Lanço sementes pelo Caminho



                                                              Como é insólita a vida!
                                Quão transitória a aparente solidez humana!




Caminho tranqüila pelos campos.
Há  flores  sob meus pés.
Tento não machucá-las.
Brotaram e floriram, 
alegremente variegadas...

A perder de vista,
ondulam
em cores de arco-iris
na suave aragem da manhã.
Vou devagar.
Quero apreciar a natureza
à minha volta
em toda
a  serena beleza
que ostenta 
em sua manhã  outonal. 

Já se faz longa a caminhada,
mas cansaço algum sinto,
tal é a magia arrebatadora
que a cada olhar me encanta.

A cada volta do caminho
vejo  pássaros voltando ao ninho
para alimentar seus pequeninos. 

A cada volta do caminho,
penso em possibilidades de surpresas,
presentes
da Mãe Natureza,
para todos os seres
que
com ela comungam.

Borboletas de todas as cores
voam de flor em flor,
desconhecendo sua
tão breve existência .

A relva macia amortece-me os passos,
que seguem
o ritmo da brisa
às vezes compassado,
contra-ponto nada ritmado,
pois se belo o local,
os passos
mais lentos se tornam,
para que possa eu sorver calmamente
o ar
com o cheiro ainda de frescor
do sereno que sobre o verde brilha
como luminosas
gotículas... 

As sombras de árvores frondosas
refletem-se sobre o verde esmeralda
do tapete,
verde tapete tão verde...
E seus galhos, tangidos  pelo vento,
assemelham-se a bailarinas a dançar...

Quantas imagens,
mensagens
inesquecíveis,
voltam-me à mente...
e tão  subitamente
que parecem
sonhos
que já sonhei,
vidas que já vivi,
amores que já amei... 

Sopra galerno(*) o vento.
Lembra a  mansidão
de um canto de ninar,
...
mas embala, no entanto,
meu suave caminhar.

Pensei...lançarei sementes
à terra na primavera...
e este campo no tempo certo,
novamente, todo florido estará... 

Colherei rosas
sem importar-me
com os espinhos...
Podem machucar,
a pele perfurar
e o sangue
verter escarlate,
mas quero das rosas
sua beleza e olor,
que a tudo o mais rebate.
Suas radiosas cores
fazem-me esquecer da dor.

Olho o campo multicolorido.
Diviso à distância uma silhoueta
que me parece familiar...
no entanto, não lhe vejo o rosto...
mas está a acenar-me 
e sinto que a sorrir-me... 

Será ? ...
Terá chegada a hora de
não mais sementes à  esta Terra lançar,
para lançá-las em
em outro espaço, em outro lugar?


 A vida toda tenho semeado flores pelo  Caminho...
Se assim for, semearei em  Solo ainda Desconhecido,
mas sempre  semearei  flores pelo Caminho !


(*) sereno, calmo, tranqüilo

Autor: mirna albuquerque


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