Hoje - Poemas que Discutem os Fragmentos do Hoje




Peço atenção a ti decadência, que tanto nos há perturbado, esclareço que hoje será perturbada. Não importa se La fora é pleno o sol ou encharcada a chuva, se tremem os ossos ou se ferve a pele. Se desesperará com o caótico desaparecimento da angustia e da precipitação.

As palavras prenderão-me ao movimento, libertarão-me do medo e a percepção será sentida, a sensibilidade entendida. Nunca mais será emitido dos monstros que rastejam no chão, decibéis vazios, saberão que nenhuma medida vale à pena.

Aos filisteus de hoje, de nossas praças, mando um grande abraço, pois já são velhos e logo conhecerão a voracidade do vício dos vermes que vivem sob nossos pés, pairando sobre nossas cabeças. E um grito aos que não se ocupam da liberdade e seguem seu determinismo tóxico. A Todos que procuram por fragmentos, embalagens e solidão compartilho da ausência de qualquer todo.

Estamos presos na nossa trajetória infinita já disse o homem e seu violão, por nossos poetas já foram desmoralizados os rios de aço que cortam nossos corações. As ruas cheias de sujeiras já iluminaram muitos e os poucos que viverão nas sombras escutaram a sonora despedida do egoísmo.

 

HOJE O VENTO MATOU O TEMPO

 

Construindo com a velocidade

A destruição

O vento assopra o tempo

Trava o ponteiro

Gruda na sepultura seus nomes

E sua violência.

Flutuam na rajada

As cinzas das horas.

4 tempos tocaram.

Queda brusca ao chão do nada.

Tombada vazia

Tropeçada nos dedos do tempo

Batida confusa na escuridão.

Água discreta escorre

E os cantos gritam

Na pausa

Dos 4 tempos que me transformaram

Traguei todas as nuvens do céu

Para a lua me luzir

A lunática acenou do luar

Quente ausência que me lembra

Sua presença gelada.

Seduziu-me com o céu de todo dia.

evidência

Que os 4 tempos

Não marcam os passos

No descompasso

Percebe ausência,

Quando faz falta.

4 tempos que determinaram

A dependência em transformar

Agonia na liberdade

De deixar o ponteiro travado.

Entortar e ver

É o vento que assopra o tempo.

E grudado na sepultura

Ainda conta o passar dos dias,

Pesa as cinzas das horas.

Nenhuma gota vermelha escorreu

Tempo em sua despedida.

Vento e voou.

Pisca e acende.

4 tempos me transformaram.

 

HOJE FAÇO UMA PEQUENA DESPEDIDA

Os fumos que bolei

Os beiços que beijei

Sumiram

 

Os furos que eu dei

Os dentes que não escovei

Carcumiram

 

O que certamente não farei

O que sei que não sei

Agonizam

 

A mais valia não dei

Da bruxa desviei

Faminto

 

A aparência é lei

Só a sala eu limpei

Deteriorado

 

Pra quem ta no exploratório ócio

A divida alheia é negócio

Não paguei

 

No domingo que votei

Coleira nova eu comprei

Cachorrão

 

Faminto e deteriorado

Passo a passo assustado

A calçada tão ardida

Não perguntei porque chovia

Passou a noite fria

Começou a manha vazia

Parei sentei deitei

Disciplinado que sou

Muito quieto chorei

Cai a chuva forte

Isso não é um trote

Chove chuva

Chove sem parar

 

A tv não desliguei

A luz acessa deixei

Para a bruxa não voltar

Adios muchachos

 

 

HOJE EU QUEBREI MINHA TELEVISÃO

Entortada e sem direção

Aponta o caminho

Demole a ilusão

Sua cabeça preocupada

Sem razão

É agora, esquece o que aconteceu.

Cabeçada crua ocupada

Mesmo quando anoiteceu

Esqueceu da fantasia,

Hoje e todo dia, com azia

Olha pro céu, se fosse deus.

Diz adeus

Como quem diz bom dia

 

O que importa

Viva ou morta

Se calada é ferida

Se falada reprimida

Hoje e todo dia

Hoje é todo dia

Se pelada oprimida

Se vestida, ridícula.

