A RUPTURA ENTRE AMOR E SEXO



1- Eros na mitologia Grega

 

O mundo era árido e sem vida e assim Eros “tomou suas flechas doadoras de vida, penetrando o frio seio da terra” e “imediatamente a superfície castanha ficou recoberta de luxuriante verdura”.  Cria a vida.

 

Eros é a vivência das intenções pessoais e o significado do ato. É um estado do ser. Agarramos-nos a excitação e queremos que continue sempre, pois o Eros é a ânsia, a eterna procura de expansão.

 

Eros é a força que nos atrai, é a força que nos impele ao que pertencemos. União com nossas próprias possibilidades, união com pessoas significativas do nosso mundo, em relação a quem descobrimos nossa auto realização... “Areté” (existência boa e nobre que todos buscamos).

 

O Eros quer sempre estar desperto, pensando no amado, como os chineses dizem “experiência de múltiplo esplendor”, recordando, saboreando...

 

Eros é a busca da ampliação do estímulo, a fonte de ternura, a genuína união, na qual a finalidade do desejo não é a satisfação e sim seu prolongamento...O Eros é o desejo ardente, a ânsia , o desejo de amar. Resumindo: “Todo o começo é encantador”

 

 

2 – Eros e Sexo são diferentes para os gregos.

 

Sexo é redução de tensão, excitação fisiológica, a gratificação e a satisfação do desejo para depois de um ritmo e resposta vir a redução desta tensão e alívio.

 

O sexo vem do latim “sexus” que significa separação, como que distinguir funções fisiológicas, isto é o caráter macho e fêmea. É um termo zoológico, um padrão das funções neurofisiológicas.

 

O sexo é caracterizado pelo entumescimento dos órgãos e enchimento das gônadas (onde se necessita um alívio satisfatório). Sexo é necessidade, onde a finalidade do sexo é o orgasmo, mas não para o Eros.

 

Depois do sexo há o sono, o descanso e o alívio que o corpo responde.

 

3- Eros em Platão

 

“Lembrar do Eros deve-se voltar ao “Banquete”, onde Platão descreve o amor:” Não é mortal, nem imortal, mas fica entre os dois... É um grande espírito (demônio) e como todos os espíritos um intermediário entre o divino e o mortal... “É o medianeiro unindo o abismo que separa os homens e os deuses e, portanto nele tudo se reúne...”.

 

O amor significa dar forma interior da pessoa e buscar esta forma unindo-se á ela. O Eros é o impulso que o leva a unir-se com outra pessoa.

 

No caso de Platão é também a ânsia pelo conhecimento fazendo com que impila o homem ao encontro com a verdade.

 

Eros é a força geradora, isto é ela é eterna e imortal e esta criação é o ponto mais “Divino e imortal” que o homem pode chegar.

 

O Eros também pode ser o impulso para procriação mas no sentido de unir-se, assim como nos animais, mas os humanos estão em perene mutação, onde há uma dimensão de experiência psicológica e emocional quanto biológica.

 

No caso da psicologia o Eros se manifesta nesta procura do auto-conhecimento, expansão do “self”, no impulso do indivíduo se dedicar a busca da verdade. Eros tornando-se ponte do ser no vir - a – ser.

 

Santo Agostinho diz que o Eros é a força que nos impele para Deus. Nietzsche diz que está no amor fati. Camus o Eros nos impele para a auto - realização e nós, nossa natureza humana dificilmente encontrará melhor auxiliar que o “Eros” para nos impele para o verdadeiro.

E HOJE?????? VAMOS À UMA PEUQUENINA E GRANDE CONCLUSÃO...

Hoje o sexo está mercantilizado também de tal forma que o “desempenho” se tornou palavra de ordem. Todos estão preocupados com sua forma, culto ao corpo e seu desempenho sexual. A pessoa se tornou um objeto de tal forma que perdeu totalmente sua subjetividade. E o que na época se procurava libertar (Anos 60) hoje se tornou alienação.

 

O capitalismo também lucra muito e com isso a sexualidade além de gerar prazer proporciona um incentivo para um comércio na qual fica evidente que a compulsão do comportamento atual está longe do amor der o “Eros” dos gregos.

 

Nesta grande inversão de valores há a instabilidade onde a cisão entre Eros e sexo se faz presente e abala as bases da sociedade, isto é a família, surge na sociedade a pressão também do capitalismo materialista com o nascimento de um herdeiro o que torna o casamento o sexo meio impositivo e obrigatório. Há também a ligação entre sensualidade e dinheiro na qual o desejo é inserido e o matrimônio começa a ser degradado, os problemas não são resolvidos entre o casal e acabam sendo despejados nos filhos e com isso divórcios e separações.

 

E com o culto ao orgasmo, expressão da mecanização do amor, hoje está tudo extremamente distorcido e os paradigmas rompidos. Hoje se procura alguém para não ficar sozinho, para aliviar suas tensões, enfim, se procura alguém por diversos motivos exceto pelos verdadeiros.

 

O amor, o que vem a ser o amor?

 

Hoje se perdeu a dimensão do que é o amor, do que é o corpo e a sexualidade.

PENSEM NISSO...

 

 


Autor: Christiane Forcinito Ashlay Silva de Oliveira


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