ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COLOSTOMIZADO



1 Tamires Raquel Araújo

RESUMO:As patologias do trato gastrointestinal levam muitas vezes à realização de uma cirurgia radical resultando em uma ostomia (colostomia) de caráter temporário ou mesmo definitivo. Essa situação traz à tona uma série de aspectos importantes que deverão fazer parte do planejamento da assistência de enfermagemUma colostomia é a criação cirúrgica de uma abertura para dentro do cólon. Pode ser criada como um desvio fecal temporário ou permanente. Ela possibilita a drenagem ou evacuação do conteúdo colônico para fora do corpo. Utilizou-se como marco metodológico um levantamento bibliográfico em livros e revistas específicos da enfermagem, em português, que discorressem sobre a assistência de enfermagem diante do paciente submetido à colostomia enfatizando a importância da implementação de um plano de cuidados que visem uma assistência sistematizada e individualizada para o paciente e familiar.

Palavras-chave: Colostomia, Assistência, Enfermagem, Família.

ABSTRACT:The patologias of the gastrointestinal treatment take many times to the accomplishment of a radical surgery resulting in a ostomia (colostomia) of temporary or exactly definitive character. This situation brings to tona a series of important aspects that they will have to be part of the planning of the assistance of enfermagemUma colostomia is the surgical creation of an opening for inside of cólon. It can be created as a temporary or permanent fecal shunting line. It makes possible the draining or evacuation of the colônico content for is of the body.It was used as metodológico landmark a bibliographical survey in books and specific magazines of the nursing, in Portuguese, who ahead discoursed on the assistance of nursing of the patient submitted to the colostomia emphasizing the importance of the implementation of a plan of cares that aim at an assistance systemize and individualizada for the familiar patient and.

keywords: Colostomia, Assistance, Nursing, Family.

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1Acadêmica de enfermagem pela Faculdade São Francisco de Barreiras-FASB.

 



Introdução

As patologias do trato gastrointestinal levam muitas vezes à realização de uma cirurgia radical resultando em uma ostomia (colostomia) de caráter temporário ou mesmo definitivo. Essa situação traz à tona uma série de aspectos importantes que deverão fazer parte do planejamento da assistência de enfermagem (POTTER; PERRY, 2004).

O paciente submetido a esse tipo de procedimento agressivo, que altera a sua fisiologia gastro-intestinal, auto-estima, imagem corporal, além de outras modificações em sua vida devido à presença de colostomia tem constituído um desafio para o cuidado pelo enfermeiro (IDEM).

As enfermeiras devem reconhecer a necessidade de privacidade do paciente, bem como de educação continuada. Isso requer uma abertura para discutir questões críticas e sensíveis com o paciente, bem como o histórico efetivo, tratamento e comunicação da enfermeira.

Ao longo da vida, o ser humano enfrenta problemas decorrentes de alterações de seu estado de saúde, geralmente necessitando de sua efetiva participação no plano terapêutico, visto que, muitas vezes, a desejada "cura" não se constitui numa dimensão concreta, em um determinado momento, mas se desenvolve num dinâmico processo de busca de compensações, adequações e adaptação a novas condições que se apresentam.

Desse modo, quando o problema enfrentado é crônico, tais como aqueles relacionados à presença de uma colostomia – comunicação do intestino grosso com o exterior através do abdome o indivíduo necessita adaptar-se à sua nova condição de vida e estar preparado para lidar com relações intra e interpessoais e com o mundo.

Diante do exposto, justifica-se a necessidade de um levantamento bibliográfico que objetive conhecer os principais cuidados que a enfermagem deve direcionar ao paciente submetido à Colostomia.

Revisão Bibliográfica

Uma colostomia é a criação cirúrgica de uma abertura para dentro do cólon. Pode ser criada como um desvio fecal temporário ou permanente. Ela possibilita a drenagem ou evacuação do conteúdo colônico para fora do corpo. A consistência da drenagem está relacionada com a posição da colostomia, que é ditada pela localização do tumor e extensão da invasão para dentro dos tecidos circunvizinhos. Com as técnicas cirúrgicas melhoradas as colostomias são realizadas em menos de um terço dos pacientes com câncer colorretal (SMELTZER; BARE, 2004).

O paciente que se submete a uma colostomia pode encontra alterações previstas na imagem corporal e no estilo de vida profundamente conturbadoras. Como o estoma está localizado no abdome, o paciente pode achar que todos estão cientes da ostomia. A enfermeira ajuda a reduzir esse medo ao apresentar os fatos sobre o procedimento cirúrgico e a criação e controle da ostomia (FILHO, 2000).

