E PARA ONDE VAI A EDUCAÇÃO?



E PARA ONDE VAI A EDUCAÇÃO?

Esta é uma pergunta insinuante e com varias possibilidades de resposta. Mas que, se analisada no contexto de algumas instituições sociais, como a família e a escola, acaba convergindo para observações que, parecem bem óbvias: a sociedade evoluiu, a educação evoluiu – com grande instrumentalização tecnológica da sala de aula –, houve um aumento significativo de cursos de graduação na área de educação, mas, com isso ocorreu uma banalização da profissão de ensinar e uma depreciação da qualidade do ensino. Essa banalização do oficio tem levado à sala de aula – aprovados nos concursos públicos – profissionais mecanicos e que efetivamente não conseguem estimular a aquisição conhecimento em seus alunos. Ai, a escola passou a ser considerada um ambiente sem atrativos.

Pra começo de conversa, pode se destacar como um dos principais elementos causadores do desinteresse e da antipatia dos alunos para com escola – uma das principais causas do baixo aprendizado – a falta de um bom relacionamento professor/aluno, causado pela idéia de falta de suporte intelectual que a maioria dos alunos veem em seus professores. Nesse aspecto, a escola, como ambiente contextualizado e diretamente relacionado á figura do professor, se torna "desinteressante" e o aluno/adolescente contemporaneo, pra piorar a situação, se acha muito importante e com conhecimento superior ao que é repassado na escola. Essa "falta de importância" é agravada pela grande disposição de material informativo ao acesso dos alunos. Para o aluno, não existem muitas informações ditas, novas, naquelas que o professor repassa a ele – fora seus conteúdos programáticos – e isso faz com que a aula fique enfadonha. Essas informações adquiridas via internet, ou outras mídias, não são devidamente manipuladas e/ou filtradas por ele. Isso acaba, a meu ver, se tornando, ao invés de uma vantagem, uma desvantagem. Porque ao entrar em contato com uma informação, grosso modo, o aluno/adolescente, imagina que tem aquela informação à mão e domina seu conteúdo. Como essa informação para o aluno, geralmente não dispõe de elementos de contextualização, onde ele possa situar-se e fazer as inferencias necessárias à verdadeira assimilação desse conhecimento, há uma apropriação falsa do conhecimento. Isto é, sem um critério de mensuração, essas informações acabam se dissipando no universo tão múltiplo e abrangente de mídia que o adolescente/aluno tem contato diariamente. Mesmo assim, o pouco ganho advindo do contato com as mídias transmite uma idéia de aquisição para o aluno. Ele imagina que ser um detentor do conhecimento e, portanto, um competidor à altura do professor/mediador em sala de aula. Nesse conflito individual de cada aluno/adolescente surgem os elementos alimentadores da pouca importancia da escola. E aí deve entrar em cena um profissional de educação com sabedoria o suficiente para fazê-lo entender a falsidade desse conhecimento ao qual ele teve contato, mesmo sem desprezá-lo, ou descartá-lo totalmente. A interferencia desse profissional de educação qualificado irá estimular o aluno/adolescente a fazer uma filtragem nas informações e se questionar quanto às idéias transmitidas implicitamente na mensagem. Mas, isso só se dará se o tal profissional de educação tiver o perfil de um mestre. Porque um mestre? Porque há no conjunto dos elementos formadores de um mestre, princípios elementares e bem fundados de humildade, consciência, respeito, sabedoria e altruísmo. Esse profissional, que se propõe à humildade de estar em constante aprendizado com seus alunos, acabará por angariar o respeito e a admiração destes sem os tão frequentes conflitos criados em sala de aula por delimitação de espaço – onde um professor megalomaníaco ou sem um preparo holístico, se digladia com alunos com falso conhecimento e querendo se afirmar frente a uma sociedade da qual ele nem faz parte. Um professor que consegue sobreviver, com resultados positivos, às "pedradas" desses alunos, será promovido ao posto de mestre. Porque será visto como um que gosta e sabe ensinar pelos exemplos do dia a dia.

