LIVRO DIDÁTICO DE QUÍMICA: UMA FERRAMENTA IMPORTANTE PARA O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM



Tatianne Sousa Barbosa ¹

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Na socialização do conhecimento, a busca de uma prática pedagógica capaz de unir o conhecimento popular com o científico é um grande desafio. Não se pode discutir os conteúdos de química isoladamente e de forma resumida, pois estes conteúdos devem voltar-se para um contexto, obedecendo uma sequência lógica, que possa atender a demanda dos alunos. A escola torna-se o espaço ideal para que este possa desenvolver valores e interagir com o mundo. Neste espaço escolar, atualmente o livro didático é uma ferramenta importante na construção da aula pelo professor que deseja alcançar um ensino contextualizado e interdisciplinar. Este trabalho enfatiza a importância dos livros didáticos como uma ferramenta de fácil acesso pelos alunos e bastante utilizada pelo professor para alcançar o que propunha os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, em termos de habilidades e competências a serem trabalhadas pelos alunos durante as atividades didáticas em sala de aula.

Palavras-chave: 1 Livros Didáticos, 2 Temas Transversais, 3 Ensino/Aprendizagem

[1] Graduada em Licenciatura em Química pela Universidade Estadual da Paraíba

Um dos grandes desafios encontrados atualmente na socialização do conhecimento é a busca de uma prática pedagógica capaz de articular o conhecimento popular com o científico, na construção de saberes escolares. Sendo assim, não se pode abordar os conteúdos das ciências naturais, por exemplo de química, de forma isolada, uma vez que não basta problematizá-los em base reducionista - conteudista. . Sem fazer apologia do pragmatismo, os conteúdos de química poderiam ser trabalhados em sala de aula na perspectiva da contextualização, obedecendo a uma sequência lógica que mantenha a ordem das unidades temáticas apresentadas nos livros- texto.

Além de contribuir decisivamente para a construção do saber, a escola também possui papel fundamental na formação de indivíduos. Logo, para desenvolver valores que possam servir de mediadores da interação do individuo com o mundo, a escola se torna o espaço ideal para este fim. Nesse processo educativo, o livro didático possui importância na relação que se pode fazer entre os conteúdos e o cotidiano dos atores desse processo.

A função do livro didático

O livro didático tem uma importância muito grande no processo de Ensino/Aprendizagem, pois é um instrumento significativo ao qual muitos alunos e professores têm acesso. Duas funções do livro didático são: direcionar a aprendizagem escolar e estabelecer uma ligação entre a aprendizagem escolar e a vida cotidiana e profissional. O livro compete com as informações trazidas por outros meios, gerando funções novas para este instrumento.

Hoje, o livro didático ampliou sua função precípua. Além de transferir os conhecimentos orais à linguagem escrita, tornou-se um instrumento pedagógico que possibilita o processo de intelectualização e contribui para a formação social e política do indivíduo. O livro instrui, informa, diverte, mas, acima de tudo, prepara para a liberdade (SOARES, 1992).

Nos documentos que definem os critérios de avaliação dos livros didáticos, o MEC (Ministério da Educação) destaca algumas funções, como a internalização e domínio da linguagem e ainda a construção do conhecimento por meio de texto impresso.

Desde que o ensino foi institucionalizado, o livro didático tomou a responsabilidade do ensino coletivo e institucionalizado, não se caracterizando apenas como transmissor de conhecimento e valores. Também cabe ao livro didático o controle técnico do ensino, orientando a pedagogia do professor, as estratégias a serem utilizadas e as decisões em relação aos conteúdos.

Além do saber cognitivo, o livro didático pode propiciar a formação de capacidades e competências. Essas capacidades são os conjuntos de conhecimentos que permitem um saber-fazer e saber-ser para desempenhar algumas tarefas. As competências, por sua vez, são consideradas como um conjunto de capacidades que permitem encarar novas e, da maneira mais adequada, resolvê-las. O livro ainda tem a função de destacar também as funções relativas à interface com o cotidiano e de educação social e cultural.

A necessidade da melhoria do ensino/aprendizagem

É cada vez maior a necessidade por parte dos profissionais da educação em pesquisar como produzir um processo de aprendizagem significativa.

O desafio educativo implica desenvolver a capacidade de construir uma identidade complexa, uma identidade que comporte a pertinência a diversos âmbitos; local, nacional e internacional, político, religioso, artístico, econômico, familiar, etc. (BOLIVAR, 2001, p.265).

Há tempos foi detectada a necessidade de elevar o nível de desempenho escolar brasileiro. Para isto, o MEC (Ministério da Educação) mudou o foco do ensino, que passou de conteudista a formador de comportamento e atitudes dos estudantes.

