Numa tarde de verão...



NUMA TARDE DE VERÃO...

Era uma calorosa tarde de segunda-feira. Olhei para o relógio e, percebi que ainda faltavam uns cinco minutos até que chegasse meu primeiro paciente. A entrevista estava marcada para as 14:00h . Como tudo já estava preparado, parei por um instante e, contemplei o consultório que eu havia montado – "meu primeiro", pensei. Dez meses haviam se passado desde minha formatura e, satisfeita percebi que estava conseguindo atingir meu objetivo.

O consultório tinha um tamanho que eu considerara ideal e, os móveis eram poucos, porém, davam ao ambiente uma harmonia gostosa e, um certo "Q" de tranqüilidade. Havia uma pequena escrivaninha e, sobre ela um porta-retrato com a foto de minha turma de Psicanálise. O Curso? Havia sido bom! Por um momento, boas recordações me vieram à mente e, com um leve e maroto sorriso, lembrei por um instante, que peguei muito no pé de meu professor...rs!!! Alguns itens necessários estavam também ali e, dentre eles, minha agenda com um bom número de pacientes marcados para aquela semana. "Ótimo!" Pensei. "As coisas estão começando bem".

Sentada numa poltrona aconchegante, dei uma rápida olhadela naquele ambiente iluminado fracamente por um discreto lustre central. Verifiquei o ar condicionado. "Ótimo. O ar está bem agradável", pensei. As paredes tinham tons pastéis bem claros, as quais, faziam um delicado tom sobre tom com as persianas, proporcionando ao lugar um efeito bastante acolhedor; o teto, por sua vez, era de um branco neve, com lindas sancas igualmente brancas que contornavam todo o ambiente. Na parede onde se encontrava o aconchegante divã cor de palha (como os demais móveis), havia uma suave textura de um verde-limão gostoso de olhar, que transmitia uma sensação gostosa de tranqüilidade e confiança. "Escolhi bem", pensei. Fora o verde-limão daquela textura de cor tão suave, as cores que predominavam naquele ambiente eram os tons pastéis, o palha e o branco neve.

Havia um quadro grande de fundo branco que ficava naquela parede de textura verde-limão. Nele, se via um pescador, que já ao entardecer, preguiçosamente lançava sua rede sobre as águas de um azul profundo e, ao mesmo tempo tão suave, que parecia um verdadeiro convite a um mergulho. Na margem, podia se ver um lindo cachorrinho branco que brincava feliz com uma criança de cabelos cacheados e com uma pequena bola colorida. Aquele quadro, cuidadosamente escolhido, contribuíra para acrescentar ao ambiente um agradável convite ao relaxamento. Eu o havia comprado pensando no quanto me seria útil nas sessões de livre associação.

Não havia relógios, nem mais nada que pudesse distrair a atenção. Tudo havia sido cuidadosamente planejado. "Sem dúvida, conseguira criar um ambiente adequado" constatei por um instante.

Olhei para o relógio e, faltava ainda um minuto - "Estou pronta" pensei.

14:04h, um toque na porta, seco, porém, tímido se fez ouvir. Era Jonas, meu primeiro paciente, desde que eu havia me formado. Por um instante ele me fitou com um certo "Q" de desconfiada secura.

Com um leve sorriso o cumprimentei e convidei-o a entrar.

  • Boa tarde, senhor Jonas!
  • Boa tarde, Dra. Jeane – respondeu ele, ainda desconfiado e um tanto confuso.

Puxei uma confortável cadeira, convidei-o a se acomodar e, após isso, posicionei-me em minha poltrona atrás da escrivaninha, fitei-o com atenção em seus olhos e, perguntei:

- Eu gostaria muito de saber o que levou o senhor a vi a meu consultório, senhor Jonas?

  • Bem, doutora, eu vim, pois, Elias, um amigo meu, aconselhou-me a procurá-la e, na verdade, eu não tinha certeza se queria isto. Mas, ele procurou me mostrar de todas as maneiras que isso poderia me ajudar e, eu acabei vindo - respondeu ele meio desajeitado.
  • Fico feliz que tenha vindo, senhor Jonas! Eu tenho certeza que poderei ajudá-lo, afinal, é para isso que eu estou aqui. O senhor sabe como funciona a Psicanálise?
  • Muito pouco.
  • Eu vou lhe explicar.

