O MEIO AMBIENTE E O PENSAMENTO SISTÊMICO-COMPLEXO



Apresentaremos uma síntese de alguns conceitos e pensamentos que se destacam dentro da perspectiva sistêmico-complexa para dar uma maior consistência no tema central de nosso artigo. Vamos nos limitar na abordagem da ecologia profunda de Fritjof CAPRA, na Ecologia Social de Leonardo BOFF (este por trabalhar sob grande influência de sincretismo religioso será abordado de forma superficial), e no Pensamento Complexo de Edgar MORIN.

1 Introdução Conceitual

Entende-se por pensamento "sistêmico" uma forma de abordagem da realidade surgida no século XX em contraposição ao pensamento "reducionista-mecanicista" advindos dos filósofos da revolução científica do século XVII, moldados nos métodos de alguns clássicos como René DESCARTES, Francis BACON e Isaac NEWTON. Importante salientar que ele não nega a racionalidade cientifica, mas, apenas parte da concepção de que ela não oferece parâmetros suficientes para o desenvolvimento do homem, devendo, portanto atuar de forma conjunta com a subjetividade das artes e de diversas tradições espirituais. Por definição, aliás, o pensamento inclui a interdisciplinaridade.

O pensamento complexo ou "complexidade" é uma escola filosófica que enxerga o mundo como sendo um todo indissociável, propondo uma abordagem multidisciplinar para a construção do conhecimento. Ela nega à causalidade e aborda os fenômenos como totalidade orgânica. Têm como expoente defensor na atualidade Edgar MORIN e dentre os precursores, Gregory BATESON[1].

Apresentaremos uma síntese de alguns conceitos e pensamentos que se destacam dentro da perspectiva sistêmico-complexa para dar uma maior consistência no tema central de nosso artigo. Vamos nos limitar na abordagem da ecologia profunda de Fritjof CAPRA, na Ecologia Social de Leonardo BOFF (este por trabalhar sob grande influência de sincretismo religioso será abordado de forma superficial), e no Pensamento Complexo de Edgar MORIN.

2A Ecologia Profunda e o Ecofeminismo Sob a Ótica de Fritjof Capra

O que atualmente estamos vivenciando é uma mudança de paradigmas não só no âmbito da ciência como também no campo social. É um momento de transição de uma visão mecanicista[2] iniciada por DESCARTES e NEWTON para uma visão mais holística e ecológica.

Há um retrocesso de paradigmas que dominaram a civilização ocidental por várias centenas de anos, um domínio que acabou se estendendo para o restante do mundo. São idéias e valores pré-fomatados, segundo CAPRA[3], uma visão mecânica composta de blocos de construção elementares como a do corpo humano como uma máquina, a vida em sociedade como luta competitiva pela existência, a crendice no progresso material ilimitado atingido por meio do crescimento econômico e tecnológico, a mulher classifica como sendo inferior ao homem, entre outras suposições que aos poucos estão sendo deixadas de lado por falta de fundamentações mais precisas e cientificamente plausíveis.

No entanto é necessário frisar que há uma distinção entre "holístico" e "ecológico" conforme nos ensina CAPRA[4], o pensamento holístico concebe o mundo como um todo integrado ao invés de uma coleção de partes dissociadas, já na visão ecológica profunda, reconhece a interdependência fundamental de todos os fenômenos levando a crer que enquanto indivíduos e, parte de uma sociedade, estamos todos encaixados nos processos cíclicos da natureza, culminando em uma dependência desses processos. Sendo esta última visão a que mais identifica aos novos paradigmas contemporâneos.

A escola filosófica que usa o termo "ecológico" iniciou-se pelo filosofo norueguês Arne NAESS[5], no início da década de 70, que criou uma distinção entre os termos "ecologia rasa" e "ecologia profunda", muito utilizados na atualidade para distinguir os pensamentos ambientalistas contemporâneos. A ecologia rasa é por natureza antropocêntrica, vislumbrando os homens acima ou fora da natureza, como sendo a fonte de todos os valores, atribuindo à natureza um valor simplesmente instrumental, já a ecologia profunda, não vê os seres humanos separados do meio natural, pelo contrário, estão todos os seres vivos, independentemente de gênero ou espécie, conectados na teia da vida. Naess vai mais além para definir o pensamento ecológico profundo afirmando que "sua essência consiste em formular questões mais profundas".

