O Historiador e as Fontes Históricas



Resumo: A presente reflexão visa demonstrar como e grande e diversa as fontes históricas que o historiador dispõe para reconstruir a trama histórica dos indivíduos sociais no tempo e espaço.

O Historiador e o dialogo com o passado

Alguém pode perguntar: como historiador estabelece o contato, dialogo com o passado? Como chegar ate lá, se ele não existe mais? Como o conhecimento do passado e possível?

Tendo em vista que todo conhecimento do passado é "indireto" e, logo, o historiador, por definição, está na impossibilidade de ele próprio constatar os fatos que estuda [2]". Assim, como afirma François Simiand, o conhecimento histórico é "um conhecimento através de vestígios [3]" de marcas perceptíveis aos sentidos deixadas "por um fenômeno em si mesmo impossível de captar" [4]

Diante disso, resta ao historiador à tarefa de tentar reconstituir possíveis existências para as pessoas do passado e os contextos em que estavam mergulhadas, em que elas atuaram produzindo suas formas de vivência que relegaram ao presente.

Assim, temos que pesquisar a os seres humanos tanto do ponto de vista de seu tempo-espaço como os processos que produzem os fatos dentro de um determinado período de tempo. Dessa forma, podemos dizer que a História relaciona-se com o Tempo [5]. E, mais especificamente, ela relaciona-se com o passado visto a partir do presente. Ou, ainda, é o presente, procurando dar um sentido e uma explicação para o passado.

A "pegada humana" ao longo dos tempos, dentro do processo histórico, é, ao mesmo tempo, processo de produção da cultura e uma necessidade de cristalização que se realiza pelo registro. Essa cristalização se dá mediante as fontes [6], os vestígios e as marcas que compõem o patrimônio histórico e é o resultado da ação concreta dos seres humana em um determinado tempo e espaço. Portanto, em sua temporalidade os seres humanos produzem suas marcas culturais e patrimoniais voluntariamente e involuntariamente (traços deixados pelos homens sem a mínima intenção de legar um testemunho à posteridade). Essas pegadas - marcas servem não só para registrar a atuação humana, mas como também para cristalizar o a sua ação, os fatos ou os processos que produziram esses acontecimentos. Neste sentido, Marc Bloch revela que "é quase infinita a diversidade dos testemunhos históricos. Tudo quanto o homem diz ou escreve, tudo quanto fabrica, tudo em que toca, pode e deve informar a seu respeito." [7]. Portanto, Bloch nos diz que e grande a diversidade de fontes históricas de que o historiador pode trabalhar na reconstrução das sociedades passadas. Portanto, tudo que o homem produziu e deixou na história e o objeto do historiador.

Neste ponto de vista, podemos dizer que pesquisar a história é buscar a compreensão dos processos que produziram os fatos que marcaram o tempo e espaço. Isso é possível por que todas as coisas têm história e podemos estudar a história de tudo. Tudo que acontece e que aconteceu é história. A história, portanto, trabalha com o passado, com aquilo que os seres humanos produziram no passado. Assim, o pesquisador, reconstrói a história, mas faz isso no seu presente, pois ele é um estudioso que está em uma sociedade diferente daquela que ele volta seus olhos para pesquisar e apreender suas especificidades. Ademais, tudo tem sua historicidade, e logo o homem sendo protagonista da história, atuando-produzindo e deixando "pegadas", ou utilizando outro termo, suas marcas ao longo de sua trajetória, ai está a gama de fontes que dispusemos para escrever a respeito.

Referencias Bibliográficas

BLOCH, Marc. Introdução à História. Publicações Europa-América, (s/d).

------------------. Apologia da História ou O Ofício de Historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2002.




Autor: Renato Carvalho


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