Nos instantes seguintes, expliquei aquele jovem senhor todo o procedimento e, após ter ele concordado em firmar comigo um contrato analítico, tendo preenchido toda a sua ficha, demos início à nossa entrevista ainda naquele dia.

Sessão 1 – 03/04/2006 - ( X ) Pg.

AS ENTREVISTAS

Havia chegado o momento de minha primeira entrevista com um paciente. Percebi satisfeita que me sentia bastante segura para isso. "Que bom", pensei .

- Por gentileza, senhor Jonas, acomode-se bem à vontade neste divã. Como já lhe expliquei no início, o divã é uma peça importante nesse processo. Lembre-se ainda, que eu estou aqui por que posso te ajudar. Vou estar nessa poltrona aqui ao seu lado, ok?

  • Certo – respondeu ele um tanto distante.

Naquele dia, ele se manteve em profundo silêncio e totalmente distante da realidade e, assim se manteve até o momento em que lhe comuniquei que a sessão se havia encerrado. Não o interrompi. Pontuei apenas. Despedimo-nos, ficando combinado que na próxima segunda-feira nos encontraríamos no mesmo horário

Sessão 2 – 10/04/2006 - ( X ) Pg.

Eram 14:07h, quando ouvir novamente aquele toque seco e tímido na porta. Era ele. Cumprimentamo-nos e o convidei a sentar-se no divã.

Encabulado ele se dirigiu ao divã e se acomodou como eu lhe havia orientado. Mexeu-se várias vezes e, finalmente começou a relaxar, parecendo sentir-se confortável.

  • Por favor, o senhor Jonas, gostaria que me contasse o que o levou a aceitar o conselho dado por Elias, seu amigo?

Por um instante, ele me olhou surpreso por eu ter citado o nome de seu amigo Elias. Tendo certamente concluído que eu o ouvira com atenção quando pedira seus dados, respirou fundo e pareceu relaxar um pouquinho mais; olhou para as próprias mãos e as esfregou várias vezes e, cabisbaixo começou a falar:

- Ah! Deve haver algo de muito errado comigo, doutora. Sou uma pessoa muito ranzinza e introvertida. Até Elias, meu único amigo, acha que eu não estou bem. Foi ele que inventou essa besteira de eu vir ao psicanalista. Eu nem deveria estar aqui. Para ser sincero, acho que seria melhor que eu nem tivesse nascido. Por que sou assim? Por que não consigo ser diferente? Tenho um ministério maravilhoso, sabe? O Deus vivo me escolheu para ser um de seus profetas. Mas, tudo o que eu consigo pensar é no lado negativo das coisas. Ah! Essa vida é tão ingrata, doutora! Nada dá certo pra mim. Eu já disse a Deus que quero morrer. Acho que vou acabar cometendo um suicídio. É isso, eu vou me matar e, vai ser ainda esta semana. Vou bolar uma maneira e, vou acabar com isso de uma vez por todas.

De repente, ele parou e fitou-me atentamente como se quisesse ver que efeito suas palavras me haviam causado. Nada demonstrei a não ser atenção em tudo o que ele dizia. Porém, pontuei discretamente aquilo em minhas anotações. Ele, por sua vez, um tantinho frustrado, continuou:

- Como eu já lhe disse, doutora, eu sou filho único. Minha mãe ficou viúva muito cedo e, quando eu ainda era muito jovem, moramos em Serapta. Eu gostava daquele lugar. Mas, então, aconteceu aquela tragédia e, eu vim a falecer. Sabe, doutora, Elias, meu amigo é também profeta de Deus e, Deus o usa de uma maneira que eu nunca tinha visto em toda a minha vida. Foi por intermédio dele que Deus me trouxe de volta à vida, sabe? Ele, contou-me o desespero de minha mãe quando aconteceu aquilo comigo. Eu tenho muita raiva, sabia doutora? Porque uma mulher tão boa quanto minha mãe teve que ficar viúva tão cedo e, teve ainda que passar por tantas dificuldades? Ela passou fome. E, até o dia de hoje ainda passa por muitas lutas, sabia? Sem contar com o fato de que leva uma vida muito solitária. Sofro só de pensar nisso.

Enquanto narrava-me, notei que seu semblante transparência muita raiva e, um misto de sentimentos confusos. Parecia lutar contra o desejo de chorar. Por um instante calou-se como se lhe fosse difícil dizer coisa alguma. Pontuei isso também.