Outras duas escolas ecológicas também merecem serem abordadas, a ecologia social que denomino "ecosociologia" e o ecofeminismo ou ecologia feminista. A ecosociologia traz estudos sobre as características e os padrões sociais de organizações responsáveis pela atual crise ecológica do planeta, uma questão arraigada no patriarcado, no imperialismo, no racismo e em outros "sistemas dominadores" como define EISLER[6]. Já a escola ecofeminista é tida como uma escola especial dentro da escola ecosociológica, abordando uma dinâmica básica de dominação dentro da organização patriarcal[7]. Segundo estudiosos, no longo da história da humanidade, há uma íntima relação entre as formas de dominação e exploração com o feminismo, uma antiga associação entre o gênero feminino e a natureza (ambas as fontes são geradoras de vida).

Essa interconexão da parte no todo se erradia para todas as áreas do saber, criando novos valores, transformando-os de auto-afirmativos para integrativos, em suma "um pensar mais equilibrado". Com base no pensamento e nos valores, compilamos da obra de CAPRA[8] a tabela abaixo que nos orienta no tocante as divergências entre as mudanças de paradigmas com base na auto-afirmação e na integração[9], para que, de forma mais pedagógica e simples possamos analisar essas divergências.

Pensamento

Valores

Auto-afirmativo

racional

análise

reducionista

linear

Integrativo

intuitivo

síntese

holístico

não-linear

Auto-afirmativo

expansão

competição

quantidade

dominação

Integrativo

conservação

cooperação

qualidade

parceria

Percebe-se de forma clara na tabela acima que, no campo dos valores auto-afirmativos, os mesmos estão intimamente associados como o gênero masculino (homens), demonstrando que em uma sociedade patriarcal, além de serem favorecidos, recebem recompensas econômicas e poder político. Para CAPRA, esta é uma das dificuldades de assimilação de valores mais equilibrados, principalmente para os homens. Isso gera um medo, uma resistência à mudança na organização social, na mudança de um modelo hierarquizado para um modelo mais avançado, alicerçado em redes. É a posição de superioridade masculina sobre nossas estruturas sociais, políticas, militares e corporativas entre outras, sob o risco de perda de poder.

De forma sintética CAPRA[10] chama essa nova visão emergente de realidade ecológica, onde encontramos uma conexão entre a psicologia e a ecologia, esse vinculo de percepção ecológica não corresponde a uma conexão lógica, mas sim psicológica que superou a metáfora cartesiana. Para ele uma mudança mais profunda de paradigmas científicos implica em uma mudança da física para as ciências da vida.

3A Ecologia Social de Leonardo Boff

Aecologia social, também denominada de "ecosociologia" é um ramo ligado a sociologia e a ecologia que parte do princípio de que a ecologia deve ser entendida e estudada no contesto de suas implicações comunitárias. Seria o estudo das interações entre a sociedade e o meio, apesar do termo ecologia denotar em seu conceito estas interações, nela estão relacionados todos os fenômenos sociais e ecológicos. É uma área de conhecimento e pesquisa que vem se constituindo nas últimas décadas tendo como influências principais a ecologia humana, a psicologia social, a sociologia e a antropologia[11].

Limitaremos-nos a esboçar este pensamento com base no expoente do pensamento 'ecosocial' em nosso país, o filósofo e teólogo Leonardo BOFF.