Para dar respostas às mínimas ansiedades de seus alunos - mesmo aquelas mais banais do cotidiano -, o professor e a própria educação como instituição, precisam ter conceitos que extrapolem os domínios de sua disciplina. Até porque, com exceção de alguns ramos científicos que surgiram com o desenvolvimento tecnológico, a base da maioria das ciências não tem mudado muito ao longo do tempo. Ou seja, mesmo frente a tantas mudanças ocorridas no mundo, as respostas para a maioria das perguntas da ciência continuam as mesmas. Diferente das respostas para os anseios do ser humano, que mudam a todo instante e que precisam ser lidas – nas entrelinhas – por aquele que quer ser chamados de mestre. O professor tem que ter algo mais. Ele tem que conhecer e amar o habitat – às vezes hostil – de sua clientela. Se assim for, com sabedoria ele submete e conquista. Para que o mestre não seja, apenas, só mais um trabalhador intelectual do pensamento, tem que dar resposta às múltiplas ansiedades de seus discípulos. O mestre deve ser a referencia do discípulo. Saber dominar, e dinamizar o ambiente é uma maneira prática de conquistar o respeito. Os discípulos – manifestados em sala de aula na figura de alunos – são ávidos por referencias. Eles estão cansados de idealizar modelos dos videogames, das revistas em quadrinho e dos filmes de heróis. Eles querem algo que esteja ao alcance de sua contestação – e sabendo, satisfatoriamente, contra argumentar –. Até para poder questionar. Eles querem um herói de carne e osso que possa demonstrar-se falho, mas, que na maioria das vezes possa demonstrar domínio sobre o terreno hostil do intelecto de seus alunos/discípulo. Se o mestre demonstra fraqueza, ou incapacidade de solucionar questões elementares postas, o discípulo tende a desviar sua atenção para as mais banais situações. É o que ocorre, frequentemente, em salas de aula onde os alunos não atendem aos insistentes e repetitivos chamados de atenção dos professores. Se a verdadeira dama não precisa gritar que o é, o verdadeiro mestre tambem não precisa dizer que é o professor, para que seja reconhecido como tal. Se assim for: se precisar bradar que é ele quem manda, jamais terá o respeito de seus alunos e não passará de um intelectual se apresentando como um estivador. E ainda mais, esses alunos jamais o verão como referencia, ou como o mestre que precisa ser aceito. No máximo serão obrigados, frente a seus grupos, a o referenciar como mais um indivíduo que ganha a vida fazendo de conta que ensina.

Infelizmente, hoje, muitos profissionais de educação (lembrando que nem todos que estão trabalhando diretamente em sala de aula são professores, ensinadores, ou muito menos mestres), após concluírem sua graduação e até mesmo pósgraduação, mestrados e doutorados, não entendem essa demanda ideológica dos alunos. Estes são só formados. São apenas indivíduos ostentando diplomas. Conhecer e reconhecer que há uma necessidade imperiosa de instrumentalização ideológica para que se consiga, verdadeiramente, passar do estágio de trabalhador em educação, para o estágio de professor, para depois ser MESTRE, é um dos primeiros passos que o graduado deveria dar nessa busca. Este passo seria o primeiro no desenvolvimento de sua capacidade para ensina. O futuro professor não pode se imaginar um graduado e pronto a ensina. Mas, alguém que procura respostas para as perguntas alheias. Pois esse é o mestre: o que procura respostas para as perguntas que ele jamais faria. E o mestre sabe que essas respostas ele não encontra nos livros da grade de sua graduação, ou da disciplina que ministra a aula. Porque não adianta o matemático querer resolver um problema de ambito da ideologia social, com meros cálculos. Nem pode ele se enclausurar em suas respostas exatas e fechadas. Não que os cálculos devam ser descartados, mas, se o professor de matemática entra em uma sala, no primeiro horário, e uma aluna se aproxima e confidencia em seu ouvido: ...

- Professor, hoje só vim pra a aula porque o senhor disse que ia aplicar um teste. Estou com muitas cólicas...! E o professor prontamente responde: - A soma dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa... É uma figura ilustrativa, mas um retrato de realidades presentes em salas de aula por esse Brasil a fora.

