O Trabalho Psicopedagógico Aliado à Neurociência



O trabalho psicopedagógico possui como objetivo central abordar, investigar e intervir nas dificuldades encontradas no processo de ensino aprendizagem.

Encontrar uma definição clara para designar as dificuldades de aprendizagem não é uma tarefa fácil. É preciso esclarecer os padrões de normalidade para identificarmos e analisarmos as anomalias.

Com a finalidade de identificar as causas do fracasso escolar instalado no Brasil na década de 70, profissionais de áreas distintas como pediatras, psicólogos, fonoaudiólogos, educadores, passaram a contribuir com pesquisas e estudos sobre o desenvolvimento infantil e a aprendizagem.

Considerando a escola responsável por grande parte da formação do ser humano, o trabalho do psicopedagogo na instituição escolar tem um caráter preventivo no sentido de procurar criar competências e habilidades para solução dos problemas. Com esta finalidade e em decorrência do grande número de crianças com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios que englobam a família e a escola, a intervenção psicopedagógica ganha, na atualidade, grande relevância nas instituições de ensino.

Ao analisarmos o processo de aprendizagem, devemos perceber um múltiplo enfoque, explanando propriedades psicológicas, neurológicas e sociais do indivíduo, já que a construção da aprendizagem considera aspectos biológicos, cognitivos, emocionais e do meio, que constroem o ser e embaseia a sua evolução.

Concebe-se a aprendizagem como uma construção intrapsíquica, com continuidade genética e diferenças evolutivas, resultantes das pré-condições enérgico-estruturais do sujeito e das circunstâncias do meio, como discorre Visca (1991, apud Guiroto).

Assim, percebe-se a contribuição da neuropsciologia na análise dos processos de aprendizagem, segundo Luria (1966, apud Moretti e Martins), a neuropsicologia tem por objetivo o estudo das relações entre as funções do sistema nervoso e o comportamento humano. Através da neuropsicologia podemos compreender os processos de aprendizagem e buscar meios de solucionar as possíveis dificuldades encontradas, dentre outras atividades cognitivas.

Conclui-se que os fatores neurológicos fornecem subsídios para um olhar singular e para a compreensão do funcionamento intelectual e de sua evolução durante a vida do educando.

Observou-se que cada indivíduo possui uma maneira peculiar de aprender e construir o seu conhecimento, afirmando o objetivo do trabalho psicopedagógico.

Nos últimos anos, com a acentuação do fracasso escolar e diante do baixo desempenho acadêmico, o interesse pelo processo de aprendizagem aumentou.

Crianças, adolescentes e adultos continuam apresentando dificuldades em aprender de acordo com o processo considerado normal, o que exclui o indivíduo de uma sociedade cada vez mais globalizada.

Neste contexto, o psicopedagogo institucional, como um profissional qualificado, está apto a trabalhar na área da educação, dando assistência aos professores e a outros profissionais da instituição escolar visando a melhoria das condições do processo ensino aprendizagem, bem como para prevenção dos problemas que surjam nesse processo.

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de aprendizagem, buscando conhecê-lo em seus potenciais construtivos e em suas dificuldades, encaminhando-o, por meio de um relatório, quando necessário, para outros profissionais, como psicólogo, fonoaudiólogo, neurologista, que realizam os diagnósticos e exames complementares com o intuito de favorecer o desenvolvimento da potencialização humana no processo de aquisição do conhecimento.

Equipes multidisciplinares buscam respostas para as dificuldades assistidas. Estuda-se a possibilidade de identificar as áreas encefálicas responsáveis pelos processos cognitivos, o que tornará viável o estudo e a formação de diferentes conexões e meios de aprender, possibilidades que surgem no campo psicopedagógico com o avanço da neurociência.

Dá-se, assim, a importância do olhar singular para o educando. Por meio de técnicas e métodos próprios, como testes, anamnese, brincadeiras lúdicas e entrevistas, o psicopedagogo possibilita uma intervenção visando a solução de problemas de aprendizagem.

