ANÁLISE DO DOCUMENTÁRIO - DIAS QUE ABALARAM A HUMANIDADE
ANÁLISE DO DOCUMENTÁRIO – DIAS QUE ABALARAM O MUNDO
Segundo Ana Paula Corti, mestra em Ciências Sociais, o período compreendido entre 1871 e 1914 foi definido por alguns historiadores como um momento de "Paz Armada"; as grandes potências apesar de contarem com uma grande quantidade de soldados e armas, optavam pela resolução pacífica dos conflitos internacionais.
Entretanto, vários problemas atingiam as principais nações no início do século XX; alguns países estavam descontentes com a partilha da Ásia e da África ocorrida no final do século XIX. Alemanha e Itália ficaram de fora no processo de negociação, enquanto a França e a Inglaterra podiam explorar diversas colônias, ricas em matérias-primas e com um grande mercado consumidor.
Depois de 1905, começou a se configurar um sistema de alianças entre as nações da Europa, que acabaram se dividindo em dois blocos: Alemanha, Áustria-Hungria e Itália que formavam a Tríplice Aliança, e Inglaterra, França e Rússia, que compunham a Tríplice Entente.
Foi um período marcado pelo nacionalismo exacerbado, quando as naçõescultivavam uma postura e um discurso baseados em suas glórias militares, no poder bélico e na supremacia nacional. Paralelamente, ocorre um desenvolvimento tecnológico que aumenta a eficácia das máquinas de guerra e uma série de disputas em regiões fronteiriças, com populações formadas por mais de uma nacionalidade. Isso provoca vários incidentes diplomáticos.
O documentário analisado retrata justamente esse período que vai culminar com a Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918). Na verdade o produtor aborda com objetividade os dois grandes acontecimentos que abalaram o mundo – o assassinato de Francisco Ferdinando, herdeiro do trono do Império Autro-Húngaro, que foi o estopim desencadeador da Primeira Guerra e o suicídio de Adolf Hitler, líder nazista, que marcou o final da Segunda Guerra.
No dia 28 de junho de 1914 , na capital da província austríaca da Bósnia-Herzegovina, na região dos Bálcãs, mais especificamente na cidade de Sarajevo, aconteceu o atentado que mudou o destino de toda a Europa e de boa parte do mundo. O arquiduque Francisco Ferdinando e sua esposa, Sofia Chotek, foram assassinados a tiros por um jovem de origem sérvia, Gavrilov Princip que há muito alimentava ressentimento e ódio por tudo o que representasse o povo Autro-Húngaro.
Princip, contando 19 anos e sofrendo de tuberculose fazia parte do Grupo Mão Negra, que contava com 2.500 membros e tinha como objetivo maior recriar a Sérvia e era liderado por Dragutin Dimitrijevic, também conhecido como Apis ou Abelha, reconhecido como o mentor do assassinato.
Depois de consumado o plano de assassinato, estabeleceu-se entre a Áustria – Hungriae a Sérvia uma séria crise, que culminou com a entrega de um ultimato à Sérvia por parte do império Austro – Húngaro em 23 de julho de 1914. Dois dias depois a Sérvia respondeu ao ultimato, recusando a oferta de colaboração de oficiais austríacos para suprimir os movimentos subversivos e para investigar o crime. Isso desencadeou o rompimento das relações diplomáticas entre as duas nações, e em 28 de julho, a Áustria declarou guerra à Sérvia.
Um dia depois, a Rússia mobilizou seus exércitos em apoio à Sérvia, o que provocou por sua vez, uma resposta da Alemanha, em favor da Áustria – Hungria. Configurou-se então um quadro de guerra geral. A guerra ganhou uma dimensão nunca vista anteriormente, envolvendo 27 nações, 40 milhões de soldados aliados e 21 milhões de combatentes dos impérios centrais (Alemanha e Áustria – Hungria), dizimando cerca de 20 milhões de vidas. Acontecia efetivamente a Primeira Guerra Mundial.
No dia 30 de abril de 1945, um outro atentado afetou o desenrolar da história. O cenário é Berlim, capital da Alemanha. Com 25 anos, segundo o documentário, Hitler assumiu o poder com a promessa de resolver os problemas provocados pela guerra.
Embora completamente sitiado pelo Exército Vermelho de Stalin, Hitler não se rende. Isolou-se no seu abrigo subterrâneo, a 16 metros de profundidade, de onde recebia as informações sobre a guerra e enviava suas ordens aos pelotões de combate. Lá, ele passou os seus últimos momentos, quando finalmente, em 30 de abril de 1945 suicidou-se juntamente com sua esposa, Eva Braun, a qual desposara um dia antes.
O suicídio de Hitler pôs fim à Segunda Guerra mundial, que deixou um saldo de 40 milhões de mortos, dentre esses, mais de 6 milhões de judeus, que foram assassinados nos campos de concentração e provocou profundas alterações no curso de muitas nações, o esfacelamento de grandes impérios coloniais e a perda do poder de duas grandes potências até então: A Inglaterra e a França.
Pensar sobre a guerra provoca em nós, dentre outras coisas duas certezas: o homem em sua crueldade pode ir muito longe, inclusive se auto-destruir, mas tem a incrível capacidade de recomeçar e dar continuidade à existência, mesmo diante de situações periclitantes e aparentemente irreversíveis.
Autor: Antonia Rodrigues
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