DESAFIOS DAS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO



RESUMO

Este trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa realizada no curso de Pedagogia, na Fundação Universidade Federal de Rondônia, em Porto Velho, no período de Junho a Julho de 2008, cujo objetivo foi conhecer como os professores do Departamento de Ciências Educação – UNIR e os alunos do curso de Pedagogia – UNIR enfrentam os desafios oriundos das novas tecnologias, bem como, identificar se os alunos e os professores formadores fazem troca de experiências; possuem conhecimentos tecnológicos e habilidades específicas para utilizarem novas atividades didáticas realizadas em rede, bem como se os professores fazem cursos de atualizações para garantir sua inserção no mercado profissional ou para adquirir novos saberes não previstos em sua formação acadêmica. A partir de reflexões de autores tais como: Kenski (2003), Moran (2000), Lévy (1993), Massetto (2000), Castells (1999), entre outros, confirmamos que as transformações atuais evidentemente vão muito além de uma simples mudança de tecnologias de comunicação e informação e desafiam professores formadores e os alunos em formação a enfrentarem os desafios oriundos das novas tecnologias.

Palavras-chave: Novas tecnologias, educação, desafios.

INTRODUÇÃO

O avanço no conhecimento científico tornou-se possível o aparecimento de Novas Tecnologias, voltadas para as inúmeras possibilidades de comunicação e de informação entre as pessoas.

Os desdobramentos de suas aplicações e funcionalidades deram origem a um novo modelo social globalizado, identificando internacionalmente como sociedade da Informação. Nessa nova realidade, os paradigmas da educação tradicional, baseados na educação compulsória e massiva para todos os estudantes, já não satisfazem.

Um novo tempo, um novo espaço e outras maneiras de pensar e fazer educação são exigidos na sociedade da Informação. Portanto, pensar na realidade atual da educação, implica analisar o contexto das novas configurações sociais e de um novo patamar tecnológico.

Considera-se necessário entender essa nova conjuntura, é preciso analisar a relação existente entre tecnologia e educação, bem como os desafios institucionais e a reestruturação política e econômica do Estado que se fazem presentes nas políticas educacionais do governo brasileiro e, ainda, compreender a pedagogia que emerge do impacto das novas tecnologias e as perspectivas mediadoras no campo educacional.

Segundo Kenski (1998, p.61),

[...] o estilo digital engendra, obrigatoriamente, não apenas o uso de novos equipamentos para a produção e apreensão de conhecimentos, mas também, novos comportamentos de aprendizagem, novas racionalidades, novos estímulos perceptivos [...]. Seu rápido alastramento e multiplicação, em produtos e em novas áreas, obriga-nos a não mais ignorar sua presença e importância.

Com base nesta afirmação, pergunta-se: Como os professores e alunos, enfrentam os desafios oriundos das novas tecnologias?

Nesse sentido, durante o 7º período do curso de Pedagogia da Fundação Universidade Federal de Rondônia, a Disciplina Tecnologias Aplicada a Educaçãopossibilitou-nos a oportunidade de realizar esta pesquisa para conhecermos como os professores (Departamento de Ciências da Educação – UNIR) e os alunos (curso de Pedagogia – UNIR) enfrentavam estes desafios oriundos das novas tecnologias.

Pode-se observar com a pesquisa, que tanto os alunos quantos os professores têm dificuldades em usar as ferramentas que as novas tecnologias nos proporcionam.

Mediante essas observações, e por considerar importante estes recursos na construção do conhecimento sistematizado, percebeu-se a necessidade da continuação deste trabalho, e como tal, buscou-se também nesta pesquisa, como objetivos específicos, identificar se os alunos e os professores fazem troca de experiências; verificar se estes possuem conhecimentos tecnológicos e habilidades específicas para utilizarem novas atividades didáticas realizadas em rede, bem como verificar se professores fazem cursos de atualizações para garantir sua inserção no mercado profissional ou para adquirir novos saberes não previstos em sua formação acadêmica.

Para tanto, a pesquisa foi desenvolvida mediante uma investigação quali-quantitativa do tipo exploratória. Em um primeiro momento, partiu-se para o estudo bibliográfico tendo como referencial teórico os principais autores: Kenski (2003), Moran (2000), Lévy (1999), Massetto (2000), Castells (1999).

            No segundo momento a pesquisa de campo foi realizada no curso de Pedagogia da Fundação Universidade Federal de Rondônia, no período de Junho a Julho de 2008, envolvendo todos os períodos do primeiro semestre de 2008, sendo eles: 1º, 3º, 5º, 7º e 8º. Teve-se um total de 37 alunos colaboradores, correspondendo aos 20% esperado e apenas 6 professores responderam o questionário, o que correspondeu a 50%.

Portanto, espera-se com esta pesquisa contribuir para as discussões sobre o papel do professor como mediador, utilizando as novas tecnologias de forma mais participativa, trabalhando com projetos colaborativos e equilibrando o presencial e o virtual e suas possibilidades.

1 NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

 "As Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação-NTIC(s) vêm adquirindo um papel relevante e, em muitos casos, principal" (MARTINEZ, 2004, p. 95). Portanto faz-se necessário conceituar algumas premissas básicas para dar suporte as reflexões feitas neste trabalho.

Quando fala-se de Tecnologias da Informação e da Comunicação, refere-se ao conjunto de tecnologias microeletrônicas, informáticas e de comunicação que permitam a aquisição, armazenamento, processamento e transmissão de dados na forma de imagem, vídeo, texto ou áudio. Conforme Martinez (2004, p. 95) "chamaremos de tecnologias da informação e da comunicação as tecnologias de redes de informáticas, aos dispositivos que interagem com elas e seus recursos".

Nessa perspectiva, detalha Vigneron (2001, p. 99),

As NTICs designam um conjunto de meios de armazenamento, de tratamento e de difusão da informação, gerado pelo casamento entre a informática, as telecomunicações e o audiovisual. [...] as NTICs estão evoluindo em alta velocidade e recrutam cada dia mais adeptos. Portanto, a generalização do seu uso levanta muitas perguntas de ordem econômica, social, antropológica e até ética. As NTICs provocam um impacto real e concreto sobre as práticas: trabalho, aprendizagem, relacionamento humano.

De acordo com documento da Jornada de Atualização Tecnológica (2008), são consideradas NTICs, entre outras, os computadores pessoais (PCs, personal computers), o rastreamento eletrônico para digitalização de imagens (scanners), a impressão por impressoras domésticas, a gravação doméstica de CDs e DVDs, a telefonia móvel (telemóveis ou telefones celulares), a TV por assinatura, TV a cabo, TV por antena parabólica, o correio eletrônico (e-mail), a internet, a world wide web (principal interface gráfica da internet), os websites e home pages, os quadros de discussão (message boards), o streaming (fluxo contínuo de áudio e vídeo via internet), o podcasting (transmissão sob demanda de áudio e vídeo via internet), as tecnologias digitais de captação e tratamento de imagens e sons, a fotografia digital, o vídeo digital, o som digital, a TV digital e o rádio digital, as tecnologias de acesso remoto (sem fio ou wireless), Wi-Fi, Bluetooth.

É importante frisar que a incorporação de novas tecnologias não pretende substituir as tecnologias convencionais, tais como: televisões, rádio, materiais impressos e outras tecnologias, que são e continuarão sendo utilizadas. O que deve se ter em mente é que ambos tipos de tecnologia se complementam e podem tornar mais eficazes o processo de ensino-aprendizagem.

Deve-se mencionar também que informação e conhecimento se diferem, e o acesso a grandes quantidades de informação não assegura a possibilidade de transformá-la em conhecimento. Para extrair informações útil do crescente oceano de dados acessível na Internet, exige-se um conhecimento básico do tema investigado, assim como estratégias e referenciais que permitam identificar quais fontes são confiáveis.

Além disso, para transformar a informação em conhecimento, exige-se mais que qualquer outra coisa: pensamento lógico, raciocínio e juízo crítico. (MARTINEZ, 2004).

Nesse sentido, conhecimento e informação são elementos cruciais em todos os modos de desenvolvimento, visto que o processo produtivo sempre se baseia em algum grau de conhecimento e no processamento da informação. A diferença na sociedade informacional é a ação de conhecimentos sobre os próprios conhecimentos como principal fonte de produtividade.

Para tanto, cabe fazer uma distinção entre conhecimento e informação. Segundo Castells (1999) conhecimento é um conjunto de declarações organizadas sobre fatos ou idéias, apresentando um julgamento ponderado ou resultado experimental que é transmitido a outros por intermédio de algum meio de comunicação, de alguma forma sistemática.

