Tratamento respeitoso



RESPEITO E  CARINHO

De Romano Dazzi

 

Ouço, cada vez mais, vozes de desagrado pela maneira pouco respeitosa com a qual me dirijo a Deus, nas minhas freqüentes conversas com ele.

Não vou tentar me justificar; falo com ele realmente muito mais do que o permitido, um pouco porque sou tagarela, um pouco porque os assuntos de que trato me levam a pensar nele o tempo todo; mas principalmente, porque ele é meu Pai.

Nunca cultivei aquele tratamento untuoso, que aparenta uma reverência incômoda e falsa, que muitos filhos usam ao falar com os pais.

 Tratar o pai com  “o senhor” daqui, “o senhor” dali,  esconde  uma espécie de afastamento,  que não é natural.

Sempre tive carinho,  respeito e amizade para meu pai; mas sem salamaleques.

Ele sentava junto a mim, pronto a aconselhar-me – mesmo sabendo que eu nunca seguiria suas instruções, por mera insubordinação .

Nunca precisei recorrer a fórmulas atenciosas para expressar-lhe minhas opiniões, para trocar livremente idéias com ele..

Considero o meu Deus dessa mesma forma e o trato assim, porque ele também é meu Pai; porque deveria zangar-se?

A familiaridade não é orgulho ou vaidade minha, mesmo que pareça; é só amor. 

Não tem um pingo de desrespeito, quando peço que ele dê uma olhada nas diabruras que os filhos dele estão inventando aqui em baixo.

Ele, para mim, não é o Deus guerreiro, o Deus dos exércitos, o destruidor, o vingador.

Ele é um pai carinhoso, que olha com apreensão os meus erros e os julga com generosidade e paciência; que reconhece minhas fraquezas e que sabe das minhas lutas internas, da soma das minhas ansiedades e dos meus tormentos. É o único que pode me compreender e quem sabe, rir comigo de minha burrice.

Por isso, não uso formulas, estereótipos, orações montadas e aprendidas de cor, que perderam  o frescor da sinceridade e da concentração.

O Pai Nosso é uma oração magnífica; mas nunca paramos para meditar sobre cada uma das suas sentenças. Simplesmente, as recitamos sem pensar no que elas realmente significam.

Por isso, prefiro me aproximar dele e dizer tudo o que penso, de modo claro e espontâneo, como deve ser.

Ele é meu amigo; é sábio; nunca erra; escreve reto, por linhas tortas. Acho justo chegar nele e expor meus problemas, não para pedir que os resolva por mim; mas para que me dê uma luz sobre como enfrentá-los; para que me aconselhe e guie; e nisso sinto-me humilde e fraco.

Ele sabe disso. E sou-lhe grato.

Amém


Autor: Romano Dazzi


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