Calote nos cheques bate recorde



A crise econômica mundial se refletiu na capacidade do brasileiro em honrar seus compromissos.

Há 18 anos o índice de cheques devolvidos por falta de fundos não era tão alto no Brasil. Em maio, foram devolvidos 2,49 milhões de cheques, chegando a 25,2 ordens de pagamento sem fundos por mil emitidos.

O indicador do Serasa Experian, divulgado em 18 de junho, existe desde 1991 e foi a segunda vez este ano que o indicador atingiu seu ponto máximo. Maio bateu o recorde de março, que fora de 24,6 cheques sem fundos.

O mês registrou 25,2 devoluções para cada mil compensações, resultando num montante de 2,49 milhões de cheques sem fundo que circularam pelo mercado. Quando comparado com abril, o quinto mês do ano computou um aumento de 13,5%. Naquele mês, o número médio de devoluções para cada mil cheques dados na praça foi de 22,2.

O relatório da Serasa explica que uma parte do aumento decorre do efeito sazonal de comemoração do Dia das Mães, que é a segunda melhor época do comércio em todo o ano, perdendo apenas para o Natal. Cita ainda as compras de Páscoa e os feriados prolongados do mês anterior como fatores que contribuíram para o aumento da inadimplência.

Segundo a Serasa, a crise financeira que levou o Brasil à recessão nos últimos seis meses elevou a inadimplência nos cheques. Como o crédito secou, o comércio usou os cheques pré-datados para financiar seus consumidores. Além disso, a alta do desemprego diminuiu a renda das famílias e fez aumentar o calote no cheque: “- As pessoas já chegaram endividadas no Dia das Mães e voltaram a comprar. As contas acumularam com a Páscoa e os gastos com os feriados prolongados.”

Ainda segundo a Serasa, em maio tradicionalmente a inadimplência aumenta. Porém, este ano, o avanço foi maior. Na comparação com o mesmo período do ano passado, a alta foi de 18,9%. De janeiro a maio, subiu em 16,3% o número de cheques devolvidos.

A escassez de crédito — que ainda não refletiu o volume recorde ofertado em abril, segundo dados divulgados pelo Banco Central — também pode ter contribuído para um aumento no número de cheques devolvidos. A crise econômica incentivou o uso dos cheques pré-datados, que passou a ser utilizado por pessoas que entraram em 2009 muito endividadas.

A Serasa informa ainda que, apesar de recorde, a inadimplência nas compras com cheque é baixa quando comparada às demais modalidades de financiamento, e que o resultado foi influenciado por uma parcela da população que foi muito afetada pela instabilidade econômica.
 
O número de cheques sem fundos no país bateu recorde em maio, segundo o indicador Serasa Experian. No mês passado houve 25,2 devoluções a cada mil compensações, a maior quantidade desde 1991. Ao todo, foram devolvidos 2,49 milhões de cheques.

Acumulado do ano
Na comparação de maio deste ano com o mesmo mês de 2008, o volume de cheques devolvidos a cada mil compensados aumentou 18,9% – em maio do ano passado houve 21,2 devoluções de cheques para cada mil compensações. Ao todo, foram devolvidos em maio de 2008 2,40 milhões de cheques e compensados 113,19 milhões.

A devolução recorde do mês de maio fez com que, no acumulado de janeiro a maio deste ano, a taxa de devolução de cheques por insuficiência de fundos também registrasse recorde: 23,6 cheques para cada mil compensados, o maior número de devoluções para cada mil compensações registrado desde o início do levantamento, que começou em 1991.

Para os técnicos da Serasa Experian, o dado de maio reflete os efeitos da crise, tais como elevação do desemprego e a utilização maior do cheque pré-datado para compensar os ajustes na oferta de crédito. Ao todo, foram devolvidos 12,11 milhões de cheques de janeiro a maio deste ano e compensados 512,73 milhões. Na relação dos cinco primeiros meses deste ano sobre igual período do ano passado, o número de cheques devolvidos a cada mil compensados cresceu 16,3%.

Taxa de empréstimos
Os empréstimos para pessoas físicas registraram taxa média mensal de 8,85% no cheque especial, enquanto o juro médio das operações para crédito pessoal ficou em 5,50% ao mês. No cartão de crédito (nacional) com juros rotativos, a taxa oscilou de 4,10% a 11,9% ao mês, enquanto a dos juros parcelados ficou entre 3,99% e 10,10%, revelou a pesquisa realizada pela Brasil Mídia Digital.

A linha de crédito oferecida para empresas, nas modalidades como vendor e compror, apresentou taxa anual de 40,21% a 68,99% ao ano. Já no capital de giro, a taxa anual ficou entre 39,73% e 68,23%. A linha de hot money varia de 3,54% a 4,99%. No desconto de duplicata e de cheque as taxas ficaram entre 2,24% e 3,54% ao mês e, nas operações com conta garantida, o custo variou de 2,92% a 5,10% ao mês.

Bibliografia
Jornal O Globode 19 de junho de 2009
Jornal Correio Braziliense de 19 de junho de 2009
Jornal do Brasil de 19 de junho de 2009

Autor: Alexsandro Rebello Bonatto


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