Educação Física E O Esporte: Transformações Pedagógicas E Metodológicas De Ensino No âmbito Escolar



Jairo Eduardo de Alcântara
Estudos anteriores realizados por Kunz e colaboradores e Bracht e colaboradores junto as escolas confirmam que são necessárias mudanças no que diz respeito aos métodos que valorizam extremamente a esportivização e a técnica no sentido único de aperfeiçoamento para a determinação da descoberta de valores esportivos, deixando de lado, muitas vezes, a socialização, as características pessoais, a solidariedade por meio do lúdico e outras concepções que interferem no desenvolvimento social e comportamental das crianças. Visando a contribuir com este esforço coletivo que está sendo empreendido no Brasil para alterar a metodologia do ensino da educação física, na perspectiva de uma educação emancipatória, estamos apresentando o presente relato de uma experiência desenvolvida em uma escola pública em Salvador/Bahia.
Desenvolvimento
A Educação Física, enquanto campo de conhecimento, faz interface com diversas outras áreas, como as Ciências Sociais e Humanas, as ciências da natureza e exatas e as ciências da terra - a Filosofia, a Sociologia, a Biologia, a Psicologia, a Epistemologia- assim como as artes - música, literatura, teatro -, tendo como eixo central e unificador a problemática da educação. Isso permite que diversas teorias, concepções pedagógicas e metodológicas influenciem de forma significativa na prática pedagógica. O fato, no entanto, de ter sido influenciada por diversas áreas do conhecimento, com distintas linhas de pensamento (ideológico e político) não significa um empecilho para a prática pedagógica. Os estudos revelam que, além dos problemas epistemológicos da falta de definição do objeto de estudo da Educação Física, o que influencia e determina as condições das aulas dessa disciplina é: a falta de orientações claras e superadoras na política educacional; de diretrizes e projetos político-pedagógicos construídos coletivamente; de uma consistente base teórica dos professores; de condições de trabalho - espaços, materiais, livros didáticos e equipamentos. Estas variáveis inviabilizam o planejamento, instituição e avaliação de um trabalho pedagógico baseado em uma perspectiva não tradicional. A perspectiva tradicional de ensino, segundo Souza Júnior (2007), é aquela em que se institucionaliza o que é hegemónico em termos de conhecimentos, atitudes, hábitos, valores e a escola faz isto reproduzindo a situação das classes sociais no seu interior. É aquela perspectiva pedagógica em que não são levados em conta o horizonte histórico, as experiências de vida dos estudantes, a contemporaneidadc e atualidade dos conteúdos, o ensino aberto às decisões coletivas e às experiências dos estudantes e da comunidade e o trabalho como princípio que; unifica professor c aluno na construção/elaboração do conhecimento científico.
Destas constatações podemos inferir sobre o currículo nas universidades e faculdades de formação de docentes, que durante a formação académica inicial dos professores de Educação Física se faz imprescindível para o desenvolvimento de uma consistente base teórica e a
Educação Física e o Esporte: transformações pedagógicas e metodológicas de ensino no âmbito escolar
superação de problemas que implicam sérias consequências na atuação profissional, principalmente no que tange à fundamentação metodológica e formatação dos planos de curso dessa disciplina.
Quanto à disciplina de Educação Física nos currículos das escolas públicas, frequentemente são estabelecidos, nos planos de aula, objetivos relacionados à aprendizagem do esporte propriamente dito, caracterizado como "esporte de alto rendimento", no qual a busca de valores técnicos e de habilidades motoras, ou até mesmas valências físicas para obtenção de resultados, títulos, prémios, medalhas, ou para o exibicionismo e a espetacularização, é mais valorizada do que a apreensão do conhecimento historicamente construído pela humanidade nas relações homem-natureza para construção da cultura corporal.
A capacitação do professor por meio da formação continuada em áreas destinadas à pedagogia escolar que envolva mudanças de comportamento, tanto nos professores como nos estudantes, é de extrema relevância para a conscientização da população quanto à importância das práticas corporais na vida do ser humano. Isto se deve ao fato de que a formação inicial esteve centrada muito mais no domínio do conhecimento técnico específico voltado para as modalidades esportivas na linha da competição do que no trato de um conhecimento científico, aberto a experiências para ampliar a atitude crítica perante os fenómenos da cultura corporal.