Naquele dia, Jonas não voltou mais a falar do suicídio. Mas, prosseguiu narrando as dificuldades vividas por seu povo e, sua frustração e raiva por ver que os ímpios muitas vezes prosperam, enquanto os servos de Deus, passavam por tanta angústia e sofrimento. Por razão, dizia ele, odiava Nínive e, tudo o que ela representava. Nínive representava para ele a prosperidade do ímpio em detrimento do justo e temente a Deus.

Passados os cinqüenta minutos, encerrei aquela nossa primeira sessão, dizendo:

  • Senhor Jonas, na próxima semana, falaremos mais sobre o que você disse hoje a respeito de querer suicidar-se. Voltaremos a nos ver na próxima segunda-feira, no mesmo horário. Sabe que não pode faltar, nem chegar atrasado, ok?
  • Sim, doutora! Até semana que vem.

Sessão 3 – 17/04/2006 - ( X ) Pg.

Ouço uma batida na porta. Novamente aquele tom seco e tímido. Era ele. Desta vez, pontual. Jonas, parecia mais leve, mas, ainda assim, bastante encabulado. Cumprimentei-o e o convidei a sentar-se no divã; após também acomodar-me, disse a ele:

  • Senhor Jonas, em nossa última entrevista, o senhor me disse dos seus planos de cometer suicídio. Hoje nós vamos falar um pouco mais sobre isso. Sobre o por quê de o senhor se sentir assim, ok?

Ele pigarreou um pouco, esfregou novamente por várias vezes as próprias mãos, mas, finalmente pareceu relaxar. Pela primeira vez, pareceu notar o ambiente ao redor. Olhou com certo interesse tudo a sua volta e, voltou especial atenção ao quadro pendurado na parede de textura verde. Parecia deliciar-se com a imagem que via, chegando a parecer querer se lançar dentro dele e esconder-se em algum cantinho ali. Nesse momento, ele estava totalmente encolhido sobre o divã. Pontuei isso. Ao olhar para a parede de textura verde-limão, respirou fundo e, parecendo um pouco mais tranqüilo, começou a dizer:

- Gosto do seu consultório, doutora. Passa uma sensação boa e agradável. Sinto-me bem quando venho aqui. Não sei por que. Mas, parece que vou relaxando, relaxando. Isso é muito bom. Não me sinto assim com muita freqüência. Para falar a verdade, quase sempre não me sinto relaxado. É, eu realmente gosto daqui.

- Obrigada – respondi, percebendo que ele estava tentando mudar o rumo da conversa. Não insistir e, deixei que ele falasse o que sentisse vontade. Ele falou muitas coisas naquele dia e, em especial das coisas que gostava de fazer quando era ainda uma criança, como por exemplo, pescar com sua mãe e, ir à vila mais próxima de sua casa, onde brincava com os cachorros que encontravam pelo caminho. Em certo momento, calou-se e, daí então, não mais falou. Parecia absorto em seus próprios pensamentos e sentimentos. Foram 23 minutos de total silêncio. Não o interrompi. Apenas pontuei aquilo. Terminada a sessão, avisei-o do prazo que se havia encerrado e, lembrei-o de nosso próximo compromisso na segunda-feira seguinte.

  • Até nossa próxima entrevista, senhor Jonas.
  • Até lá, doutora. E, então lese foi.

Sessão 4 – 24/04/2006 - ( X ) Pg.

Jonas chegou naquele dia, com um aspecto bem estranho. Estava com sua barba e cabelo totalmente desalinhados e, parecia não ter dormido bem naquela noite. A roupa, totalmente amassada. Vi raiva em seus olhos e, percebi que precisava abordar com ele o por quê desta raiva.

Mal eu me preparava para convidá-lo a entrar, ele entrou e, dirigiu-se rapidamente para o divã. E, ali permaneceu calado por algum tempo, parecendo não ter percebido o cumprimento que eu lhe fizera. De repente, praguejou em voz alta e tom amargo:

  • Odeio os ninivitas.

Naquele dia, ele estava bastante fora de si e, foi preciso que eu aplicasse nele algumas técnicas de relaxamento. Funcionou e, aos poucos ele foi se mostrando mais relaxado.