Enquanto que a informação é a comunicação de conhecimentos, ou seja, são dados que foram organizados e comunicados. (CASTELLS, 1999).

Isto significa que as tecnologias da informação e da comunicação se transformaram em elemento constituinte das nossas formas de ver e organizar o mundo.

O papel delas já não se limita à simples configuração e formatação, ou, se quiserem, ao enquadramento de conjuntos complexos de informação. Elas participam ativamente do passo da informação para o conhecimento.

Nesse cenário de singularidade e de intensas mudanças tecnológicas, a sociedade, é "pós-industrial" ou "informacional" e vive-se, hoje, o que se chama de "era da informação", sustentada por novas tecnologias de informação e comunicações, como a trajetória mais provável pela ampliação da globalização e prevalecendo-se de uma nova hegemonia, delineia-se a Sociedade da Informação, ou Sociedade do Conhecimento. (CASTELLS, 1999).

A sociedade da informação é a sociedade que está atualmente a constituir-se, na qual são amplamente utilizadas tecnologias de armazenamento e transmissão de dados e informação de baixo custo. Esta generalização da utilização da informação e dos dados é acompanhada por inovações organizacionais, comerciais, sociais e jurídicas que alterarão profundamente o modo de vida tanto no mundo do trabalho como na sociedade em geral. (ASSMANN, 2000).

Ainda de acordo com Castells (1999, p. 57), a sociedade informacional, "apresenta variação histórica considerável nos diferentes países, conforme sua história, cultura, instituições e relação específica com o capitalismo global e a tecnologia informacional".

            Sendo assim, faz-se necessário apresentar a distinção entre "sociedade da informação" e "sociedade informacional", que na teoria de Castells (1999, p. 65)) apresentam as seguintes definições,

O termo sociedade da informação enfatiza o papel da informação na sociedade. [...] informação, em seu sentido mais amplo, por exemplo, como comunicação de conhecimentos, foi crucial a todas as sociedades, inclusive à Europa medieval que era culturalmente estruturada e, até certo ponto, unificada pelo escolasticismo, ou seja, no geral uma infra-estrutura intelectual. Ao contrário, o termo informacional indica o atributo de uma forma específica de organização social em que a geração, o processamento e a transmissão da informação tornam-se as fontes fundamentais de produtividade e poder devido às novas condições tecnológicas surgidas nesse período histórico.

Em um contexto globalizado, as tecnologias de informação e comunicação, ligam localidades distantes de tal forma, que acontecimentos locais são modelados por eventos ocorrendo à milhas de distância e vice-versa, pode-se dizer que tudo e todos estão conectados interferindo e modificando seu meio social, econômico, político, cultural e institucional.

Desse modo, precisa saber como aproveitar os benefícios sociais e culturais de toda a informação que circula em rede, nas sociedades conectadas em escala mundial, uma vez que a revolução da tecnologia tem sua penetrabilidade em todas as esferas da atividade humana e, nesse sentido, acaba por difundir-se pelas culturas mais significativas da sociedade e, a partir disso, propaga-se por várias culturas, diferentes países, e diversas organizações que se apropriam da inovação tecnológica utilizando-a em todo o seu potencial.

Todavia, é preciso ficar esclarecido que, de acordo com Castells (1999), a tecnologia não determina a sociedade, nem a sociedade escreve o curso da transformação tecnológica, visto que muitos fatores, inclusive criatividade e iniciativa empreendedora, intervêm no processo de descoberta científica, inovação tecnológica e aplicações sociais, de forma que o resultado final depende de um complexo padrão interativo.

Conforme Brunner (2004), a educação vive um tempo revolucionário, surge e se desenvolve uma poderosa indústria, a indústria educacional, estimulada pelo encontro entre educação e novas tecnologias. Segundo Behrens (2000, p.67) "a humanidade tem sido desafiada a testemunhar duas transições importantes que afetam a sociedade: o advento da sociedade do conhecimento e a globalização".

Nesse contexto, vive-se um momento em que ocorre uma transformação, por um lado, a extensão, intensidade, velocidade e impacto que adquirem os fluxos, interações e redes globais obrigam todos os países a repensar o vínculo entre educação e política, economia, sociedade e cultura.

 Por outro a constituição de um sistema tecnológico de sistemas de informação e telecomunicações facilita esses processos e gera novos contextos, dentro dos quais deverá se desenvolver, de agora em diante a formação de pessoas. (BRUNNER, 2004).

Nessa perspectiva, o processo contemporâneo de transformação tecnológica, de acordo com Castells (1999, p. 68), "expande-se exponencialmente em razão de sua capacidade de criar uma interface entre campos tecnológicos mediante uma linguagem digital comum na qual a informação é gerada, armazenada, recuperada, processada e transmitida". Assim, é possível afirmar que interagimos em um mundo que se tornou digital.

Desse modo, a história da revolução da tecnologia da informação é relatada por diversos autores, dentre eles Castells (1999) e Lévy (1999), os quais abordam e evidenciam em suas análises as transformações sociais, culturais e econômicas que penetram e difundem-se em todos os campos da atividade humana, devido, primordialmente, à propagação e ao uso das NTIC's pelos indivíduos.

De acordo com Lévy (1999), os primeiros computadores (calculadoras programáveis) surgiram na Inglaterra e nos Estados Unidos em 1945. Por muito tempo, reservados aos militares para cálculos científicos, seu uso civil disseminou-se durante os anos seguintes.

Tecnicamente, um computador é uma montagem particular de unidades de processamento, de transmissão, de memória e de interfaces para entrada e saída de informações, por isso ele pode ser encontrado em qualquer lugar onde a informação digital seja processada automaticamente. Conectado ao ciberespaço,

Um computador pode recorrer as capacidades de memória e de cálculo de outros computadores da rede (que, por sua vez, fazem o mesmo), e também a diversos aparelhos distantes de leitura e exibição de informações. Todas as funções da informática são distribuíveis e, cada vez mais, distribuídas. O computador não é mais um centro, e sim um nó, um terminal. (...) No limite, há apenas um único computador, mas é impossível traçar seus limites, definir seu contorno. É um computador cujo centro está em toda parte e a circunferência em lugar algum, um computador hipertextual, disperso, vivo, fervilhante, inacabado: o ciberespaço em si. (LÉVY, 1999, p.44).

A partir dos anos 70, com a invenção do microprocessador, que é o computador em um único chip, houve uma emergência crescente de diversos processos econômicos e sociais de grande amplitude. Porém, foi só a partir dessa década que as novas tecnologias de informação difundiram-se amplamente, acelerando seu desenvolvimento e convergindo a esse novo paradigma já referido.

Após esses processos, aconteceu um crescimento na produção industrial: robótica, linhas de produção flexíveis, máquinas industriais com controles digitais, etc.

Em meados de 1980, um movimento social nascido na Califórnia apossou-se das novas possibilidades técnicas e inventou o Computador Pessoal (PC) que, na verdade, se tornou o nome genérico dos microprocessadores (LÉVY, 1999).

Faz-se necessário abordar o ponto de partida da globalização que foi recorrente ao processo de internacionalização da economia mundial, ininterrupta desde a Segunda Guerra Mundial, pois foi a partir da década de 80 que se iniciou uma nova história.

 O mundo industrial foi sacudido por uma profunda reestruturação capitalista, sustentada tecnicamente na revolução da informática e das comunicações, devido à descentralização espacial dos processos produtivos, a nova tecnologia influi em todos os campos da vida econômica e revoluciona o sistema financeiro, pela conexão eletrônica dos distintos mercados.

Vale ressaltar que globalização significa antes de tudo uma interconexão de atividades em nível mundial. Implica no domínio político, a debilitação da distinção entre o interno e o externo, o surgimento de novos regimes de soberania, uma redefinição das funções do Estado-nação.

No domínio da economia, implica uma transformação das relações entre os Estados e os mercados, uma intensificação e reorganização do comércio mundial, uma ênfase crescente na competitividade comparativa das nações e a multiplicação de riscos sistêmicos, tais como a destruição do meio ambiente ou a transmissão, por contágio, das crises, sobretudo financeiras.

No domínio cultural, implica o surgimento de sociedades multiétnicas e multiculturais, a formação de indústrias globais de comunicação, transnacionalização dos fluxos simbólicos e a multiplicação de conflitos entre civilizações e comunidade em torno de seus deuses, valores, e tradições. (BRUNNER, 2004).