261
O Esporte: Objeto de Estudo e Busca do Rendimento no Âmbito Escolar
O esporte, na sociedade contemporânea, por muitas vezes exerce um papel fascinante de empolgação e celebração de alegria, mas tão distante, às vezes, é a realidade do que se apresenta nos reflexos desses momentos de euforia.
O campo do conhecimento da Educação Física parece não apenas teradotado o esporte como seu principal objeto de estudo e intervenção prática como chega até mesmo a confundir-se com ele, num processo referido como esportivização da Educação Física (Kunz, 2004, p. 54}.
O que Kunz propõe é uma transformação didática, ou seja, o sentido e o significado das práticas esportivas devem ser redimensionados, e isto se inicia na própria aula. Deve-se estabelecer para e com o estudante que as suas características individuais devem ser respeitadas e que esta forma distinta de aprendizado faz parte do processo de formação humana pautado em competências globais -política, técnica, científica, pedagógica, ética e moral - com formas e modelos que se confrontam ao que está pré-estabelecido pelo sistema que rege o planeta, o capital, o qual temos que transformar. Segundo Hüdebrandt-Stramann, que também critica as formas exageradas com que os modelos do esporte competitivo de alto rendimento entram nas escolas,

Jairo Eduardo de Alcântara

a individualidade de cada um como pessoa não existe. O homem aparece nesta perspectiva biomecânica, como corpo físico, com articulações ideais. Ele aparece como sistema biológico, cujas condições e funções são determinadas por regras biológicas (2003, p. 144).
Este autor destaca a necessidade do parâmetro humano nas aulas. A pedagogia do esporte serve como parâmetro para que as pessoas se sintam livres para expressar seus sentimentos e seus movimentos, sem que sejam rotulados a elas gestos ou habilidades inerentes aos seus movimentos já existentes. A educação pelo esporte, mas com uma metodologia que supere a tradicional busca de talentos e recordes, é o que deve ser divulgado e explorado por todos nós. O esporte não deve ser confundido como ponte de ligação entre a resolução de problemas sociais e financeiros de uns e carro-chefe de aproveitamento e acúmulo de interesses de outros.
Na escola, portanto, o esporte deve ser tratado pedagogicamente, para ampliara atitude crítica dos estudantes, seus conhecimentos, suas posições, seus valores e seu envolvimento na construção de políticas culturais de esporte que beneficiem a todos.
Educação Física e Esporte: interferências e manifestações a partir do desenvolvimento social e corporal
Ao buscar uma forma de introduzir nas aulas de Educação Física modelos de ensino-aprendizagem que visam à institucionalização (modelo tradicional), o professor leva muitas vezes os alunos a situações de extrema competitividade, iludindo-se quanto à questão da busca de autonomia, utilizando-se de jogos populares e pequenos jogos como forma de introduzir os esportes, considerando o conteúdo jogo apenas como apêndice do conteúdo esporte, ou seja: é negado um conteúdo que contribui sobremaneira para a formação do sujeito histórico, que traz no seu bojo um enredo próprio, além da possibilidade de se vivenciar a construção do mesmo a partir do estabelecimento de princípios mutáveis, os quais podem ser modificados para atender aos anseios dos participantes.
263
As interferências na escola de tudo o que ocorre para além dela se dão por mediações que acontecem em sala de aula e no seu entorno. As manifestações da cultura e dos conhecimentos produzidos para além da escola vão depender, em termos, das decisões do coletivo da escola - do professor principalmente - no processo de seleção, organização e sistematização dos conhecimentos e cios conteúdos. Existe na sala de aula uma certa autonomia dos professores e estudantes, assim como existe uma certa autonomia do coletivo da escola. São nestes espaços do trabalho pedagógico que se configuram as possibilidades metodológicas, ou seja, as possibilidades do caminho a ser trilhado para ensinar algo e para que os estudantes aprendam algo. Este é o ponto central do nosso debate: como no espaço da escola e da aula podemos delimitar um caminho teórico-
Educação Física e o Esporte: transformações pedagógicas e metodológicas de ensino no âmbito escolar

