UM PASTOR DESCONFIADO



Chegando a Bogotá, capital da Colômbia, estava praticamente "quebrado". Pensei em procurar uma igreja e esperar no Senhor uma ajuda.

Desci do ônibus e, qual não foi minha surpresa, havia uma grande igreja bem no ponto do ônibus. Dirigi-me imediatamente àquela igreja. Era domingo. Ia começar a Escola Dominical dentro de mais ou menos uma hora. Fui recebido pelo dirigente da igreja o qual afirmou que o pastor estava passando uns dias fora e ele ficou muito feliz com a chegada de um pastor do Brasil. Imediatamente fez uma série de planos para minha estada, quando o Espírito Santo claramente me falou:

- Não quero que você fique nesta igreja. Tenho outra igreja preparada para você ir.

Falei educadamente com o dirigente da igreja, explicando-lhe que eu não poderia permanecer ali. Peguei minha bagagem e dirigi-me à Rodoviária onde consegui uma lista telefônica. Na lista comecei a procurar nomes de igrejas, quando minha vista se deparou com um deles e senti o toque claríssimo do Espírito para que eu procurasse aquela igreja.

Tomei um táxi, mesmo estando quase sem dinheiro, e dirigi-me àquele local. A escola bíblica já havia terminado, quando ali cheguei. Fui recebido por um pastor muito alto, loiro, de olhos azuis e de sotaque diferente. Era australiano. Ele me "cubou" da cabeça aos pés e foi logo perguntando:

- O senhor tem uma credencial?

- Sim, senhor, respondi, e mostrei-lhe duas credenciais.

- Tem alguma carta de apresentação?

Eu tinha uma carta de apresentação da minha Convenção. Apresentei-lhe a mesma e ele leu cuidadosamente cada frase. Em seguida perguntou-me:

Posso ver sua Bíblia?

Mostrei-lhe a Bíblia em espanhol que estava usando, mas ele não se conformou. Pediu-me minha Bíblia em Português.

Tirei minha Bíblia em Português da mala, mostrei-a e fiquei observando enquanto ele a folheava e via minhas anotações às margens. Em seguida falou:

- É. É bem usada.

Em seguida ele fez um discurso a respeito de muitos aventureiros, falsos ministros que por ali passavam pela Rodovia Panamericana e exploravam, enganavam e até roubavam igrejas. Muitas igrejas viviam em alerta. Disse que eu ocuparia um quarto que ficava nos fundos da igreja cuja chave estava com o zelador. Deu-me um prazo de estadia de uns dois ou três dias, falou que me daria uma pequena ajuda para eu continuar a viagem e que eu daria uma saudação naquele domingo à noite, mas que não seria o pregador oficial do culto.

Aceitei plausivelmente sua explicação e coloquei-me à disposição dele para qualquer eventualidade. Até mesmo para dar uma meia volta e ir embora. Ele disse:

- Olhe, tenho que ir buscar minhas duas filhas no Colégio Americano. O senhor vai comigo.

Entramos em um jipe "Land-Rover" e seguimos por uma longa avenida para o tal colégio.

Chegando ali ele entrou, enquanto eu permanecia no jipe. Voltou com as duas filhas que mostravam ser meninas muito jovens, porém muito altas.

Enquanto viajávamos de volta, provavelmente na direção da igreja, o Espírito Santo começou a ungir aquele ambiente. Eu estava no banco de trás com minha bagagem e ele estava no banco da frente junto com suas duas filhas.

A unção foi aumentando de tal maneira que eu quase não conseguia me dominar. E por que estava tentando me dominar? Para eles não pensarem que aquilo era uma espécie de representação para mostrar que eu era um crente cheio do Espírito.

Daí a pouco o veiculo parou. O frio pastor australiano disparou a falar em línguas com uma violência tão grande que até a mim, pentecostal nordestino, espantou. As duas meninas também dispararam a falar em línguas e eu não tive dúvidas, soltei tudo aquilo que estava fervendo dentro de mim.

Depois do "Pentecostes" tudo mudou de figura. Ele se esqueceu do quartinho atrás da igreja e levou-me para sua própria casa, onde me hospedou em um luxuoso apartamento anexo.

À noite levou-me à igreja, cedeu-me o púlpito e a direção do trabalho. Naquela noite Deus operou um poderoso avivamento, com milagres, libertação e conversões.

No dia seguinte ele me comprou uma passagem de trem até Barranquilla, uma passagem de ônibus de Barranquilla a Cartagena e uma passagem de avião até a ilha de San Andrés e de lá para San José de Costa Rica.

(Este artigo é uma série de relatos a respeito de minhas viagens missionárias, cheias de verdadeiros milagres de Deus. O próximo artigo desta série é intitulado "A Grande Colheita no Caribe").


Autor: Paulo de Aragão Lins


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