Por meio de testes já regulamentados, é possível analisar as propriedades neurológicas e psíquicas do educando como: coordenação motora, equilíbrio, percepção, visão, audição, relação intrapessoal, expectativas, anseios e outros.

Segundo Moretti e Martins os tradicionais testes que compõem a avaliação psicodiagnóstica, referem-se a grande e importante parte da avaliação neuropsicológica. Tal avaliação na infância é divida em dois grupos distintos, descritos abaixo:

1.Investigações rígidas, compostas por uma bateria de exames da área, buscando alterações subjacentes às funções analisadas;

2.Exames menos sistemáticos, interpretativos. Oriundo da re-leitura da avaliação tradicional psicopedagógica.

Através de encaminhamentos para áreas respectivas, os profissionais podem detectar os motivos das dificuldades existentes, como por exemplo, a existência de uma lesão cerebral.

Lembramos que com um sistema de saúde público falho, muitas crianças ao cair ou sofrer uma batida importante, não recebem o atendimento adequado. Exames como a tomografia computadorizada ou a ressonância magnética, podem encontrar pequenas lesões que outrora podem trazer à tona conseqüências no desenvolvimento do indivíduo.

O psicopedagogo deve estar apto para intervir e orientar os professores a agir de modo satisfatório nas problemáticas vivenciadas em sala de aula.Porém é preciso salientar que somente a intervenção com os professores não garante a eficácia da intervenção. A participação dos pais e familiares no âmbito escolar é primordial, visando descrever o cotidiano da criança e observando o seu desenvolvimento humano, acompanhando a interação da criança com o ambiente escolar.


Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbações no processo aprendizagem, participar da dinâmica da comunidade educativa, favorecendo a integração, promovendo orientações metodológicas de acordo com as características e particularidades dos indivíduos do grupo, realizando processos de orientação. Já que no caráter assistencial, o psicopedagogo participa de equipes responsáveis pela elaboração de planos e projetos no contexto teórico/ prático das políticas educacionais, fazendo com que os professores, diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua docência e às necessidades individuais de aprendizagem da criança ou, da própria ensinagem.

Bossa (1944, pág. 23).

Percebe-se a importância do trabalho psicodiagnóstico e as contribuições trazidas pela neurociência.

A avaliação formada por testes, anamneses, entrevistas, brincadeiras lúdicas e investigações, permitem ao profissional um aprofundamento na vida do educando, e, conseqüentemente, no cotidiano de sua família e da comunidade que o rodeia, tornando possível a avaliação do indivíduo e a comparação com os padrões de aprendizagem considerados normais, e, posteriormente, a execução das intervenções terapêuticas que se fazem necessárias.

Bibliografia

BOSSA, Nádia. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre: Artmed, 1994.

CABREIRA, Priscila Aguirre. Quais os fatores que levam a criança a ser abrigada e as possíveis conseqüências que afetam a sua aprendizagem. http://www.abpp.com.br/artigos93.htm. Acessado em Maio, 2009.

CAPAVILLA, Alessandra Gotuzo Seabra. Contribuições da neuropsicologiacognitiva e da avaliação neuropsicológica à compreensão do funcionamento cognitivo. http://pepsic.bvs-psi.org.br/scielo.php?script=sci_arttextãpid=s10562-104920070010005&ing=tanrm=pt. Acessado Maio, 2009.

GUIROTO, Aparecida Pires. Baixo rendimento escolar associado a fatores psicossociais: Um estudo de caso. http://www.abpp.com.br/artigos/79.htm. Acesso em Maio, 2009.

MORRETI; MARTINS, Lúcia Helena Tiosso, João Batista. Contribuições da neuropsicologia para a psicologia clínica e educação. http://scielo.bvs-psi.org.br/scielo.php?pid=s1413-8557997000100008&script=sci_arttext&ting=pt. Acessado em Maio, 2009.


Autor: MARIANA SIQUEIRA


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