No que se refere à revolução tecnológica da informação e das comunicações, Brunner, (2004, p. 22) discorre,

Uma das fontes das interconexões globais, representa, por si mesma, uma força transformadora de quase todos os âmbitos de atividade social: o trabalho e a produção, o lar e o consumo, o comércio, o entretenimento, a socialização [...] dos saberes, a organização, a organização das empresas dos Estados, a oferta de serviços e a circulação de todo tipo de dados e conhecimentos.

Desse modo, está havendo um redimensionamento das noções de espaço-tempo, uma vez que, através do uso das NTIC(s), notícias dão a volta ao mundo, capitais entram e saem de um país por transferências eletrônicas, novos produtos são fabricados em muitos países e nenhum deles isoladamente.

Nesse sentido, as NTIC(s) geram a capacidade do global e do local se interpenetrarem e de funcionarem em tempo real, em escala planetária. Essa influência recíproca gera uma das fontes de dinamismo da modernidade, o que é intrinsecamente globalização.

De acordo com Castells (1999), a Revolução da Tecnologia da Informação contribuiu para a formação dos meios de inovação em que as descobertas e as aplicações interagiam e eram testadas em um repetido processo de tentativa e erro: aprendia-se fazendo.

Desde então, o computador escapou do serviço de dados das grandes empresas e dos programadores profissionais para tornar-se, como menciona Lévy (1999, p. 31 e 32) "um instrumento de criação (de textos, de imagens, de músicas), de organização (bancos de dados, planilhas), de simulação (planilhas, ferramentas de apoio à decisão, programas para pesquisa) e de diversão (jogos)"de uma proporção crescente da população de países, que Lévy coloca como desenvolvidos.

Nesse sentindo, Castells (1999) se posiciona sobre o assunto, colocando que a comunicação mediada por computadores é uma revolução que se desenvolve em ondas concêntricas, começando nos níveis de educação e riqueza mais altos e incapazes de atingir grandes segmentos de massa sem instrução, bem como países pobres.

Essa conjuntura atual tem influência direta e indireta na economia mundial. Desse modo, as transformações do capitalismo têm levado autores como Castells (1999), Lévy (1999), Behrens (2000) a afirmar que a economia, na segunda metade do século XX, passou de um modelo de produção industrial para outro baseado na informação, trazendo com isso diversas implicações sociais, políticas, culturais e educacionais.

O modelo capitalista adotado pelos países centrais até a década de 60, conhecido como economia industrial, baseava-se no princípio de desenvolvimento econômico "taylorista/fordista". A partir do final da década mencionada, iniciou-se a configuração de um outro padrão de acumulação de capital, chamado por Castells (1999) de economia informacional, cujo princípio produtivo foi o "toyotista".

O princípio "taylorista/fordista", de base eletromecânica rígida, caracteriza-se pela produção em massa e em série de mercadorias padronizadas, aspectos que demandam dos trabalhadores capacidades cognitivas relacionadas à memorização de conhecimentos e repetição de procedimentos numa determinada seqüência; além disso, exigiam ainda a uniformização de respostas, a separação entre tempos de aprender e tempos de repetir procedimentos práticos.

Entretanto, de acordo com Castells (1999, p. 212),

Quando a demanda de quantidade e qualidade tornou-se imprevisível, quando os mercados ficaram mundialmente diversificados e, portanto, difíceis de ser controlados, e quando o ritmo da transformação tecnológica tornou obsoletos os equipamentos de produção com objetivo único, o sistema de produção em massa ficou muito rígido e dispendioso para as características da nova economia. O sistema flexível surgiu como uma possível resposta para superar essa rigidez.

Assim, foi nessa reestruturação econômica e com o surgimento das NTIC(s) com suas características peculiares, com ênfase, na flexibilidade, nos espaços de fluxos e na lógica de redes que a produção em massa e a centralização do saber ficaram ultrapassados, fazendo com que surgisse um novo modelo de produção adaptado à economia global e ao sistema produtivo flexível, sendo este, o "toyotismo".

Foi nesse sistema econômico que, conforme Castells (1999), a comunicação on-line e a capacidade de armazenamento computadorizado tornaram-se ferramentas poderosas no desenvolvimento da complexidade dos elos organizacionais entre conhecimentos tácitos e explícitos, uma vez que uma empresa criadora de conhecimentos baseia-se na interação organizacional entre os conhecimentos explícitos e os conhecimentos tácitos para atuar como fonte de inovação.

A inovação tecnológica e a transformação organizacional com enfoque na flexibilidade e na adaptabilidade foram absolutamente fundamentais para garantir a velocidade e a eficiência da reestruturação. Deste modo, o informacionalismo está ligado à expansão e ao rejuvenescimento do capitalismo, como o industrialismo estava ligado a sua constituição como modo de produção (CASTELLS, 1999).

Assim, pode-se dizer que surge uma economia em rede, interdependente, que aplica seu progresso em tecnologia, conhecimento e administração na própria economia, conhecimento e administração, formando um círculo de interação que age sobre todos os domínios das atividades humanas. Nesse sentido, a sociedade, as empresas e as instituições estão tendo que mudar seu modelo organizacional para poder adaptar-se às condições de imprevisibilidade introduzidas pela rápida transformação econômica e tecnológica, sendo que estas têm como princípio a formação de redes com base na flexibilidade e o trabalho on-line, o qual liga unidades em rede em tempo real, fazendo com que opere uma mudança na nova economia global em que as organizações têm que se tornar mais eficientes, priorizando as competências e as habilidades cognitivas de seus trabalhadores, bem como a capacidade de processar informação.

Para que esse novo modelo de produção funcione, as NTIC(s) são decisivas, uma vez que, como evidencia Castells (1999, p. 108), "as informações circulam pelas redes: redes entre empresas, redes dentro de empresas, redes pessoais e redes de computadores".

Nesse contexto, em que a sociedade informacional surge com velocidade e mobilidade surpreendentes, na qual o homem é obrigado a abdicar da rigidez das atitudes, idéias e tipos de comportamentos fundamentados no sistema de valores tradicionais, fazendo com que as mudanças operem em todos os sentidos de sua vida sem ao menos ter consciência real disso, ou seja, a realidade em que estamos inseridos atualmente altera nossas próprias vidas, de forma muito veloz sem que, às vezes, seja perceptível. 

            Um fato que não pode passar despercebido é que com o surgimento das novas tecnologias também fez com que os abismos sociais ficassem cada vez maiores. Nesse contexto, é preciso perceber como a sociedade discute, altera e intervém na apropriação das NTIC(s), uma vez que a difusão destas amplia seu poder à medida que os usuários se apropriam dela e a redefinem.

Sob esse aspecto, as novas tecnologias de informação e comunicação não são simplesmente ferramentas a serem aplicadas, mas processos a serem desenvolvidos, numa relação muito próxima entre processos de criação e utilização.

Esse novo sistema tem sua lógica própria com base na capacidade de transformar toda a informação em uma linguagem comum, processando-a em velocidade cada vez maior e com custo cada vez mais reduzido.

Tudo muda muito rápido, valores se desfazem e/ou se modificam, dissolvem-se fronteiras e desenraizam-se as coisas, as gentes e as idéias, trazendo com isso, diferentes implicações sociais em que emergem novas formas de participação dos cidadãos, bem como busca-se sensibilizar as pessoas, cada vez mais, para questionar, intervir e buscar de forma autônoma a apropriação das novas ferramentas tecnológicas.  

Ocorrem mudanças nos valores, nos conceitos, nas formas de agir e de pensar e, principalmente, nos processos sociais como a educação, que tem a função de se adaptar às novas necessidades, bem como tem a finalidade de assumir o papel de ponta nesse processo. Assim, é importante ressaltar que "a educação é ao mesmo tempo transmissão do antigo e abertura da mente para receber o novo" (MORIN, 2004, p. 72).

Nesse sentido, por um lado há quem apóie e considere que o uso das novas tecnologias é fundamental para o desenvolvimento, seja econômico e/ou social de uma sociedade; por outro, há quem vislumbre as NTIC(s) como um processo de exclusão social e de fragmentação de instituições, de trabalho e de saberes. Contudo, o que não se pode desconsiderar é que as novas tecnologias fazem parte da sociedade contemporânea e que vieram para ficar.

