Doce Mistério
Dentre meus guardados está a caixa coberta, com estampas rosa, onde guardo os pertences de minha mãe. Quanta singeleza:participações de nascimentos dos três filhos,dos netos,convites vários,fotos com dedicatórias,cartas de amigas. Escreviam se cartas!
Tinha uma presença forte. Sinto-a dentro e atrás de mim. Força e coragem inabaláveis. Era espontânea,decidida,qualidades que herdei e me orgulho disso.
Com pouco estudo e garanto que não lhe fez falta. Era versada a letras. Lia e acompanhava a todas notícias diárias dos jornais. Entendia de Política como ninguém,até das internacionais. Assuntos sobre Literatura, História do Brasil,Religiões eram com ela. Isso até seus 83 anos!
Dela herdei tudo e tanto,só não herdei o jeito calmo de ser. Nunca gargalhava como eu,Era contida,
Sem nenhum tipo de vaidades. Pintar cabelo?Nunca,jamais. Eram de um branco, algodão. Cremes,nada usava. Mas,inacreditável,ganhei dela meus primeiros produtos de beleza. Foi incentivo à vaidade, jamais usou um batom.
Desta mãe, que aqui relato,herdei esta vaidade que julgo ser extrema;
Desta mãe, que aqui relato, herdei este amor às letras e livros,os quais reverencio;.
Desta mãe, que aqui relato,herdei força e coragem para enfrentar as tormentas pelas quais passei;
Desta mãe que aqui relato,herdei um entendimento espiritual,que me sublima.
Obrigada,mãe,pelas lições de casa ,na minha infância. Seria muito longínquo, porém hilário,ao lembrar-me que escrevestes no meu caderno:Cândido Ulhôa,nome se não me falha a memória,do então Secretário de Educação de Minas Gerais(1954). Vistes no Diário Oficial que fariam tal pergunta na prova final. Da escola toda, apenas,eu acertei. Veja mãe,nunca me esqueci!
Com tanta simplicidade,
soube preencher minha vida com teu exemplo de guerreira e de pessoa
impulsiva,de tal forma que não há para mim no vocabulário de
nossa língua, nenhuma palavra para agradecer e para entender esse
mistério que foi essa convivência.
Que grande mistério que é a vida!
Autor: idê RBB
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