Contudo, ele novamente se colocou em silêncio e, assim permaneceu por quase 09 minutos. Não o interrompi. Mas, pontuei tudo  aquilo em minhas anotações.

Passado esse tempo, ele me olhou e, pareceu disposto a falar, então, perguntei-lhe:

  • Por que tem tanto ódio dos ninivitas, Jonas? Fale-me mais sobre isso, ok?

Ele parou, por um instante e, cheguei a pensar que novamente fosse se fechar em mais um longo período de silêncio, mas, então, começou a dizer, com a voz embargada (pontuei isso):

- Odeio os ninivitas. Aquele povo ímpio vivia como bem queria em sua depravação e luxúria em toda sorte de prazeres mundanos. Um povo pagão e idólatra. Então, Deus me ordenou dizendo que eu fosse a eles e lhes anunciasse o Seu juízo que viria sobre eles. Eu não queria fazer isso, pois, eu sabia que se eles se arrependessem, Deus haveria de se compadecer deles e os perdoaria. Não foi o que aconteceu? Eu sabia que seria assim. Por isso, fugir e, tentei escapar de Sua presença. Mas, de que me adiantou? Eu fui e, aí, aconteceu tudo o que eu já sabia que aconteceria.

Mais uma pausa e, depois, um soluço acompanhado de uma voz tanto trêmula e embargada:

- Eu sou mau, doutora. Não consigo sentir-me feliz por eles terem sido perdoados. Porque eu sou assim? Prezei muito mais a aboboeira do que a vida daquele povo.

Choro, muito choro e soluço. Seguido de um silêncio que perdurou até o momento em que lhe comuniquei o fim daquela sessão, momento em que eu disse a ele:

 - Em nossa próxima sessão, quero que você me fale mais sobre sentimento de culpa e de raiva, ok? Vejo-o na segunda-feira que vem, no mesmo horário. Até lá, senhor Jonas.

- Ok, doutora. Até segunda-feira.

Enquanto isso, ...

Estando eu, em meu apartamento, reli as anotações que havia feito a respeito de Jonas. E, decidir que na próxima sessão abordaria a questão de sua morte e ressurreição quando era ainda um menino. Além é claro, a questão da culpa e da raiva.

E, na sessão seguinte...

Abordei com Jonas aquela questão e, constatei em suas palavras o por quê de seu desejo de morrer, como muitas vezes me havia manifestado. Jonas, tendo sido ressuscitado dentre os mortos, não entendia o por quê disso, se desde então, tudo o que tem presenciado em sua vida é o sofrimento de sua mãe, o seu próprio e também de seu povo Israel, enquanto que em nações pagãs, de povo idólatra e depravado como é caso de Nínive, o povo prospera e se diverte; e ainda assim, é beneficiado por Deus em Sua benignidade. Na verdade, ele experimentava um misto de sentimentos, pois, ao mesmo tempo em que sentia raiva de haver sido os ninivitas perdoados por Deus, ele se sentia culpado por não se sentir feliz com isso.

Numa tarde de Domingo...

Estava eu me preparando para ir ao culto em minha igreja, quando de repente meu celular tocou. Era Jonas. Minha secretária certamente cometera a falha de fornecer-lhe o número. Jonas estava nervoso e muito ansioso. Queria a todo custo que realizássemos uma sessão naquele dia. Mas, eu o lembrei das regras de nosso contrato analítico e, lembrei-o de que estaria lhe esperando no horário que já havia sido marcado.

Sessão 8 – 22/05/2006

LIVRE ASSOCIAÇÃO

Naquele dia, haja vista a ligação recebida no dia anterior (Domingo), eu imaginei que Jonas fosse chegar ao consultório agitado, porém, isso não aconteceu. Ele, novamente pontual, chegou com um semblante tranqüilo. Estava bem alinhado e, pareceu-me bem mais consciente. Satisfeita com essa constatação, convidei-o a entrar e, após pontuar esse fato, demos início a uma nova fase de nossas sessões. Optei pelo uso da livre associação e, pontuei em minhas anotações tudo aquilo que considerei importante.

E, pude constatar a eficiência do quadro, tão cuidadosamente escolhido, para as sessões de livre associação. Durante praticamente todos os 50 minutos, Jonas, absorto em seus pensamento e na imagem do quadro, trouxe informações que me seriam muito úteis em sua avaliação. Além disso, ele me contara naquele dia um sonho que tivera, o qual, lhe perseguira durante muito tempo de sua vida e, isso, veio somar às informações obtidas até então.