De tal modo, é possível afirmar que as novas tecnologias em si não são nocivas, já que fazer mais coisas com menos esforço e menos tempo é positivo. No entanto, as tecnologias sem a educação, conhecimentos e sabedoria que permitam organizar o seu real aproveitamento levam-nos a fazer mais rápido e em maior escala os mesmos erros

2 EDUCAÇÃO E AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO

A educação já não pode funcionar sem se articular com dinâmicas mais amplas que extrapolam a sala de aula e não há educador que não sinta que estamos avançando para novos horizontes. Por outro lado, estamos avançando a passos largos para uma sociedade do conhecimento, e a problemática da educação se tornou central para todos nós, para o desenvolvimento econômico e social de maneira geral.

As transformações atuais evidentemente vão muito além de uma simples mudança de tecnologias de comunicação e informação. E na medida em que a educação não é uma área em si, mas um processo permanente de construção de pontes entre o mundo da escola e o universo que nos cerca, a nossa visão tem de incluir estas transformações. Não é apenas a técnica de ensino que muda, incorporando uma nova tecnologia. É a própria concepção do ensino que tem de repensar os seus caminhos (DOWBOR, 2001).

Nessa perspectiva, Kenski (1998, p. 69) menciona que,

O domínio das novas tecnologias educativas pelos professores pode lhes garantir a segurança para, com conhecimentos de causa, sobrepor-se às imposições sociopolíticas das invasões tecnológicas indiscriminada em sala de aula. Criticamente os professores vão poder aceita-las em suas práticas docentes, tirando o melhor proveito dessas ferramentas para auxiliar o ensino no momento adequado.

Tradicionalmente, a educação seria um instrumento destinado a adequar o futuro profissional ao mundo do trabalho, disciplinando-o, e municiando-o de certa maneira com conhecimentos técnicos, para que possa "vencer na vida", inserindo-se de forma vantajosa no mundo como existe. Esta inserção vantajosa, por sua vez, asseguraria reconhecimento e remuneração, ou seja, "sucesso". Este paradigma, amplamente dominante, gerou outra visão, contestadora, que tenta assegurar à educação uma autonomia que lhe permita centrar-se nos valores humanos, na formação do cidadão, na visão crítica e criativa.

O mundo que hoje surge constitui ao mesmo tempo um desafio ao mundo da educação, e uma oportunidade. A mudança será possível mediante a crescente e insustentável insatisfação dos alunos, que diariamente comparam os excelentes filmes e reportagens científicas que surgem na televisão e nos jornais, com as mofadas apostilas e repetitivas lições da escola.

Nesse sentido, Moran (2000, p. 245-253) afirma,

Ensinar e aprender estão sendo desafiados como nunca antes. Há informações demais, múltiplas fontes, visões diferentes de mundo. Educar hoje é mais complexo porque a sociedade também é mais complexa e também o são as competências necessárias.

 Surge também a oportunidade, na medida em que o conhecimento, matéria prima da educação, está se tornando o recurso estratégico do desenvolvimento moderno. A realidade é que, por primeira vez, a educação se defronta com a possibilidade de influir de forma determinante sobre o nosso desenvolvimento.

Com as transformações revolucionárias que atingem o universo do conhecimento em geral, dotar-se de instrumentos e instituições adequados de gestão nesta área constitui seguramente um eixo essencial de ruptura do nosso atraso.

Não se trata de inundar as escolas e outras instituições de computadores. Estudos realizados mostram que a simples informatização leva apenas a que as mesmas bobagens sejam feitas com maior rapidez, além do acúmulo de equipamento sofisticado utilizado como máquinas de escrever (DOWBOR, 2001).

Trata-se de organizar a assimilação produtiva de um conjunto de instrumentos poderosos que só poderão funcionar efetivamente ao promovermos a mudança cultural, no sentido mais amplo, correspondente.

Nesta perspectiva afirma Kenski (1998, p. 67),

[...] É preciso que o professor, antes de tudo, se posicione não mais como detentor do monopólio do saber, mas como um parceiro, um pedagogo, no sentido clássico do termo, que encaminhe e oriente o aluno diante das múltiplas possibilidades e formas de se alcançar o conhecimento e de se relacionar com ele. (grifo do autor)

Ou seja, a educação, e os sistemas de gestão do conhecimento que se desenvolvem em torno dela, têm de aprender a utilizar as novas tecnologias para transformar a educação, na mesma proporção em que estas tecnologias estão transformando o mundo que nos cerca. A transformação é de forma e de conteúdo. 

Mudam as tecnologias, mas também muda o mundo que devemos estudar, e precisam mudar as próprias formas de ensino. A informática não é apenas a chegada de novas máquinas e, portanto, a compreensão das novas dinâmicas ainda está em plena construção.

Segundo Kensky (2003, p. 92),

Um novo tempo, um novo espaço e outras maneiras de pensar e fazer educação são exigidos na sociedade da informação [...]. Não se trata, portanto de adaptar as formas de tradicionais de ensino aos novos equipamentos ou vice-versa [...].

Não é preciso ser nenhum deslumbrado da eletrônica para constatar que o movimento transformador que atinge hoje a informação, a comunicação e a própria educação constitui uma profunda revolução tecnológica.

Este potencial pode ser visto como fator de desequilíbrios, reforçando as ilhas de excelência destinadas a grupos privilegiados, ou pode constituir uma poderosa alavanca de promoção e resgate da cidadania de uma grande massa de marginalizados, criando no país uma base ampla de conhecimento, uma autêntica revolução científica e cultural (DOWBOR, 2001).

Nessa perspectiva Moran (2004, p. 01) discorre,

A Internet e as novas tecnologias estão trazendo novos desafios pedagógicos para as universidades e escolas. Os professores, em qualquer curso presencial, precisam aprender a gerenciar vários espaços e a integrá-los de forma aberta, equilibrada e inovadora.

Conforme vimos, tudo indica que não estamos enfrentando apenas uma revolução tecnológica. Na realidade, o conjunto de transformações parece estar levando a uma sinergia da comunicação, informação e formação, criando uma realidade nova, que está sendo designada como "sociedade do conhecimento".  Ao passo que com toda essa evolução tecnológica, sabe-se que nem todos têm acesso.

Sendo assim, o desafio, portanto, não é só de introduzir novas tecnologias, com o conjunto de transformações que isto implica, mas também de assegurar que as transformações sejam fontes de oportunidades.

Neste universo de conhecimentos, nesta imensa rede interativa, modifica-se profundamente a função do educando, em particular do adulto, que deve se tornar sujeito da própria formação, frente à diferenciação e riqueza dos espaços de conhecimento nos quais deverá participar.

A educação vista neste prisma tende a se tornar de certa forma orientada pela demanda, sendo que construir o seu próprio universo de conhecimento passa a ser uma condição central da inserção social das pessoas. Não se trata mais de gerar o currículo adequado a partir de instâncias superiores, mas de se adaptar ao que o aluno efetivamente necessita nos seus diversos eixos de interação com o mundo. (MORAN, 2004)

A luta pelo acesso aos espaços de conhecimento vincula-se ainda mais profundamente ao resgate da cidadania, em particular para a maioria pobre da população, como parte integrante das condições de vida e de trabalho.

Finalmente, é essencial enfrentarmos de maneira organizada a compreensão das novas tecnologias, do seu potencial, dos seus perigos, das suas dimensões econômicas, culturais, políticas, institucionais, enfim, o que não podemos nos permitir, inclusive para orientar as novas gerações, é delas não termos um conhecimento competente. (DOWBOR, 2001).

2.1 Elementos para a incorporação das NTIC(s) na educação

É importante ter presente que as novas tecnologias colocam desafios organizacionais na escola, mas também colocam desafios institucionais mais amplos ao sistema educacional em geral.

Estas mudanças não são fáceis. Quando vemos a quantidade e qualidade das sugestões referentes à educação no Brasil, e as confrontamos com o processo real, nota-se a dimensão do problema.

Além disto, é importante a nosso ver entender que a transformação dos espaços do conhecimento não pode se dar apenas de dentro dos espaços da educação: exige ampla participação e envolvimento de segmentos empresariais, dos sindicatos, dos meios de comunicação, das áreas acessíveis da política, dos movimentos comunitários, dos segmentos abertos das igrejas etc., na gradual definição dos nossos caminhos para a sociedade do conhecimento (DOWBOR, 2001).

A educação desempenha um papel chave nestas transformações, é um dos atores, e não pode olhar apenas o seu próprio universo, sobretudo se o seu papel deverá ser crescentemente o de articulador nos diversos subsistemas. Contudo, as transformações que nos interessam mais diretamente se dão sem dúvida na base, na própria escola.

A tradicional hierarquia vertical e autoritária, movida por mecanismos burocráticos do Estado, ou centrada no lucro e no curto prazo da empresa privada, simplesmente não resolve.

