A Malícia das Instituições Religiosas Cristãs



A Malícia das Instituições Religiosas Cristãs

Nós sabemos que o cristão é salvo por Jesus Cristo. E Só Jesus pode salvar. É uma prerrogativa Dele, que não é dada a nenhum grupo religioso e nem se transfere para ninguém.

Mas, embora salvo, o cristão não cresce espiritualmente, se permanecer isolado e sozinho. Por isto o Senhor Jesus instituiu a IGREJA.

Igreja, na concepção do Senhor Jesus Cristo, pelo que nos revela os Evangelhos e as Cartas Apostólicas, é uma união de pessoas que se amam mutuamente, se ajudam mutuamente, sofrem mutuamente e levam as cargas uns dos outros.

Ou seja, para que haja Igreja, é necessário tão somente e acima de tudo, Fé e Amor. Fé no Cristo Salvador e Amor de uns para com os outros.

A Fé promove a salvação e o Amor promove a comunhão.

A Fé é individual, pois o cristão a tem entre si e Deus. Ou seja, salvação independe de outras pessoas. Independe da Igreja. Salvação não tem vínculo algum com qualquer grupo religioso.

Mas Amor não. O Amor só se expressa em conjunto com outras pessoas.

A Igreja é cada membro unido aos outros, em amor e comunhão, formando uma unidade, e a expressão "levar as cargas uns dos outros" é um resumo da função da igreja neste mundo.

Vale ressaltar que, embora sejam membros diferentes em personalidade, em gênero, em nível social, em idéias, etc, todos formam um corpo. Corpo, cujo Cabeça, ou governo, é o próprio Senhor Jesus Cristo que dirige, alimenta e inspira cada cristão individualmente.

No entanto, os cristãos formaram instituições religiosas.

Não encontramos vestígios na Bíblia, de que, para o desenvolvimento da Igreja haja necessidade de instituições. Mas elas são criadas. E hoje, é impossível se dizer que é cristão sem estar vinculado a uma delas.

A organização das instituições religiosas é muito inspirada nas formas de governo desse mundo, e a hierarquia é princípio básico. Aqui, os indivíduos são divididos entre níveis de categorias mais, ou menos, importantes. A maioria se digladiando para subir os degraus de poder institucional,  para alcançar proeminência e para chegar aos lugares de destaque. Poder vertical. De cima pra baixo. Lembra muito a Torre de Babel.

A constituição dessas instituições se inicia por: um nome fantasia, um estatuto, o registro de pessoa jurídica (CNPJ), uma sede e um governo.

Normalmente, o nome fantasia vem antecedido do nome "igreja": Igreja Tal ..., Igreja Isto ..., Igreja Aquilo ... etc.

Talvez a criação dessas instituições tenha até um caráter sincero e honesto, mas, irremediavelmente, o desenvolvimento delas descamba para situações e comportamentos alheios ao Espírito do Evangelho de Cristo. A começar pela religiosidade que se cria em torno delas.

Explico-me: todas as religiões seguem algumas linhas místicas e supersticiosas, como por exemplo, lugares e objetos sagrados, homens intermediários entre o indivíduo religioso e a divindade, uma doutrina (dogmas, regras ou credos), títulos religiosos e o esforço dos fiéis para alcançar os favores da divindade. Isto é das religiões. E, invariavelmente, as instituições religiosas adquirem esses conceitos.

Assim, elas transformam as suas sedes em "lugares sagrados", "casa de Deus", "morada de Deus". Templos, altares e púlpitos são tidos como santuários, como se Deus estivesse condicionado ao tempo e ao espaço.

O governo institucional apresentado aos crentes como "o governo de Deus" sobre eles. Ou seja, os chefes institucionais passam a ser os chefes da Igreja. Tornam-se "sacerdotes intermediários" entre o cristão e o Senhor Jesus.

As leis estatuídas, as crenças e as interpretações convencionadas pelos formadores da instituição são transformadas em "Lei da Igreja". "Doutrinas", tidas e divulgadas pela maioria dos crentes como "a verdade".