As complicações mais comuns relacionadas com a colostomia é o prolapso do estoma (comumente, em decorrência da obesidade), perfuração (por causa da irrigação imprópria do estoma), restrição do estoma, impacção fecal e irritação cutânea. O extravasamento a partir do local anastomótico pode acontecer quando os segmentos intestinais remanescentes estão doentes ou enfraquecidos. O extravasamento causado por uma anastomose intestinal provoca a distensão e rigidez abdominais, elevação da temperatura e sinais de choque (SMELTZER, BARE, 2004).

Ao cuidar de uma pessoa colostomizada, deve-se ter como meta a sua reabilitação, entendida como processo criativo que inclui os esforços cooperativos de vários profissionais da equipe interdisciplinar, visando desenvolver as potencialidades mentais, físicas e sociais do portador de necessidades especiais, para a preservação da capacidade de viver feliz e produtivamente, em nível e oportunidades similares àquelas dadas a outras pessoas (CREMA & SILVA, 1997).

A colostomia leva ao indivíduo novas percepções e alterações de hábitos de vida para o enfrentamento dos problemas relacionados à falta de controle voluntário das eliminações de fezes e gases intestinais, produzindo maus odores e requerendo a utilização de equipamentos, adaptados ao abdômen, como recipiente das eliminações (GAS, 1998).

No pós-operatório imediato, a visualização constante do ostoma, através de dispositivo adequado, e o controle do efluente quanto ao volume e as características, são indispensáveis para a identificação de alterações como isquemia, necrose e possível afundamento da alça intestinal com conseqüente peritonite (NETTINA, 2003)

De acordo com Gas (1998), desde os primeiros momentos após a cirurgia, quando o cliente toma conhecimento de sua nova condição, ele próprio tende a decretar sua "morte civil", isto é, o fim de uma existência autônoma, pois o que tem pela frente é uma forma de evacuação coletada por dispositivos, o que é considerado por muitos colostomizados, vergonhoso e alienante, podendo conduzir ao isolamento social.

A partir do terceiro dia pós-operatório, é que se preconiza o ensino gradativo do autocuidado que envolve, inicialmente, a visualização e o toque precoces do ostoma pelo paciente. No entanto, deve-se reconhecer que o paciente pode encontrar-se experienciando uma fase de luto pela perda de parte corporal, que implica fundamentalmente, em perda de controle sobre as eliminações, consideradas como básicas do ponto de vista social e fisiológico, distorção da imagem corporal e da identidade prévias (GOLDMAN; AUSIELO, 2005).

Os primeiros meses que sucedem à cirurgia são considerados os mais difíceis, pelo fato do paciente e/ou da família estarem em processo de aquisição de independência relacionada ao estoma. Para tanto, é necessário que o paciente, a família e os profissionais da equipe de saúde, desenvolvam uma comunicação eficaz, de modo que, dúvidas relacionadas à aquisição e manuseio de bolsas, cuidados com o estoma e pele periostoma, dieta e relações intra e interpessoais, sejam esclarecidas (HUTTEL, 1998).

A enfermeira monitora o paciente quanto a complicação como o extravasamento a partir do local da anastomose, prolapso do estoma, perfuração, retração do estoma, impacção fecal, irritabilidade cutânea e complicação pulmonares associadas á cirurgia abdominal. A enfermeira avalia o abdome quanto ao retorno da peristalse examina as características das primeiras fezes. É importantes ajudar os pacientes com colostomias a sair do leito no primeiro dia de pós-operatório e encoraja-lo a começar a participar do controle da colostomia (SMELTZER, BARE, 2004).

A colostomia começa a funcionar 3 a 6 dias depois da cirurgia. A enfermeira controla a colostomia e ensina o paciente sobre seu cuidado até que ele possa realizá-lo. A enfermeira ensina o cuidado cutâneo e como aplicar e remover a bolsa de drenagem. O cuidado da pele periostomal é uma preocupação contínua, porque escoriação ou ulceração pode desenvolver-se com rapidez. A presença dessa irritação dificulta a aderência do dispositivo de ostomia, e a adesão do dispositivo de ostomia na pele irritada pode agravar a condição cutânea. Outros problemas cutâneos incluem as infecções fúngicas e a dermatite alérgica (NETTINA, 2003).

Inspecionar a área do estoma pele seristomal a cada troca de bolsa observar irritação, hematomas (coloração escura, azul-avermelhada), eritemas. Monitorar o processo de cicatrização eficácia dos suprimentos e identificar áreas de preocupação, necessidade de mais avaliação, intervenção. A identificação precoce de necrose estomacal, isquemia ou infecção fúngicas favorece prontas intervenções para prevenir complicações graves (DOENGUES; MOORHOUSE; GEISSLER, 2003).

