O QUE A BÍBLIA NÃO DIZ (2)



O QUE A BÍBLIA NÃO DIZ (2)

 

A Bíblia não diz que somente Pedro foi pedido para ser provado pelo diabo

 

Quando Jesus avisou a Pedro a respeito do pedido de Satanás, quase todos os que conheço falam que Pedro foi pedido para ser cirandado. O que o texto diz é algo totalmente diferente. Confira você mesmo em Lucas 22.31,33.

 

“Disse também o Senhor. Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo; Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos”.

 

Quem olha rapidamente para o texto vê apenas Pedro sendo pedido por Satanás, mas quem olha com atenção, descobre que Jesus está falando de algo bem mais amplo, pois disse “vos pediu”.

 

Se ele estivesse se referindo apenas a Pedro, teria falado “te pediu”. No entanto, com o uso do “vos” referia-se a todos os apóstolos.

 

Quando lemos as histórias da igreja primitiva descobrimos que, realmente, todos os apóstolos foram provados por Satanás. E, por que Pedro foi avisado de forma especial por Jesus?

 

A resposta é muito simples. Jesus chamou Pedro de “homem de pequena fé”. E no texto que lemos a inferência é clara que Pedro ainda não era um convertido no verdadeiro sentido da palavra. Alguma coisa muito séria faltava na experiência dele.

 

Jesus falou com Pedro que havia rogado por ele, em especial, porque Pedro era fraco e precisou de uma ajuda extra para resistir à tremenda tentação que veio sobre ele logo em seguida e anos depois.

 

A Bíblia não diz que Absalão morreu pendurado pelos cabelos

 

Muitas idéias errôneas a respeito de alguns acontecimentos bíblicos surgiram por causa das gravuras de um antigo livro de histórias bíblicas intitulado “História Sagrada”.

 

É nesse livro que encontramos gravuras de Dalila cortando os cabelos de Sansão e vemos, também, uma mostrando Absalão, o filho rebelde de Davi, pendurado pelos cabelos entre os galhos de um carvalho.

 

Duas idéias surgiram de tal ilustração. A primeira é que ele estava pendurado pelos cabelos e a segunda é que ele morreu por causa disso.

 

Na realidade nada disto aconteceu. Ele ficou pendurado pela cabeça e foi morto por onze pessoas!

 

Era muito difícil ele ficar pendurado pelos cabelos, porque os cabelos de Absalão não eram tão compridos como muita gente pensa. Por quê? Ora, porque ele tosquiava (raspava) a cabeça todo fim de ano, conforme II Samuel 14.26.

 

Vamos conferir pelo texto bíblico, porque a Bíblia sempre fala mais alto.

 

“E Absalão ia montado num mulo; e, entrando o mulo debaixo da espessura dos ramos dum grande carvalho, pegou-se-lhe a cabeça no carvalho, e ficou pendurado entre o céu e a terra. E o mulo, que estava debaixo dele, passou adiante” (II Samuel 18.9).

 

Enquanto ele estava nessa situação, chegou  Joabe, general de Davi. Veja o que aconteceu.

 

“Então disse Joabe. Não me demorarei assim contigo aqui. E tomou três dardos, e traspassou com eles o coração de Absalão, estando ele ainda vivo no meio do carvalho. E o cercaram dez mancebos que levavam as armas de Joabe. E feriram a Absalão, e o mataram” (II Samuel 18.14,15).

 

A Bíblia não diz que Jesus usava cabelos compridos

 

Em nenhum texto bíblico afirma-se ou até mesmo infere-se que Jesus usava uma longa cabeleira que lhe caía até a cintura. Naquele tempo os homens usavam barba e cabelos no máximo até os ombros.

 

Os nazireus usavam cabelos longos, mas era um propósito especial que eles tinham com Deus.

 

É muito importante salientar que Jesus foi chamado de “Nazareno” porque habitou em Nazaré, mas nazireu não tem nada a ver com nazareno. É até vergonhoso dizer que alguns tradutores colocaram referências implicando que pelo fato de Jesus ter vivido em Nazaré ele era nazireu. É a mesma coisa de dizer que alguém é da família das formigas só porque nasceu em Formiga, MG, ou é mineiro porque nasceu no bairro chamado Recanto das Minas Gerais, que fica em Goiânia, GO.

 

Conclusão. Jesus não era nazireu, nem usava o cabelo comprido. O apóstolo Paulo, escrevendo para os coríntios, poucos anos depois de Jesus ter ascendido aos céus, afirmou o seguinte: “Não vos ensina a própria natureza que se o homem tiver cabelo comprido, é para ele uma desonra” (1Co 11.14).

 

Será que os costumes já tinham sido mudados em tão pouco tempo? Certamente que não.

 

A Bíblia não diz que quem se encolerizar contra seu irmão “sem motivo” será réu de juízo

 

É fato sabido que a tradução Revista e Corrigida da Bíblia foi feita comparando-se sempre o texto da tradução King James, em Inglês, feita originalmente em 1611 por um grupo de filólogos contratados pelo rei, daí o nome “King James”, ou “rei Tiago”.