Em seu entendimento, BOFF[12] conceitua a ecologia social como sendo:

Aquela que insere o ser humano e a sociedade dentro da natureza. Preocupa-se não apenas com o embelezamento da cidade, com melhores avenidas, com praças ou praias mais atrativas. Mas prioriza o saneamento básico, uma boa rede escolar e um serviço de saúde decente. A injustiça social significa uma violência contra o ser mais complexo e singular da criação que é o ser humano, homem e mulher. Ele é parte e parcela da natureza. A ecologia social propugna por um desenvolvimento sustentável. É aquele em que se atende às carências básicas dos seres humanos hoje sem sacrificar o capital natural da Terra e se considera também as necessidades das gerações futuras que têm direito à sua satisfação e de herdarem uma Terra habitável com relações humanas minimamente justas.

Para BOFF[13], nossa contemporaneidade demonstra sintomas da crise civilizacional, com base em descuido e descaso por questões essenciais, que definem o homem como homo sapiens. Para o filósofo e teólogo brasileiro, o ser humano criou um "complexo de Deus", comportando-se como se fora Deus. Através de um projeto tecnocientífico, passou a acreditar que tudo podia e que não haveria limites à sua pretensão de tudo conhecer, de tudo dominar e de tudo projetar. Essa pretensão acabou por colocar exigências exorbitantes a si mesmo, o desenvolvimento tecnológico já demonstra o seu componente destrutivo ao ameaçar o destino comum da Terra e seus habitantes, culminando no que ele denomina "o complexo de Deus" que o acabrunha.

4O Pensamento Complexo de Morin

Complexidade é a denominação de uma escola filosófica contemporânea que parte de uma visão de mundo como um todo indissociável, propondo uma abordagem multidisciplinar para a construção do conhecimento. Contrapõe-se à causalidade por abordar os fenômenos como totalidade orgânica.

Edgar MORIN[14], em seu estudo sobre a complexidade, afirma que o pensamento científico, epistemológico e filosófico ainda encaram a problemática da complexidade como algo marginal, chegando a não admitir sua existência, afinal de contas a complexidade não está nos tratados dos grandes mestres das ciências conhecidas pelo homem. No entanto, MORIN aponta uma exceção inerente ao ponto de vista epistemológico, desenvolvido por Gaston BACHELARD[15], que considerou a complexidade como um problema fundamental, uma vez que, para ele, não há nada simples na natureza, só há o simplificado. Porém essa idéia chave não foi particularmente desenvolvida por BACHELARD, permanecendo-se como uma idéia isolada.

Segundo MORIN, não se pode conceber a complexidade como uma receita, como resposta, mas sim como uma motivação para pensar, ela é a incompletude do conhecimento. O ser humano é um ser físico, biológico, social, cultural, psíquico e espiritual deve ser estudado com base no pensamento complexo, através do qual será concebido a articulação, a identidade e a diferença de todos esses aspectos, o que não se consegue com o pensamento simplificante, que acaba por separar esses diferentes aspectos, ou unifica-os por um processo reducionista mutilante. O pensamento complexo, busca antes de mais nada encarar o homem sob uma ótica multidimensional, na lição de MORIN[16]:

Durante muito tempo, e talvez ainda hoje, acreditava-se que o erro das ciências humanas e sociais era o de não poder se livrar da complexidade aparente dos fenômenos humanos para se elevar à dignidade das ciências naturais que faziam leis simples, princípios simples e conseguiam que, nas suas concepções reinasse a ordem do determinismo.

