Os Párias da Nação



Uma carcaça de peixe jogada na praia

Uma arraia mijona sem gosto, fétida,

No prato dos esfomeados que vasculham

A lama do mangue

Sangue lavado na água do córrego

Que atravessa o quintal da palafita

Corpo deixado na fita do asfalto

Um alto índice de tortura cerebral

Mal de cidade grande

Ainda que ande, mande, mancha

Infernal, ciranda de vermes

 

Uma carcaça de peixe jogada na areia da praia

Uma vaia para os párias da nação

Mãos que corrompem a multidão, sem ética...

No prato dos esfomeados que vasculham

A lama do mangue

Gangue de cipriotas nas poltronas do senado

Queimado está o rei, o soberano...

O soprano canta com harmonia

Uma ária de fantasia policia, “Roseana”...

O filho manda, o pai  concorda, profana.

 

O peixe já foi arrastado da areia da praia

Vaia à vanguarda palaciana

Todos em cana! Todos em cana!

Os esfomeados que vasculham

A lama do mangue

Já não estão lá, estão aqui

Colibri que canta baixinho

O ninho dos abutres está repleto de urubus

Baús de vime, crime que se esconde

Onde o rei não sabe, onde ele não cabe

Viva o rei de sabre! Viva o rei bastardo!

Dardo envenenado no peito do senado.


Autor: Ubirajara Gomes de Sá


Artigos Relacionados


Confesso

Uma Folha

Poema Dedicado

Zarpando

Meu Porto

JuÍzo Final

...e Quem Não Quer Possuí-la ?!!