O fim do ano



O FIM DO ANO

De Romano Dazzi

 

 

Está chegando, finalmente, o fim do ano

 

A cidade, engalanada para as comemorações, parece querer espantar, com seu ar  festivo, o vento frio e cortante vindo no Norte (estou escrevendo da Europa).

Mil enfeites, das formas mais diversas, pendurados nos postes, nas placas e nas tabuletas das lojas, agitam-se, refletindo e multiplicando a luz das  pequenas lâmpadas, acesas aos milhares nas árvores brancas de neve.

Mas onde estará a festa?  Onde estarão escondidas a alegria contagiante do fim de ano, as esperanças renovadas de um futuro melhor, os sorrisos e as demonstrações de carinho dos amigos, conhecidos, parentes, colegas  – e por que não – dos desconhecidos?

 Pessoas passam apressadas, encolhendo-se para proteger-se do frio, carregando pacotes coloridos. Apesar da  iluminação festiva, nada há de diferente nas pessoas.

Esbarram como sempre umas nas outras, raramente resmungando algum tipo de desculpa, mais parecido com um surdo grunhido de desagrado.

O errado, nos dias que correm, é sempre o outro.

Ninguém olha no rosto do outro,  ninguém  procura seus olhos.

Cada um pensa só em chegar logo em casa, trocar a roupa úmida e fria por um pijama felpudo, um chinelo forrado; a neve escura, barrenta e encharcada, pelo aconchego do tapete da sala;  enfim, os vinte graus  abaixo de zero da rua, por vinte acima de zero junto à lareira elétrica.

A casa, o apartamento, a mansão, o castelo, até o cantinho despretensioso; são eles, agora, neste início de século tão conturbado, carregado de incertezas e de premonições, o único, o último ponto em que o homem  ainda consegue reencontrar-se.

João adorava esta soma de sensações, repetidas diariamente desde meados de setembro  até  o fim de abril; agradava-lhe refugiar-se no seu insubstituível cantinho e ficar encorujado, em silêncio, o pensamento apenas sobrevoando as coisas, sem parar para conversar com nenhuma delas

No verão, não; o verão é a festa das cores, do sol, do céu azul; pegava na bicicleta e ia ao parque, passear pelas alamedas, respirar perfumes novos, absorver novas cores, reviver uma nova primavera;  nova, porque, se os invernos são todos igualmente desolados e tristes, não existem duas primaveras iguais; cada uma é como uma nova existência,  a ser vivida intensamente, pelo pouco tempo que durar.

À sua moda, João gostava de existir; tinha poucas pretensões, poucas ambições;  uma vida regular, metódica;  sempre sozinho, gostava de acordar de manhã e de ir trabalhar;  e gostava ainda mais de voltar para casa, claro. 

Um breve, tempestuoso casamento, passara como uma chuva de verão, sem encharcar sua alma, sem temperar  o calor, apenas aumentando uma desagradável sensação de abafamento que João vinha sentindo há anos.

Mas tudo isso é digressão.

João tinha feito serão, naquele 31 de dezembro;  papéis e mais papéis, acumulados por semanas, que deviam ser liberados sem falta. O relógio eletrônico não mente; os papéis deviam ser carimbados nele, até o último dia do ano. Finalmente, às nove da noite, João carimbou o último documento.

 

Suspirou aliviado, arrumou um pouco a mesa, fechou as gavetas, vestiu o sobretudo, pôs o gorro de lã e trancou a porta do escritório; seguiu pelo corredor escuro até o elevador  panorâmico e  apertou a chamada. 

Logo a cabine iluminada apareceu, a porta se abriu, ele entrou, e apertou o botão de descida.

 

Um ligeiro tranco, quase imperceptível, e o elevador começou a descer lentamente. Demora bastante para descer cinqüenta e seis andares; ainda mais que o  elevador panorâmico era bem mais lento que os internos., para que os passageiros apreciassem a  magnífica vista da cidade,

João não tinha pressa. A satisfação de ter liquidado o problema da papelada atrasada, transparecia em um leve, inconsciente sorriso de seus lábios. .        