metodológico que avance e ultrapasse, supere a tradicional metodologia do ensino na Educação Física? Reconhecemos logo que um dos pontos centrais é questionar a concepção de esporte que levamos para a escola.
Para Hidebrandt-Stramann, a Educação Física escolar não precisa se ater ao princípio de que o desenvolvimento depende da complexidade do esporte, mas pode ir além. 'A aula de Educação Física, quando desejamos um desenvolvimento plurilateral para nossas crianças, tem a tarefa de agir contra a redução da complexidade do sistema do esporte" (2003, p. 41).
Esporte: Pedagogia do Ensino e Mudanças Metodológicas
A pedagogia na Educação Física, quando é aplicada no âmbito das escolas brasileiras, principalmente no Ensino Médio, apresenta vários equívocos nos seus métodos e muita dificuldade de adaptação do estudante, que de certa forma aceita a forma como é tratada tal disciplina, que envolve desde a extrema esportivização até a opção por fazê-la ou não. No Ensino Médio, portanto, a disciplina Educação Física não tem o mesmo tratamento que as demais, sendo considerada como desnecessária no currículo, haja vista o descaso que a cerca e, pior, sendo garantida apenas pelo conteúdo esporte.
A disciplina Educação Física deve ter definida a sua natureza, seu objeto de estudo, seus objetivos, suas relações com o projeto polí-tico-pedagógico da escola e, a partir daí, devem ser traçadas diretri-zes para a mesma. Estas devem permitir a construção coletiva de planos de trabalho que integrem a rede de ensino, respeitando a autonomia de cada unidade. Dessa formei, devemos considerar o caráter pedagógico da Educação Física, articulando-a com as demais áreas do conhecimento e recuperando os seus conteúdos como componentes de uma totalidade que contribuam significativamente para a elevação do padrão cultural da população.
Esporte e Mídia: Uma Relação
de colaboração ou alienação social?
O esporte é um fenómeno de massa e tem se revelado a "mina de ouro" do mercado em escala global. A comercialização do esporte é fonte de lucros exorbitantes, envolvendo pessoas que atuam em diversos segmentos e aparentemente de forma desarticulada, tendo principalmente nos quatro esportes mais praticados no mundo - futebol, seguido pelo voleibol, basquetebol e handebol - a geração da indústria do entretenimento, a ponto de o esporte ser considerado hoje o centro de referência para realização de grandiosos espetáculos que exigem vultuosos investimentos para serem realizados.
O fato é que o esporte, sendo tão valorizado financeiramente, abre precedentes para um tipo de alienação, principalmente por parte das classes sociais mais desfavorecidas, que buscam por meio dele a falsa mobilidade social na ilusão de conseguir certa autonomia financeira, sendo que raríssimos conseguem entrar neste sistema.
265