Hoje e todo dia

Hoje é todo dia

 

Sempre será amanhã

Ate quando amanhã

A janela se abre

Ate onde acabe

De manha,

O sol bate e desperta

Irrita quem grita

Mas levanta e canta

Sai da cama e ama

Pisa sem trocado

Com chinelo arrastado

Nenhum nobre postulado

Segue a linha do chão

Sem onde pendurar a vida

Sem nenhuma paixão falida

Canção reprimida

Dia a dia

Ate onde acabe

Ate amanhã

 

HOJE ESTOU REPETITIVO E MAL-HUMORADO

Não é porque conhece as ruas e as rodovias

Não é porque procura contar o tempo, o passar dos dias

Que certamente sabe quando e onde está

 

Não é porque decorou letra a letra sua identificação

Não é porque repete e descreve seu dia a dia sem paixão

Que realmente sabe quem é você

 

Não é porque almeja um cargo alcançar

Não é porque quer uma quantia acumular

Que tem um motivo para viver

Ainda não descobriu o que vale ter

Ainda não descobriu o quanto pode amar

Tudo isso um dia vai acabar

Qual sobra da existência poderá guardar.

 

Fósforos escondidos

Ainda podem queimar

Buracos vividos

Ainda podem aprisionar

Bocas caladas

Ainda podem se abrir

Vidas perdidas

Ainda podem se unir

 

Amor queimado cheira saudade.

Esperança estilhaçada, ciúme covarde.

Vida fragmentada, ausência de lar.

Estrelas apagadas, vingativa ilusão.

 

O asfalto quente derrete os sonhos.

A lágrima cai, esquenta, some

E despenca com a chuva forte.

Agora faz sentir sua potência.

O que havia visto nas nuvens?

 

Descaso dos cosmos

Deixar-nos tão próximos do nada

Perdidos na existência de verdades

E feridos pela constante mentira.

Inventou-se um óculos chamado cifrão.

 

Somos transparentes.

Nada pode nos consolidar

Tudo nos arranca os pedaços

E do chão, os monstros berram

Sem produzir qualquer decibel

 

HOJE PAIORO E ME FASCINO

Não me ponha no chão

Estou pairando

Não jogue a ponta no chão

Estou viajando

Posso ser o sonhador derradeiro

Mas nunca escutara as loucuras do meu travesseiro

Sonhe vem ver o que paira no infinito

Descubra a sepultura do fim.

A vida sem a vivência?

Acreditou na insanidade

 

Pode me arranhar

Pode me chutar

Tortura maior é ver o mito ativo

Vou derrubar o que diz definitivo

Na minha cabeça idéias e um chapéu

Na sua, só velhos preconceitos e ditos.

Quem será que alcançara o céu

Quem vai entender aquilo solto no infinito

 

A bala que percorre

O sangue que escorre

Não cabem no infinito

Não queira adivinhar o que tenho dito

Não queira ver o que faço escondido

Com a percepção ferida.

O fim não vive.

A parada é só um mito

Todo dia existo

Sem querer saber disso e daquilo

 

No meio da densa fumaça

Vejo a pequena claridade

Que machuca, mas liberta.

Sua mente é agora aberta

Ate que enfim você veio

É isso que faço escondido

É isso que paira no infinito

Perceba a ausência do desespero

E escute as loucuras do meu travesseiro

 

HOJE RABISCO UMA PERTURBADORA APOLOGIA

Se já não te sobra nada

Ajoelha-te e depois tussa

                  

O desembrulho deixa-te tão assustado

Olha e vê os restos lambidos

E os corações aflitos

Os presentes rasgados

a mente perturbada

Agitadores de embalagens

Olharam para uma tela quando foi dita a voz do irmão

Já não é mais para um humano que olha.

 Cai-se no chão

Abre a carteira, pega o cartão

Palmas pra terceirização

Esse fluxo podre nos leva a vida

Nos lava toda a essência

Não sabemos quem nos toca

Agitamos palavras podres e recortadas, picadas

Jogamos um nos outros os pedaços sem nos deixar ver

E depois cada um, sem olhar pra qualquer outro

Pega os fragmentos depositados

Que toxicamente nos interessam

 

E a substancia? Perguntam-me ansiosos e desesperados

Com a tela no lugar do olho

Os agitadores de embalagens, os demolidores de conversas

Sem poder contar com a profundidade de qualquer grito

a solidão responde :esta somente o sangue, nosso sangue,carrega

 

Fales suave quando estiveres ao meu ouvido

Mas não ouse segurar o grito, se lhe irrita

Mesmo na casa abafada de quem não grita

Estar perdido, faltar a fala, não encontrar sentido

 

Ao longe a ausência da coroa, estilhaço do desespero

Deixa a união morrer coroada sem esperança, com medo por inteiro

Se estiveres em pedaços, fragmentado diante a lua crescente

Deixara de amar a lua cheia, estará corroído e ausente

 

Tanto faz tudo e somente o que é aparente

Acreditamos mas somos tão descrentes

Vivemos mas esperamos a morte com fé

 

Vamos acorde, vamos passear e tomar café

A crueldade de um grito ao ouvido

Pode se quiseres fascinar-te e ter sentido

 

Abra e veja o que sobrou

Vale a pena se aproveitar disso

Ou a limpeza lhe custara a harmonia

E vera em pedaços o desejo

Sempre no ensejo

 

HOJE COMEREI SETE LAMBISGOIAS

Esqueça não chore.