De repente, um tranco seco; a luz apagou e ele ficou lá em cima, sozinho, dentro da cabine de vidro,  preso entre o 40 e o 45, conforme imaginou. 

Às apalpadelas, encontrou o painel,  apertou o que devia ser  botão de emergência: nenhum sinal. O interruptor da luz auxiliar: nada , O telefone interno: surdo-mudo.

À sensação inicial de decepção (sempre nos decepcionamos com as máquinas que não nos obedecem) seguiu-se um acesso de raiva.

Começou a bater, com inútil violência, nos vidros blindados; teve a idéia de dar uns pulinhos, para quem sabe, sacudir os cabos,  fazer voltar a energia, ou conseguir que alguém percebesse que tinha gente no elevador parado lá em cima. 

Mas desistiu, pensando na fragilidade daquele piso, do qual – subitamente consciente - percebeu que  a sua sobrevivência dependia totalmente .

Ainda tateou procurando outros botões no painel; tocou no botão de abrir as portas – ou seria ou de fechar -  mas titubeou e retirou a mão, temendo quem sabe quais desastrosas conseqüências.

De novo o botão da luz, o da emergência, o telefone; nada,  nada, nada!

Lento, sinuoso, imperceptível, o pânico serpenteou  para dentro de seu ser e apossou-se de todos os seus músculos. João quis gritar, espernear, xingar.  Mas não conseguiu se mexer. Ficou parado, estático, sem reações visíveis; queria sair daí – mentira; queria continuar ai, dentro daquela cabine e não sairia dela, nem por todo o ouro do mundo; ela sim,  que teria que leva-lo, são e salvo, até o chão. 

Naquela altura, naquela hora, com aquela escuridão, ninguém o veria, ninguém o escutaria.

Não havia nada que ele pudesse fazer daquela situação incômoda.

Estava preso, irremediavelmente, numa gaiola de vidro de cinco metros cúbicos, suspensa por um fio sobre o precipício.

E assim sem perceber, raciocinando sem pressa sobre a sua difícil situação, conseguiu acalmar-se aos poucos, reencontrando, absurdamente, um certo equilíbrio.    

Fez um rápido inventário do que tinha nos bolsos: trinta e dois  dólares, um  lenço, as chaves de casa, a carteirinha do seguro social, uma esferográfica, o recibo do aluguel .

Sentiu-se cansado, ficando assim, de pé.

Sentou no chão, estendeu as pernas, os braços,  aliviou a tensão com um pouco de exercício; recomeçou a tatear o chão, as paredes, o painel de comando,  o indicador luminoso - toda a tralha inútil, pensou – e procurou  reconhecer,  pouco por vez, todos os pormenores da sua prisão.

Esta atitude acalmou-o ainda mais.

Estava fazendo um trabalho metódico, continuo, explorando, ponto por ponto o ambiente.

Exatamente como estava acostumado a fazer com os documentos que passavam na sua mesa; examinando-os cuidadosamente, verificando fatos, datas, locais, afirmações e conclusões  e pondo, por fim, um dos dois fatídicos carimbos: “aprovado”  ou  “indeferido”.  Sabia que o primeiro traria alívio ao desconhecido requerente; o segundo significaria o início de uma longa estrada de comprovações, petições, novos carimbos – e no fim, voltaria a ele para a palavra final.

Pensou como lhe seria útil, nesta situação, um celular. Nunca desejara ter um, porque não tinha amigos, nem familiares  próximos; seria inútil...  salvo numa situação bizarra como esta.

Deviam ser – calculou – umas dez da noite; deveria esperar pelo menos até as sete da manhã, quando alguém entraria em serviço, perceberia o elevador parado lá em cima, providenciaria algum socorro – mas o dia seguinte era o ano novo.

