Formação Específica de Gestores



O presente trabalho visa demonstrar a importância da formação específica para gestores para aos desafios do processo ensino-aprendizagem, relevando em toda a pesquisa que o real papel do gestor na atualidade não é apenas burocrático, mas principalmente pedagógico, sem invadir o espaço do professor, compreendendo que para que haja aprendizagem efetiva, mas no contexto atual a formação do gestor não está sendo valorizada principalmente nas instituições públicas onde os gestores são eleitos, por suas "propostas políticas", e não pela sua formação, a qual deveria ser exigida como requisito principal, no momento que docentes assumissem este papel. Desta forma esta pesquisa busca definir qual o verdadeiro papel do gestor dentro de uma instituição escolar e qual a sua formação ideal? Palavras-chave: formação – gestores – ensino-aprendizagem

1 Introdução

O processo ensino-aprendizagem é algo que envolve toda equipe escolar (docentes, equipe pedagógica, gestores), então além dos docentes e da equipe pedagógica os gestores também deveriam passar por uma formação específica, a qual lhes dariam subsídios para enfrentar os desafios deste processo.

Mas hoje no Brasil infelizmente a maioria dos gestores não são pedagogos nem possuem nenhum tipo de formação específica que lhes atribuiriam a este cargo, então como um gestor pode fazer um bom trabalho frente aos desafios do processo ensino-aprendizagem se este não possui formação específica para isto.

Desta forma esta pesquisa busca, definir qual o verdadeiro papel do gestor dentro de uma instituição escolar?; qual seria sua formação ideal; como é, e como deve ser a atuação do gestor escolar frente aos desafios do processo ensino-aprendizado?

2 Desenvolvimento

A formação de docente passou por muitos altos e baixos, desde o antigo Egito onde o ofício de professor estava ligado apenas a habilidade que uma pessoa possuía em relação ao discurso, já na antiga Grécia havia a enfatização da educação para a formação do homem culto, na Idade Média o objetivo da educação era formar o cristão. No Brasil após a expulsão dos Jesuítas em 1759, a educação brasileira passou por um período de grande decadência, pois a partir deste ponto nenhum sistema educacional passou a existir, mas foi em 1835 foi criada no Brasil, mais especificamente na província do Rio de Janeiro a primeira escola normal do país, mas a preocupação com a seleção de professores para atuar nas instituições públicas vem desde 1772, quando um alvará regulamentou os exames os quais os professores de ensino elementar deveriam ser submetidos em Portugal ou em seus domínios.

Segundo Piletti (2000, p.44)

Durante todo o Império, pouco ou nada se fez para a formação dos professores. Segundo a já citada lei de 15 de outubro de 1827, eram vitalícios "os provimentos de professores e mestres", e os que não estivessem capacitados deveriam "instruir-se em curto prazo, e à custa dos seus ordenados, nas escolas das capitais"

Nos anos seguintes foram instituídas muitas escolas normais em várias províncias do país, como em Minas Gerais em 1835, Bahia em 1936, São Paulo em 1846,Pernambuco e Piauí em 1864, Alagoas em 1864, São Pedro do Rio Grande do Sul em 1869, Pará e Sergipe em 1870, no Amazonas em 1872, no Espírito Santo e no Rio Grande do Norte em 1873, no Maranhão e Mato Grosso em1874, no Paraná em 1876, em Santa Catarina e Ceará em 1880 em Goiás em 1882 e na Paraíba em 1884, mas nem todas as escolas passaram a funcionar ou forma instaladas no ano de sua criação.

Durante século XX a preocupação com a educação e a escolarização da população foi intensificada, pois esta foi vista como a base para o desenvolvimento social e cultural da humanidade, com esta valorização da educação houve também a preocupação com a formação dos professores, sendo realizadas várias reformas como na década de 1920 como as de Lourenço Filho no Ceará, Anísio Teixeira na Bahia, Carneiro Leão em Pernambuco, Fernando de Azevedo no Distrito Federal, Francisco Campos e Mario Casassanta em Minas Gerais, Lysímaco Ferreira da Costa no Paraná, a revolução de 30 trouxe muitas mudanças ao contexto educacional brasileiro, saindo da formação das elites e partindo para um princípio educacional que priorize as camadas mais baixas da população.

Essas reformas trouxeram um novo âmbito para a profissão professor, se tornando fundamental para a promoção do desenvolvimento e para a possibilidade da disseminação do conhecimento científico, passando a ser realizados os primeiros congressos de educação, os cursos normais foram ampliados passando para quatro anos de duração, com um plano de estudos que organizava o currículo em dois blocos de conteúdos fundamentais um de caráter propedêutico e outro profissionalizante, tendo como exemplo a reforma empreendida no Instituto de Educação do Paraná.