Os títulos institucionais, que formam os níveis de poder político dentro da instituição, são interpretados como capacitação espiritual. Ou seja, cargos substituem os dons espirituais e autoridade institucional substitui a autoridade espiritual.

E por fim, cada membro da instituição se esforça para "agradar" a Deus, se doando ao serviço da instituição, porque construir a instituição, enriquecer a instituição, fazer a instituição crescer, divulgar o nome da instituição é visto como "fazer a obra de Deus".

Ou seja, a própria instituição é vista pelos seus membros como a GRANDE OBRA DE DEUS.

Evidentemente, os enganos saltam aos olhos.

Primeiramente, se há alguma coisa sagrada na doutrina cristã, não é a instituição religiosa, mas é o ser humano. A alma dos homens, e não os objetos corruptíveis, é que é o grande alvo do Senhor Jesus.

Depois, na Igreja não existe chefe humano. Jesus não instituiu nenhum chefe entre os seus, ou sumo sacerdote sobre os sacerdotes. À Igreja, Ele dá líderes. Liderança é horizontal, chefia é vertical. Líder tem autoridade "entre", e não autoridade "sobre".Basta verificar Mt.20.25-28. E o único mediador entre Deus e o homem é Jesus, I Tm. 02.05, e não os chefes institucionais.

Isto quer dizer ainda que os títulos religiosos, que as instituições dão aos seus chefes, são apenas rótulos mundanos, capciosamente escondido atrás de termos bíblicos. Dons espirituais não podem ser confundidos com "ordenação". Esta, nada mais é do que nomeação humana, feita por meio de apadrinhamento, de acordo com os critérios e interesses institucionais.

Por outro lado, não é a obediência às regras e às leis de uma instituição religiosa que salva o homem. A salvação não depende de leis, como no Judaísmo. O apóstolo Paulo deixou isto bem claro na Carta aos Gálatas. A Lei mata...

E por fim, quando o indivíduo se "esforça" para agradar a Deus, é sinal de que esse indivíduo ainda não é cristão. Porque aquele que é, não precisa se esforçar para ser. Mas, somente aquele que ainda não é, é que se esforça para ficar parecido com aquele que é. Ou seja, quem é, é naturalmente. Mas quem não é, finge ser. Isto é hipocrisia.

O espírito religioso favorece o desenvolvimento de hipócritas, porque está sempre induzindo as pessoas a fingirem ser o que não são. As religiões cristãs são fábricas de hipócritas que vivem querendo se parecer com aquilo que internamente não são.

Mas, a grande malícia das instituições é, semelhante aos fariseus, desprezar a função mais importante da Igreja, ou seja, o amor e a comunhão entre os cristãos, e se prender a coisinhas mundanas e sem o menor valor na vida espiritual das pessoas.

Por isto elas constroem um discurso religioso, cheio de citações bíblicas, para justificar a religiosidade que mascara a sua malícia. Dão grande importância a conceitos mundanos de autoridade e de poder, a superstições herdadas das religiões, e ignoram o mais importante da doutrina cristã: o amor fraternal.

Por isto elas gastam todas as contribuições dos cristãos (dízimos) com a estrutura da instituição e não investem nada naquilo que é a verdadeira razão de ser da Igreja. Edificam uma grande obra, uma grande torre de Babel, mas sem vida e sem valor para Deus.

E se todo esse distanciamento das palavras de Cristo não bastasse, elas ainda se autoproclamam "a Igreja". Assim, quando se faz qualquer crítica à sua estrutura mundana, logo vem a ameaça: "as portas do inferno não prevalecem contra a Igreja."

Realmente, contra a Igreja de Cristo.

Mas essas instituições estão longe do verdadeiro Espírito da Igreja de Cristo.

Ao contrário, elas parecem muito mais com os lobos devoradores que dominam, subjugam e exploram a verdadeira Igreja.

É tempo de voltar ao primeiro amor.

É tempo de conversão.

É a hora dos profetas.

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Autor: José Peres Júnior


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