A função da liderança num contexto democrático educacional – Regra que presidiu á estruturação do CLIP – Colegio Luso Internacional do Porto



Liderança é um componente integrante de cada sistema social, e, como tal, deve evoluir como o sistema evolve. A manifestação da liderança em todos os seus aspectos é, pois, de grande importância. A maneira como o líder - individual ou colectivo - articula, comunica, incentiva, promove mudança, impulsiona o movimento criador de estruturas fomentadoras de desenvolvimento é crucial para o bom funcionamento da organização. Esta maneira de agir adoptada pelo líder, definida pelos seus comportamentos, atitudes e processos, constitui aquilo a que se chama  "estilo". O estilo dum líder é uma qualidade, ao mesmo tempo, inata e aprendida. Não significa isto que liderança é assim como que um direito que, por inclinação, ou predisposição genética, se adquire por nascimento, mas que há, de facto, líderes mais aptos do que outros devido às suas características pessoais. Quer isto dizer também, que pessoas em posição de liderança devem ser suficientemente  introspectivas para reconhecerem os seus pontos  fortes, e para compensarem as características mais  fracas, e suficientemente extrospectivas para  conseguirem assumir a expressão adequada a uma  situação específica.

Ainda que não haja modelos de comportamento prescritos que possam ser aplicados indiscriminadamente por qualquer líder em qualquer situação, este deve, todavia, ser capaz de se analisar, avaliar situações, desenvolver um plano de acção para o grupo e para si próprio.

O líder deve ainda estar ao corrente de toda a investigação nesta e noutras áreas relacionadas com a  sua função, corno sejam, teorias de democracia,  justiça, liberdade, desenvolvimento, poder, e outras. É absolutamente necessário que o líder se capacite da complexidade da condição humana. Deste modo, o nível de eficiência do líder está directamente relacionado com o saber adquirido. Em resumo, o estilo dum líder pode diferir duma situação para outra, mas deve ser sempre coerente com os seus princípios, convicções e motivos.

A compreensão e uso do poder são outros factores fundamentais duma liderança eficiente. Tal corno esta, poder é uma condição intrinsica e inerentemente humana. Assim, o poder devem ser desenvolvido e evoluir, deve ser definido e usado consoante as necessidades e expectativas de gestores e geridos, de acordo com a natureza e âmbito das relaço'es humanas, em suma, conforme o estágio de desenvolvimento do grupo social.

A eficiência do líder depende da sua capacidade de usar a sua concepção de estilo e de poder de tal maneira que promova a uníão dos diferentes elementos, mantenha o equilíbrio do sistema, impulsione pessoas e grupos para acção, fomente um sentido de identidade, um alvo comum, um plano de desenvolvimento.

Não podemos esperar que uma empresa tenha sucesso quando a função gestora é executada por oportunidade ou por geitinho. Uma mão de obra cada vez mais educada e mais capaz, requer uma gerência esclarecida e competente.

 É neste sentido que Drucker diz que a sociedade de hoje é mais uma sociedade de saber que uma sociedade de comércio. A realiazação da finalidade duma organização --seja ela uma empresa ou uma escola - depende assim da elaboração de projectos e de processos de execução que transcendam o seu significado imediato. A troca de produtos é, hoje, algo mais do que a relação entre oferta e procura, pois esse acto insere-se em planos mais gerais de cooperação e de entendimento. A formação de alunos passa, hoje, para além da instrução e da aprendizagem. O funcionamento efectivo de uma pessoa no mundo de hoje e de amanhã exige capacidades de relacionamento e de decisão numa escala e a um nível impensáveis há escassas dezenas de anos.

A pergunta legítima neste momento parece ser: qual a implicação de tudo isto para a concepção duma escola verdadeiramente internacional?   

A  Rindge School é um liceu com grande prestígio e longas tradições . Paredes meias com Harvard, e o segundo liceu mais antigo nos Estados Unídos ( o primeiro foi fundado em Boston em 1635) a "faire Lattin schoole" já funcionava em 1643, regida por Master Elijah Corlett. Contava nessa altura na escassa dúzia de alunos puritanos ingleses com cinco jovens índios. As tradições multiculturais, como vêem, já vêm de longe. Hoje, 75 países estão representados por alunos que falam 38 línguas.

