Ludicidade no ensino de Biologia: Uma experiencia com Parasitologia



Introdução

Atualmente mais de 1/3 da população mundial (cerca de 2 bilhões de pessoas) perdem em torno de 65% do valor nutritivo do que consomem, para os parasitos intestinais. Um dos maiores problemas de saúde pública no Brasil, as helmintíases, afetam principalmente crianças de baixa renda, na faixa etária de 5 a 14 anos. Alguns helmintos impedem o desenvolvimento físico e mental, diminuem o rendimento escolar, aumentam a susceptibilidade para desenvolver doenças, podendo levar a anemia, desnutrição, cegueira e até a morte. Trabalhos voltados à profilaxia dos mesmos são necessários para o controle das parasitoses provocadas.

Os Estudos

Nós acadêmicos fomos treinados, para formar multiplicadores, através da educação participativa, durante os estudos fomos capacitados a repassarmos os conhecimentos adquiridos sobre as helmintíases mais prevalentes na cidade de Salvador. Nós acadêmicos participantes do projeto, recebemos uma educação preventiva em saúde, para que pudéssemos ser agentes de mudança na comunidade com a qual iríamos interagir. Fomos incentivados a participação da comunidade participante na prevenção de verminoses e na busca de alternativas para a melhoria da infraestrutura local e, conseqüentemente, na saúde e qualidade de vida dessa comunidade.

Material e Métodos

Nós graduandos do curso de Licenciatura em Ciências Naturais da Universidade Federal da Bahia (1º semestre/2009) participamos do trabalho, por meio do Curso de Extensão à disciplina Parasitologia Humana intitulado: "Estudantes de Ciências Naturais - Licenciatura palestrando sobre helmintoses mais freqüentes em uma comunidade carente de Salvador e adjacências", com carga horária de 120 horas, salvo que no semestre em que trabalhei (2009.1), atualmente o último semestre em que o curso foi realizado, com 130 horas. A metodologia adotada pela extensão teve início com a formação das equipes de alunos, seguida de pesquisas bibliográficas sobre os conteúdos propostos (ascaridíase, tricuríase, enterobíase, ancilostomose, esquistossomose e/ou teníase), sempre estivemos orientados e supervisionados pelos professores-coordenadores. A continuidade foi dada em classes educativas, ou seja, as duas equipes formadas, já visando a execução do trabalho. Fomos treinados por meio de técnicas de dinâmica de grupo onde nós alunos discutimos as finalidades e estratégias de programas de Educação Sanitária e Erradicação das helmintíases. As classes educativas foram todas desenvolvidas durante datas do curso. Fomos orientados a coletarmos o material para diagnóstico por meio da execução de técnicas laboratoriais de exames parasitológicos de fezes. Além da fase de pesquisa e produção de textos, fizemos também apresentação de um seminário na Universidade Federal da Bahia e uma palestra na comunidade carente (Igreja Missionária em Varginha - Inhambupe). Para a avaliação, os professores adotaram os seguintes critérios: o material de pesquisa (texto digitado, ilustrado e encadernado), apresentação do texto em forma de seminário e a palestra na comunidade.

Resultados

Nós alunos utilizamos metodologias que nos possibilitou sermos sujeitos do processo ensino-aprendizagem, interagindo com a comunidade em atividades educativas, palestras lúdicas e participativas. Confeccionamos cartilhas informativas em forma de abecedários, folders e paródias, com linguagem popular e passíveis de publicação para distribuição nas comunidades carentes. Outros recursos didáticos que utilizamos foram: cartazes; pôsteres; painéis; fotografias; slides; transparências; mapas; gráficos; peças feitas com gesso, argila, isopor etc.. Nós alunos também utilizamos jogos educativos com distribuição de brindes para as crianças da comunidade. As dificuldades que encontramos foram: digitação e impressão do material de pesquisa por algumas pessoas e o transporte para o local da palestra, acarretando gastos pessoais aos alunos e professores.

Conclusão

A alta incidência das parasitoses humanas no Brasil, tanto em crianças, como em adultos, onera orçamentos, muitas vezes insuficientes, logo: a educação preventiva aliada ao tratamento de infecções parasitárias desenvolve o potencial da comunidade e melhora consideravelmente sua saúde e qualidade de vida. Nós alunos conhecemos uma realidade concreta: os reais problemas de saúde da comunidade alvo. O curso não propôs mudanças de hábitos nem crenças da comunidade, contudo sua estratégia utilizou a nossa vocação didática como motivadora e catalisadora de mudanças positivas na comunidade com a qual interagimos, instruindo-a sobre medidas preventivas na comunidade alvo do projeto.

Esta atividade também foi útil no sentido de nos capacitar para um melhor aprendizado sobre os helmintos estudados: suas morfologias; biologia (habitat, maneiras de transmissão, porta de entrada, migração no organismo humano e do seu ciclo evolutivo); ações patogênicas e sintomatologias; coleta de material para diagnóstico; medidas profiláticas e o conhecimento sobre métodos de higiene pessoal e doméstica. Ao desenvolvermos nosso trabalho, utilizamos metodologias que nos possibilitou sermos sujeitos do processo ensino-aprendizagem, bem como, após a aplicação do mesmo nos tornamos também melhores cidadãos, comprometidos com o exercício da cidadania, ao interagirmos com a comunidade em palestras lúdicas e participativas.

Referências

·NEVES, DP.; MELO, A.L.; GENARO, O. et al. Parasitologia humana. 11ª ed. São Paulo: Atheneu, 2005.

·REY, L. Parasitologia. 3ª ed., Rio de Janeiro: Guanabara koogan, 2001.

·DE CARLI, G.A. Parasitologia Clínica. São Paulo: Editora Atheneu, 2001.

·CIMERMAN, B; CIMERMAN, S. Parasitologia humana e seus fundamentos gerais.2ª ed., São Paulo: Atheneu, 2005.

·HINRICHSEN, S.L. DIP- Doenças infecciosas e parasitárias. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.


Autor: Uenderson Araujo Barbosa


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