Percebemos então que a formação dos professores é um processo que ainda está em construção, pois seja de forma presencial, ou à distância, esta capacitação deve ser realizada, para que a educação do país possa melhorar cada vez mais, sendo que é desta formação que o professor passa a entender e a melhorar sua prática e conseqüentemente a qualidade da aprendizagem dos educandos.

Segundo Cró (1998, p. 32) a formação inicial deve apresentar os seguintes aspectos:

A formação intelectual, pondo a tônica nas competências de ordem cognitiva;

formação social, pondo a tônica na aquisição de competências de ordem afetiva, de colaboração, de cooperação de trabalho em equipa.

Formação para a auto formação, pondo a tônica nas qualidades de organização de estruturação de invenção de criatividade.

Estes três aspectos apresentam bem as características do educador sendo que o acadêmico deve se esforçar ao máximo para adquirir estas, pois assim ele se mostrará um profissional reflexivo, preocupado com os problemas de ordem cognitivas e sociais presentes na escola, mas principalmente sempre preocupado com a sua auto formação.

Podendo assim definir segundo Cró (1998, p. 32) o papel do educador:

É aquele que, com todo o seu empenho, toda sua vontade, toda a sua arte, e toda a sua competência, trabalha na realização de um projeto educativa com a ajuda daqueles que também estão implicados e aproveita os recursos materiais ou tecnológicos e humanos susceptíveis de tornar o processo pedagógico mais eficaz e optimizador.

Sendo assim o bom educador deve ser um profissional preocupado com sua formação, lembrando que a formação não se faz apenas em cadeiras acadêmicas mas também através da leitura de livros, de revistas, de jornais, do acesso a internet, entre outros. Deste modo o professor não pode "parar no tempo", pois os educandos necessitam desta atualização, motivando-os também a serem atualizados, então neste ponto pensar que apenas a formação inicial é suficiente para que um acadêmico se torne um bom educador pode ser considerado uma utopia.

Mas apenas a formação teórica não basta, pois a teoria passa aos educadores instruções e a pratica coloca a estes como devem agir em situações reais. Sendo assim os estágios que são um ponto da formação inicial sempre devem ser tratado com seriedade e os estagiários tratados como futuros profissionais pelas instituições escolares onde estão fazendo estes estudos.

Fullan e Har Greaves Apud Alarcão (2001 p. 93):

Sustenta que a formação não pode ser entendida hoje apenas como aprendizagem de técnicas mas também como desenvolvimento das dimensões culturais, emocionais (incluindo bibliografias) ligadas a profissão, na procura de equilíbrios que interliguem o pessoal, o profissional e o social.

O educador então, deve ter a percepção do conceito de formação, fazendo com que os conceitos teóricos passem a fazer parte de sua vida cultural e emocional, com a globalização as informações estão sendo repassadas de forma muito rápida, então o educador deve estar muito atento para esta situação, transformando as informações que os seus alunos tem acesso em conhecimento, induzindo também seus alunos a investigação, a utilizar suas habilidades com a tecnologia para a promoção de seu conhecimento.

Partindo assim para um dos pontos essenciais da formação de um educador que é a formação contínua, pois, como já foi visto anteriormente a continuidade da formação deve ser encarado como um processo de reflexão contínua, havendo sempre uma interação entre o saber e o fazer .

Segundo Alarcão (2001, p.91):

[...] um dos fatores que é apontado como condição indispensável a sua promoção é o processo de conscientização dos próprios profissionais quanto a necessidade de permanecerem em processo deformação constante e requalificadora.

Então na visão de Alarcão a formação contínua só acontecerá quando os educadores estiverem realmente comprometidos com este processo, pois no mundo atual a informação está se processando de maneira muito rápida, então os estudantes estão tendo esse acesso muito rápido, estando muitas vezes à frente do professor, então o professor também deve ser rápido neste pondo, para que este possa transformar a informação que o estudante retêm em conhecimento.

Mas não basta apenas fazer cursos para se manter atualizado, o educador também deve estabelecer um papel de investigador, procurando informações também em livros, revistas, internet, entre outros, transformando também as suas informações em conhecimento e repassando isso para seus alunos.

Sendo assim segundo Freire (1993, p.43) é pensando criticamente na prática de hoje e de ontem é que se pode melhorar a próxima prática. Então para Freire, a formação contínua é realizada através da reflexão sobre as antigas e atuais práticas exercidas por estes professores/educadores.

Vemos então a importância da formação especifica para o gestor que deve sempre estar envolvido no processo ensino-aprendizagem, pois com a mudança no papel do educador o Gestor deixa de exercer um papel especificamente burocrático e passa a se envolver mais nas questões de ensino-aprendizagem, lembrando que no século XXI a aprendizagem não está ligada apenas às questões cognitivas e práticas, mas também a questões emocionais e sociais.