O pensador francês, em sua tese sobre a complexidade, nos ensina que cinco são as avenidas ou caminhos que conduzem ao "desafio da complexidade[17]": o primeiro é o da irredutibilidade do acaso e da desordem, que estão presentes no universo e ativos na sua evolução, algo difícil de ser resolvido uma vez que o próprio acaso não está certo de ser acaso e a incerteza continua, inclusive no que se diz respeito à natureza da incerteza que o próprio acaso nos traz.; o segundo caminho é a transgressão pois nas ciências naturais a abstração universalista elimina a singularidade, a localidade e a temporalidade não permitindo que a biologia atual conceba a espécie como um quadro geral do qual o indivíduo é um caso singular, o desenvolvimento da disciplina ecológica nas ciências biológicas mostra que é no quadro localizado dos ecossistemas que os indivíduos singulares se desenvolvem e vivem, e, por isso, não podemos trocar o singular e o local pelo universal, ao contrário devemos uni-los; a terceira avenida é a da complicação, que surge a partir do momento da percepção de que os fenômenos biológicos e sociais demonstram um número incalculável de interações, de inter-retroações (e nesse ponto podemos afirmar que a economia também está em inter-retroação permanente com todas as outras dimensões humanas), uma quantidade expressivade misturas que o mais potente dos computadores não seria capaz de calcular; o quarto caminho ou avenida surge quando se concebe a misteriosa relação complementar e, no entanto logicamente antagonista entre as noções de ordem, de desordem e de organização, e aqui de forma clara surge o princípio order from noise[18], que significa que os fenômenos ordenados – para Morin organizados – , podem nascer de uma agitação ou turbulência desordenada, gerando o problema de uma relação misteriosa entre a ordem, a desordem e a organização; a quinta e última avenida ou estrada da complexidade é a da organização, e aí surge uma dificuldade lógica, pois a organização é algo que constitui um sistema a partir de elementos diferentes, constituindo ao mesmo tempo uma unidade e uma multiplicidade, cuja complexidade lógica de unitas multiplex[19]nos exige que não dissolvamos o múltiplo no uno, nem o uno nomúltiplo.

Edgar MORIN vai mais além, em sua teoria da complexidade ele cita o surpreendente princípio chamado de hologramático[20], comprovando que não só a parte está no todo, mas também que o todo está na parte. Podemos trazer a lume esse exemplo dentro da seara jurídica, ao abordamos o artigo 3º da LICC – Lei de Introdução ao Código Civil, com base no princípio ignorantia júris neminem excusat (princípio rigoroso da inescusabilidade da ignorância da leis), ou seja, ninguém poderá alegar ignorância da lei para escapar à sua obediência ou aos seus efeitos de sua violação, surgindo daí a presunção de que os destinatários das leis terão ciência de seu conteúdo[21], uma prova, de certo modo que, toda sociedade está na parte e, é essa parte que compõe a sociedade.

MORIN relembra PASCAL[22] ao afirmar que a compreensão do todo só é possível através do conhecimento das partes, e só se pode conhecer as partes a partir do momento que se conhece o todo. Para ele as teorias científicas são organizadas a partir de princípios que não derivam da experiência, ou seja, são os chamados paradigmas.

Outro ponto que nos remete a confirmar tal complexidade abordada por Edgar MORIN, é que, se levarmos em conta o princípio químico de LAVOISIER[23], bem como a 2ª lei da termodinâmica desenvolvida pelos físicos CLAUSIUS e KELVIN[24], princípios estes aparentemente óbvios e incontestes, conseguiremos visualizar a complexidade gerada pelo dinamismo da constante transformação do todo.


[1] Gregory BATESON (1904 -1980) foi biólogo e antropólogo por formação. Contudo, como grande pensador sistêmico e epistemólogo da comunicação, incorreu também pela psiquiatria, psicologia, sociologia, lingüística, ecologia e cibernética. Seu pai William BATESON (1861-1926), biólogo inglês conhecido como o pai da genética, foi quem usou pela primeira vez na história da humanidade o termo genética para descrever o estudo da variação e hereditariedade, em 1905 - um ano depois de BATESON nascer. BATESON nasceu britânico em 1904, mas naturalizou-se norte-americano em 1956. Foi casado com a famosa antropóloga americana Margaret MEAD (1901-1978).

in :< http://pt.wikipedia.org/wiki/Gregory_Bateson>

[2] Teoria segundo a qual a realidade tem uma estrutura comparável à de uma máquina, que os fenômenos (incluindo os seres vivos) são susceptíveis de serem reduzidos a um sistema de determinismos mecânicos. Opõe-se, assim, ao finalismo [doutrina segundo a qual o conjunto dos fenômenos naturais (e mais especificamente os processos vitais) acontecem com um fim determinado, previsto. Assim, a evolução orgânica está orientada para um claro fim de especialização e aperfeiçoamento] e ao vitalismo [teoria científico-filosófica que afirma que há no ser vivo algo de irredutível às leis físico-químicase, assim, distingue os viventes orgânicos dos seres inorgânicos].