Estabelecer políticas nacionais para o planejamento e a aplicação de programas de integração das NTIC(s) na educação pública é uma responsabilidade que envolve não só o setor educativocomo também outros setores governamentais.

Para tanto, é preciso uma organização interdisciplinar em nível nacional que tome decisões, planifique e coordene a elaboração de programas para a incorporação das NTIC(s) na educação, não apenas isso, mas também, equipamentos, conectividade, (incluindo a internet), desenvolvimento profissional docente, conteúdos digitais e novas práticas educativas. (MARTINEZ, 2004).

Nesse sentido, o autor enuncia elementos importantes para a incorporação das NTIC na educação:

Equipar as escolas: é sem dúvida um esforço indispensável para a introdução das NTIC na escola e deve-se lembrar que a complexidade dos processos de seleção e aquisição de equipamentos, "tornam ainda mais imperiosa a necessidade de lembrar que tecnologias devem estar a serviço da educação" (MARTINEZ, 2004 p. 100). Pais e professores cumprem um papel importante e podem e devem participar das decisões sobre o processo de equipar.

Aparelhamento dos espaços físicos: ao desenvolver essa tarefa, deve-se levar em consideração o custo do aparelhamento, dos espaços, verificar a disponibilidade de energia elétrica ou fontes alternativas, assegurar a ventilação necessária, tais como: ar-condicionado, desumidificador, ventiladores, entre outros, bem como tomar medidas de segurança e proteção dos equipamentos.  

Aquisição de tecnologia:as licitações, em geral parecem ser a melhor alternativa para conseguir os melhores preços na compra de tecnologia. No entanto é preciso tomar alguns cuidados, como assegurar a pertinência da tecnologia e a transparência das aquisições e, ao mesmo tempo, ser capazes de enfrentar as pressões dos políticos, dos meios de comunicação e das empresas fornecedoras de hardware, software e serviços. 

Também é preciso considerar e integrar no orçamento de infra-estrutura escolar a compra dos móveis necessários para operar os equipamentos – mesas, cadeiras, armários, etc. – além de incluir a compra de equipamentos periféricos e reguladores de energia, considerar também a compra de aplicativos e software de administração de redes, bem como definir um plano de distribuição e instalação dos equipamentos.

Operação e manutenção:deve ser levado em conta também os custos da manutenção preventiva e corretiva dos equipamentos depois de vencido a garantia. Além disso, devem ser definidos os procedimentos para cobrir os gastos fixos, tais como: tonner, tinta impressoras, papel, CD's, contas telefônicas de acesso a Internet, como também elaborar uma estratégia de atualização dinâmica que evite a rápida obsolescência.

Eqüidade no acesso às NTIC: cabe salientar que antes de iniciar o processo de equipar, deve-se levar em consideração as necessidades educativas, e não simplesmente as possibilidades oferecidas pelos equipamentos. E, portanto, falar de eqüidade em matéria de políticas públicas educacionais é um assunto complexo que requer uma reflexão prudente, mas pode-se afirmar que a eqüidade no acesso à tecnologia e à informação ainda é um enorme desafio que exige o esforço dos setores públicos e privado e que exige-se a convicção profunda de que todas as pessoas merecem as mesmas oportunidades.

2.2 O docente como orientador/mediador de aprendizagem

Moran (2000, p. 13) afirma que "ensinar é um processo social – inserido em cada cultura, com suas normas, tradições e leis -, mas também é um processo profundamente pessoal".

Este mesmo autor menciona ainda que a sociedade ensina, os professores aprendem e ensinam, as instituições aprendem e ensinam. Ensinar depende também do aluno querer aprender e estar apto a aprender.

Nesse sentido, nota-se uma constante preocupação atual com o ensino de qualidade em detrimento da educação de qualidade, na qual estas possuem conceitos diferentes.

Moran (2000, p. 12) afirma que,

No ensino organiza-se uma série de atividades didáticas para ajudar os alunos a compreender áreas especificas do conhecimento (ciências, história, matemática). Na educação o foco, além de ensinar, é ajudar a integrar ensino e vida, conhecimento e ética, reflexão e ação, a ter uma visão de totalidade.

Sendo assim, o desafio é caminhar para um ensino e uma educação de qualidade, que integre todas as dimensões do ser humano, pois ensinar e aprender exigem muito mais flexibilidade espaço-temporal, pessoal, e de grupo, menos conteúdo fixos e processos mais abertos de pesquisa e comunicação.

Uma das dificuldades que se configura hoje é conciliar a extensão da informação, a variedade das fontes de acesso, com o aprofundamento da sua compreensão, em espaços menos rígidos e mais maleáveis.

Neste contexto, surge a urgência do docente como orientador/mediador de aprendizagem. O professor, com acesso a tecnologias, pode se tornar um orientador/gestor setorial do processo de aprendizagem, integrando de forma equilibrada a orientação intelectual, a emocional e a gerencial.

Este orientador/mediador deve está apto a ser conforme sugere Moran (2000, p. 30):

Orientador/Mediador intelectual: trabalha para que as informações tornem significativas para os alunos, permitindo que eles as compreendam, avaliem conceitual e eticamente e reelaborem e adaptem aos seus contextos pessoais.

Orientador/Mediador emocional: incentiva, estimula, organiza os limites, com equilíbrio, credibilidade, autenticidade e empatia.

Orientador/Mediador gerencial e comunicacional:organiza o processo de avaliação, é a ponte principal entre a instituição, os alunos e os demais grupos envolvidos, ajuda a desenvolver todas as formas de expressão, de interação, de troca de linguagens, conteúdos e tecnologias.

Orientador ético:ensina a assumir e vivenciar valores construtivos, individual e socialmente.

Além disso, esse orientador/medidor deve integrar as NTIC(s) de forma inovadora na escola, pois como afirma Moran(2000) os meios de comunicação, principalmente a televisão, desenvolvem formas sofisticadas multidimensionais de comunicação sensorial, emocional e racional, superpondo linguagens e mensagens que facilitam a interação com o público, esta opera imediatamente com o sensível, o concreto, principalmente a imagem em movimento, estabelecendo uma conexão aparente lógica entre mostrar de demonstrar.

Atrelado a isso tem-se também o vídeo,  que "está umbilicalmente ligado a televisão e a um contexto de lazer, de entretenimento, que passa imperceptível para a sala de aula" (MORAN 2000, p. 36). No entanto, podem ser utilizados em diversas propostas escolar mediante planejamento pedagógico.

Outra possibilidade inovadora na educação é o uso do computador, com internet, este se converte em um meio de comunicação extremamente importante para o ensino-aprendizagem. O professor tendo uma visão pedagógica inovadora, aberta, que pressupõe a participação dos alunos, pode utilizar ferramentas simples da Internet para melhorar a interação presencial virtual entre todos.

No que diz respeito a internet, o professor mediador deve procurar fazer com que os alunos dominem as ferramentas da web,que aprendem a navegar e que todos tenham o seu e-mail, este professor também pode criar um fórum da turma, na qual informações importantes para o grupo, tais como: orientação bibliográfica, de pesquisa, dirimir dúvidas, trocar sugestões, enviar textos e trabalhos vão ser efetuados virtualmente.

O computador conectado a Internet, pode transformar uma parte das aulas em processos contínuos de informação, comunicação e pesquisa, por meio dos quais vai se construindo o conhecimento e equilibrando o individual e o grupal, entre o professor-coordenador-facilitador e os alunos-participantes ativos (MORAN, 2000).

 Além disso, a Internet favorece a construção cooperativa, o trabalho conjunto entre professores e alunos, próximos física e virtualmente, e ainda, a Internet pode ajudar a desenvolver a intuição, flexibilidade mental, a adaptação a ritmos diferentes.

Portanto as possibilidades educacionais que se abrem são diversas, no entanto ainda é preciso alterar os paradigmas convencionais do ensino, que mantém distantes professores e alunos.

3 METODOLOGIA

Este estudo de natureza empírica foi desenvolvido mediante uma pesquisa do tipo exploratória, pois esta, como afirma Farias (2007, p. 30) "trata-se de um estudo preliminar em que o maior objetivo é tornar familiar o objeto a ser investigado, de modo que em etapa posterior, a do estudo principal, possa ser delineada com maior precisão e profundidade".

No que se refere à abordagem de investigação, adotou-se a quali-quantitativa por considerar que os resultados obtidos abordam tanto aspectos quantitativos "em que se coletam dados, opiniões e informações que serão apresentados por meio de resultados numéricos, com a utilização de recursos e técnicas estatísticas" quanto aspectos qualitativos relacionados as questões investigadas (FARIAS, 2007, p. 30).

