UM SONHO



Um dia sonhei que vivia em uma terra onde o sol brilhava intensamente durante todas as estações, gerando energia limpa e praticamente de graça para o conforto de minha família e meus concidadãos. Essa terra era de tamanho continental, tinha solo fértil; tudo que se plantava se colhia em abundância, ninguém passava fome. Rica em rios, lagos e córregos, sua reserva de água doce era exuberante, água pura e cristalina, e tinha muito peixe, um alimento nobre e altamente saudável. A comunidade era formada por pessoas das mais diversas raças e culturas em plena harmonia, pois tinham aprendido com as tradições dos povos primitivos que ali viviam a respeitar os mais velhos, e viver em um sistema cooperativista onde a caça de um era dividida entre todos; crianças existiam para brincar e aprender com os mais velhos a respeitar a natureza e o semelhante.

            Era uma terra com muitas matas e se podia dormir à sombra delas ao som dos pássaros que eram muitos, uma verdadeira sintonia orquestral, digna de qualquer obra de Mozart. Tinha um vasto litoral com as mais belas praias já vistas pelo homem. A população dessa terra era a maior concentração de cristãos de todo mundo, ou seja, adeptos do verdadeiro cristianismo, aquele que prega acima de tudo o amor e a paz entre os seres, e essa era a única religião que ali existia.

            Um fato interessante é que nessa terra as ruas periféricas não eram para carros, eram para as crianças brincarem. Aos finais da tarde, todos sentavam a porta de suas casas para conversar, trocar experiências e contar histórias. Nessa terra tinha até políticos, mas os mesmos não viviam só da política, tinham suas profissões e se dedicavam algumas horas por dia e de forma gratuita aos assuntos da comunidade; não existia eleição, pessoas da comunidade se propunham a prestar os serviços de forma espontânea e qualquer um poderia colaborar. Tínhamos urnas eletrônicas em todos os cantos da cidade onde o povo participava de forma direta de todos os assuntos de seus interesses. A polícia andava desarmada e servia para prestar socorros a comunidade ou auxiliar no trânsito dos carros na ruas centrais. O ensino era gratuito e de excelente qualidade.

            O que me chamou mais atenção nesse sonho era que o seu código de leis se resumia em apenas dois artigos: 1º - Não poderás fazer com o próximo àquilo que não queira que façam a você; 2º - Todos, sem exceção, inclusive outros espécimes de vida tem o direito de ser feliz, desde que obedecendo ao que está estabelecido no artigo primeiro. Existia também um conselho de anciãos e anciãs que dava o veredicto final a todos os assuntos; eram os juízes daquela terra e cada comunidade tinha seu representante. Há! , estava me esquecendo, não existia relógio nessa terra ... e foi por causa de um despertador na cabeceira de minha cama que acordei deste sonho maravilhoso; olhei a minha volta assustado, e por pouco tempo pensei que este paraíso seria o Brasil - vejam só que estupidez a minha; lavei o rosto para dispersar o sono e logo cai em si lembrando que estava atrasado para ir trabalhar (...)


Autor: HERÁCLITO NEY SUITER


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