Polar, O Rei Dos Camelôs



Acontece que certa livraria comprou milhares de exemplares de um livro intitulado “A mulher e a Poesia”, ou algo parecido. E, claro, o estoque ficou encalhado. Apesar de ser um excelente livro sobre poesia feminina, ninguém parecia se interessar pelo mesmo. O assunto virou um grande problema para os sócios da livraria, pois não conseguiram vender quase nenhum exemplar, apesar de todos os seus esforços.

Como nenhuma argumentação para comercializar a obra estava surtindo efeito, já no desespero, um dos sócios levantou a hipótese de pedir a ajuda de Polar, o Rei dos camelôs, para resolver tamanho “abacaxi” que estavam tendo na livraria. Além do prejuízo financeiro, os livros tomavam um espaço valioso da loja.

Chamaram-no, para lhe expor o problema, ansiosos por uma idéia que este pudesse lhes dar, para vender o estoque parado,

- Não estaria o amigo interessado em nós ajudar a vender estes livros, mediante uma “gorda comissão”? Perguntara os sócios, esperançosos.

Polar, muito sério, pediu pra ver um dos livros e examinou-o detidamente. Folheou-o pensativo, analisando cada detalhe daquele exemplar. Pediu para ver todo o estoque, perguntou quantos volumes tinham ao todo. Ao obter a resposta, pensou mais um pouco, analisou a situação e, para surpresa de todos disse:

- Ao invés de ir vendendo, como os senhores estão sugerindo, proponho ficar com o estoque todo. Eu compro este “encalhe”!

Surpresos e sorridentes, pois jamais imaginaram ficar livre daquele “abacaxi” com tanta facilidade, os donos concordaram imediatamente com a proposta. Claro que houve pechincha de parte a parte, mas finalmente chegaram a um acordo, fechando o negócio.

Mais tarde, Polar apareceu com seus ajudantes, pagou a quantia combinada e levou aquela pequena biblioteca embora.

No dia seguinte, aconteceu um fenômeno nas ruas do Rio de Janeiro, algo que durou perto de uma semana.

Conta-se que na semana seguinte, havia gente de dinheiro na mão, nas ruas do Rio, procurando um exemplar do livro em todos os camelôs, mas em vão. Sim, porque a edição estava esgotadíssima, não havia sequer um exemplar para vender. Pessoas faziam recomendação, caso aparecesse algum volume extra.

Os sócios da livraria ficaram admirados e curiosos. Como conseguira Polar vender em menos de uma semana, livros que estavam esquecidos nas prateleiras a mais de um ano?

Simples. Polar, grande conhecedor da alma humana, mandara fazer umas cintas de cor preta, para selar os livros. Só quem comprasse o exemplar, poderia conhecer o conteúdo do mesmo. Nas faixas, mandou escrever em letras destacadas o seguinte:

“SÓ PARA HOMENS!”

E não vendia os livros para as mulheres de maneira alguma! Nem que pagassem o dobro do preço.

- Sinto muito minha senhora, dizia Polar para as muitas mulheres que tentavam adquirir o livro, mas este livro é SO PARA HOMENS!

Como um grande conhecedor da alma humana, este simples camelô, mexeu com uma parte sensível do comportamento das pessoas, a curiosidade.

Caso o amigo leitor comprasse também um daqueles exemplares, ficaria levemente decepcionado, pois o livro tratava apenas de excelentes poesias feitas por mulheres.

Esta história foi contada no livro “Como Persuadir Falando”, de Marques Oliveira, Edições de Ouro. Além de agradável, ela nos traz alguns ensinamentos sobre como persuadir as pessoas a fazerem algo, sem precisarmos insistir, nem forçar uma situação.

Seja você um vendedor, empresário, médico, advogado, profissional liberal, ou apenas uma mãe tentando convencer o filho a estudar, muitas vezes é preciso saber persuadir. Neste caso, uma boa dose de psicologia pratica, a exemplo de Polar, o Rei dos camelôs, pode lhe ajudar a alcançar seu intento, persuadindo agradavelmente uma pessoa a realizar as tarefas necessárias, de “livre e espontânea vontade”.

Não só no dia a dia, em nossa vida pessoal, mas também nos negócios, gerentes poderiam conseguir maior colaboração de seus subordinados se agisse persuasivamente e profissionais poderiam conseguir que seus colegas contribuíssem melhor com as tarefas da empresa.

Portanto, sugerimos que, ao invés de insistir com os outros, ou exigir que façam alguma tarefa ou comprem alguma idéia, produto ou serviços contra sua própria vontade, devemos buscar persuadir as pessoas a realizarem de maneira “espontânea” as ações que propomos.

Ari Lima
www.arilima.com
Autor: Ari Lima


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