[3]CAPRA, Fritjof. The web of life – A teia da vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. 16ª ed. trad. Newton Roberval Eichemberg. São Paulo: Pensamento-Cultrix, 2000. p. 24-25.

[4] Fritjof CAPRA (breve currículo): - Doutor em Física pela Universidade de Viena; Diretor do Centro de Ecoliteracy em Bekerley- USA; Autor do Livros: O Tao da Física, O Ponto de Mutação, A Teia da Vida, Sebedoria Incomum, Pertencendo ao Universo, Conexões Ocultas. O seu trabalho há muito transcende os limites de sua ocupação de físico. Cientista, ambientalista, educador e ativista, foi fundador do Center for Ecoliteracy, uma instituição que forma profissionais para ensinar ecologia nas escolas, e também é professor do Schumacher College, um centro de estudos ecológicos na Inglaterra.

[5] A Ecologia Profunda foi proposta pelo filósofo norueguês Arne NAESS em 1973 como uma resposta a visão dominante sobre o uso dos recursos naturais. Arne NAESS se inclui na tradição de pensamento ecológico-filosófico de Henry THOREAU, proposto em Walden, e de Aldo LEOPOLD, na sua Ética da Terra. Denominou de Ecologia Profunda por demonstrar claramente a sua distinção frente ao paradigma dominante - Prof. José Roberto GOLDIM. in:< http://www.ufrgs.br/bioetica/ecoprof.htm.>

[6] Ver Riane EISLER in The Chalice ande the Blade, Harper & Row, san Francisco, 1997. (2000, apud CAPRA, 2002)

[7]Ver Carolyn MERCHANT (org.), in Ecology, Humanities Press, Atlantic Highlands, N.J., 1994. (2000, apud CAPRA, 2002)

[8]CAPRA, Idem , 2002, p.27

[9] PARENTE, André. O virtual e o hipertextual. Rio de Janeiro: Pazulin, 1999. O pensamento de hoje pode ser qualificado de integrativo (intuitivo, não analítico, holístico, não-linear) por oposição a um pensamento auto-afirmativo (racional, analítico, reducionista, linear), se os valores podem ser ditos integrativos (integração, conservação, cooperação, qualidade) por oposição aos valores auto-afirmativos (dominação, expansão, essência, competição, quantidade).

In:<http://www.patio.com.br/labirinto/O%20Virtual%20e%20o%20Hipertextual%20%20Andr%E9%20Parente.html>

[10] CAPRA, Idem,. 2002, p.29

[11]Em termos amplos, podemos dizer que a ecologia social é o estudo dos grupos humanos em interação com o meio em que vivem, sendo esta interação determinante da identidade e das formas de atuação desses grupos humanos no meio. Logo, interessam-lhe os estudos de comunidades, populações e grupamentos humanos levando-se em consideração, principalmente, a dimensão cultural como organizadora da dinâmica destes grupos. Esta dinâmica compõe-se, na verdade, da avaliação de um conjunto no qual se verificam aspectos como: organização social, mobilidade, manifestações culturais (religião, arte) e sua relação com características específicas do ambiente físico onde se encontram. Com isso, estamos enfatizando a importância dada à dimensão cultural nos estudos de ecologia social o que a diferencia da chamada ecologia humana, a despeito de apresentarem uma origem comum.