A pesquisa foi realizada na Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR, no curso de Pedagogia, no período de Junho a Julho de 2008, população utilizada neste estudo, através de Grupo Amostral,abrangeu 20% (média de 8 alunos por turma do curso de Pedagogia) de todos os períodos do primeiro semestre de 2008, sendo eles: 1º, 3º, 5º, 7º e 8º e 50% dos professores do Departamento de Educação.

Considerando o tipo de pesquisa, os instrumentos adotados para o tipo de pesquisa em questão foram a entrevista e questionário, pois como afirma Farias (2007, p. 30) na maioria dos casos de pesquisa exploratórias "é utilizado o levantamento bibliográfico, complementado com a aplicação de questionários ou entrevistas".

Através de Grupo Amostral era previsto entrevistar 20% (média de 8 alunos por turma do curso de Pedagogia) e aplicar questionário 100% dos  professores do Departamento de Educação. Teve-se um total de 37 alunos colaboradores, correspondendo aos 20% esperado e apenas 6 professores responderam o questionário, o que correspondeu a 50%.

4 APRESENTAÇÃO DA PESQUISA DE CAMPO

Devido ao questionamento de como os professores e os alunos enfrentam os desafios oriundos das Novas Tecnologias, surgiram-nos outras dúvidas, que se tornaram as perguntas do questionário.

Após tabulação, análises dos dados colhidos e leituras relacionadas a problemática tem-se algumas considerações a fazer a respeito. As respostas se dividiram em dois grupos, professores formadores e alunos em formação.

4.1 Resultados da pesquisa – alunos

4.1.1 Recursos de Novas Tecnologias que os alunos possuem

A primeira pergunta questionava a respeito de quais recursos que as Novas Tecnologias nos proporcionam e os alunos possuem; constata-se que todos possuem televisão, que a maioria tem telefone celular, seguido de computador e pen drive. Percebe-se também que itens inseridos no mercado mais recentemente, raros foram os que já adquiriram como é o caso do smartphone e o Mp4. Outros recursos, porém, mesmo que em pequenas proporções como é o caso do scanner, notebook e câmera digital já começam a despontar a sua aquisição. 

Desse modo, esse dado vem confirmar o que menciona Kenski (1998, p. 60),

As tecnologias [...] transformam o modo como dispomos, compreendemos e representamos o tempo e o espaço à nossa volta. O universo de aparelhagens de que nos servimos diariamente redimensionam as nossas disponibilidades temporais e os nossos deslocamentos espaciais.

Isso sugere que os alunos gradativamente estão se adequando as NTICs, sejam, por uma necessidade, ou também por não quererem ficar de fora destas transformações globais.  

4.1.2 Nível de domínio de softwares

Em relação ao nível de domínio de alguns softwares, pode-se observar que softwares como Corel Draw, Photoshop, Flash, Windows Move Make e Linux a maioria nem sequer conhecem, quanto aos softwares "mais usuais" como é o caso Windows, Word e Excel há uma predominância de conhecimento básico, sobressaindo apenas o Power Point e Internet como nível intermediário, sendo que em nenhum dos softwares apresentados há conhecimento avançado.

4.1.3 Realização de trabalhos acadêmicos escritos

Em relação à realização de trabalhos acadêmicos escritos quase todos digitam, sendo que apenas cinco dos questionados pedem para algum parente ou amigo digitar.

Esse resultado nos leva a concordar com a afirmação "acabou-se o tempo em que o usuário tinha que parar de pensar no problema do seu interesse científico para pensar no como manejar o computador. Sabe-se que o desafio não é fácil, mas inevitável a adaptação a essas novas tecnologias" (DOWBOR, 2001, p. 08).

4.1.4 Recursos utilizados na apresentação de trabalhos

Quanto à apresentação de trabalhos ficou explicito que todos os pesquisados utilizam data-show, além de cartazes. Um número pouco expressivo, de apenas 4 (quatro) usam retro-projetor.

Sabe-se que o uso do data-show é bem recente, pois até pouco tempo apresentávamos trabalhos com retroprojetor, mas aos poucos este está sendo substituído por recursos modernos, como é o caso do data-show.

4.1.5 Comunicação aluno-professor

Analisando como se dá a comunicação aluno-professor, percebe-se que as Novas Tecnologias muito contribuiu para o aprimoramento da comunicação on-line entre ambos. Apesar de 19 (dezenove) responderem que se comunica com seus respectivos professores apenas em sala de aula, nota-se também mais da metade dos que responderam o questionário usam o email e, ainda, o telefone para se comunicarem com seus professores. Com a Internet e as redes de comunicação em tempo real surgem novos espaços importantes para o processo de ensino-aprendizagem que modificam e ampliam o que fazíamos na sala de aula. (MORAN, 2004, 03).

4.1.6   Recursos utilizados pelos professores segundo os alunos

No que se refere aos recursos utilizados pelos professores, pode-se afirmar que a maioria utiliza data-show, seguido do computador e vídeos para facilitar a aprendizagem. Alguns, ainda, utilizam ferramentas de apoio (chats, fóruns e e-mails).

Considerando que "haverá necessidade de variar estratégias tanto para motivar responder aos diferentes ritmos e formas de aprendizagem. Nem todos aprendem do mesmo modo e no mesmo tempo". (MASSETO, p. 144, In MORAN, 2000). O professor deve se colocar como facilitador, incentivador e motivador da aprendizagem e se apresentar com a disposição de ser uma ponte entre aprendiz e sua aprendizagem.

Nesse contexto de mudanças emergentes, professores e alunos precisam apropriar-se desses espaços de comunicação e informação para que essas transformações não passem despercebidas e descontextualizadas. 

4.1.7 Fontes de pesquisa utilizada para os trabalhos acadêmicos

Quase todos que responderam ao questionário afirmam que utilizam livros e também sites de pesquisa. Além de revistas e jornais on-line. Isso demonstra a importância das Novas Tecnologias para a formação acadêmica.

Todavia, mesmo com esses novos recursos, a pesquisa em livros continua sendo utilizada prioritariamente, nesse sentido destaca Moran (2000, p. 74),

O reconhecimento da era digital como uma nova forma de categorizar o conhecimento não implica descartar todo o caminho trilhado pela linguagem oral e escrita, nem mistificar o uso indiscriminado de computadores no ensino, mas enfrentar com critério os recursos eletrônicos como ferramentas para construir processos metodológicos mais significativos para aprender.

Nesse sentido, entendemos que há um longo caminho ainda, a ser percorrido tanto por alunos, quanto por professores.

4.1.8 Acesso a internet

Na última questão direcionada aos alunos em formação, tem-se a finalidade de saber como se o acesso a Internet, pode-se mencionar que um pouco mais da metade já possui computadores conectados a rede, ou seja, a internet. Em seguida nota-se que boa parte acessa tem acesso a internet na universidade e também na casa de amigos, tem também aqueles que acessam a internet no trabalho e em lan houses. Apenas 1 (um) dos questionados respondeu que não tem acesso a Internet. 

Isso mostra que a Internet e as novas tecnologias estão trazendo novos desafios, professores e alunos vivem um novo tempo, um novo espaço e outras maneiras de pensar e fazer educação são exigidos na sociedade da informação.

4.2 Análises dos resultados – Professores

4.2.1 Recursos das NTIC(s) que os professores utilizam

Perguntou-se aos professores do curso de Pedagogia sobre que tipo de recursos utilizados para aprendizagem dos alunos e foi constatado que todos utilizam data-show, seguido do computador e ferramentas de apoio (chats, fóruns e e-mails). Em seguida pode-se observar que estes professores também utilizam vídeo e a biblioteca virtual para facilitar aprendizagem de seus educandos.

Conforme afirma Masseto (2000 p. 144) o professor deve se colocar como facilitador, incentivador e motivador da aprendizagem e se apresentar com a disposição de ser uma ponte entre aprendiz e sua aprendizagem         e acredita-se que estes professores formadores utilizando estes recursos estão colocando em prática esta idéia de autor.

4.2.2 Comunicação com os alunos

Verificou-se também que os professores formadores se comunicam com seus alunos com maior freqüência através de e-mail, em segunda opção aparece como meio de comunicação o telefone e blogs.

Este resultado mostra que os professores utilizam da tecnologia para gerenciar outros lugares de aprendizagem e de comunicação, uma vez que a internet favorece a construção colaborativa, o trabalho conjunto entre professores e alunos (MORAN, 2000).

