Idade da Luz



Desde a época de escola, escutamos que a Idade Média foi a Idade das Trevas. Onde que abandonada por Deus, nada de bom foi produzido, e fala-se das inquisições, pestes, das cruzadas e de papados corruptos. Bom, então vou tentar explanar de forma bem concisa visto que é um assunto por de mais longo, quem realmente foi o homem da Idade Média.

Primeiro vale a pena contextualizar o que ocorreu antes da dita Idade Média, para que possamos entender o porquê de certas coisas. Então vamos lá.

Dos Séculos 400 a 1050 ocorreram o que se é conhecido por Invasões Bárbaras. Onde toda a Europa foi assolada e o Império Romano teve o seu fim.

Fatores Importantes:

- Os povos bárbaros entraram no Império Romano como colonos.

- A grande vastidão do Império dificultava o seu governo.
- Foram recrutados os bárbaros para integrar o exército romano (mercenários).

- Iniciou-se os ataques dos povos Germânicos (Unos, Celtas, Galeses, Vikings, vândalos,Francos, Jutos, Germanos e etc)
- os hunos pressionaram os germanos a penetrar no Império Romano.
- fragmentação do Império Romano do Ocidente que o levou a cair por incessantes ataques Germânicos e fragilidade sócio-econômica Romana.

Durante esse processo, absolutamente tudo foi destruído e depredado pelos Bárbaros. Desde os hospitais as bibliotecas e escolas. Apenas a Igreja Católica veio a sobreviver desta imensa destruição. Logo, ficou ao seu encargo guardar e proteger todo o patrimônio literário, arquitetônico, científico, cultural, econômico e etc; até ali conhecido.

Como disse o historiador Will Darant:"A causa básica da regressão Cultural não foi o Cristianismo, mas o Barbarismo, não a religião, mas a Guerra"

Diante de todo esse caos os Mosteiros virassem grandes centros de desenvolvimento científico e intelectual. Se não fosse a Igreja a fazer esse trabalho, toda a cultura Greco-Romana não teria chegado aos nossos tempos. O patrimônio filosófico e cultural teria se perdido, ninguém conheceria se quer quem foi Platão. Teria sido como com os Gregos Mecenos que sofreram uma catástrofe 12 séculos a. C. por causa de uma invasão dos Dórias, o resultado foi 3 séculos sem conhecer a literatura, a chamada "Era Grega Escura".

Em 452 São Leão Magno colocou-se a frente de Átila rei dos Unos, impedindo-o de destruir Roma (O ultimo refúgio da sociedade Greco-Romana). Até hoje não se sabe como São Leão teria o convencido a não adentrar Roma e Destruí-la. Acredita-se que Átila vira um grande homem iluminado atrás de São Leão Magno apontando-o uma espada, e diante disso ele recuou.

"Em 1050 a Igreja começou a recivilizar a sociedade com o fim das invasões bárbaras, batizando os húngaros e Normanos, humanizando assim o mundo feudal". (Como disse o grande historiador Daniel Rops).

Em 1064 A Igreja Ortodoxa se separa da Igreja Romana, graças ao Cesaropapismo dos Imperadores Basileus que chamavam para si a questão da fé. E também por influência dos maometanos, dando origem assim ao "Sistema de cesaréia".

Em 1073-1095 O Papa São Gregório VII, tentando recriar o ideal agostiniano libertou a Igreja da prática da Sumonia (comercio de funções e objetos sagrados).

De 1050 a 1350 fora o tempo de ouro da Igreja. Por meio de Inocêncio III (1198-1216) surgiram as grandes Catedrais e Universidades. "Lúmem Gentium"(Luz das Nações). Onde se viu uma explosão cultural e científica por toda a Europa. Vou citar alguns desses feitos:

"Nas Universidades e em tantas outras partes da sociedade, nenhuma outra fez mais para prover o saber que a Igreja Católica" (Thomas Woods)

O modelo que hoje se tem de Universidades foi criado pela Igreja Católica. Elas ministravam cursos baseados em duas divisões, o "quadrivium": aritmética, geometria, música, e astronomia. E o "trivium": gramática, retórica e lógica. Estes dois conjuntos permitiam uma formação acadêmica dos alunos e uma forma inteligente de expressão para com o mundo.

