CAMINHOS PERCORRIDOS ATÉ DESCOBRIR O PRINCÍPIO ALFABÉTICO



Jaelson do Carmo Cardoso Castro
Profª. Neuzi Schotten
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Curso Pedagogia (PED 7551) – Processo de Alfabetização 04/8/09

RESUMO

A alfabetização deve ser integral. O primeiro contato da criança com o meio social se dá em suas múltiplas dimensões: Inteligência, afetividade, movimento, formação, potencialidades. A pessoa humana é um ser em construção, vai se formando no decorrer de sua existência, percorrendo caminhos no qual vai se dando, até, o descobrimento do princípio alfabético, sendo que a alfabetização tem início, mas nunca fim. Esse fato se dar primeiramente devido a natureza humana e seguidamente pela complexidade do meio social, onde somos obrigados a nos habituar constantemente ao novo. Pois, tanto o acerto quanto o erro fazem parte do processo de aprendizagem.
Palavras – Chave: Aprendizagem. Treino. Ler-escrever.

1 INTRODUÇÃO

Investir na educação é dado primordial na valorização da pessoa humana. O conceito de alfabetização não se restringe a ler escrever, mas deve ser integral. A pessoa humana não é formada somente de intelecto, o que requer que estejamos atentos as outras dimensões que têm papéis preponderantes no desenvolvimento do ser humano. Como é o caso dos caminhos percorridos para se chegar ao desvelamento e amadurecimento do princípio alfabético.

A imersão das crianças num mundo de referentes escritos e de interações em torno do objeto "escrita" permite-lhes fazer um conjunto de descobertas sobre a natureza e funções do código alfabético previamente ao ensino formal. Contudo a riqueza desses contactos e a freqüência das transações infantis antes da entrada para a escola é variável, fazendo com que as crianças cheguem à escola em diferentes estádios relativamente à percepção que têm da natureza do código alfabético.

A massificação do ensino reflete-se em estratégias de ensino uniformes e descentradas das confusões conceptuais infantis em relação ao funcionamento do código escrito. A compreensão do princípio alfabético, ou seja, a percepção de que as letras ordenadas no espaço das palavras representam os fonemas orais das unidades lexicais, implica competências de elevada complexidade de abstração. Concorrem para esta compreensão a consciência fonológica, o conhecimento de letras e uma percepção da escrita enquanto um código que representa unidade lingüística. Cada uma das competências e concepções subjacentes poderá constituir se como um obstáculo à compreensão do princípio alfabético, condicionando o sucesso acadêmico na aprendizagem da leitura.

Os pensadores da educação, quando refletem sobre a alfabetização, apresentam múltiplos caminhos, e deixam suas contribuições para o meio social. Porém, toda teoria é envolvida de falhas e devem ser questionadas, para se ver até que ponto ela contribui para o desenvolvimento da pessoa.

Na seqüência apresentaremos a cultura como caminho percorrido para se descobrir o princípio alfabético no processo de alfabetização. Seguidamente a educação como projeto e concluindo com: a alfabetização construindo cultura.

2 A CULTURA COMO CAMINHO PERCORRIDO PARA SE DESCOBRIR O PRINCÍPIO ALFABÉTICO NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

O indivíduo quando nasce é acolhido dentro de um contexto social e esse contexto tem influência primordial sobre o seu comportamento. A criança que nasce no Brasil, por exemplo, se adapta ao idioma português, que falamos, devido ao dado da cultura. Alguém que nasce na Espanha, fala espanhol e assim sucessivamente. Mas, se analisarmos um animal, nos mais diversos países, certamente ele terá o mesmo procedimento biológico. Por exemplo, o cachorro late, seja, no Brasil, na Argentina, em quaisquer pais, e será o mesmo latido, pois o cachorro brasileiro não possui uma linguagem e o argentino outra. Já a criança brasileira se diferencia da criança de outra nação, linguisticamente, em seu primeiro contato com o mundo (alfabetização).

A vivência em sociedade é essencial para a transformação do homem de ser biológico em ser humano. É pela aprendizagem nas relações com os outros que construímos os conhecimentos que permitem o nosso desenvolvimento mental. A criança nasce dotada apenas de funções psicológicas elementares, como os reflexos e a atenção involuntária, presente em todos os animais mais desenvolvidos. Com o aprendizado cultural, no entanto, partes dessas funções básicas transformam-se em funções psicológicas superiores, como a consciência, o planejamento e a deliberação, características exclusivas do homem. (NOVA ESCOLA, 1996.p.01).

Os brinquedos cotidianos: folhas, embalagens de produtos, retalhos de panos, roupas e etc. Para as crianças não tem o mesmo significado em relação aos adultos, pois não tem recursos para ler as recomendações neles contidos, porém é uma forma primária da criança começar a aderir os primeiros conhecimentos, isto é, anterior ao descobrimento do principio alfabético.

As histórias contadas pelos membros da família vão tecendo os seus primeiros balbuciamentos. Seguindo os sons repete o que foi pronunciado, como é o caso da palavra mamãe.

Sendo a alfabetização um fenômeno cultural, ela é criada pelo homem e, necessita ser ajustada cotidianamente. Alfabetizar-se não é está em uma sala de aula é muito mais que isso, é ser respeitado como pessoa.