 

Por causa disto alguns textos excelentes bem traduzidos na King James chegaram até nós com a mesma força. Ela é considerada, nos países de fala inglesa, a “Authorized Version”, o que significa a tradução oficial, autorizada pela Igreja da Inglaterra, a Igreja Anglicana, a religião oficial dos britânicos.

 

Enquanto isto, alguns pequenos problemas da tradução também chegaram até nós. É o caso de Mateus 5.22. “Eu, porém, vos digo que qualquer que, SEM MOTIVO, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo”. Neste versículo existe um desses casos. Um acréscimo.

 

Quando o rei Tiago contratou os sábios tradutores para traduzirem a Bíblia, seu irmão havia discordado do rei de algum fato da corte e o rei ficou encolerizado contra ele e até mesmo sem dirigir-lhe a palavra.

 

Na hora de traduzir este texto, algum bajulador real teve uma “excelente” idéia “teológica”. Semelhante àquele pintor que retratou um rei que era cego de um olho fazendo pontaria com uma espingarda e, por conseqüência, fechando um olho, este sábio filósofo resolveu acrescentar a expressão “SEM MOTIVO”, para agradar ao rei, querendo dizer que, desde que haja um motivo, podemos nos encolerizar contra o irmão. É claro que a aludida expressão não se encontra no original.

 

Quanta irreverência diante do texto sagrado!

 

Você já viu alguém  ficar encolerizado com outro sem motivo?

 

As versões RV e TB e tiraram completamente o malfadado acréscimo, enquanto que a RA, sempre cautelosa, colocou a bajulação real entre colchetes.

 

A Bíblia não diz que o éden e o jardim do éden eram o mesmo lugar

 

O jardim do Éden não era o Éden, pois ele foi plantado no Éden (Gênesis 2.8). Da banda do Oriente. Existia o Éden e existia o Jardim do Éden.

 

O Éden deveria ser uma área bem maior. No versículo 10 deste mesmo capítulo, descobrimos esta expressão esclarecedora. “E saía um rio do Éden para regar o jardim. O Éden era o lugar mais secreto e mais sagrado, onde a glória de Deus habitava em plenitude.

A Bíblia não diz que os gafanhotos que João Batista comia eram uma espécie de vegetal

 

Quando se lê, no relato a respeito de João Batista, que ele comia gafanhotos, muitos sentem uma revolução no estômago, imaginando que o profeta estaria comendo algo imundo.

 

Já li em alguns comentários e já ouvi alguns professores de Bíblia afirmando que aqueles gafanhotos eram uma espécie de vegetal.

 

A Bíblia, porém, deixa claro que João Batista comia mesmo eram os insetos que conhecemos pelo nome de gafanhoto, o que é uma boa tradução para a palavra grega “akridia”.  Confira.

 

“E este João tinha o seu vestido de pelos de camelo e um cinto de couro em torno de seus lombos. E alimentava-se de gafanhotos e de mel silvestre”. (Mateus 3.4).

 

Voltando, porém, no tempo, ao lermos o livro de Levítico, vamos descobrir que João estava comendo uma das mais finas iguarias do seu tempo, a qual era plenamente permitida até pela Lei do Senhor. Leiamos Levítico 11.20-22.

 

“Todo inseto que voa, que anda sobre quatro pés, será para vós uma abominação. Mas isto comereis de todo inseto que voa, que anda sobre quatro pés. O que tiver pernas sobre seus pés para saltar com elas  sobre a terra. Deles comereis estes. O GAFANHOTO segundo a sua espécie, e o hargol segundo a sua espécie, e o hagabe segundo a sua espécie”.

 

Segundo esta definição comer gafanhotos e até GRILOS E SALTÕES constituía-se uma dieta saudável e correta.           

 

A Bíblia não diz que os anjos desejaram ou desejam pregar o evangelho

 

Muitos ensinam que a pregação do Evangelho foi entregue aos homens e que os anjos desejaram muito receber esta missão, mas não puderam.

 

Podemos afirmar, com toda a segurança, que nem Deus pensou em mandar os anjos pregarem o Evangelho, nem jamais passou pelo pensamento dos anjos o desejo de pregar o Evangelho.

 

Os anjos têm missões específicas, grandiosas e gloriosas da parte de Deus, mas nunca desejaram ou desejam pregar o Evangelho.

 

Mas, em que texto os ensinadores desta idéia absurda querem basear-se para tal afirmação? Em I Pedro 1.12 que, de modo algum, afirma que os anjos desejaram pregar o Evangelho. Confira.

 

“Aos quais foi revelado que, não para si mesmos, mas para nos, eles ministravam estas coisas que agora vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho. Para as quais coisas os anjos desejam atentar.

 

Nenhuma das traduções que consultei, em vários idiomas, ou no grego, fala a respeito disto.

 

Encontrei os termos “atentar”, “perscrutar”, “observar”, “entender”, “olhar para dentro”, “examinar”.

 

A que se refere tudo isto?

 

É claro que o texto diz que os anjos desejaram entender o mistério do Evangelho, mas nunca pregar o Evangelho.


Autor: Paulo de Aragão Lins


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