Até 1440 foram erguidos na Europa 55 Universidades e 12 Instituições de ensino Superior, onde se ministravam cursos de Direito, Medicina, Línguas, Artes, Ciências, Filosofia e Teologia. E como falar então que a Igreja era obscurantista, se foi ela que criou as Universidades?

Como pode uma instituição obscurantista criar e desenvolver a arte, as Catedrais, Arquitetura, escultura, vitrais (que até hoje se desconhece a técnica usada), música, agricultura, mineração, metalurgia, energia hídrica, irrigação, drenagem de pântanos, produção de vinho, cerveja e champagne; fabricação de relógios, planadores, lente de óculos, a roda com aros, o moinho, a máquina, a ferradura, a máquina a vapor, a impressão, a caravela e os moinhos, vasto uso das ciências exatas (matemática, física e química), astrologia, a trigonometria, cinemática e dinâmica e ainda a geologia e navegação tiveram enorme influência Católica, principalmente dos seus Monges que se dedicaram plenamente as ciências.

Ou ser o berço de grandes mentes como Alexandre de Hales, São Abelardo, Duns Sorto, Santo Agostinho, Cassidoro, Santo Isidoro de Sevilha, Rábano Moura, Alamino e ainda escolásticos como Santo Anselmo, Pedro Abelardo, Santo Alberto Magno, São Boaventura, São Tomás de Aquino, Roger Bacon, São Bernardo que criaram pontes entre fé e razão por meio de calorosos debates e palestras que ministravam.

Ou ainda reduto do Padre Jean Burlan que pavimentou o que deu origem a lei da inércia. O postulado sobre "Impulso Divino inicial do universo"(por não ter atrito assim permanece). Ou outros grandes nomes Cristãos da ciência como: Lois Pasteur, pai da microbiologia, Edward Milikan, Galileu, Descartes, Leibniz, Isac Newton, Kepler, Mendel monge e pai da genética, Nicolau Copérnico, Willian Herschel, Alessandre Volta, André Marie Ampère, Guglielmo, Padre Mateo Rico e os seus sucessores que revolucionaram a China, reformando até o calendário Chinês.

A Igreja ainda deu origem ao primeiro sistema de leis conhecido. Criou o primeiro sistema de leis internacionais. A mesma ainda teve muita influência no campo da economia, proibindo e reprimindo a prática da usura.

A Igreja combateu arduamente o infanticídio (muito comum na Roma antiga, principalmente com meninas) e o abandono de Idosos. Combateu também a prática do suicídio que era comumente aceita pela sociedade, por vezes vista até como um ato de bravura e praticado como forma de fugir do sofrimento ou da depressão.

Sempre defendeu o lado das mulheres, tanto que em nenhum outro lugar via-se mulher a frente de instituições como as abadessas nos mosteiros. Ainda apoiando e reconhecendo o legítimo poder dar rainhas. Fato ainda visto pelas inúmeras Santas canonizadas em todos os tempos.

No séc. XII uma abadessa fora autora da primeira enciclopédia conhecida, que recebera o nome de "Hortuns Deliciarim" (Jardim das delícias).

Em 1308, na época dos "Estados Gerais" as mulheres tinham direito de voto, direito que fora revogado em 1593 na frança por retomada do Direito Romano antigo pelo parlamento. E no Séc. XIX fora novamente desvalorizadas por Napoleão.

No séc. XIII existe registro de mulheres médicas, dentistas, boticárias, tintureiras, copistas e etc.

Quanto à escravatura a Igreja sempre se opôs. Prova cabal é o fato de um ex escravo chamado Calisto ter chegado ao papado.

Em 1102 o Concilio da Inglaterra disse-nos: - "Está proibida o ignóbil comércio pelo qual se vendem homens como se fossem animais."

Como hoje, uma total supressão do trabalho assalariado seria impossível, antigamente também era assim o trabalho escravo. Dado essa realidade, a Igreja como grande pedagoga da humanidade, na impotência da total supressão da escravatura lutou para atribuir direitos aos escravos Cristãos, como legitimas seus casamentos, proibir sua venda além das fronteiras e a Judeus. Se algum homem tomasse uma escrava como concubina e chegasse a Igreja esse fato ele era obrigado a casar com ela, e fazer dela sua esposa.

