Eu Sem O Nós...




Mania que muitos de nós temos, de deixar para depois, ou até mesmo para hora nenhuma, demonstrações de gentileza, de afeto e de bem querer por pessoas que nos são queridas. Quantas vezes, por orgulho, ou até mesmo por motivo algum, nós nos omitimos e reprimimos sentimentos que talvez se demonstrados proporcionariam tanta satisfação e imenso bem estar tanto em outra pessoa, quanto em nós mesmos. Calamos tantas vezes, e em outras expressamos o sentir diferente daquele que está dentro do nosso coração, pelos motivos mais variados, mas acredito que nenhum deles grande o suficiente para ser maior e mais recompensante do que a alegria que poderíamos sentir, se simplesmente ouvíssemos mais vezes o nosso coração e nos deixássemos guiar por ele. Infelizmente, eu constato que todos nós em alguns momentos das nossas vidas falamos e agimos contrariando o nosso real desejo, muitas vezes como proteção, para não “ficar por baixo”, outros por displicência, outras ainda, para “não dar o braço a torcer” e parecer frágeis ou pior ainda, “fracotes”. Na verdade, quando agimos assim, conseguimos perder a satisfatória oportunidade de sermos úteis e de darmos a nossa colaboração para um viver e conviver mais suaves e prazerosos. Quem de nós não sente uma imensa satisfação, por exemplo, quando nos é direcionada alguma demonstração de afeto partindo de alguém de quem gostamos, ou ainda quando somos presenteados com palavras e atos gentis vindos de alguém? Por que então, temos a mania de nos esquecermos disso e privamos tantas vezes os nossos entes queridos de sentirem esta satisfação também, quando nos omitimos de demonstrar nosso afeto, ou pior ainda, quando agimos de maneira rude? Fica parecendo muitas vezes que as pessoas estão desistindo de serem afetuosas, ou ainda que está se generalizando o pensamento equivocado de que bons sentimentos e afetuosos comportamentos pouco podem. Talvez em várias ocasiões, enxergamos o nosso mundo tão árido e tão assustadoramente individualista, justamente pela nossa resignada e impotente aceitação deste pensamento. Que bom, se cada um de nós se conscientizasse e aceitasse a idéia de que somos seres basicamente sociais, e que diante disso, a possibilidade de se viver em paz e em harmonia é remota e totalmente impossível, enquanto insistirmos na estúpida imposição do EU sem o NÓS. Eu insisto em manter o desejo que tenho de um dia finalmente viver e conviver em um mundo, onde prevaleçam pessoas suaves, afetuosas, delicadas e gentis, pois acredito que esta é uma possibilidade completamente viável. Afinal, este é o lugar onde vivemos, a quem então interessa que ele se torne caótico?

Autor: Maria Francisquini


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