Jairo Eduardo de Alcântara
Os estudantes, totalmente envolvidos com este processo de informação apresentado pela mídia, logo se vêem dentro das perspectivas de crescimento financeiro e de valorização social por meio dos esportes. Principalmente quando falamos de futebol, hoje visto pelas crianças de todas as classes sociais como fonte de enriquecimento e de reconhecimento social. Nesta perspectiva, a disciplina Educação Física na escola está subordinada ao conteúdo esporte, sendo ministrado com vistas ao esporte de alto rendimento; conseqüentemente, as escolas são transformadas em celeiro de atletas.
Esta perspectiva, muito veiculada pela mídia, posto que estudos mostram que 84,5% dos jovens se informam pela televisão, deve ser problernatizada pedagogicamente na escola, o que exige uma lógica e teoria de conhecimento que permitam aos estudantes superar a aparência do fenómeno, que mostra atletas que enriqueceram com o esporte, ascenderam socialmente e mudaram sua classe social. Esta ilusão, para ser quebrada, exige a passagem das abstrações e falsos conceitos para a ampliação do conhecimento e da atitude crítica dos estudantes. Isto deve ser desenvolvido nas aulas mediante uma metodologia do ensino da Educação Física que supere a metodologia tradicional do ensino do esporte. Ou, como afirma Assis de Oliveira (1999), que se reinvente o esporte na escola.
Metodologia da Pesquisa e do Ensino
No que diz respeito aos procedimentos de pesquisa, para avaliar as crianças no início do projeto - seus conhecimentos, condições técnicas, atitudes e valores - foram utilizados dados secundários e procedimentos já aplicados na própria unidade escolar. Valemo-nos de dados disponíveis no cadastro da escola, que já participa de um programa do governo federal - o Projeto Segundo Tempo. A escola escolhida nos ofereceu condições para realização da pesquisa, cujo objetivo foi avaliar metodologias do ensino da Educação Física. Observamos o ensino nas seguintes modalidades esportivas: futebol, voleibol, basquetebol e handebol e, em alguns casos, a prática da capoeira.
Os estudantes do Ensino Médio da escola pública também contribuíram para a realização da pesquisa. As crianças participantes da pesquisa não têm fácil acesso às atividades corporais orientadas nos seus bairros. Existem grandes dificuldades inclusive para brincar, por morarem em áreas de risco e que, portanto, não oferecem locais adequados para o lazer.
Os procedimentos da pesquisa foram observações de espaços, tempos, aulas, conteúdos e métodos usados no Projeto Segundo Tempo.
O governo federal tem como propósito, ao desenvolver este programa, propiciar contato com a prática esportiva; desenvolver capacidades e habilidades motoras; qualificar os recursos humanos profissionais envolvidos; contribuir para a diminuição da exposição a situações de risco social, atuando em conjunto com outras áreas do governo; instituir indicadores de acompanhamento e
Educação Física e o Esporte: transformações pedagógicas e metodológicas de ensino no âmbito escolar

avaliação do esporte educacional no país. Os objetivos do Programa Segundo Tempo são: promover a difusão do conhecimento e conteúdos do esporte; oferecer prática esportiva de qualidade; garantir o acesso às diversas atividades oferecidas pelo núcleo de esporte; democratizar o acesso à prática e à cultura do esporte como instrumento educacional; despertar a consciência da prática esportiva como atividade necessária ao bem-estar individual e coletivo; contribuir para o desenvolvimento humano, em busca de qualidade de vida; contribuir para o processo de inclusão educacional e social; garantir recursos humanos qualificados e permanentes para coordenar e ministrar as atividades esportivas; promover hábitos saudáveis para crianças, adolescentes e familiares; estimular crianças e adolescentes a manter uma interação efetiva em torno de práticas esportivas saudáveis, direcionadas ao processo de desenvolvimento da cidadania; contribuir para a ampliação da atividade educacional, visando a oferecer educação permanente e integral por meio do esporte; contribuir para reduzir a exposição de crianças e adolescentes às situações de risco social; apoiar as ações de erradicação do trabalho infantil; contribuir para a diminuição dos índices de evasão e repetência escolar da criança e do adolescente; apoiar a geração de emprego e renda por meio da mobilização do mercado esportivo nacional; instituir indicadores de acompanhamento e avaliação do esporte educacional; obter reconhecimento nacional e internacional do Programa.
267
O nosso objetivo específico do estudo foi avaliar se o Programa, conforme desenvolvido em uma escola pública de Salvador, possibilitava ou não a utilização de uma metodologia de ensino superadora daquelas tradicionais de ensino do esporte. Nesse sentido, caracterizamos o que é o ensino tradicional e o que seria uma metodologia mais avançada, superadora. Para tanto, coletamos dados em observações, em discussões no grupo focal e em entrevistas com coordenadores. A utilização de encontros com os estudantes (Grupo Focal) logo após o término das atividades foi o instrumento de investigação que permitiu a coleta de dados sobre a posição dos estudantes diante da metodologia.
Reunir os estudantes (Grupo Focal) e dialogar sobre os objeti-vosjdo projeto, as avaliações, os conteúdos e os métodos, os tempos e espaços e as relações entre estudantes e professores, anotando respostas, permitiu a realização de análises que testaram a nossa hipótese inicial.
Existe, sim, possibilidades de autonomia nas aulas que permitem ao professor em seu trabalho pedagógico, na definição de objeti-vos e avaliação, conteúdo e método, espaços e equipamentos, relações com estudantes e demais envolvidos no projeto, de reconfigurar, reinventar, transformar o ensino do esporte na escola. E isso também é possível em um projeto do governo federal que, em última instância, objetiva fomentar no Brasil o esporte competitivo de alto rendimento para transformar o Brasil em uma potência esportiva e o faz incentivando o esporte nas escolas.
Os instrumentos de investigação foram utilizados com os cem (100) estudantes de ambos os sexos participantes das aulas do Projeto Segundo Tempo. Os encontros eram registrados em