Hoje, o que mais se ouve são reclamações sobre condições de trabalho e salário. Pouco ou quase nada se fala de qualificação e qualidade profissional. Quando se propõe qualquer pesquisa com o objetivo de avaliar as falhas na educação (não estamos falando de sistema educacional), em primeiro lugar sempre aparece a falta de interesse do aluno. Pouco ou quase nada se pergunta porque este aluno está desinteressado. Mesmo quando um professor entrega uma sala para a direção da escola, admitindo não conseguir ensinar ali, a culpa é dos alunos; mesmo quando a mídia direcionada para a educação publica pesquisa onde pouco mais de 22% dos profissionais em sala de aula estão satisfeitos com o exercício de sua função. Sendo que esse percentual ainda parece hipócrita, já que informalmente, a exceção é o professor que diz que gosta do que faz. Essa hipocrisia do discurso da incapacidade dos alunos, apresentada como culpa pelo fracasso escolar, respondida por mais 60% dos professores, me parece mais clara ainda, à medida que se percebe a contradição posta por professores maravilhados com seus alunos e vice-versa; à medida que se constata a transformação, pela palavra, de alunos que pareciam incorrigíveis. Mas ai entra aquilo que falamos antes, a respeito da diferença entre trabalhador em educação e MESTRE. Ai se percebe o estrago que a banalização da profissão de magistério causou no ensino. E é certo que, não se consegue a valorização da categoria docente apenas com melhorias salariais. Pelo contrário, se for concedido um aumento justo de salário aos professores, antes que se proceda uma peneirada no meio para retirar dali aqueles que estão professores mas, não são professores, outros que não tem o perfil para ensinar se sentirão tentados a ingressar nas fileiras docente, pelo salário. Não se pode afirmar que a melhoria salarial deve ser ponto vencido no quadro das reivindicações, mas, é preciso lembrar de que a satisfação no exercício de qualquer profissão raramente está relacionado ao quanto se ganha nesse exercicio. E a ética diz que a qualidade do trabalho tratado, independe do valor da empreitada. Um profissional de responsabilidade ética e moral, cumprirá, e bem, sua tarefa mesmo que não esteja satisfeito com o salário que lhe é pago. Se não fosse desta maneira, na educação só haveriam toupeiras, porque é certo que educar não é tarefa fácil, por isso mesmo não deve ser para qualquer um. É muito triste ver, em muitos casos, verdadeiros mestres da educação recebendo um salário miserável e os gestores se gabando, dizendo que estão pagando bons salários. Há de se concordar que o salário não está ruim, principalmente no caso do Estado do Tocantins. Mas, se for se analisar as propostas de trabalho individualmente, ao mesmo tempo que a Professora X ganha um salário indigno frente à sua proposta de trabalho, a Professora Y deveria estar ganhando menos que um salário mínimo, diante de sua apatia e indiferença em ensinar. Sem falar dos casos de professores que não tem nada a ver com o ofício, passam nos tais concursos e depois são chamados "oficiosamente" a ficarem à disposição de políticos.

Esses professores que não são mestres são os responsáveis pelo pessimismo reinante no meio. Sua apatia, gerada pela incapacidade, faz dele um disseminador da idéia de que educar, hoje, é algo infactível. É preciso que haja otimismo com relação à situação do ensino no Brasil. Mas este otimismo não deve advir do conhecimento das estatísticas de avaliação dos resultados da educação. Ele deve ser o estimulo necessário para que o professor encontre os motivos para acreditar e se tornar uma referencia para seus alunos. Porque um professor não deve se sentir um fracassado, mesmo diante da dura realidade vivenciada em escolas da periferia das grandes cidades, ou na homogenea deficiencia de aprendizado encontrada em escolas do interior do país. Professor que se sente fracassado é um transmissor de desanimo para seus alunos. Este é aquele que citei antes. Faltou dizer de sua brilhante metodologia. Ele entra na sala, senta-se, faz a chamada – quando faz – e diz: – Abram o livro na página 48, leiam até o penúltimo parágrafo da página 52 e façam um resumo. Recebo no final da aula e tem que ser hoje!

Nesse momento, saltam apenas interrogações e revolta na mente daqueles alunos que tem o interesse despertado para a necessidade de apreender conhecimento. Mas, todos irão ler, queimar fosfato e, até farão o resumo, mas... não aprenderão nada. E este professor, por sua vez, irá ler a primeira parte dos trabalhos, escrever alguma pérola brilhante da filosofia da auto-ajuda discente – tipo: "...Parabéns, continue assim..." – e atribuir uma nota 10 para um aluno que sabe apenas 3. Cômodo para ele, que não terá que ver a cara do Raimundinho novamente e, um alívio para o Raimundinho que imagina ser esta mais uma etapa vencida. Para alguns, é este o modelo de eficiencia que impera no meio educacional contemporaneo. O da quantidade suprimindo a qualidade; o do professor bom e não o do bom professor. Isso, além do mais, causa um mau estar no quadro docente. Porque quando nos "conselhos de classe" um professor apresenta uma nota baixa – representativa do grau de aprendizagem do aluno – e outro, para o mesmo aluno, uma nota muito alta, não se avalia os critérios de obtenção da nota alta, mas os que levaram o primeiro a atribuir a nota baixa. Deveria se concordar com a nota baixa, porque não pode se ser hipócrita e discursar sob a égide de uma homogeneidade de notas e aprendizagem. Principalmente num contexto institucional de turmas com, na grande maioria, mais de 40 alunos. Mesmo o melhor professor irá se deparar com um aluno que não consegue – por N motivos – índice de aprendizagem suficiente para ser aprovado. E este será aprovado pelo professor que não quer "ter problemas" com o gestor. As vezes até se indispõe com o colega que deu aquele injusto 3,5 para seu aluno nota 10.

