Esquetes Políticas



Assistimos recentemente a mais um espetáculo tragicômico dentro da política brasileira. Estrelado pelo Senador do PSDB-CE Tasso Jereissatti e o Líder do PMDB, Senador Renam Calheiros, o espetáculo aborda o tema da reificação, ou seja, afutilidade burguesa, o poder absoluto que o dinheiro exerce sobre a vida e o caráter das pessoastransformando-as em "coisa", objetos de permuta, características perniciosas, assim como elucida Balzac em um de seusclássicos de "A comédia humana",Eugénie Grandet (1833).

Certamente não foi um espetáculo. O que foi visto corresponde a uma sessão no Plenário do Senado onde dois políticos eleitos deveriam discurtir questões importantes para a sociedade brasileira e ao invés disso, digladiavam por meio de acusações a fruição de jatinhos pagos pelo Senado (citação feita por Calheiros) e jatinhos pagos por empreiteiros (citado por Jereissatti). Com o intuito de defender-se das acusações feitas por Renan, Tasso externaliza de forma vocal e amiúde a seguinte frase: " O dinheiro é meu, é meu, é meu e eu tenho pra falar!". A partir disso, os pontos de vistas foram expostos por meios de adjetivos como "Coronel" e "Cangaceiro de terceira categoria". Por conseguinte, houve o pedido de quebra do decoro parlamentar, devido o uso de expressão de baixo calão pelo Senador Renam Calheiros.

Cenas como esta deixaram de ser inéditas na seara política brasileira, entretanto, onde fica situado o cidadão quando tais fatos ocorrem? Será que apenas os governantes são os vilões?

Ainda temos homens comprometidos com a República e o desenvolvimento do país e que além disso, demonstram de forma clara e objetiva a repulsa diante dessas posturas impróprias. Vale ressaltar o proselitismo do Senador Cristovam Buarque (PDT-DF) , ao citar que:

"Não podemos deixar de pedir desculpas, porque estamos aqui graças aos votos de cem milhões de pessoas. E essas pessoas, certamente, quando votaram, cada uma delas em cada um de nós, não esperavam que esta Casa ficasse paralisada no trabalho em prol da República. Estamos sem lutar pelas nossas bandeiras e estamos nos comportando como alunos mal-educados em uma sala de aula".

O brasileiro, principal interessado na postura ativa e caráter exímio desses homens, não corresponde a um exemplo, e nem ao menos a um fiscal de atitudes diversas das preestabelecidas e esperadas pela sociedade, no tocante ao cotidiano político.

Reprova-se as atitudes, diz-se que a política é um assunto que não interessa, e deixa-se de lado o dever/direito que nós, enquanto cidadãos, temosde cobrar e tornar ostensiva a visão da sociedade.

O Senador Demóstenes torres (DEM) questionou com veemência os últimos acontecimentos, dizendo:

"Para que existe o Senado? Para que existe o Congresso Nacional? Somos um bando de fouchés (pessoas sem caráter) , figuras menores que vêm aqui com o único objetivo do enriquecimento pessoal e não para defender os interesses da sociedade?"

Esse é o questionamento que a sociedade faz durante longos anos de políticas públicas falídas e representações inenarráveis, esse é o posicionamento do povo brasileiro, e essa é a iniciativa que a população deveria ter, e não tem.

Devemos rever nossos ideais e analisar com racionalidade fatos ocorridos no campo político, para que a nossa realidade seja modifificada e que essas reiteradas cenas façam parte de um passado ruim,assim,esse sentimento penoso de humilhação, vexame e afronta, será substituido pelo orgulho de fazer parte desse país.

Raphael Pereira Victoriense


Autor: Raphael Victoriense


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