Para que se torne um indivíduo autônomo através de uma educação emancipatória foram priorizadas algumas competências como:

·Relacionar informações representadas em variadas formas e conhecimentos disponíveis em situações concretas.

·Buscar os conhecimentos desenvolvidos na escola para elaborar propostas de ação solidária, respeitando os valores humanos.

·Para tomar decisões e enfrentar situações-problema deve-se selecionar, relacionar, organizar e interpretar dados ou informações de diferentes formas.

Destaca-se aí, o papel da aprendizagem significativa, através do livro didático, numa esfera social como determinante na construção de um indivíduo consciente.

O professor, antes de apresentar o conteúdo ao aluno, deve utilizar-se de conhecimentos prévios deste como uma ponte que ligará o que ele já sabe e o que ele deverá saber de novidade para que tudo tenha o maior significado.

O ensino de química

O ensino de Química no Brasil tem se tornado um desafio para os educadores e estudantes, pois se encontra dificuldades na implantação de métodos dinâmicos e eficientes que possam promover um maior aprendizado.

São as relações sociais que se estabelecem através da química que mostram que ela está na sociedade, no ambiente. A educação é um dos mais importantes fenômenos sociais em um dos fatores culturais básicos da sociedade humana. Por meio da educação é que as gerações adultas transmitem às novas gerações os seus padrões de vida, as suas idéias, os seus conhecimentos, ou, em uma palavra, a sua cultura. Podemos dizer que a educação é a transmissão da herança cultural ou herança social (AMARAL, 2000, p. 60).

Por esta razão, os alunos desenvolveram uma certa antipatia com relação à disciplina de Química e muitos se julgam até mesmo incapazes de compreendê-la. Um dos principais causadores destes problemas pode ser a falta de investimentos na área da educação. Isso não reflete apenas na falta de material didático contextualizado, mas também na formação de nossos profissionais, que por consequência, irão atuar nas escolas sem a devida preparação.

O ensino de Química não pode envolver apenas uma simples transmissão de conhecimentos, já que o principal objetivo de se estudar Química é despertar no estudante a curiosidade e a busca pelo novo, através da pesquisa, da leitura e dos experimentos.

É importante que o professor saiba quais são os objetivos que ele pretende atingir e quais os recursos deve ter disponíveis. Há alguns obstáculos que podem impedir o crescimento, como por exemplo, o livro didático. O professor não obterá êxito se não escolher livros que atendam de forma satisfatória as necessidades dos alunos e as novas tendências pedagógicas.

Os parâmetros curriculares nacionais (PCN's)

Os parâmetros curriculares nacionais têm a função de proporcionar subsídios para melhorar a educação, sugerindo possibilidades de trabalho e levando os profissionais da educação e a comunidade escolar a refletir o porquê e para quê ensinar.

A escola atual, para todos os educadores, encontra-se em grande debate sobre o que se deve ensinar, porque ensinar e como ensinar. E os PCN's, por sua vez, trazem a idéia de que o papel da escola está além das informações. Uma vez que os veículos de comunicação cumprem esta tarefa melhor que a escola.

Um ensino de qualidade que busca formar cidadãos capazes de interferir criticamente na realidade para transformá-la deve também contemplar o desenvolvimento de capacidades que possibilitem adaptações às complexas condições e alternativas de trabalho que temos hoje, e a lidar com a rapidez na produção e na circulação de novos conhecimentos e informações que tem sido avassaladores e crescentes. (BRASIL, 1996, p. 34).

Os PCN's têm como objetivos para o ensino médio:

1. A formação da pessoa para desenvolver valores e competências necessárias ao seu projeto individual e com a sociedade;

2. O aperfeiçoamento do aluno formando-o eticamente e desenvolvendo intelectualmente o seu pensamento critico;

3. A orientação básica e preparação para o mundo do trabalho;

4. A autonomia para continuar aprendendo e se desenvolvendo de forma autônoma e crítica em maiores níveis de estudos.

A escola deve englobar assuntos e problemas sociais, já que o enfoque principal dos PCN é a cidadania. Incluir questões e temas reais, como as drogas, doenças sexualmente transmissíveis, energias renováveis, poluentes das águas, possibilitam que o ensino torne-se mais significativo e favorece, assim, a reflexão e intervenção na realidade.

Os PCN's e a contextualização do ensino–aprendizagem proporcionam a construção de saberes pelos próprios alunos. "Parte da atual crise da aprendizagem deve-se ao choque entre uma visão mecanicista da educação e uma civilização cada vez mais relacional e de contextos. (Figueiredo e Afonso, 2006)."

