Leitura: fonte de informação, conhecimento e inclusão social



Matéria postada no "Portal de Garça", 15 de maio de 2009

No ano de 2008, os Indicadores Sociais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) com base nos dados levantados em 2007, exibem a fragilidade do ensino fundamental no país. Pelo menos oito entre dez crianças de 8 a 14 anos que não sabem ler e escrever estão na escola, o que equivale a 1,1 milhão de crianças em todo o país, sendo que deste total, 745,9 mil vivem no Nordeste. Uma informação triste e estarrecedora para nós educadores. É triste e vergonhoso percebermos que esses alunos não aprendem o que lhes é ensinado, apresentando graves deficiências e insignificante domínio da verbalização e da escrita, além de não sentirem o mínimo prazer em ler um simples e pequeno texto. O problema é de tamanha gravidade que, em alguns momentos em sala de aula, não conseguimos compreender o que o aluno escreveu e quando este é solicitado a ler o que tentou redigir, inúmeras vezes, nem mesmo ele entende suas próprias palavras.

Apesar do problema não ser exclusivamente dos educadores, uma vez que, atualmente nos encontramos em uma situação educacional atrelada a numerosos desafios de natureza social, econômica e burocrática, não podemos afastar a idéia de que somos sim, uma das chaves que abrem as portas para uma nova sociedade composta por indivíduos leitores e produtores de textos. A verdadeira ação pelo processo de aprendizado do aluno está no educador.

A verdade é que desde as primeiras séries do ensino fundamental, a leitura e a escrita são apresentadas às crianças como algo limitado e de difícil aprendizado, abarrotado de regras e consequentemente não prazeroso. Pensemos: não é o governo, nem o psicólogo e muito menos os pais que alfabetizam as crianças, somos nós professores, pessoas capazes de proporcionar condições facilitadoras que as façam não apenas decodificar a leitura, mas sim, atribuir sentido ao que foi escrito. A promoção de condições facilitadoras para o aprendizado das crianças do ensino fundamental vai além das escritas e da memorização, além da exclusiva tradição de cartilhas e do uso de livros destinados à leitura, envolve aspectos diretamente adotados pelo professor no decorrer de sua prática educativa. Aspectos simples, como por exemplo, a presença de uma biblioteca dentro da sala de aula, esta ferramenta possibilita às crianças um espaço acessível, curioso e estimulante destinado à leitura. A aquisição da leitura e da escrita só acontecerá a partir do instante em que o educador estiver preparado, pronto para trabalhar de maneira criativa, prazerosa e divertida, preparado também para conhecer seus alunos e estar ciente de seus níveis de dificuldade e de aprendizado.

As dificuldades de leitura e escrita, sem dúvida, quando não identificadas nas primeiras séries pelo educador contribui para a formação de jovens acríticos às informações e aos conhecimentos que se multiplicam cada vez mais na sociedade em que vivemos.

O psiquiatra Augusto Cury complementa que o melhor a se fazer é questionar criativamente o conhecimento que se expõe ao aluno, reacendendo a motivação pelo aprendizado e provocando a inteligência, só assim, a criança transformará o aprendizado em conhecimento. Portanto, é responsabilidade nossa instigar o prazer da leitura e ao mesmo tempo, promover a inclusão social de jovens participativos, autônomos, seres pensantes capazes de argumentar, julgar e de decidir conscientemente. Independente dos desafios enfrentados pelo professor e de sua má remuneração nada justifica a negligência em não contribuir com um futuro melhor para as crianças, uma vez que, o nosso compromisso educacional também é intrínseco: responsabilidade social de educador e compromisso pessoal de nos realizarmos profissionalmente como docente.


Autor: KARINA HELENA DA CRUZ


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