4.2.3 Ambientes que os professores acessam a Internet

Todos os professores pesquisados acessam a internet em sua casa e que a maioria acessa também no trabalho. O que se considera positivo, pois isso mostra que estes acessando a internet em casa é um indicativo de que estes desenvolvem atividades de pesquisa e estão atentos as transformações atuais.

Além disto, "a Internet pode propiciar o "estar junto" que implica em estar com seus alunos, colegas de trabalho e especialistas em áreas afins, vivenciando com estes o processo de construção do conhecimento" (VALENTE, 1999, p. 56).

4.2.4 Dificuldades e enfrentamentos no uso das Novas Tecnologias

Com base nas respostas às perguntas abertas, os professores destacam as algumas dificuldades, para um dos pesquisados "O não acesso as novas tecnologias pelos alunos e professores na sala de aula" é uma dificuldade encontrada no contexto atual.

 Outro professor destaca a "não disponibilidade de tempo para conhecer, aprender e utilizar as novas tecnologias". Fica evidente que este profissional sabe que a apreensão desde saber é importante, mas o afazer docente não lhe permite tempo para esse aprendizado.

Há também o professor que menciona que "os equipamentos disponibilizados pela UNIR são obsoletos e lentos, e, além disso, para utilizá-los em sala de aula há muita burocracia principalmente no que diz respeito ao horário para obtê-los". Concordo parcialmente com essa afirmação, pois sabemos que não temos equipamentos ultra-modernos, mas temos bons equipamentos, o que falta é planejamento quanto ao horário de atendimento para reserva e aquisição destes equipamentos para serem utilizados quando necessário. Não podemos justificar o não uso desses recursos por serem "obsoletos".

Uma última dificuldade mencionada diz respeito a "inadequação da infra-estrutura da UNIR para receber as novas tecnologias". Essa é uma afirmação coerente, os laboratórios que temos são extremamente pequenos e que nem todos computadores funcionam, tendo ainda alguns programas de comunicação e informação bloqueados.

Quanto a superação dessas dificuldades, apenas três professores mencionam o que fazem para superá-las. Um dos professores diz que "buscará melhorar a qualidade dos equipamentos que estão na UNIR". Essa é uma proposta "antiga", espera-se sejam elaboradas propostas que visem a aquisição de novos equipamentos, e não só aquisição, mas também a preparação através de cursos de capacitação para os docentes.

Outro professor diz que "traz equipamentos de outro local", e ainda, outro professor prometeu que "fará cursos na área".

Vale salientar que no primeiro semestre deste ano, houve alguns cursos de capacitação técnica na área de informática, edição de fotografias, dentre outros. O que se sabe, foram poucos os professores inscritos. Esse resultado pode ser realmente a falta de tempo como um dos professores afirmou acima, ou também estes profissionais não sente a necessidade de apreender esses saberes.

Moran(2004) faz várias sugestões do que é preciso para se educar com qualidade, utilizando-se da tecnologia e das novas tecnologias em sala de aula, das quais destacamos: salas confortáveis, com boa acústica e tecnologias, com acesso fácil ao vídeo, DVD e, no mínimo, um ponto de Internet, para acesso a sites em tempo real pelo professor ou pelos alunos, um computador em sala com projetor multimídia.

Este autor é realista quando afirma que são poucos os cursos até agora bem equipados, mas se falamos tanto e queremos uma educação de qualidade uma boa infra-estrutura torna-se cada vez mais necessária e, é exatamente o que faltana UNIR, e esta falta se torna então em dificuldades destacadas pelos professores.

4.2.5 Softwares que os professores dominam

Nesta pergunta verifica-se que, os softwares que professores formadores mais dominam são: Word, Excel e PowerPoint. E esse domínio encontra-se no nível básico. Os demais softwares tais como Corel Draw, Photoshop, Flash, Windows Move Make e Linux nem sequer foram citados pela maioria.

Fica evidente a necessidade destes profissionais buscarem capacitação, pois o domínio das NTIC(s), inclusive o uso do computador é uma realidade é não deve passar despercebida.

Nesse sentido, Kensky (1998) alerta "o domínio das novas tecnologias educativas pelos professores pode lhes garantir a segurança para, com conhecimentos de causa, sobrepor-se às imposições sociopolíticas das invasões tecnológicas indiscriminada em sala de aula.

4.2.6 Concepções sobre a relevância da tecnologia em curso de formação de professores

Pode-se constatar que as respostas dos professores são quase unânimes. Em síntese, para eles, as novas tecnologias é uma exigência do contexto histórico atual no qual a sociedade brasileira está vivendo e como os professores estão inseridos nesta sociedade é de suma importância que se inclua nos currículos das instituições de ensino superior o conhecimento sobre as novas Tecnologias, uma vez que incrementa a prática pedagógica e amplia a esfera do ser professor, pessoa e cidadão.

É importante frisar que estes professores deixaram em suas respostas algumas preocupações quanto à disseminação das novas tecnologias de qualquer maneira, pois um professor disse que, quando as NT assumem o papel principal em sala de aula esta passa a mascarar a incompetência de quem os manipula e deixa de ser um suporte, uma ferramenta para os professores; outro questionou sobre a formação dos professores através da modalidade à distância e se esta pode ser considerada como a melhor opção.

As respostas que coletamos é condizente com os vários textos lidos que tratam  sobre educação e tecnologia.  Por exemplo, para Dowbor (2001, p. 02),

[...] o mundo que hoje surge constitui ao mesmo tempo um desafio ao mundo da educação (porque o universo de conhecimentos está sendo revolucionado tão profundamente, que ninguém vai sequer perguntar à educação se ela quer se atualizar) e uma oportunidade. A mudança é hoje uma questão de sobrevivência.

Ainda para este autor poderemos ser a favor ou contra certas tecnologias, - ainda que na realidade ninguém esteja nos perguntando se somos contra ou a favor - mas o que não podemos nos permitir, inclusive para orientar as novas gerações, é delas não termos um conhecimento competente.

Moran (2004, p.3) afirma ainda que "educar hoje é mais complexo porque a sociedade também é mais complexa e também o são as competências necessárias". Nesse sentido,

As tecnologias estão em constante transformação, em contrapartida é preciso mudar as próprias formas de ensino e não somente encher as instituições de ensino de computadores e com as mais sofisticadas tecnologias, pois "as tecnologias sem a educação, conhecimentos e sabedoria que permitam organizar o seu real aproveitamento, levam-nos apenas a fazer mais rápido e em maior escala os mesmos erros" (DOWBOR, 2001, p. 02)

A respeito da indagação de um dos professores formadores sobre cursos superiores à distância, podemos dizer com base nas idéias de Moran (2004), que através da Internet e das novas tecnologias surgem novas possibilidades de organização das aulas dentro e fora da Universidade.

Acredita-se que a proposta atual de ensino é planejar e flexibilizar, no currículo de cada curso, o tempo e as atividades de presença física em sala de aula e o tempo e as atividades de aprendizagem conectadas, à distância.

Embora os cursos à distância como formação inicial seja uma forma de democratização do ensino, alcançando assim a grande massa popular que não chega às universidades, o melhor é que a formação inicial de cada profissional aconteça de forma presencial e a distancia, somente a distância aos locais e regiões de nosso país onde não é possível se ter uma educação superior de qualidade e presencial.

4.2.7 Concepção de ambientes computacionais e construção da aprendizagem

As opiniões dos professores foram diferenciadas, para alguns os ambientes computacionais propiciam um contexto favorável à construção da aprendizagem, para outros não propiciam e há também um que considera essa contribuição relativa.

Assim sendo, um dos professores afirma os ambientes computacionais favorecem a construção da aprendizagem, no entanto teme que as novas tecnologias seja um "novo tecnicismo".

Para outro professor há o favorecimento da aprendizagem, pois o aluno pode manejar as informações, aprofundar seus conhecimentos, aplicar, receber novas informações, e obter o domínio do conteúdo.

E ainda há o professor que acredita no favorecimento da aprendizagem se estes ambientes computacionais forem democratizados, que haja um trabalho no sentido de que estes ambientes sejam freqüentados por todos.

No que se refere aos professores que não acreditam, um deles salienta que não acredita que os meios podem ajudar a resolver a questão da aprendizagem no Brasil de analfabetos funcionais.

Outro professor faz a seguinte afirmação "ambientes computacionais propiciam um contexto favorável à construção da aprendizagem – parte de uma mentalidade tecnicista, a qual cria tão somente ilusões que a tecnologia vai resolver nossos vazios teóricos, políticos, éticos, existenciais".