Jairo Eduardo de Alcântara

anotações, que foram armazenadas por meio dos dados coletados durante as reuniões. Estas anotações serviram de parâmetro para interpretar e modificar momentos ocorridos durante as aulas. O estudo procurou realizar atividades pertinentes às áreas esportivas, sempre buscando adaptar as regras das modalidades escolhidas para facilitar a participação de todos os alunos integrantes. Foram escolhidas as quatro modalidades esportivas mais praticadas internacionalmente e de fácil aceitação pêlos alunos, para que pudéssemos realizar a pesquisa. Durante a pesquisa, o futebol, o handebol, o basquetebol e o voleibol foram bastante utilizados e sofreram modificações quanto as suas regras oficiais. As turmas eram todas mistas e compostas por 25 alunos cada, crianças do Ensino Fundamental de 5a à 8a série, na faixa etária de 10 a 15 anos. As atividades esportivas eram realizadas duas vezes por semana com a duração de 2 horas por turma. Todos os alunos estavam inscritos e participando do projeto Segundo Tempo elaborado pelo Ministério dos Esportes e apoiado pêlos governos federal e estadual.
As aulas ministradas se caracterizaram por uma metodologia que levou em conta o seguinte: a) a prática esportiva com o objetivo de ampliar a atitude crítica perante o esporte na sociedade; b) a prática esportiva relacionada a temas da vida, como lazer, saúde, mídia, educação; c) a prática esportiva partindo das experiências dos participantes; d) a prática esportiva criativa e decidida conjuntamente; e) a prática esportiva modificada pêlos participantes para se adequar às condições individuais e locais; f) a prática esportiva com conteúdos clássicos e conteúdos elaborados nas vivências e experiências do grupo; g) a ênfase na dimensão lúdica do esporte e com ampliação da compreensão do caráter competitivo, técnico e do sobrepujar do esporte convencional; h) a crítica aos meios de comunicação e à veiculação propagandística de ilusões sobre o esporte competitivo de alto rendimento e da "corpolatria".
269
Esta metodologia compreendida e apoiada pêlos estudantes contrapõe-se à metodologia tradicional, o que nos leva a reconhecer pêlos dados que existem, sim, possibilidades de autonomia para alterar a metodologia do ensino do esporte na escola.
Conclusão
O processo de ensino-aprendizagem das aulas de esporte escolar deve sofrer modificações dentro do seu contexto metodológico, necessitando, para tanto, de uma política de formação continuada para os professores de Educação Física, vez que a formação inicial da maioria dos docentes hoje atuantes na rede pública esteve pautada em uma perspectiva tradicional do ensino do esporte.
A proposta está voltada para o desenvolvimento social dos alunos, visando ampliar a atitude crítica diante dos temas da cultura corporal, entre os quais o esporte, otimizar o rendimento na aprendizagem dos conteúdos programáticos utilizados nas aulas de Educação Física, quer dizer, todos os alunos teriam condições de aprender o esporte de maneira mais crítica e ampliar as possibilidades de praticá-lo, sendo um instrumento para ressignificar a Educação Física na escola.
Educação Física e o Esporte: transformações pedagógicas e metodológicas de ensino no âmbito escolar

Ressaltamos, por fim, que este é um passo relevante para situar a Educação Física na escola na perspectiva de redefinir o próprio papel da escola capitalista. Assim sendo, a metodologia do ensino sintoniza-se com todo um processo de transformação social que está para além da escola e deixamos de reproduzir, pela mediação do trabalho pedagógico, as características do esporte alienado conforme colocado na sociedade em geral.