De acordo com Nettina (2003), esvaziar, irrigar e limpar a bolsa de colostomia com base regular, usado equipamento apropriado. As trocas freqüentes de bolsa são irritantes á pele e deveriam ser evitadas. O esvaziamento e enxágüe da bolsa com solução própria não somente remove bactérias e fezes que causam odor e flatos, mas também desodoriza.

Avaliar a capacidade emocional cognitiva e física do paciente. Esses fatores afetam a capacidade do paciente para dominar as tarefas de cuidado e o desejo de reassumir suas responsabilidades nos cuidados com a ostomia (DOENGUES; MOORHOUSE; GEISSLER, 2003).

Aconselhar o paciente acerca da medicação em uso e dos problemas associados com a função intestinal alterada. Encaminhar ao farmacêutico para orientação, aconselhamento, quando apropriado. O paciente com ostomia tem dois problemas principais de sintegração e absorção alterada de medicamentos orais e efeitos colaterais incomuns ou pronunciados (POTTER; PERRY, 2004)

Os pacientes portadores de desvios intestinais temporários ou permanentes depara-se com problemas de cuidado de saúde específicos. Seus padrões de eliminação intestinal diferem daqueles dos clientes com cólons íntegros. As pessoas com ostomias incontinentes devem usar bolsas ou dispositivos, para coletar as fezes emitidas dos estomas. Os pacientes com ostomias também devem seguir as boas práticas de saúde, como a manutenção de hábitos nutricionais adequados e o exercício regular, para manter os padrões de eliminação normais (IDEM).

Para estabelecer um padrão de defecação regular, os clientes com colostomia descendentes e de sigmóide frequentemente devem irrigar suas ostomias. A irrigação age como enema, distendendo o intestino e estimulando a peristalse, o liquido é instilado dentro do cólon através do estoma. A irrigação também limpa o cólon do gás e do odor (POTTER; PERRY, 2004)

A finalidade de irrigar uma colostomia é esvaziar o cólon de gás, muco e fezes, de modo que o paciente possa freqüentar as atividades sócias e de trabalho sem o medo da drenagem fecal, Um estoma não possui controle muscular voluntário e pode esvaziar-se a intervalos irregulares (SMELTZER, BARE, 2004).

O paciente é encorajado a verbalizar os sentimentos e preocupações sobre a imagem corporal alterada e a discutir a cirurgia e o estoma. O ambiente e uma atitude de apoio por parte da enfermeira são primordiais na promoção da adaptação do paciente as alterações geradas pela cirurgia (SMELTZER, BARE, 2004).

Considerações Finais

O enfermeiro é o profissional capacitado a prestar cuidados aos clientes colostomizados, tanto de ponto de vista técnico como psicológico, a fornecer informações e orientações ao cliente e sua família tirando suas dúvidas, e, sobretudo, a ouvir e entender os medos e ansiedades do colostomizado, para que ele possa se tornar progressivamente independente no seu autocuidado.

Contudo, pretende-se com o levantamento bibliográfico conhecer os cuidados de enfermagem aplicáveis a pacientes colostomizados e contribuir de forma mais efetiva para a qualidade da assistência, que se dará através da sistematização de enfermagem, concretizando-se por meio do processo de enfermagem.

Referências

CREMA, E. & SILVA,R. Estomas: Uma abordagem interdisciplinar. Uberaba-MG: Pinti. 1997.

DOENGES, M. E; MOORHOUSE, M. F; GEISSLER, A. C. Planos de Cuidados de Enfermagem: Orientação para o Cuidado Individualizado do Paciente. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2003.

FILHO, Geraldo B. Bagliolo Patologia. 6 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.

GAS, Du B. W. Enfermagem Prática. 4 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,1998.

GOLDMAN, Lee; AUSIELO, Denis. Tratado de Medicina Interna. 22 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.

HUTTEL, Ray A.H. Enfermagem Médico-Cirúrgica. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998.

NETTINA, Sandra M. Prática de Enfermagem. 7 ed.Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.

POTTER, Patrícia A.; PERRY, Anne G. Fundamentos de Enfermagem. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.

ROBBIN, Stanley; COTRAN, Ramzi S. Patologia. 7 ed.Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.

SMELTZER, Suzanne C.; BARE, Brenda G. Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica. 10 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.


Autor: Tamires Raquel Oliveira Araújo


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