Os vômitos
Dizia no crepúsculo do dia:
_ Há! Essa ignomínia me esfola a alma...
Dizia depois de um dia de trabalho
Os calos nas mãos após muito transpirar
Suando atrás do pão de cada dia.
O poeta na labuta fazia sua arte
“Queria eu suplicar-te um beijo
Pela piedade dos sentimentos meus...”
Tanto o que viu, ouviu e leu
Sobre amores que não se amaram
Sonhos que não se realizaram
Serão esses versos poesias?
Ou estaria simplesmente a verter nostalgia?
No final do seu dia
No aconchego do seu lar
Escrever é um descanso
Uma terapia para não enlouquecer
A veemência dos pensamentos seus
Suas elipses mentais já se fazem instinto
Animal primitivo imprevisível.
Os rabiscos das nuvens laranja no oriente
O sol escondendo sob a montanha
Ou seria por de trás dos morros periféricos?
Não o faz perder a inspiração.
O ganido do silêncio punge em seu coração poeta
Depois de toda uma intensa tempestade
Vai dormir enternecido no meio dos vômitos
Papeis rabiscados
Que um dia impressionarão muitos.
Vinícius Gabriel
Janeiro de 2006
Autor: Vinícius Gabriel
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