Pasargada não existe,

Existe apenas o sonhador.

Como puderam nos enganar,

Dizendo que seriamos felizes

Tendo importância e grana

E agora a nos mesmos

Dizemos as falsidades da vida,

Contendo a fácil lagrima

Que quando escorre

Molha ombros interesseiros.

 

Nunca sentimos o gosto de um beijo.

Estamos preocupados com opiniões.

Nunca contemplamos paisagens.

As horas inexistentes que nos sufocam.

 

O sangue vai escorrer.

Porque não diz isso a criança.

Saberia pelo menos lambê-lo

E sair cantando sua melodia colorida

 

Juntos podíamos escrever louca aventura,

Preferiu juntar dinheiro pensando

Estar felicidade acumulando.

Não se esqueça da sua vida gerúndio

Nada se completa completamente.

 

A chuva floresce.

Encantadora.

Do céu escuro vem trazer verde,

Molhar asfalto, escorrer pelas vielas.

Trazer a umidade, contemplando fungos,

Desgraçando os pulmões

Dos anticidadões.

Choram as crianças?

Não, a dor é sem tamanho.

Lagrimas são gotas no atlântico

Ódio se acumulando

No peito de quem devia estar cantando

Sinto muito compre vidros blindados

 

Cansei de ditos

Sou selvagem

Pagão

Lambo orvalho

Cheiro fezes

Limpo vinis

Vinis?Árvores?Bichos?

Não vi nada disso

Em livros assassinos

Vejo desenhos

De plantas que morreram

A custa de papel barato

Limpou bunda de burguês

 

Lambedores de orvalho

Que na madrugada incessante

Sobem em árvores

Na tentativa de alcançar o céu

Por isso nos rebelamos

Podemos ver o que queremos

Mais jamais tocar, beijar ou lamber.

 

HOJE CONVERSEI COM UM COVEIRO MALUCO

O coveiro não acredita na sorte, não acredita na morte.

Toca rock and roll pros amigos sem se preocupar

Guitarra dos antigos, rock explosivo.

Livro e serpente assustam, decisivo à mente.

Segredos de antigamente, jogo de cartas.

O vicio ultrapassa a neblina

Deixa pra morte a vida perdida, vendida.

Os urubus tentando alguns passos

Tentando a carne nova que não se da conta

Seca o coveiro que não sabia

Onde esta o adultério

Que rasga o amor eterno

Reclamam da morte

Da falta de sorte

Da carne ausente

Do whisk quente

Do coveiro que erra alguns acordes

Das caveiras viciadas no mesmo porre

Esquecem do amor eterno

Na festa do cemitério

Caveiras se olham e se convidam

Para deitar a luz do luar

E gemer no mármore gelado

Na festa do cemitério

Espaço para o adultério

Descrente na cruz que não aponta pra lugar nenhum

São somente enfeites e decoração

Pingentes que brilham na escuridão

Lembram as estrelas da vida

O que é senão ilusão

 

