FOTOGRAFIAS X IMAGENS: QUAL A MELHOR OPÇÃO VISANDO OBTER PRECISÃO E REDUÇÃO DE CUSTO?



(Autoria: Vinícius Adriano F. de Medeiros & João Pedro da Silva Souza - Universidade Católica de Brasília, 2008)

{Este trabalho e outros podem ser encontrados completos, com figuras e tabelas no site: engenhariaambiental.webnode.com}

INTRODUÇÃO

As fotografias aéreas e imagens de satélite representam juntas uma importante ferramenta para a realização de estudos de análise e caracterização ambiental, uso e ocupação do solo e planejamento urbano, uma vez que estas são tecnologias indispensáveis para a construção de mapas, cartas temáticas e sistemas de informação geográfica.

Segundo Cordovez (2004), no Brasil, especialmente na última década, as geotecnologias têm sido implementadas e usadas como ferramentas de auxílio para as tomadas de decisão relacionadas à administração urbana.

As fotografias aéreas são, até então, o meio mais utilizado e acessível para a realização de trabalhos cartográficos, pois disponibilizam imagens de boa resolução a custos relativamente acessíveis.

Com relação às imagens de satélite, estas tiveram um intenso desenvolvimento, principalmente no final da década de 90, com o surgimento das imagens de alta resolução, ampliando assim as possibilidades para o seu uso.

Este trabalho tem por objetivo estabelecer uma comparação breve entre as duas tecnologias, levando em consideração dois quesitos fundamentais analisados quando da elaboração de um trabalho cartográfico, a qualidade e o custo.

IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DO USO E OCUPAÇÃO DO ESPAÇO

A cartografia moderna teve seu desenvolvimento em meados do século XX, com o objetivo principal de realizar estudos de topografia militar, entretanto, atualmente a cartografia está aliada a novas tecnologias de sensoriamento remoto, tornando-se uma ferramenta fundamental para o conhecimento do espaço geográfico, que é constantemente modificado pela ação antrópica (Rosa et. al., 2007).

O conhecimento da forma em que determinada área é utilizada, seja pela agricultura, vegetação natural, áreas urbanas e edificadas, áreas de mineração, áreas de degradação, bem como as informações a respeito das alterações que tais áreas sofrem se tornam cada vez mais fundamentais na atividade desempenhada por legisladores, governadores e administradores.

Nesse contexto, a utilização de informações sobre o uso da terra tornou-se um item fundamental na compreensão da dinâmica de organização do meio ambiente e uma das principais formas de obtenção de tais informações é com a aplicação das técnicas de aerofotogrametria e utilização de imagens de satélite.

Segundo Seabra et. al. (2003) a qualidade das informações utilizada na análise sobre as alterações no uso e ocupação do espaço é de fundamental importância para a representação correta da realidade, para isso torna-se necessário o uso de cartas e mapas atuais e para isso torna-se necessário o emprego das geotecnologias.

AEROFOTOGAMETRIA

Segundo Piovesan et. al (2004) a aerofotogrametria é uma das técnicas mais difundidas e utilizadas em mapeamentos, sendo possuidora de uma ótima qualidade, atribuição conquistada através da tecnologia empregada em câmaras e recursos computacionais. Tais equipamentos possuem um filme negativo de 23cm × 23cm, o que permite um melhor aproveitamento entre a área coberta e a área de vôo.

A câmara é instalada em um avião ou em um helicóptero, e a captação das imagens depende de um plano de vôo e das condições atmosféricas do local, fatores que devem ser analisados antes do vôo.

As imagens aéreas podem ter diferentes níveis de qualidade, característica tal, que depende do tipo de trabalho a ser feito. Abaixo segue uma tabela publicada na Revista InfoGeo (novembro/dezembro de 2000), adaptada por Assis (2001) que indica a escala apropriada para alguns trabalhos em específico.

O custo das aerofotografias varia de acordo com uma série de fatores e em alguns casos o trabalho torna-se inviável devido aos altos custos com os processos de aerofotogrametria, digitalização, restituição, vetorização, dentre outros.