Devemos observar, que as ambas têm como referência os estudos iniciados na década de 1920, cujo objeto encontra-se situado na interface da natureza e da sociedade, no que tange as sociedades humanas e seu comportamento no espaço em que vivem. Nesse período, um grupo de sociólogos funda a Escola de Chicago nos EUA, desenvolvendo estudos de sociologia urbana, que irão aproximar a ecologia da sociologia. O que marca esta aproximação é a transposição de conceitos da ecologia para o campo da sociologia. Os trabalhos do grupo de Chicago inauguram uma nova metodologia de pesquisa em sociologia, a qual tem como tese principal considerar a cidade como um "habitat natural" do homem. Esta consideração se torna, particularmente, relevante dentro do contexto econômico e social da época. A industrialização crescente fez com que a cidade de Chicago representasse um excelente laboratório de pesquisas em torno do tema da relação e da organização social do homem, em um meio ambiente por ele construído, artificial, e, portanto, produto da cultura humana. As pesquisas empreendidas por este grupo americano, influenciaram, de forma marcante, as gerações seguintes por pelo menos 40 anos. Os estudos em ecologia humana que prosseguiram, no entanto, viram-se marcados pela discussão entre tendências biologistas e culturalistas. Esta discussão se baseia numa importante crítica que se refere à utilização dos conceitos de ecologia nos trabalhos em ecologia humana. Faz-se necessário ressaltar a diferenciação que a dimensão cultural implica, quando o grupo em questão é o grupo humano. Transpor termos de uma ciência natural, como a ecologia, às ciências humanas pode ter como conseqüência o empobrecimento das análises que se seguem e, ao mesmo tempo, uma deturpação do sentido original do termo. De acordo com Pascal Acot, por um lado os homens constituem uma espécie biológica cuja natureza é ser marcada por culturas e, por outro, eles transformam a natureza que os cerca a fim de satisfazerem suas necessidades biológicas e sociais. A controvérsia acima deu origem a diversas ramificações nos estudos de ecologia humana, os quais dividiram-se segundo suas tendência teóricas, Podemos dizer que a ecologia social é uma dessas vertentes, tendo como princípio que o meio ambiente é, ao mesmo tempo, produto das atividades humanas no meio e agente transformador destas atividades. As pesquisas desenvolvidas numa abordagem de ecologia social consistem, ao mesmo tempo, em suporte teórico e meios de obter resultados que favoreçam ações voltadas para a sustentabilidade. Procuram também apontar tendências e conhecimentos capazes de ajudar e apoiar iniciativas de desenvolvimento sustentável nas quais a conduta humana é o foco do trabalho. No entanto, ela faz uma revisão conceitual do que seja sociedade convencionando de forma contraposta ao que se entende por comunidade. Ao contrário, ela reclama as dimensões comunitárias do social. ipsis liter in: http://www.eicos.psycho.ufrj.br/anexos/port_ecolsoc.htm

[12] In: <http://www.leonardoboff.com/site/vista/2001-2002/desafios.htm>

[13] BOFF, Leonardo. Saber cuidar: ética do humano – compaixão pela terra. Petrópolis, RJ: Vozes 1999. págs. 20-22.

[14] MORIN, Edgar. Ciência com consciência; trad. Maria D. Alexandre e Maria Alice Sampaio Dória. 8ª ed. Rio de janeiro: Bertrand Brasil, 2005. p. 175-176.

[15] Gaston BACHELARD (1884-1962), foi um filósofo e poeta francês que estudou sucessivamente as ciências e a filosofia. Seu pensamento está focado principalmente em questões referentes à filosofia da ciência. Dentre suas principais obras destacam-se: "O novo espírito científico", de 1934; "A formação do espírito científico", de 1938; "A filosofia do não", de 1940; "O racionalismo aplicado", de 1949 e "O Materialismo Racional", de 1952.

[16]MORIN,Idem, 2005. p. 177.

[17] MORIN, Idem , 2005, p.178-180.

[18] Princípio desenvolvido pelo cientista austríaco- americano Heinz von FÖERSTER (1911- 2002), um dos arquitetos da cibernética . Seus trabalhos combinavam física com filosofia.O termo significa "ordem frente ao ruído", utilizado na termodinâmica do não equilíbrio de modelos da biologia molecular e também na ciência da informação. In:< http://pt.wikipedia.org/wiki/Heinz_von_Foerster.>

[19] Na teoria de MORIN é o processo complexo tanto do ponto de vista biológico quanto cultural e individual, significa a conjunção do uno e do múltiplo.