Terminada a sessão de livre associação, despedimo-nos com a certeza de um novo compromisso para a segunda-feira seguinte.

No fim daquele dia, quando já me preparava para fechar o consultório...

Dei uma última olhada nas anotações que fiz acerca de meu paciente Jonas. Concluir que chegava o momento de começar a trabalhar nele a conscientização, para que ele, por si mesmo pudesse chegar à conclusão e, consequentemente à cura. Anotei em meus registros que deveria abordar na próxima sessão com Jonas, a questão da gastrite que ele estava sofrendo.

Sessão 9 – 29/05/2006

A CONSCIENTIZAÇÃO, UM CAMINHO PARA A CURA...

Tão logo Jonas chegou e, demos início à nossa sessão, decidi abordar os assuntos que considerei importantes em minhas anotações. Havia chegado o momento. E, ele já se mostrava preparado para isso. Demonstrava-se mais consciente e mais lúcido. Naquele dia, conforme eu havia planejado, abordei com ele a questão de sua gastrite e, levei-o a perceber que, no seu caso em particular, tratava-se de uma doença psicossomática e, expliquei-lhe ser isso uma doença psicológica que se manifestara em seu físico, em razão dos sentimentos conflitantes que experimentava. Sua primeira reação foi a surpresa, todavia, tendo considerado por um momento em seus pensamentos, concluiu ser isto uma verdade.

Em seguida, pedi que revisasse ali, todos os sentimentos, emoções e sensações que havia experimentado no decorrer de nossas seções. Pedi que refletisse sobre o por quê de cada uma delas.

De repente, Jonas teve o que nós psicanalistas chamamos de Insight. Seus olhos brilharam e, marejaram-se de lágrimas. Nesse momento, ele se dirigiu a mm. Pretendia abraçar-me. Discretamente o impedir e, sorrindo-lhe encorajei-o a continuar pensando em tudo o que lhe havia acontecido.

Ele percebeu, mas, estava contente demais e não se importou com o discreto corte que lhe dei. Naquele dia, pedi pela primeira vez que me falasse de sua esposa e de seus dois filhos. Levei-o a concluir que eles precisavam dele. Levei-o, ainda, a concluir por si mesmo, que todos nós somos carecedores da misericórdia de Deus e, que isso, incluía os ninivitas.

Naquele dia, um outro Jonas, saiu daquele meu consultório. Um Jonas mais leve, menos tenso e, ele próprio parecia cônscio disso; despediu-se prometendo voltar para a nossa próxima sessão, que seria na segunda-feira seguinte.

Sessão 9 – 29/05/2006

JONAS, UM HOMEM AGORA MAIS LEVE...

E, foi assim, que naquela última sessão ele chegou ao consultório. Trazia consigo Tamiris, sua esposa e, seus dois filhos. Em seu rosto, um sorriso caloroso quando, apresentou-me a cada um de sua querida família. Naquele dia, Jonas me contou que não mais sentira as dores causadas pela gastrite e, disse-me ainda, que estava mais consciente da importância de seu ministério como profeta; entendia agora, que a benignidade de Deus, não era apenas para com os israelitas mas também, para com toda a humanidade. Entendeu, que precisávamos perdoar aos nossos ofensores, assim como Deus nos perdoa a nós. Entendeu que a falta de perdão mantém cativo o coração de quem o retém e, que o perdão tem o poder de quebrar os grilhões que aprisionam corações atormentados pela culpa e, principalmente pela raiva, rancor e ressentimentos. Naquele dia, Jonas me contou muitas coisas e, se mostrava mais confiante.

Terminada aquela sessão, fui feliz para o meu apartamento. Com um gostoso sentimento de missão cumprida.

BIBLIOGRAFIA

  • Bíblia Sagrada
  • Em "Panorama do Velho Testamento" Ed. Vinde - Angelo Gacliardi Jr.

Texto extraído do meu blog
http://textosdeminhaautoria.spaces.live.com/

[Ao meu ver, o forte no meu texto "numa tarde de verão..." está na forma como fiz a narrativa da estória. Quanto à psicanálise, eu, à época, ainda estava em início de curso].


Autor: Jeane Kátia dos Santos Silva


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