Dia de todos ficarem em casa, esquecidos do trabalho; dia de o prédio ficar fechado, escuro, silencioso. 

Dia em que nem os lavadores de janelas – que tradicionalmente são os seres mais próximos do céu, em vários sentidos  – ficariam empoleirados nos seus andaimes; porque estariam ocupados,  ajudando a esposa a rechear o pato para o almoço.

Dia em que alguns olham para cima, é verdade, para agradecer o Senhor – que por tradição colocamos lá no céu – mas o fazem dentro de casa, e o que vêm é apenas o teto, a um metro do nariz. 

Aos poucos, as luzes festivas lá em baixo começavam a se apagar.  As trevas pareciam subir da cidade, cada vez mais densas. Novamente oscilando entre o desespero e a aceitação passiva, João começou a  sentir um cansaço irresistível. As pálpebras pesadas, os olhos fechando, a consciência de que estava em um  problema insolúvel, e portanto não merecedor de nenhum esforço, venceram aos poucos  sua resistência. João adormeceu.

 

............................

   

Corre o ano de 1970. É inverno; faz frio, a costumeira lamaceira escura, feita de neve e barro, torna as ruas escorregadias e as pessoas inseguras. Todos parecem trôpegos, como equilibrando-se  sobre pernas-de-pau.   Está escuro,  uma fumaça densa cobre a cidade. O grande relógio da estação central marca 16:30 – mas parece quase noite. 

João, um rapaz de olhos claros, cabelo preto, porte atlético, de modos agradáveis, nos seus vinte e poucos anos, atravessa apressadamente a rua, para entrar em um grande e moderno edifício; é um dos primeiros com elevadores externos, panorâmicos, dos quais se avista toda a cidade – é uma vista magnífica, que pouco a pouco desaparecerá, com a construção de cem outros edifícios, apertados um ao lado do outro, como as cerdas de uma escova de cabelos. 

João, classificado em um recente concurso da justiça, vai ocupar sua vaga, na sala de numero 56,   no qüinquagésimo sexto andar. 

A apresentação aos colegas é feita pelo chefe, que também não o conhece; tudo é bastante formal, apesar da aparente boa vontade e dos sorrisos amistosos dos colegas.

-Senhores – diz o Chefe com a voz um pouco mais alta, para que todos o escutem -  este é o João, nosso novo colega, inspetor do nível C, que vem no momento certo para aliviar a sobrecarga de processos que nos atrapalha.

Quero que todos o ajudem e orientem. Espero que ele possa ser um auxilio válido e eficiente. Foi o décimo colocado no último concurso, entre mais de duzentos candidatos. Um aplauso para o João!

 Os quinze colegas presentes aplaudem sem muito entusiasmo e João percebe logo as diferentes expressões das pessoas.  Alguns são abertos, amistosos, cordiais; outros prevenidos e cuidadosos; todos, de qualquer maneira, prontos para ajudar e colaborar.

O Chefe, sorridente, passa entre as mesas, apresentando  um por um os colegas, chamando alguns pelo nome, outro pelos carinhosos apelidos que os distinguem. João não consegue lembrar nenhum nome, mas com certeza os assimilará aos poucos, nas próximas semanas.

A sua mesa é a do canto, próximo ao janelão de vidro azulado e João começa logo, sem perda de tempo,  a examinar os processos.                         

O trabalho é cansativo, de muita responsabilidade, mas simples, para quem sabe tanto como o João sobre leis, dispositivos, portarias, e toda a parafernália jurídica.

No fim do expediente, apenas duas horas depois,  os colegas resolvem comemorar num bar próximo. João é naturalmente a estrela do dia; todos querem saber pormenores de sua vida, de seus estudos. Há muito pouco a dizer. Com apenas vinte e dois anos, está sozinho no mundo. Trabalhou à noite como revisor em um jornal, enquanto estudava e economizava centavo a centavo tudo o que podia;. mora em um apartamento próximo, a duas quadras apenas do prédio. Sim, só quarto, sala,  cozinha e banheiro. Baratinho. Esposa? Não. Namorada? Também não. As meninas piscam uma para a outra, sem que ninguém note; pode sair algum coelho, deste mato, não?