Segundo Hargreaves e Fink (2007, p.40) a UNESCO conceitua quatro tipos fundamentais de aprendizado que, ao longo da vida de uma pessoa serão os pilares do conhecimento, os quais são:

Aprender a conhecer:que é ligado a questões cognitivas e da curiosidade intelectual tendo ligação também com o aprender a aprender.

Aprender a fazer: são as praticas, ou seja, envolve a competência de colocar em prática o que aprendeu e de aprender fazendo.

Aprender a ser: envolve a questão de quem somos como pessoas e como somos com as pessoas, e também questões emocionais como mente, corpo, emoção, sensibilidade, estética e valores espirituais, dando as pessoas a liberdade de pensamento, de julgamento de sentimentos e de imaginação.

Aprender a conviver: Aborda a sociabilidade dos estudantes, que devem aprender a se socializar com os outros estudantes e coma sociedade em geral, para que estes estabeleçam um bom desenvolvimento em seu aprendizado.

Mesmo com uma mudança no papel do Gestor, muitos ainda estão preocupados principalmente com a maioria dos parâmetros públicos, que se importam apenas com números como, boas pontuações nos testes, relatórios de inspeção, resultados de rendimento de curto prazo, escolas hiperlotadas, satisfação do cliente, progresso anual adequado.

Mas o papel do Gestor hoje é muito mais do que organizadores de desempenhos alheios, mais sim desenvolver nos estudantes uma aprendizagem para a vida. Segundo Hargreaves e Fink (2007 p. 43) bons gestores devem:

Ser promotores apaixonados e defensores de ensino amplo e profundo;

Comprometer-se em melhorar os velhos básicos da área da leitura e escrita e da matemática, mas não focar neles a ponto de excluir todo o resto, enquanto ainda adota os novos básicos;

Priorizar o aprendizado em relação a testagem;

Dar ao aprendizado a prioridade máxima;

Tornar-se mais conhecedores em relação ao aprendizado;

Tornar o aprendizado transparente;

Tornar-se testemunhas onipresentes do aprendizado;

Demonstrar uma liderança informada sobre evidencias ao promover investigações ativas de aprendizado;

Promover avaliações de aprendizado;

Engajar os estudantes em discussões e decisões acerca de seu próprio aprendizado;

Envolver mais os pais no aprendizado de seus filhos;

Modelar aprendizado amplo e profundo para os adultos;

Criar condições emocionais para o aprendizado.

Concluímos então, que a formação especifica do Gestor Escolar influencia quantitativamente na qualidade do processo de ensino- aprendizado da instituições escolares, compreendendo o seu novo papel como auxiliador do processo ensino-aprendizagem, havendo neste ponto a consciência quanto a sua formação , pois para um professor se tornar um gestor, este deve se empenhar profundamente, havendo sempre a consciência em relação a formação continua, lembrando que na atualidade um bom gestor deve ser um gestor da aprendizagem.

3 BIBLIOGRAFIA

ALARÇÃO., Isabel (ORG). Escola Reflexiva e Nova Racionalidade. Porto Alegre: Artmed. 2001.cap. 4 p.83-97

CARNARIO, Rui (ORG). Formação e Situações de Trabalho. Portugal: Porto Editora, 1997: cap III p. 53-61.

CRÒ, Maria de Lurdes. Formação Inicial e Continua de Educadores, Professores- Estratégias de Intervenção-Portugal: Porto Editora, 1998. cap. I/ II p. 15-18; p.31-32.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. 20ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996

GIL, Antônio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa – 4. ed..- São Paulo :Atlas S.A, 2002.

FINK, Dean Hargreaves, Andy. Liderança Sustntável-Desenvolvendo de Gestores da Aprendizagem-Porto Alegre: Artmed, 2007. cap.1 p.31-59.

MULLER, Mary Sleta; CORNELSEN, Julce Mary. Normas e Padrões para Teses, Dissertações e Monografias – 5. ed. Atual - Londrina: Eduel, 2003.

NOVOA, Antonio. (coord). Os professores e sua formação. Lisboa-Portugal, Dom Quixote, 1997

PILETTI, Nelson. História da Educação no Brasil – 7. ed. – São Paulo: Àtica.2000

RUIZ, João Álvaro. Metodologia Cientifica: Guia para eficiência nos estudos -4 ed – São Paulo: Atlas S.A. 1996

ROMANOWSKI, Joana Paulin. Formação e Profissionalização Docente – Curitiba: Bpex, 2003. cap. 1 p.11-27.


Autor: Paula Monique Pereira


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