Piovesan et. al. (2004) afirma que os altos custos envolvidos na aerofotogrametria, limitam esta técnica a estudos em extensas áreas e propõe a utilização de fotos de vôos anteriores quando o trabalho for efetuado em uma pequena área, uma vez que o processo de obtenção de imagens para tal área geraria grandes custos, inviabilizando o trabalho.

Já Cunha (2006) defende o uso de "aerofotos não-convencionais" (pequeno formato), tendo em vista que tais imagens não seriam obtidas por câmaras médias, já seriam ampliadas e não possuiriam marcas fiduciais e, por isso, teriam baixo custo sendo, portanto, mais acessíveis aos interessados em estudos em pequenas áreas. Tais imagens são coloridas, permitem a visualização em 3D, podendo ser utilizadas em planejamento territorial urbano e rural.

UTILIZAÇÃO DE IMAGENS DE SATÉLITE

A utilização de imagens de satélite é utilizada em larga escala em estudos de monitoramento de diversos aspectos, tais como uso e ocupação do solo (agricultura, ocupação urbana), florestas, geologia, geomorfologia e hidrografia.

Segundo Assis (2001) a questão principal na utilização de imagens de satélite diz respeito à sua resolução espacial, isto é, a menor porção de terra identificável na imagem. Como a resolução espacial depende do sensor instalado no satélite, a utilização de tais imagens ficou restrita, até a alguns anos, a estudos relacionados ao clima, controle de queimadas, agricultura, ou seja, a aplicação desta tecnologia dava-se principalmente em regiões de grande extensão, devido à baixa resolução espacial.

No início da década de 70, as imagens de satélite começaram a ser usadas na cartografia, e na época a resolução espacial era de 80 metros, o que permitia uma escala máxima de 1: 250.000. Entretanto, com o passar dos anos a tecnologia empregada nos sensores desenvolveu-se de tal forma que, no final dos anos 90, foi lançado o satélite Ikonos II, com imagens multispectrais de 4 metros e em preto-e-branco com resolução de 1 metro, permitindo escalas máximas de até 1:5000, possibilitando a realização de trabalhos muito detalhados (Assis, 2001).

Rosa et. al. (2007) afirma a total possibilidade de se utilizar imagens de satélite de baixa resolução (Landsat 5 [1986] e CBERS [2006]) em diversos trabalhos, inclusive levantamentos de expansão urbana, revelando detalhes fundamentais para análise a um baixo custo, enquanto que imagens de alta resolução (IRS [2005]), apesar de fornecerem uma maior riqueza de detalhes, poderiam inviabilizar o estudo em áreas extensas, uma vez que imagens de alta resolução possuem altos custos.

Para d`Alge (1997) a inserção de satélites de sensoriamento remoto e a disponibilidade de imagens a baixos custos no mercado motivou a utilização dessas imagens, passando a representar uma alternativa viável a fotointerpretação sobre imagens em papel, além de possibilitar a utilização de várias ferramentas para produção de mapas (considerando a existência de um SIG).

Segundo Bias (2003) a entrada, no mercado, de sensores de alta resolução representam grandes possibilidades para a atualização cartográfica e planejamento urbano, sendo que imagens nas escalas entre 1:100.000 e 1:25.000 tais imagens já estão acessíveis, enquanto que para escalas maiores, entre 1:10.000 e 1:2.000, ainda são verificadas as reais possibilidades de uso, tendo em vista o alto custo.

CONCLUSÃO

A determinação da melhor tecnologia a ser empregada num trabalho cartográfico buscando o melhor custo-benefício e maior qualidade deve ser analisada numa perspectiva de que cada trabalho em especial demanda de necessidades diferentes como, por exemplo, a demarcação de áreas rurais, que pode ser feita utilizando-se de imagens de baixa resolução (baixo custo) ou de aerofotografias, enquanto que para se realizar um diagnóstico urbano, considerando residências, casas, ruas, quadras, a tecnologia empregada deverá ser outra, com uma escala maior, gerando um maior custo.

Cordovez (2004) propõe que a melhor alternativa a ser adotada para a elaboração ou atualização de determinado trabalho deve antes considerar a precisão do trabalho requerido e a disponibilidade de recursos financeiros.