A contextualização

Tem sido abordada, de diferentes formas na sociedade, a educação como um processo de socialização das pessoas com o tempo e o meio.

Para evitar a formação de indivíduos treinados para repetir conceitos, aplicar fórmulas e armazenar termos. A formulação de atividades deve contemplar a realidade imediata dos estudantes. É muito importante que o aluno possa reconhecer as possibilidades de associar os conteúdos com o contexto em que ele está inserido, para que ele perceba o significado imediato do que é visto em sala de aula.

Ao selecionar os conteúdos da serie em que irá trabalhar, o professor precisa analisar os textos, verificar como são abordados os assuntos, para enriquecê-los com sua própria contribuição e a dos alunos, comparando o que se afirmam com os fatos, problemas, realidades da vivencia real dos alunos. (LIBÂNEO, 1990, p.52).

É necessária uma maior participação do educando no que se refere ao ensino/aprendizagem. Diante todos os problemas que a escola enfrenta, os PCN propõem a contextualização como uma forma de se propiciar a reflexão e a discussão do ensino atual.

Contextualizar o conteúdo que se quer aprendido significa, em primeiro lugar, assumir que todo conhecimento envolve uma relação entre sujeito e objeto. O tratamento contextualizado do conhecimento é recurso que a escola tem para retirar o aluno da condição de espectador passivo. (Brasil, 1998, p. 34).

Os temas transversais

A educação deve estar vinculada e comprometida com a cidadania, se esforçando para, junto aos alunos, desenvolver princípios como a dignidade da pessoa, a igualdade no cumprimento de leis e a participação e corresponsabilidade com a vida social.

É preciso ressaltar a importância do acesso ao conhecimento social acumulado pela humanidade. Porém há outros temas diretamente relacionados com o exercício da cidadania, há questões urgentes que deve necessariamente ser tratada, como a violência, a saúde, o uso de recursos naturais, os preconceitos, que não tem sido diretamente contemplado por essas áreas. Esses temas devem ser tratados pela escola, ocupando o mesmo lugar de importância (BRASIL, 1997, p.25).

Para fundamentar a cidadania, os conceitos e valores dos temas transversais correspondem a questões de grande importância para a sociedade brasileira.

A palavra transversal, segundo o Aurélio, é definida como pessoa que passa ou está través ou obliquamente. A transversalidade, na educação, passa a ter um espaço na organização dos trabalhos pedagógicos. Pois a escola, lugar de resgate de valores e padrões, está esquecida desta conduta que lhe pertence. Contudo, a questão dos temas transversais não constitui algo muito novo, mas deve aparecer para transformar o modo de vida dos alunos. Além de proporcionar mudanças de valores e conduta nos grupos, os temas transversais tendem a transformar os educadores, lhes dando uma maior responsabilidade na formação dos educandos.

Daí, os temas transversais passam a ter uma grande relação com a interdisciplinaridade. Os currículos brasileiros não permitem uma maior flexibilidade disciplinar, não concedendo, assim, uma interação entre uma disciplina e outra.

A idéia de transversalidade sugere uma boa perspectiva de trabalho escolar. O ensino por projetos leva o professor, de diferentes áreas, a se comprometer com a formação e informação dos alunos, proporcionando o melhor entendimento sobre os fenômenos naturais de uma maneira mais crítica e consciente.

Considerações finais

Considera-se que a análise de livros didáticos é uma importante ferramenta para compreender as fontes bibliográficas que professores estão trabalhando no Ensino Médio na busca de um novo ensino que seja capaz de alcançar a realidade e o universo do aluno e tem uma grande importância para a contribuição na melhoria do ensino/aprendizagem

De acordo com este pensamento, percebe-se que os livros didáticos mais contextualizados oferecem mais subsídios aos alunos, facilitando o processo de aprendizagem, pois ao visualizarem situações vivenciadas por eles, o aprendizado torna-se mais consciente, na medida em que há uma contextualização dos conteúdos com a realidade vivida.

Referências

SOARES, Wander. O Livro Didático e a Educação. 2002. Disponível em: < http:// www.abrelivros.org.br/abrelivros/texto.asp?id=154> Acesso em: 02 de abril de 2009.

BOLIVAR. A Globalização e Identidades: Território da Cultura. Revista de Educação, n.8, ano VI. 2001.

BRASIL. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: 1996, p. 34.

BRASIL. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: 1997, p. 52.

BRASIL. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: 1998, p. 34.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. Coleção Magistério. São Paulo: Cortez, 1990.


Autor: Tatianne Sousa Barbosa


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