3 A EDUCAÇÃO COMO PROJETO

Trabalhar com projetos é uma forma de vincular o aprendizado escolar aos interesses e preocupações das crianças, aos problemas emergentes na sociedade em que vivemos, à realidade fora da escola e as questões culturais. Os projetos vão além dos limites do currículo, pois os temas eleitos podem ser explorados de forma ampla e interdisciplinar, o que implica pesquisas, busca informações, experiências de primeira mão. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2006.p.65).

A educação como projeto, deve ser primeiramente pessoal, a pessoa deve querer aprender. Quando temos um projeto pessoal, vamo-nos construindo dentro do tempo e do espaço, primeiramente porque somos dotados de potencialidades e seguidamente desejamos romper barreiras. Maioria das vezes, a cultura de classes divide as pessoas nos que podem ser educados e os que ficarão a margem da educação, tal fato se dar, devido às ideologias que nos circundam. Temos como exemplo: "quem nasce pobre morre pobre". "Quem nasceu para ser burro vai morrer burro". Essas idéias distorcidas têm um grande peso sobre inúmeros indivíduos, pois são acríticos e se deixam levar por tais afirmações. Deve-se ter clareza que a divisão de classes não implica inferioridade, mas sim exclusão, e o projeto nos inserem novamente na realização pessoal. Quando temos projetos, traçamos os passos a seguir e vamos superando, a cada dia, os empecilhos.

O projeto pessoal é muito mais válido quando se trata de educação de adultos (auto-educar); a pessoa deve querer aprender, progredir, educar-se. O educador será apenas o facilitador para que o educasse se aprimore no ato de ler o mundo, superando, assim, o projeto curricular.

Uma proposta pedagógica que envolva as diferentes áreas do currículo de forma integrada se efetiva em espaços e tempos, por meio de atividades realizadas por crianças e adultos em interação. As condições do espaço, organizado, recursos, diversidades de ambientes internos e ao ar livre, limpeza, segurança, (...) são fundamentais, mas são as interações que qualificam o espaço. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2006.p.67).

O universo infantil é diferenciado do mundo adulto e a educação deve levar essa realidade em conta. O adulto carrega consigo uma vasta experiência do cotidiano, enquanto a criança está passando pelos primeiros contatos. A realidade da criança é fantasiosa, tudo é novidade. O adulto já não se espanta com certos fenômenos, sendo que este mesmo fenômeno é para a criança um motivo de contemplação. A criança está mais perto do artista do que do mercado; utilizam a criatividade, aproveitando pedaços de cabo de vassoura, porção de terra e etc. Dá asas a imaginação. O adulto, por sua vez, quando almeja fazer algo, quer saber se dá lucro ou não. É o mercado de trabalho manipulando sua consciência, fazendo com que almejem uma educação profissional prática.

4 A ALFABETIZAÇÃO CONSTRUINDO CULTURA

Se quando nascemos a cultura nos acolhe com seu determinismo, a alfabetização (educação) nos dar a possibilidade de mudarmos a realidade. A mudança social passa necessariamente pelo caminho da educação.

As relações vivenciadas no ambiente escolar são, na verdade, um recorte das relações sociais mais amplas. É claro que isso tem relação direta com um modelo educacional que ao invés de contribuir para a justiça social, diferencia modelos de educação adequada a cada faixa social e tem como foco principal o conhecimento cobrado no vestibular. Seria de desejar que a escola educasse os adolescentes para a humanização, a convivência, a participação social, a responsabilidade ambiental, o cuidado recíproco. (CAMPANHA DA FRATERNIDADE, 2009.p.12).

Assim como se aprende a violência, causadora das guerras e destruição, do mesmo modo podemos aprender uma educação para a boa vivência. Se o meio que nos recebeu apresenta uma cultura de morte. A educação é a Possibilidade para transformar esse meio em uma cultura com bases éticas.

Quando vemos casas cercadas com muros, arames, grades, cercas elétricas, câmeras de vídeos e contratação de seguranças particulares. Certamente nos vem a noção e percepção de medo. Uma sociedade que se esconde por trás de muros, tem de fato uma educação que contribui para a violência, embora passe despercebido; uma alfabetização com bases morais seria uma forte "arma" para a construção da paz.

Os fatos históricos evidenciam que o processo percorrido até descobrir o princípio alfabético é banhado dentro de um determinado contexto e marca a vida da criança antes mesmo da escola. Precisamos de uma educação da gestação até o envelhecimento pautada na dignidade da pessoa.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento humano anterior ao descobrimento do princípio alfabético é um dado cultural com uma linguagem própria e que deve ser tratada com cuidado, para que a pessoa desenvolva suas potencialidades.

A Educação deve assumir uma nova postura: a alfabetização do cuidado. Uma reforma no modo de pensar das pessoas, para pugarmos os males da cultura da punição.

A educação do cuidado deve ter como objetivo primordial a pessoa integral, independente de idade, sexo, cor, cultura. Ser integral é ser reconhecido por inteiro, é ter o essencial par a boa vivência em sociedade. Quando excluímos uma pessoa, negamos a dignidade de toda a humanidade, pois somos todos iguais.

REFERÊNCIAS

BUARQUE, Aurélio. Mini Aurélio: século XXI. Rio de Janeiro: FNDE/PNLD, Nova Fronteira, 2001.

CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2000.

LOPES, Josiane. Vygotsk: o teórico social da inteligência. São Paulo: Nova Escola, 1996.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Ensino fundamental de nove anos: orientações para inclusão da criança de seis anos de idade. Brasília: FNDE, Estação Gráfica, 2006.


Autor: JAELSON DO CARMO CARDOSO CASTRO


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