Jairo Eduardo de Alcântara

Referências
ASSIS DE OLIVEIRA, Sávio. As dimensões da reflexão pedagógica na obra do professor doutor Jorge Olímpio Bento. Recife: Departamento de Educação Física - UFPE, 1994. (Monografia de Especialização em Pedagogia do Esporte).
ASSIS DE OLIVEIRA, Sávio. Marx contra a violência ou a violência contra Marx. Diário de Pernambuco, Recife, 26 jul. 1996. Opinião, Caderno A, p. 2.
ASSIS DE OLIVEIRA, Sávio. A reinvenção do esporte: possibilidades da prática pedagógica. Recife, PE: UFPE, 1999. (Dissertação de
Mestrado).
BRACHT, Valter. A criança que pratica esportes respeita as regras do jogo... capitalista. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, São Paulo, v. 7, n. 2, p. 62-68, jan. 1986.
BRACHT, Valter. A educação física escolar como campo de vivência social. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, São Paulo, v. 9, n. 3, p. 23-39, maio 1988.
BRACHT, Valter. Esporte-Estado-Sociedade. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas, v. 10, n. 2, p. 69-73, jan. 1989a.
BRACHT, Valter. Educação Física: a busca da autonomia pedagógica. Revista da Fundação de Esporte e Turismo, v. l, n. 2, p. 12-19, 1989b.
BRACHT, Valter. Jogos escolares: reflexões críticas e perspectivas, [s.l.]: 1991. (Mimeografado).
BRACHT, Valter. Educação Física e aprendizagem social. Porto Alegre: Magister, 1992.
BRACHT, Valter. Sociologia crítica do esporte: uma introdução. Vitória: Ufes/Cefed, 1997.
DE LORENZI G. P. Educação Física e o discurso midiatico: abordagem crítico-emancipadora. Ijuí: Ed. Unijuí, 2002.
DEMO, R Educar pela pesquisa. São Paulo: Editora Autores Associados, 2003.
HILDEBRANDT, R. S. Textos pedagógicos sobre o ensino da Educação Física. Ijuí: Ed. Unijuí, 2003.
HUIZINGA. J. Homo Ludens, o jogo como elemento da cultura. São Paulo: Editora Perspectiva, 2004.
KUNZ, E. Didática da Educação Física. Ijuí: Ecl. Unijuí, 2004.
KUNZ, Elenor; HILDEBRANDT, S. R. Intercâmbios científicos internacionais em Educação Física e esportes. Ijuí: Ed. Unijuí, 2004.
SOUZA JÚNIOR, M. B. M. A constituição dos saberes escolares na educação básica. Pernambuco, PE: Universidade Federal de Pernambuco, 2007. (Tese de Doutorado em Educação).
VENTURA, H. T. Educação Física e desportos. São Paulo: Editora Saraiva, 2003.








Autor: Jairo Eduardo


Artigos Relacionados


O Esporte Moderno Nas Aulas De Educação Física: Realidades E Possibilidades De Uma Pedagogia Crítica

Esporte, EducaÇÃo E SociabilizaÇÃo:

Implementação Da Capoeira Nas Aulas De Educação Física Do Ensino Fundamental Ii E Médio Das Escolas Públicas De Macapá

Discutindo Valores Humanos Na Educação Física Escolar: Uma Perspectiva A Partir Do Método "educare"

Os ConteÚdos Desenvolvidos Nas Aulas De EducaÇÃo FÍsica Do 6º Ao 9º Ano Do Ensino Fundamental

O Universo De Possibilidades Do Esporte Adaptado

FormaÇÃo E IniciaÇÃo Desportiva Dentro De Um Âmbito Escolar