabocas em Pernambuco), hoje Morro do Alecrim, onde depositou todo o arsenal bélico da coroa portuguesa e aquartelou a tropa. Ficou aguardando auxilio da capital maranhense e da Coroa Portuguesa, a fim de reorganizar-se no sentido de refazer sua força militar e retomar Oeiras. O apoio militar nunca chegou, pois o escocês Lord Thomas Alexander Cochrane, e seus corsários, mercenários ingleses, contratado pelos independentistas brasileiros, faziam o bloqueio naval na costa maranhense, inclusive já tinha vencido a esquadra portuguesa em 4 de maio de 1823, no Atlântico, e continuava patrulhando a costa brasileira contra agressão estrangeira.

Em 1º de agosto de 1823, Fidié não resistiu ao cerco da Vila de Caxias por tropas brasileiras e capitulou. Foi perdoado por D. Pedro I e condecorado em Lisboa com a mais alta e distinta honra militar da Corte Lusa.

Daí em diante a Vila de Caxias passou a ter uma importância estratégica militar, já que havia um arsenal bélico instalado no Monte por Fidié e pelas tropas brasileiras vencedoras.


Autor: VENILDO JOSE BEZERRA REYNALDO


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