[20] "No Universo o princípio hologramático é o princípio chave de toda a organização policelular, cada célula contém o engrama (rede) genético de todo o ser, "a galinha contém o ovo que contém a galinha".

Este princípio hologramático existe no cérebro, quando este produz imagens. Cada ponto do objecto hologramático contém a presença do objecto inteiro, entender-se-á melhor se pensarmos na forma "pobre" como se formam a imagem num monitor da máquina cognitiva, onde a soma das centenas de pixel são o todo da imagem. Ao contrário no cérebro humano, cada imagem tem o todo e o todo tem a parte, onde a parte é capaz de regenerar o todo. O princípio hologramático demonstra portanto um espantoso tipo de organização. O cérebro tem enormes aptidões estratégicas cognitivas dispõe da dialéctica de Conhecer - Agir - Conhecer, foi assim afinal que o Homo começou por transformar um ramo em pau, uma pedra em arma, ou seja de problemas em soluções, de soluções em problemas, têm evoluído as sociedades humanas". Fragmento do texto 'Paradigma' de Carlos A. S. MENDES 27/12/98. In: http://www.cao.pt/surya/cm_2_1.htm

 

[21] DINIZ, Maria Helena. Lei de introdução ao código civil brasileiro interpretado. 3ª ed.. São Paulo: Saraiva, 1997. p. 84 – 87.

[22]Blaise PASCAL (1623 -1662) foi um filósofo, físico e matemático francês de curta existência, como filósofo e místico criou uma das afirmações mais pronunciadas pela humanidade nos séculos posteriores, "O coração tem razões que a própria razão desconhece", a síntese de sua doutrina filosófica é: o raciocínio lógico e a emoção. In: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Blaise_Pascal>

[23] Antoine-Laurent de LAVOISIER (1743 - 1794) foi um químico francês, considerado o criador da Química moderna. Ele foi o primeiro cientista a enunciar o princípio da conservação da matéria. Além disso identificou e batizou o oxigênio, refutou a teoria flogística ( teoria criada por Georg Stahl (1660-1734), no início do século XVIII, que defende a tese de que todas as substâncias que se queimam têm na sua constituição um elemento comum, o flogisto, verdadeiro fogo latente, que se desprende durante a combustão. Esta teoria teve grande influência no pensamento médico, na interpretação da febre e da inflamação, que seriam causadas pela liberação dessa hipotética substância e participou na reforma da nomenclatura química). Célebre pela sua frase "Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma." In:< http://pt.wikipedia.org/wiki/Antoine_Lavoisier>

[24] Rudolph CLAUSIUS (1822-1888) físico e matemático alemão. William T. KELVIN (1924-1907) físico e matemático inglês. Chamada como lei da entropia, ela prova de forma incontestável a existência de uma tendência espontânia para que todas as transformações se realizem no sentido de um aumento de "desordem" do sistema, em outras palavras, existe uma tendência espontânea para que todas as transformações se realizem no sentido de um aumento da entropia. Aula de física ministrada pelo autor (1992) com base na obra de Vasco Pedro Moretto, "Termologia, óptica e ondas", coleção Física Hoje, editora Ática: S.P., 1991. Segundo a física quântica, 'tudo é energia e informação', quanto a energia, podemos afirmar que a mesma estará a mercê da entropia, nesse pressuposto, o sistema, partindo do ponto de vista em que conhecemos, mesmo nos mais organizados pela constância a qual nos apresenta em nossos sentidos mais concretos, estará passível da lei da entropia. Uma vez incontestável, caberá a nós (e aqui, no campo social, entra o direito como o objetivo maior de equilibrar as relações) nos adaptarmos a essa desordem, que no meu entender não passa de uma 'nova ordem', a qual temos que encarar não como uma 'desordem' mas um estágio de reacomodação desse 'sistema', buscando sua compreensão para o equilíbrio da 'nova ordem'. Palestra 'Economia política da sustentabilidade' ministrada pelo autor no curso de direito da Unirg em 2008. buscando o seu equilar nomoder ndor e equilibrador das relaç


Autor: HERÁCLITO NEY SUITER


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