A imagem no banco dos réus



Ela quase foi pro brejo, quase entrou pelo cano. Como é algo intangível, difícil de ser medido, ninguém pensou que alguém perceberia, mas foi botar o nariz pra fora e veio a enxurrada, um volume enorme de críticas e indagações que inundaram a cabeça do fulano, sem estrutura para administrar tanta repercussão. Ele havia feito tudo tão às escondidas, as artimanhas eram segredo de estado, como é que vazou? É aquela velha história: se não é pra ninguém saber, então não conte. Segredo é segredo, mas quando envolve mais de um personagem, fica mais difícil guardar e o rabo fica preso, como se diz por . E quem, de rabo preso, dorme tranqüilo? A ameaça da descoberta ronda a todo instante, tira o sono do fulano, quebra os planos de futuro e, de uma hora pra outra, a máscara cai e junto cai também a reputação. vem de novo essa tal reputação, que quando positiva, é alegria, mas quando resolve trocar de lado...ah.....aguenta os resultados. A imagem negativa vai para o banco dos réus e fica de castigo até que o fulano consiga provar o contrário. As vezes nem consegue ou não liga pra isso...é alguns dizem que não se preocupam com a opinião pública...que receita é essa, hein? No fundo, no fundo todo mundo se preocupa com o que os outros pensam. É difícil demais alguém acreditar que não deve nada pra ninguém e pode fazer o que quiser. Estamos na mira de alguém ou de vários alguéns todos os dias. Desde câmeras fotográficas, os equipamentos de gravação de elevadores, lojas e empresas, olheiros dos concorrentes e outras milhares de pessoas que cruzam diariamente nosso caminho. A roupa que você veste é motivo para a formação do juízo sobre você. A maneira como pinta ou penteia os cabelos, também. O que fala é tão importante quanto à maneira como se comporta, porque mostra sua personalidade, seu caráter. E o que você faz então? Ou até o que deixa de fazer? Tudo entra no caldeirão de informações sobre a pessoa e a empresa para ser analisado pelo público. Se isso não bastasse para formar a opinião, tem também a mídia, que ajuda e muito nesse processo. Hoje o jornal estampa a foto do fulano e uma denúncia. É a crise batendo à porta. E agora? Como é que faz para apagar esse incêndio? É, poderia ter pensado nisso antes, né? Será que não houve tempo para fazer uma lista de prós e contras e decidir pela opção mais acertada, segura, no caminho da verdade e da ética? Se a tentação para o contrário era grande, agora o fulano vai ter um trabalhão para tentar, veja bem: tentar reverter a imagem, limpar a mancha, tirar a sujeira do nome, da carreira e da reputação. Será quetempo? É fulano, pode ser tarde demais.


Autor: Aurea Regina de Sá


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