Lembremos ainda que, há alguns anos atrás, a maioria dos professores ganhava mal, trabalhava em salas improvisadas, e mesmo assim conseguia ensinar. Estes professores do passado não falavam a mesma língua pessimista dos professores de hoje. Esses eram profissionais da educação, principalmente, pelo amor ao ofício de ensina. Por uma infinita capacidade de mestre em ser altruísta. Tristemente se percebe que o profissional de educação, no conceito contemporaneo, tem muito pouco desse modelo. O pior é que ele é alguém com formação superior e muitos pós-graduados (coisa pouco vista anteriormente), que reconhece os instrumentos tecnológicos da escola, mas desdenha da condição de mestre. Para ele há uma visível diferença entre estar de costas para um quadro negro e estar de frente para ele; ele é, na maioria dos casos, alguém com empáfia de sabedor (embora um imbecil que não sabe sequer o significado de um discurso hermético) que conseguiu comprar um carro novo – embora com as facilidades dos financiamentos –, coloca nele uma película bem escura, sobe os vidros quando sai da escola e sequer dá bom-dia pra um pai que cruza com ele no mercado, na feira de sábado. Isso acontece até mesmo nas cidadezinhas bem pequenas onde todos conhecem todos. Nesses locais, os professores vem de outros municípios e se consideram endeusados, seres onipresentes. O professor de hoje não é mais um ser humano interativo (lembremos das exceções que, embora não muitas, ainda nos restam e servem de motivação pela capacidade e esperança de que ainda se pode fazer alguma coisa pela sociedade – como professor – e que seria maravilhoso citar, até como forma de premiação), nem tampouco altruísta. Na maioria dos casos não tem consciencia de seus direitos, tampouco de seus deveres – que no caso específico, fazem questão de não o tê-lo.

Pela banalização do ofício o professor se tornou um profissional mecanico. E, infelizmente, o ofício de professor é o único que não pode se dar ao luxo de ser híbrido. Esta é uma profissão de eternas relações e onde a interatividade entre a matéria e o produto jamais pode ser finita. Não se pode comparar um professor com um engenheiro. Um engenheiro constrói uma ponte e, o máximo que lhe permite de relação posterior, é passar com seu carro sobre ela. Ser professor é muito mais que um conjunto de relações formais.

É preciso fazer uma profunda reflexão e construir um novo modelo de formação para o magistério, com observancia na relação entre opção profissional e aptidão profissional. É preciso que se conceba um modelo de inclusão dos profissionais de educação que não seja baseado na formalidade de um concurso. Que sejam feitos outros tipos de avaliação. A posteriori, as avaliações propostas não tem servido a seus propositos – isso pode ser editado como autocrítica –. Porque a avaliação deveria ser feita como parte do processo de inclusão do profissional em sala de aula. Verificar, de maneira formal, a capacidade técnica de um profissional não pode ser prerrequisito para sua habilitação ao magistério. Nesse caso, está se avaliando, apenas, a capacidade mensurável de conhecimento. O mais importante, que é o conhecimento global, dificilmente pode ser avaliado apenas na formalidade de uma prova escrita, ou mesmo de uma entrevista entre dois profissionais – ou mesmo em grupo – num dos gabinetes burocráticos da administração do sistema educacional, em qualquer nível de esfera de governo. Esse modelo de avaliação de qualificação para inclusão do profissional no mercado de trabalho docente é, a meu ver, estimulador de um parasitarismo profissional.

À medida que um servidor da educação passa pelo chamado Período Probatório – que não prova nada – ele já se acha estável e apto a exercer e se exceder como mestre. E a tal avaliação, na maioria das vezes, é modificada frente às frequentes reclamações dos avaliados, que costumam não concordar com as notas – e olha que geralmente os piores tem notas tão boas quanto os melhores – e recorrer a seus apadrinhamentos políticos que façam suas corriqueiras intervenções junto a diretores de escola, secretários municipais e estaduais de educação, para mudar os valores da avaliação. Essas práticas avaliativas, que estimulam intervenções externas – como as do modelo antes sugerido – são parte do conjunto fomentador da má educação que é dada aos nossos filhos/alunos. Ao mesmo tempo em que se banaliza a profissão docente, se cria a impossibilidade de acesso à profissão, para técnicos realmente com habilidade para o exercício, porque os modelos de avaliação continuada e mesmo os de avaliação de aptidão, são baseados mais nos conceitos de relação entre a gestão e o servidor, que entre o servidor e seu serviço.