 

A comemoração dura uma meia hora; já está muito escuro, esta é a hora mais fria do dia. Todos saem apressadamente, loucos para chegarem em casa. Muitos ficam no ponto do ônibus, porque a nova linha do metrô está ainda em construção, e a antiga passa longe.

Um a um, todos se vão. João fica observando-os, da porta do bar.

Depois  encaminha-se vagarosamente para casa.

Foi um bom dia, este.   Um dia a  ser relembrado.

Nas semanas seguintes, João familiariza-se com o trabalho e começa a liberar toneladas de documentos, para alegria de todos e particularmente do Chefe. Manuela, uma estagiária que estuda a noite, e que se formará no ano que vem, é a pessoa mais próxima. A mesa quase encostada, a atitude sempre disponível, o café que  oferece e traz sorrindo, mesmo sem o João pedir, as pequenas confidências, os leves comentários sem importância sobre qualquer coisa, tornam-nos quase amigos, em pouco tempo.

Mas, o que é um amigo?

Alguém que se aproxima de você para lhe oferecer um apoio?

Ou alguém que,  mesmo sem o saber, precisa de seu  apoio?

Ou o suporte recíproco não tem nada a ver com isso e não existe realmente um sentimento, um envolvimento, uma atração específica, apenas uma empatia,  que  aproxima as pessoas e pouco a pouco as torna interdependentes?         

E nesse momento, quando percebemos esta dependência, queremos logo   medir, quantificar – e principalmente, qualificar,  estabelecer do que se trata exatamente. 

 E nos enganamos.

Confundimos simpatia e amizade  com amor

Confundimos ciúme possessivo,  com amor

Confundimos um sorriso e um carinho, com amor.

Confundimos uma atração sexual irrefreável, com amor;

Confundimos piedade e compaixão, com amor.

 

E em vez, o amor  é o mais raro de todos os sentimentos. O mais difícil de encontrar e de sentir plenamente; e tem duração efêmera. Como uma flor, dura um dia ou dois; deixa no ar seu perfume intenso, as sementes que podem significar o futuro, as pétalas amareladas que lembram o passado.

Mas ele se vai, como chegou.

E nos deixa apenas a  ilusão de ainda estarmos amando, porque é o menos cruel dos sentimentos.

Cruel, isto sim, é a falta dele.

Triste, infeliz, é quem nunca o sentiu, extravasando da alma, dilatando o coração, batendo em todas as  veias e vibrando em  todas as  fibras, na sua maravilhosa plenitude.   

 

Mas esta é outra digressão.

 

O tempo passa depressa.;

Não os minutos ou as horas – esses demoram muito, passam lentamente, com uma fleuma exasperadora;  se você está esperando para ser atendido, por meia hora que seja, mesmo estando confortavelmente  sentado, ainda assim  ficará irrequieto,  nervoso, impaciente. Surpreende-se olhando o relógio de cinco em cinco minutos, e o tempo está quase parado, rindo de você.

Mas os dias, os meses, os anos, esses voam, são tragados sem que a gente perceba desaparecem levando a nossa vida. Uma surpresa permanente: -“como? Já cinco horas?  Pensei que fosse muito mais cedo!”; ou então: -“amanhã é sexta feira? Tem certeza que não é quinta?”  E por fim, aquela chapinha que todos já usamos - :” já estamos em novembro, quem diria! Mais um ano que acaba!”

Tente lembrar de alguma coisa especial que lhe tenha acontecido, ao menos uma por ano. Você lembrará, é claro, o ano em que casou, aquele no qual nasceu seu filho, ou aquele no qual comprou s sua casa. Mas o resto, os acontecimentos de todos os dias, somem do mapa e não deixam rastros. Salvo se são comprovados por documentos. Na memória, não permanecem.