Ainda criou medidas como no tempo pascal, era aconselhável aos Cristãos oferecer um "dízimo" libertando parte de seus escravos. Mas no Séc. XVI voltou a ser restaurada a escravatura Romana que veio durar até o Séc. XX.

No intuito de cessar as guerras, pelo menos os conflitos pessoais, a Igreja criou pactos e tratados como a "Liga de Amigos da Paz", "Paz de Deus" e ainda tréguas das 9h do Sábado até a 1° hora da segunda e também no advento e na quaresma.

Veio também a criar "Os voluntários para a Defesa da Paz", milícias criadas para punir quem violasse esses acordos. "Guerras para os que vivem de guerras".

Introduz também a concepção de Guerra Justa (legitimidade de Defesa) pela força militar. Se não era possível botar fim a estes combates, tinha-se de cristianizar seu uso, assim foram criados os Cavaleiros que deveriam ser pautados pela honra e justiça, uma mistura de guerreiros e Santos. Exemplos deles foram os Cavaleiros de São João (Conhecidos também como Hospitaleiros), E os Cavaleiros de São Lázaro, que ainda existem até os dias atuais.

E quanto à caridade?25% de todas as obras de auxílio a Aidéticos no mundo são mantidas pela Igreja Católica. Nenhuma outra instituição veio a socorrer os necessitados seja por forma de hospitais, abrigos para crianças, asilos, hospitais para leprosos (doença comum na época), Manicômios, auxílio aos viajantes e escolta aos romeiros até a Terra Santa.

Não há um Santo da Igreja que não teve forte vínculo com a caridade. Os próprios mosteiros foram grandes centros assistenciais de onde ao seu redor iam surgindo cidades. Todas as obras sociais da Igreja são incontáveis, ela nos tempos mais difíceis foi a única a estender a mão ao necessitado, obras assistenciais que duram até os dias de hoje, nos mais diferentes campos de atuação.

Como ver obscurantismo, pensamento retrógrado diante de tantos feitos da Santa Igreja!?!?!?!?!?

A ciência não precisa opor-se a fé! E a Igreja deu e continua dando provas disso a sociedade! Na Babilônia Antiga o animismo (panteísmo) desencorajava a evolução das ciências tal era o caos imaginado que era impossível de poder-se definir leis naturais, tal era a superstição ao contrário do que vimos na Europa Cristã da Idade Média. Mesmo caso observado na China e também nos países Islâmicos, que considera as leis naturais como uma forma de Allá agir que poderia mudar a qualquer instante inutilizando as ciências.

A tradição antiga era meramente especulativa, por isso não podemos chamar de ciência, mas sim de herança cultural.

Já o Cristianismo reconhecia parâmetros constantes e inteligíveis, por tal também seriam mensuráveis. Vide os grandes avanços proporcionados pela Igreja na idade Média.

Como então dizer que a Igreja é retrógrada, atrasada, assassina, obscurantista, Manipuladora? Sendo a Igreja a mãe e a gestora da sociedade moderna, pegando-a nos braços nos momentos mais difíceis, corrigindo-a, protegendo-a, educando-a e deixando-a livre para desenvolver-se por si própria. Como pode essa mesma sociedade das às costas a Sua Mãe?

Com que autoridade moral o homem moderno acusa o medieval? Se eles nos tivessem conhecido, veriam em nosso tempo a verdadeira Barbárie, além de uma sociedade hipócrita querendo pregar um falso puritanismo para poder fazer seus julgamentos. Antes de criticar nossos antepassados vamos cuidar de nossas mazelas que são muitas, e teriam sido muito pior sem o assistencialismo da Igreja Católica. Nunca se matou tanto como no século XX, seja pelas guerras ou pelos regimes autoritários. E quer-se olhar para o passado e chamar de obscurantista o homem que viveu na luz, um homem fervoroso e que via na fé não motivo de conflito, mas o aparo e alicerce para ser co-criador do mundo.

"A Igreja Católica compreende seus antagonistas, seus antagonistas não entendem a Igreja Católica" (Hilaire Belloc, As Grandes Heresias)


Autor: André Trindade Calcagno


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