Por último houve um professor que acredita que existe um favorecimento no entanto é relativo pois de um lado  as novas tecnologias facilitam o acesso a um tipo de aprendizagem (que depende das faculdades sensoriais e áudios-visuais), por outro lado à predominância das faculdades sensoriais diminuem (se tratadas desequilibradamente) as capacidades cognitivas decorrentes das relações de aprendizagem abstratas.

Este professor ainda aponta uma solução para a o problema de aprendizagem e diz que "essa dificuldade só poderá ser extinta quando a tecnologia criar um chip de interpretação de livros científicos".

Sobre o favorecimento dos ambientes computacionais na construção da aprendizagem Valente (1999) considera que a construção do conhecimento através do uso do computador esta pautada na formação do professor, a qual deve criar condições para que ele possa construir conhecimento sobre os aspectos computacionais, compreender as perspectivas educacionais subjacentes às diferentes aplicações do computador e entender por que e como integrar o computador na sua prática pedagógica.

Este autor afirma ainda que em algumas situações o computador ofereça e recursos importantes para a construção de conhecimento, como no caso da programação e da elaboração de multimídias. Em outros, esses recursos não estão presentes, e atividades complementares devem ser propostas no sentido de favorecer essa construção.

Esta formação é um grande desafio uma vez que o técnico deve andar junto com o pedagógico, deste modo à medida que o professor busca esta formação continuada para conhecer as diferentes modalidades de uso da informática na educação – programação, elaboração de multimídia, uso de multimídia, busca da informação na Internet, ou mesmo de comunicação – e entender os recursos que elas oferecem para a construção de conhecimento, em contrapartida ele precisa preparar os seus alunos para trabalhar com um universo tecnológico.

Fica notório nesta pesquisa que as NTIC(s) têm auxiliado, em algum momento, o processo de ensino e talvez o de aprendizagem, mas o resultado tem sido pouco observável na prática e a educação formal continua essencialmente inalterada.

A preocupação com o rumo das mudanças tecnológicas impõe à área da educação um posicionamento entre tentar entender as transformações do mundo, produzindo conhecimento pedagógico sobre ele e auxiliando o homem a ser sujeito da tecnologia, ou, ao contrário, ou dar as costas para a realidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No vasto mundo complexo de informações, teremos que lidar cada vez mais com a triagem do volume da informação que recebemos, no qual a circulação de dados informacionais tem se espalhado pelo mundo globalizado, e neste sentido, as novas tecnologias, têm vindo somar, e não necessariamente excluir, as formas tradicionais de comunicação.

Diante desse contexto, os estudos sobre o avanço da tecnologia nas relações sociais e suas implicações no campo da educação sem dúvida, mostram-se relevantes e de fundamental importância na atualidade, pois, em todos os setores e níveis educacionais muito há a ser feito, muitos são os desafios a serem enfrentados em todas as esferas para garantir a disponibilidade dos equipamentos e seu uso crítico e consciente pelos sistemas educacionais (MORAN, 2000).

Esse novo caminhar exige uma política voltada para a gestão da educação assentadas em bases democráticas possibilitando ao homem um novo papel na sociedade contemporânea, com isto, a educação deixa de ser uma breve passagem pelos "bancos" escolares, na preparação para a vida profissional. Trata-se de aprender e re-aprender em todas as fases da nossa vida, e de reorganizar a educação em função do novo universo priorizando seus anseios individuais e coletivos nas inter-relações com as mais novas tecnologias idealizando uma educação de formação integral do ser humano (DOWBOR, 2001).

Sabe-se que hoje, com o surgimento das novas tecnologias a própria universidade passa a não ser a única instituição a repassar ou socializar conhecimentos, existem outras organizações, outros espaços tanto públicos como privados que estão alargando através das mídias, discussões, temas geradores, palestras, pesquisas. Além do surgimento de novos movimentos sociais, como as ONGs.

Sendo assim, deve ser uma preocupação da universidade a preparação de professores para melhorar a qualidade do ensino, tanto Superior, como nos Anos Iniciais, Fundamental e Médio.

Para isso, é necessária uma formação continuada para atualizar esses profissionais da educação. Além disso, todos os professores devem a ter um curso superior, além de uma formação continuada. O próprio governo, Federal, Estadual e Municipal têm obrigação em fazer com que este profissional se torne capacitado para utilizar as novas tecnologias de forma ética, associando-as a área da sua formação técnica, com vistas a uma formação integral do educando para o ser cidadão.

Pois hoje a escola necessita de profissionais intercambiáveis que combinem imaginação e ação; que estejam aptos para buscar novas informações, saber trabalhar com os novos recursos e interpretar todas as informações jogadas através das mídias, enquanto isso o professor deve trabalhar em sala de aula junto com os alunos a interpretar dados, relacioná-los e contextualizá-los, assumindo assim o papel de facilitador.

Moran (2000) defende que a integração de novas tecnologias deve estar dentro de uma proposta pedagógica nova, criativa e aberta e devem ser acompanhadas de uma reflexão sobre a necessidade de uma mudança na concepção de aprendizagem vigente na maioria das escolas atualmente.

As discussões teóricas evidenciam que há uma mudança significativa nas práticas pedagógicas, na formação de professores, no ensino, na aprendizagem, na troca de saberes e na formação autônoma de cada indivíduo.

Considerando a pesquisa realizada nota-se que o curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rondônia na medida do possível, tanto os professores formadores e também os alunos e formação, vem se adequando as imposições das novas tecnologias. Sabe-se que essas novas adaptações não são fáceis, pois lidar com o novo ou emergente é sempre assustador.

No entanto, dificuldades foram apresentadas pelos professores, tanto no domínio de softwares, quanto no acesso aos recursos que a universidade possui. Por outro lado há os professores que reconhecem que novas tecnologias é uma exigência do contexto histórico atual no qual a sociedade brasileira está vivendo e como os professores estão inseridos nesta sociedade é de suma importância que se inclua nos currículos das instituições de ensino superior o conhecimento sobre as novas Tecnologias.

O curso de Pedagogia, têm na grade a disciplina Tecnologias Aplicada a Educação, no sétimo período, etapa final da graduação, seria de maior valia se essa disciplina fosse ministrada no início do curso. Momento que alunos tirariam mais proveito, pois teriam a oportunidade de aplicar os saberes apreendidos no decorrer da graduação.

Além dessa formação para os alunos, tem-se a necessidade de capacitação para os professores, pois é de fundamental importância saber manusear e trabalhar de forma crítica e consciente visando o aprimoramento do ensino aprendizagem.

Daí a necessidade de uma nova postura em relação a graduação nas áreas de licenciatura especificamente Pedagogia por ser um curso formador de professores na qual esses alunos, posteriormente, irão atuar em sala de aula como professores.

Nessa perspectiva, é necessário que o indivíduo tenha compreensão de sua condição como ser histórico e social, para poder se transformar e se adequar às exigências de uma nova realidade, ao superar barreiras excludentes, rumo à democratização do conhecimento e do saber, aplicando as novas tecnologias a favor de uma sociedade mais igualitária, justa e fraterna.

Portanto, o espaço idealizado de interação entre escola e as novas tecnologias não devem ser vazios. Exige alterações necessárias desses novos espaços com currículos e metodologias adequadas e flexíveis, priorizando a interdisciplinaridade dos conteúdos (MASSETO, 2001).

Cabe, assim, à educação desenvolver as potencialidades positivas da NTIC(s), para que haja sujeitos mais humanos, reflexivos e capazes de aplicar as novas tecnologias a favor de uma sociedade mais igualitária, justa e fraterna.

É nessa perspectiva, portanto, e com todos os desafios apresentados neste texto, que se busca e espera-se, no decorrer dos tempos, que a educação do futuro consiga avançar e superar as barreiras impostas, rumo à democratização do conhecimento e do saber.

Finalmente, é essencial enfrentar de maneira organizada a compreensão das novas tecnologias, do seu potencial, dos seus perigos, das suas dimensões econômicas, culturais, políticas e institucionais.

Trata-se de trabalhar de maneira seria e sem ilusões o fato das novas tecnologias terem duas faces, tanto podem servir de elitização e o aprofundamento das contradições sociais, como para gerar através da democratização do conhecimento uma sociedade mais justa e equilibrada. Conhecendo essa amplitude das tecnologias poderemos então avançar de verdade e falar de qualidade educação e de uma Nova Didática.

REFERÊNCIAS

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Autor: Keila Melo


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