 

Assim, João viu – ou não viu – passar os vinte anos seguintes.  O breve casamento com Manuela, depois de três anos de companheirismo, de uma intimidade cada vez mais profunda, de uma carinhosa amizade, revelou que ambos tinham sido enganados por uma interpretação incorreta de seus sentimentos. Deixaram-se sem brigas, sem rancor; apenas com uma imensa tristeza; e ficaram magoados, cada um no seu canto, remoendo o passado.

 

João progrediu, mas nunca superou aquela timidez natural, aquela dificuldade de se entrosar com as pessoas,, de fazer amigos, de sair para um bar, de cair na gandaia, de jogar futebol, de pedir a uma moça para dançar. Diziam que era esnobe, que se achava especial, que não queria descer do pedestal, para confraternizar.

 

A verdade é que, conforme passavam os anos, lhe era cada vez mais difícil, não tanto entender os outros; mas se abrir, permitir  que outros olhassem dentro dele. Talvez porque nada tinha a esconder, os outros ficavam olhando de fora e ninguém se atrevia a ultrapassar a porta de sua alma.

       

Enquanto repousava agitado, naquela gaiola  pendurada a cem metros de altura, os sonhos vieram visita-lo. Quase nunca sonhava; e quando vinham eram papeis e documentos, carimbos e declarações, que passavam pela sua cabeça.   Mas hoje, as coisas eram diferentes.

Viu-se como o náufrago que realmente era, pendurado sobre o abismo, cercado por uma proteção ilusória, incapaz de protegê-lo de verdade; , sustentado por frágeis tábuas  que poderiam despencar a qualquer momento.

Mas de tudo que sonhou, o que lhe deixava a maior impressão eram a escuridão e a solidão.

- Uma vela, e um amigo, pelo amor de Deus! – surpreendeu-se a falar no sono.

 

Um pouquinho de luz e uma pessoa com quem conversar!

E percebeu que estava cansado de si mesmo, cansado de repetir os mesmos caminhos, porque a mente tem limites  muito estreitos.

Para ultrapassá-los, você deve trocar idéias, opiniões, sentimentos.

Deve dar-se e receber, conceder e obter; e não é uma simples troca, que  não teria valor algum. É um vai e vem complexo, contínuo, silencioso, que transporta partes de um para outro e deste para outros.,e se renova constantemente. Por isso, não é válida a solidão, a um, a dois, a três, ou a mil.  Como quer que você o classifique e o interprete, este fluxo continuará sendo o alimento do espírito, talvez a única maneira de sobreviver à loucura. 

 

 

A noite passou. João acordou e espiou a cidade lá em baixo. As primeiras luzes do amanhecer feriram seus olhos; nunca tinha visto a cidade tão bonita assim; raros pássaros cumprimentavam o dia, com mil piruetas malucas e atrevidas. João pensou que a esta altura, trocar os braços por duas asas poderia até ser bom; mas se arrependeu logo desta idéia. Como iria carimbar os processos, sem braços? Como iria manifestar seu carinho para os seus semelhantes, sem braços? E assim, surpreso, ficou ansioso para abraçar o primeiro ser humano que lhe aparecesse na frente, antecipando  o momento deste privilégio.

No meio desta poesia toda, lá em cima, os Santos da Amizade,  meneavam a cabeça.

-“ cometemos uma travessura feia, hoje” -  dizia Cosme ;

-“Sim, respondia Damião -  foi uma lição dura demais, esta de deixar o coitado sozinho, no desespero...”

- “Concordo” – completou Cosme  – “mas tem suas compensações; a primeira pessoa que o João vai encontrar, quando finalmente descer, vai ser a  Manuela; que continua louca por ele!...”.  


Autor: Romano Dazzi


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