Educação internacional em   é aparentemente uma questão de mera sobrevivência. Na mesma sala alunos da Etiópia e outros da Eritréia, do Irão e do Iraque, árabes e judeus, brâmanes e intocáveis, até tenho alunos do Porto e de Lisboa. E há depois, gente das outras "etnias": do ghetto e da mansão, gente que só lê o jornal desportivo do dia e gente que discute Shakespeare, gente para quem o terceiro mundo é o único que existe e gente que pensa que a solução para todos os mundos  reside ou em Maynard Keynes ou em Milton Friedman.

Nesse liceu não há hipótese:   respira - se a palavra de gente de mais do que das sete partidas do mundo, e sorve - se os ares das mais diversas culturas, e mediamos continuamente as excrecências de ódios e ignorâncias seculares.

Quando em 1974, a sociedade americana tinha embarcado numa tentativa de solução dos grandes problemas sociais provocados em parte por racismos endémicos, práticas discriminatórias de aceitação impossível, e que afectavam não só os afro-americanos, mas todos os grupos marginais, como os imigrantes.

Nessa altura, educação multi -  cultural passou a ser urna prioridade, e um vastíssimo número de programas e práticas curriculares permeou a vida escolar, enchendo até à saturação professores e alunos com sessões de sensibilidade étnica. Impunha - se modificar maneiras de sentir e de relacionamento com séculos de existência, e dar valia igual a todos  os matizes étnicos e credos culturais. Se os propósitos eram nobres, a concretização do projecto passou por fases bastante dificeis de tragar e resultou na instituição de práticas altamente questionáveis.

A educação multicultural, ou internacional se quiserem, baseva-se em dois polos catalizadores: modificação do currículo e programação de processos de transformação pessoal. O novo currículo multicultural começou por incluir cursos específicos, como Black Studies, desenhados para a exploração da realidade afro-americana por alunos de todos os grupos étnicos, tanto maioritários como minoritários. Na prática, esses cursos passaram a ser frequentados quase que exclusivamente por alunos de minorias étnicas. Programaram-se numerosas semanas étnicas. A serem bem feitas, incluiriam representaçõs de todos os grupos étnicos. Na prática, resumiram-se muitas vezes à tentativa de provar à maioria americana branca que os outros também comiam e dançavam. Era o início da educação internacional.  Todas estas acções umas boas, outras de qualidade mais duvidosa - não podiam operar os resultados esperados, pois, como se viu, baseavam-se completamente nas regras do modelo mecanicista, na causalidade linear, numa concepção da realidade composta de elementos separados. As estruturas permaneceram sem qualquer mudança, só o currículo fora afectado.

  O sistema educacional americano é completamente descentralizado. Não há nada que se assemelhe a um ministério da educação, quer a nível estadual, quer a nível federal. Cada município tem o controle do sistema escolar, elegendo por sufrágio uma Comissão Escolar, que por sua vez nomeia um Superintendente.

Os americanos, por seu lado e ao invés dos portugueses, têm uma cultura democrática, mas modelos autoritários de gestão. As reformas geralmente processam-se por um sistema     "reform by induced controlled chaos", que funciona mais ou menos assim: arranja-se um pretexto legal para reorganizar um sistema, despedem-se os administradores existentes, e nomeia-se uma administração nova. Tudo isto, se possível, dentro de vinte e quatro horas.

  O programa bilingue surgiu da necessidade de educar condignamente as crianças que não sabiam falar inglês. O programa tem dois objectivos principais: proporcionar a alunos instrução na sua língua nativa enquanto os seus conhecimentos de inglês não são sufucientes para a sua integração numa aula regular, e promover o aparecimento duma sociedade verdadeiramente multi¬cultural e internacional nos Estados Unidos. A palavra de ordem deixou de ser assimilação para ser integração.

O ensino das diferentes disciplinas é ministrado em inglês, francês, espanhol, português e chinês.  Uma das características mais salientes do programa é a continuação do estudo, por cada aluno, da sua língua, história e cultura pátrias, o que sublinha bem a visão e a preocupção do legislador em preservar a integridade humana do aluno, o que no fundo constitui a maior prova de respeito.

Se a lei preconizava e respeitava a paridade cultural dos alunos, as estruturas e os preconceitos existentes não permitiam a sua aplicação. Todos estes grupos culturais e sócio-económicos encontravam - se na escola vivendo existências separadas.

 Os contactos entre eles eram meramente causais, quando não violentos, e sem consequências significativas.


Autor: Artur Victoria


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