E não é por falta de literatura que sugira a sobreposição deste modelo. Os casos de países como Coréia do Sul, Tailândia e Finlândia, são acessíveis ao conhecimento de qualquer gestor que queira implantar uma proposta educacional realmente factível e que se proponha a resultados reais, não apenas estatísticos. Como introdução, vale lembrar que nos modelos educacionais dos países acima citados, o papel da família é determinante na qualidade do ensino, mas, a qualificação do docente, que leva à sua valorização não é menos importante.

Só iremos ter uma educação de qualidade quando tivermos profissionais, homogeneamente, engajados num processo de formação para a sociedade. Profissionais que falem a mesma língua, tanto em termos de ensino quanto em termos de disciplina. Porque em se tratando de ensinar conteúdos programáticos, deve tambem se ter em mente o ensino da disciplina; a disciplina, deve ser um dos pontos que serem tratados com bastante rigor nas escolas. Nisso, as instituições de ensino precisam ter consciencia – na forma de seus gestores – que uma escola é uma instituição instrucional, não correcional. Portanto, as escolas, como instituições propostas a um ensino que prime pela qualidade, precisam deixar de ser paternalistas. Tanto Diretores, Professores, Coordenadores e todos os demais servidores que fazem parte de uma instituição de ensino, precisam ser conscientizados de seu papel formador. A final de contas, como a própria sociedade imagina, "... a escola não deve ser só um local onde se ensina conteúdos programáticos. Na escola deve-se ensinar para a vida". Esse ensinar para a vida, demanda um conjunto de valores que, infelizmente, embora devessem ser de ambito familiar, hoje já fazem parte do arcabouço de informações que um professor deve dominar para que consiga ser um formador de personalidade e não somente um transmissor de conhecimento. A pouca ou quase escassa disciplina na sala de aula deve ser, também atribuída à falta de domínio do professor frente às ansiedades de seus alunos. Não podemos deixar relembrar que há uma diferença substancial entre o professor de antes e o professor de hoje: quando se fala das dificuldades que professores enfrentam em sala de aula, devemos lembrar das que os de décadas atrás enfrentavam escassa estrutura física, baixos salários, mas, mesmo assim obtinham bons resultados. Devemos sublinhar apenas que esses professores de antes não tinham como adversários o conjunto massificador de informações que crianças e adolescentes tem hoje. Se antes o ambiente da sala de aula era um promotor de relações sociais e de conhecimento, onde o professor – por ser dos poucos seres detentores de um conhecimento dito, mais erudito –, chamava a atenção só pela representação de sua figura, hoje chega a ser enfadonho frente à redundancia dos assuntos abordados a criança e adolescentes que, por acesso aos mais diversos tipos de mídia, chegam à escola armados com os mais variados tipos de argumentos para rebater às falas, as vezes tímidas, de professores que não conseguiram fazer a leitura desse mundo globalizado e novo. Esse é o professor que faz a diferença, é mestre e não se submete aos modelos quantitativos do sistema. Mesmo sabendo da representação estatística que as notas que ele atribui irão produzir. Ou por meio de uma insistente busca pelo aprendizado, ou pela contestação frente ao aluno de suas reais necessidades. Esse professor, que não faz parte da estatística dos gestores como sendo um verdadeiro mestre (porque, como disse antes, na hora da greve ele é colocado como uma peça a mais a ser substituída), tende a se apresentar como a referência para o aluno. Esse é o que vai criar um discípulo na sociedade. Esse professor, sabe que ninguém ensina nada a alguém que não queira aprende. Pensando nisso, seu primeiro passo é criar o ambiente propício à aquisição de conhecimento. Esse é um mestre porque não está estritamente ligado ao formal planejamento. Seu planejamento demanda as necessidades da sala de aula, não as necessidades impostas pela rigidez (e falsamente flexível) da grade curricular. Por esta razão, ele está constantemente antenado no mundo e captando as ansiedades de sua clientela para poder dar respostas a elas. Um professor em descompasso com a evolução das ansiedades do aluno – coitado – irá servir de marionete nas mãos desses malvadinhos e maravilhosamente bem informados, alunos.

(Mimi Aires-2009: [email protected])


Autor: Emivaldo Aires da Silva


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