Assis (2001) relata a possibilidade da substituição da aerofotogrametria por imagens de satélite de alta resolução num futuro próximo, entretanto ressalta que a aerofotogrametria também está evoluindo, principalmente com a utilização de câmaras digitais, o que reduziria em muito os custos com este processo, favorecendo a permanência dessa tecnologia no mercado.

Além disso, pode haver ainda uma associação das duas tecnologias, conforme é proposto por Furquim (1998) na gestão de dutos da Petrobrás, onde foi montado um SIG, utilizando-se de ambas as tecnologias de acordo com a necessidade e a disponibilidade financeira.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ASSIS, Rodrigo da Rocha. Utilização de imagens orbitais e aéreas no estudo da ocupação e planejamento urbano. 2001, 35 p. Monografia (Especialização em Geoprocessamento) – Departamento de Cartografia, Universidade Federal de Minas Gerais, 2001.

Disponível em:

<http://www.csr.ufmg.br/geoprocessamento/centrorecursos/3cursopub/rochaassis2000.pdf>

Acesso em 15/11/2008.

BIAS, Edilson de Souza. Análise de precisão e do custo das imagens de alta resolução Ikonos orto kit para geração de mapas cartográficos. XXI Congresso Brasileiro de Cartografia. Belo Horizonte, 2003.

Disponível em: <http://www.cartografia.org.br/xxi_cbc/221-SR24.pdf>

Acesso em: 15/11/2008.

CORDOVEZ, Juan Carlos Gortaire. Mapeando Cidades. Anais I – I Simpósio Regional de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto. Aracajú/SE, 2004.

Disponível em: <http://www.cpatc.embrapa.br/labgeo/srgsr2/pdfs/palestra9.pdf>

Acesso em 19/11/2008.

CUNHA, Alexson de M.; LANI, João L.; AMARAL, Eufran F.; REZENDE, Sérvulo B.; RIBEIRO, Luziane S. Mosaico digital de aerofotos não-convencionais na avaliação de recursos naturais: estudo de caso. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental. Campina Grande – PB, v. 10, n.1, p. 182-187, 2006.

Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbeaa/v10n1/v10n1a27.pdf>

Acesso em: 15/11/2008.

D´ALGE, Júlio C. L. Atualização Cartográfica por imagens de satélite – Considerações teóricas e possibilidades de implantação. INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, maio 1997.

Disponível em: <http://www.dpi.inpe.br/~julio/arquivos/consult1.pdf>

Acesso em: 15/11/2008.

FURQUIM, Maysa Portugal de Oliveira. Monitoramento de dutos usando SIG. Esteio Engenharia e Aerolevantamentos S.A. Curitiba, 1998.

Disponível em: <http://www.esteio.com.br/downloads/pdf/98-DUTOS.pdf>

Acesso em: 20/11/2008.

PIOVERSAN, Eduardo Casale; SILVEIRA, Gustavo da Cruz; JÚNIOR, José C. C. G. Perspectivas futuras para o projeto SOFIA (Sistema de obtenção de fotos e imagens com aeromodelo). Congresso Brasileiro de Cadastro Técnico Multifinalitário – UFSC. Florianópolis, 2004.

Disponível em:

<http://geodesia.ufsc.br/Geodesia-online/arquivo/cobrac_2004/124.pdf>

Acesso em: 16/11/2008.

ROSA, Luiz Carlos L.; VIEIRA, Aparecida Amorim; PRADO, Anderson Luiz M.; ALVES, Kelle Cristina A. Uso de imagens de alta e baixa resolução em áreas urbanas. Programa de Iniciação Científica em Geografia – UNIVAP. São José dos Campos – SP, 2007.

Disponível em:

<http://www.inicepg.univap.br/INIC_07/trabalhos/humanas/inic/INICG00910_01O.pdf>

Acesso em: 18/11/2008.

SEABRA, Vinícius da Silva; MEDEIROS, Danielle Rodrigues; CRUZ, Carla B. M. A importância da correção geométrica de imagens orbitais na atualização cartográfica. XXI Congresso Brasileiro de Cartografia. Belo Horizonte, 2003.

Disponível em: <http://www.cartografia.org.br/xxi_cbc/239-SR28.pdf>

Acesso em: 15/11/2008.


Autor: Vinícius Adriano Farias de Medeiros


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