HOJE A MADRUGADA FOI O ULTIMO BAR ABERTO

São os minutos

É a hora

Hoje é o dia

O momento é agora

Bares abertos

Quando alguma coisa acaba

E ainda precisamos dela

Claro são 4 da manha

Pela ponte já passamos

O rio devia ter o curso torto

Nossa cabeça esta torta

Bares abertos as 4

Que horas deixar a noite

É conversa pra outro dia

Numa cidade do interior

Quando o vento bate

E agente fica feliz

Balcão sem marca de copo

Qualquer marca de cerveja

A mesa esteja próxima 

Será escolhida

Pra uma noite ser vivida

A pior possibilidade é a certeza

Dessa forma ilusória de prazer

O jeito de tem que ser

Já quis que os sonhos

Aparecessem no sapato

E os olhos mostrassem

O que é o dia

E o sol não é deus

Eu não sou abençoado

E a trilha dos cachorros magros

Continua a pendurar nossos sonhos

Mas eu não sou desavisado

Não me assusto, não berro

A noite não é a lua

Mas é tão forte o luar

A lua e o olhar

As coisas acontecem e nem percebe

Quando vê grita e pede socorro

Morde as grades, baba nas algemas

Quando foi preso, quando as palavras

Passaram a não valer nada

Não se lembra de nada e as coisas acontecem

Fotografias são tiradas e sorrisos são desperdiçados

Mas mesmo amaldiçoados sorrimos

E já cansados de repetir, repetimos

E queremos, mesmo quando não faz falta

Mesmo quando falta a fala

Mais uma tragada

Quem abriu

As cortinas que escondem dos invasores

O desespero dos inocentes cercados

Por suas próprias mentiras

Antiga conduta, a salvo com deus

Desabrochou do reprimido as cores

Loucura refez o olhar, agora colorido

Luzes e os sonhos

Como cantar sem ouvidos que possam escutar

Como sonhar sem haver uma realidade pra realizar

Loucura refez o olhar, agora divertido

Luzes e os sonhos

Fazendo o que fazemos comprar

E nega o que não se vende

Medo de alguém te sufocar

Não faz o que faz respirar

Fazendo o que não pode

Assim deveríamos estar

Cachorros magros sonharam

Escureceram em branqueados ofícios

Sorrisos dizem conter desperdício

Na cara daqueles que mandavam

Ofensas na guerra

Tiros no peito

Estar solitária

A barriga e o leito

As coisas acontecem

E a roda gira

Você vai ver o sol

Nos meus olhos

E vou rolar na montanha

Pra te mostrar o que é real

E o que fazer por ele

O sonho e o sol

Olhar e o olho

Tão farol, tão caolho

 

HOJE ME ENCONTREI COM UM DEUS

A melhor coisa que já comi foi a parafina

Perdoe meu deus por não temê-lo

Por não considerá-lo em meus atos

Antinatural seria se fizesse o contrário.

 

A melhor coisa que já lambi foi a folha com orvalho

Perdoe senhor por desafiar-te

Dizendo que não é nada

E que não interessa sua existência

Só enganaram meus irmãos em seu nome

 

Não temo sua ira

Sei que qualquer um tira

Da cartola seu nome

Para enganar quem tem

Fome e tome e peide e cage

Em seu santo nome

Em vão, prefiro meu cão, meu pão.

Minha salsicha barata de onde por cima passou

A barata

Mais velha que o senhor

Já a esmaguei gritando meu deus

Em vão

Cadê meu pão

E a sua ação

Palavras de um bundão

 

Conformamos-nos com os reacionários

Por acreditar que tudo pode piorar

E vamos aos templos orar

Pedindo a deus o que não se pode dar

 

HOJE CRIEI UMA REZA DE PAVOR

 

Na noite em frente ao medo

Compartilhando com o silencio e as cinzas

Rezam as almas sem território

Em frente ao grande muro

O que pensam todos eles

Sem querer penso neles

Desconhecidas ausentes inoperantes

 

Quem vai olhar pro céu

É tanto muro, tanto concreto,

Tanto sangue.

Quem vai conseguir sonhar.

Enquanto se reza, a esperança.

Como posso permitir sonhar e conter-me

Estarem a me cutucar e queimar os lábios

Ao mesmo tempo, na mesma temperatura.

 

 

Os fatos descalços são um bando de moleques

Que gargalham da sirene no escuro

De alegria e de pavor

O que é pavor, por favor?

Já se pergunta a existência nova, calejada.

 

Uma passagem pro céu da sorte

Minha boa ação vai abraçar

Guilhotina já perdeu o corte

E nem a carne fraca faz sangrar

 

Rezo, sempre que no escuro preocupado.

Não lambo sopa quente, eu queimado.

Percebo todo dia de preguiça que eu deito

Acredito toda noite que assustado levanto

 

Não se esquece de cigarro nem de mulheres

De lado se olha pra fumaça e seus desenhos

Na cara se baba pela perna e seus encantos

 

Sujeitos perfeitos vêem desfeitos seus efeitos

Nem carrego na lua cheia, nas costas os sonhos.

Espero nova lua brilhante se tu de vermelho vieres

 

 

HOJE TAMBEM PEDE PRA ACABAR

Deixe me esquecer de hoje

Antes que o amanhã me cutuque

Que se calem

Todas essas vozes trêmulas

 

A paranóia faz ressoar

O meu ensejo

Que acabe antes do fim

Meu desejo

 

Quando estivermos a sós por vontade

E a mão apontar somente para nossos abismos

Já estaremos envoltos pela sombra fina

Desintegraria se os decibéis de meu grito

Não fossem mais medidos

Sentidos com nosso sentido

Se o hoje fosse um muro baixo

E o amanhã o jardim que nos faz pular

Eu o pixaria antes que terminasse

Mesmo se tivesse atrasado

Mesmo que o amanha já estivesse no ensejo

Não puniria esse meu desejo

Não deixaria que a sobra escurecesse meus olhos

Já consigo imaginar amanhã pulando hoje.

 

 


Autor: Mateus Belizario


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